31 janeiro 2015

Tesouros.

A Lãzinha. Lápis de cor do Ikea. E 20 cêntimos escondidos para comprar o Estridente, o peixe da Dra. Tesouros da e na inocência da Infância. Saber-te a dormir serena, cuidada, a ti, meu tesouro maior. 

29 janeiro 2015

Vira o disco e toca o mesmo.

Take 3821: Francisca-com-febre-estrela-ovos-e-eu-em-casa-com-ela-balei-me. 
Take 6720:tudo em cima da deadline, ao segundo, que é para a emoção. 
Take10476: tenho sono, assim, sooooono.
Apetece-me ganir. Ou morder alguém. 

27 janeiro 2015

Para nunca esquecer.

Nunca esquecer. Para lembrar que a História tem a tendência estranha de se repetir,  nunca esquecer do que o ser humano é capaz. Tanto para o mal como para o bem. 

A 'mha Filha é mais gourmet que as vossas!

-Francisca, que queres jantar?

- Carne com feijão, Mánhe! 

Bom dia, bom dia...

(Às vezes, páro e esqueço um bocadinho o relógio. Dou-lhe tempo de se admirar ao espelho e eu admiro-a Os trejeitos, as expressões, o sorriso tão aberto e os olhos rasgadinhos, sempre aqueles olhos rasgadinhos, a primeira imagem dela, minúscula, os olhos rasgadinhos. Os lábios de passarinho desenhados, com uma forma tão sua quando dorme profundamente. O que a faz rir. Os olhos marotos, de quem sabe que não devia mas mesmo assim, testa. A correria em completa aflição porque falta o livro que quer levar hoje (o relógio a chamar-me). O laço que cai e é preciso compor (e o relógio a gritar-me). Vamos Francisca, vamos, estamos atrasadas. O sorriso, a corrida para a porta. Anda Mánhe, já tens as chaves Mánhe?Máaaaanhe? Onde estás? e Já vou Francisca esqueci-me do meu casaco. Às vezes gostava que ela não se esquecesse de tudo isto. E que seja capaz de um dia conseguir ser criança com uma música. Como eu me sinto com esta. )

25 janeiro 2015

88.

[Das coisas que mais me magoam é ouvir da boca da Francisca que tem frio. Ou que tem fome. "Mánheeee, tenho fóoome.". Não sei bem porque me magoa tanto, porque sei que é uma questão de me levantar e ir à cozinha buscar-lhe alguma coisa. Ou, quando tem frio, basta apenas vestir mais uma camisola ou ligar um aquecedor. Tenho a sorte (e a benção nos dias que correm) de assim poder ser. Mas, sempre que a Francisca diz que tem frio ou tem fome, dói-me. Dói-me algures perto do ventre onde a gerei, perto do coração onde a trago. A minha Avó pariu 9, enterrou duas e criou 7 criancinhas. Sete crianças quando não havia leites adaptados, fraldas, iogurtes. Sete crianças numa casa onde nada faltava mas não sobrava para luxos. Onde os irmãos dormiam juntos no Inverno, porque o calor soviético em Trás-os-Montes não perdoava fora de lareiras e escanos. Todos estudaram, todos se formaram, como gosta de dizer com orgulho. Um dia, quando a Francisca crescer, vou explicar-lhe que a Alicinha é uma grande Mulher, que ainda tem olhos marotos de Menina]. 
A minha Avó faz hoje 88 anos. Ainda se ri como uma catraia com as palhaçadas da minha Filha enquanto ela lhe canta os parabéns por este admirável mundo novo aos seus olhos, a internet. 

23 janeiro 2015

'Simbora. Sempre.

[Às vezes, lembro-me dos tempos em que a dor era tão forte, tão avassaladora, tão maior que eu, que tudo o que eu conseguia fazer era sentar-me, continuar a respirar e enrolar-me sobre mim mesma. Aprendi que há muitas maneiras de se morrer mas aprendi também que não ia morrer de tristeza. Um dia, levantei-me. E decidi nunca mais enfrentar a vida curvada sobre mim mesma. Há dias em que sou colocada perante o que fui, o que sou, o que gostaria de ser e tudo o que não serei. Abrem-se feridas nesses dias, pequenas chagas dolorosas, em sítios invisíveis aos demais. Escolho sempre, invariavelmente, suturá-las o mais rápido que sei, com o que conseguir. Não me importa que a cicatriz seja perfeita ou bonita, não me importa que a ferida vá deixar uma marca feia em mim. Importa-me sim, que não me incomode a ponto de eu não conseguir continuar, seguir, em frente. Sem me curvar perante a vida. ]
Estou para aqui a pensar em voltar a ser loura. Ou morena. Mas se calhar assim uma coisa meio caramelo. Estou agoniada com o meu cabelo. Com a vida em geral também, mas com o meu cabelo em particular. 

21 janeiro 2015

Ah, sapatos.

(E só por causa das coisas, comprei mais uns pares de sapatinhos nos saldos, assim coisa pouca e tenciono comprar gomas ao kg no supermercado onde vou cá no campo. Tudo em bom gente! )

20 janeiro 2015

Alegria, alegria!

 Deixei criança na Escola! 
(ah, já está boa? está óptima, ma-ra-vi-lho-sa digo eu, fazendo a pequena criatura questão de ter um ataque de tosse, cof cooooof, cooof não deita a pleura  fora criancinha, faz lá isso p'la Mãaaeee e eu andamento, andamento para a tua sala Francisca, vamos ver os  teus amiguinhos, tão bom, então até loguinho, beijinho, bisou, mimimimi e nisto criancinha foi à sua vidinha feliz e contente com as criancinhas dos outros a dizer "a Kikaaaa, olha a Kiiiikaaa!" ). 
Parecia uma saloia hoje de manhã, quase bati palminhas quando vi carros, gente  e tudo e tudo. 

...

19 janeiro 2015

... (olha, diz que era hoje o dia mais deprimente)

(assim de repente e a correr muito, ocorre-me que também poderia ser de Asno. Ou Azelha, Ou Abrótea. Ou Abécula. Ou A-bês-truz. Mas. como diz que hoje é o dia mais deprimente do ano e uma pessoa tem de pensar que só pode ser sempre a subir depois deste dia tão deprimente* (???), fico-me ali pelo Awesome, a ver se passa. ) 
*deve ser do autefite do dia ser o meu rico casaquinho-de-andar-por-casa-pareço-uma-mendiga. 

18 janeiro 2015

E ficares boazinha Filha? Isso é que era!

[coisas que nunca ninguém diz sobre os putos: é tudo muito lindo mas quando a canalha está doente e vão por mim, a canalha fica muitas vezes doente, são um poço de bichezas e maleitas estranhas, coisas que nunca tinha ouvido falar na minha vidinha toda, the shit hits the fan. Nem só porque é uma dor d'alma uma pessoa ver os catraios a definhar, a tossir pleuras, não saber que mais fazer e sonhar com a noite em que vai voltar a dormir sem ter de limpar sucos e conteúdos digestivos volta e meia mas,  também, porque quem fica de cuidador ao puto fica enclausurado num mundo de Disney Junior (não, não acabou Mánhe, eu sei que o Disenen nunca pára, núuuuncaaaa Máaaaanhe!!!!) e que porra vou inventar agora para entreter a criancinha. ] 
Estou naquele belo ponto em que vagueio de pijama pelo corredor a cantar merdas como a Xerife Kelly e a Dooooutoraaaa chegou e vai cuuuuuidar de ti. Mais uns dias e arranjo coreografias para a cena. 

15 janeiro 2015

Vai ser um 31 !!!

(São 31 Invernos de luar de Janeiro. Dizem que não há luar de Janeiro* nem amor como o primeiro. Acho piada a este ditado.  31... que número estranho. É um bocadinho aquela coisa de que já não há volta atrás... Também não havia aos 30, mas não importa, para mim faz diferença. Trinta-e-um... vá, não soa assim tão mal... trinta-eeee-ummm. Aos 13 a minha vida mudou e eu mudei irreversivelmente. Aos 31, olho para os 13 e sinto-me em paz comigo, com o meu caminho. Orgulhosa, até. Nunca imaginei conseguir tudo o que já conquistei aos 31. Têm sido anos cheios de tudo: de bom, de mau, de assimcomáassim. Sobretudo, anos cheios de vida. E é o que se quer: viver. Continuar nesta montanha russa de emoções, dias bons, dias maus, ganhos, perdas, lutas, derrotas, vitórias.  Aos 31, digo que it's my party and I'll cry if I want to. Não que vá chorar que tenho é motivos de sobra para sorrir e agradecer a quem faz parte da minha vida, também aos que fizeram e hoje em dia somos rectas paralelas, caminhos que nunca se cruzam,  e aos que queiram vir por bem. Eu digo que esta é a minha vida e faço com ela o que eu quiser, mas dizer it's my party and I'll cry if I want to tem muito mais piada, fica muito menos piroso e delicodoce que nem é muito o meu cartão de visita. Também gosto deste lai lai lai porque entrava naquele filme, o Pestinha, sabeis? Eu cá adoro e tem dias que m'apetece por um laço ao pescoço da minha cria só para me rir. Vai na volta e vejo isso de tarde com a cria doente, a tossir pleura e a usar-me como lenço humano. Todo um charme esta aniversariante, hein? Ou então é melhor não, ainda lhe dá ideias. Hoje faço 31 anos. E continuo a não querer ter idade para ter juízo! ) 
Happy B'day to me! 
* e aos 31 continuo a cagar-me d'alto para o acordo ortográfico.  

14 janeiro 2015

O último pedaço de chocolate.

Estávamos a comer chocolate*. Dos 4 quadrados de chocolate que haviam sobrado de uma tablete e resistido à minha fúria do açúcar, restava um. Ela tinha comido dois, eu um pedaço. Estava ali o último bocadinho. Ela olhou para mim e disse "Mánhe, come tu, este é para ti, eu dou-te!". Nunca um quadrado de chocolate, que parti em dois, um para mim, outro para ela, me foi tão doce. 

* há uma parte inevitável e transversal a quase todas as doenças que é "o eu quero é que coma, nem que seja chocolate, cerelac a todas a refeições, tanto me dá, desde que coma". Sounds familiar? 

12 janeiro 2015

Sempre (e mais uma vez) a impotência.

As Mães, todas dotadas de super-poderes, têm nas crias doentes a sua kriptonite. Sempre e mais um pouco, a impotência. Os medicamentos, o choro, o colo onde antes sobrava espaço, é agora pequeno para as pernas que cresceram, para os braços que se esticam, para os olhos suplicantes de conforto. Sempre a minha kriptonite. Sempre (e mais uma vez) a (minha) impotência. 

09 janeiro 2015

Sobre não ter medo.

Não ter medo passa também por responder, seja de que maneira for, da maneira que, de acordo com as circunstâncias, se vislumbre como a mais correcta. Não ter medo passa  também por tomar decisões e fazer escolhas. Salvar vidas inocentes a todo o custo. Poderia ter sido qualquer um de nós, poderia ter sido em qualquer País Ocidental. Hoje, não foi só a França que mostrou que não tem(os) medo. Não seremos subjugados em nome de religiões, de crenças, de fanatismos. Não voltaremos (porque a Inquisição existiu e não há nada a fazer sobre isso) a subjugar em nome do que quer que seja. Nem sempre se consegue a paz pela paz, infelizmente. Talvez um dia, a Francisca cresça num Mundo onde o direito à diferença passa pelo dever de aceitar e respeitar. Talvez um dia, dizer-se que a liberdade de uns acaba quando começa a de outros não seja apenas uma frase chavão. Não temos medo de ser Charlie. Mas não podemos, também, não ter medo de não sermos capazes de admitir os nossos erros. Somos Charlie. Mas também devemos ser capazes de ser Ahmed. Subjugar e ridicularizar (sendo que ridicularizar está um passo muito à frente de brincar, satirizar) nunca serão compatíveis com a aceitação e tolerância. Nunca. 

Eu sofro dos nervos.

(dêem-me pachorra senhores. uma pessoa sofre dos nervos, pronto, uma pessoa sofre muitos dos nervos e vai que ó depois fica em casa e fica afectadíssima das sinapses com tanto disparate que se dedicou a ler na "wébe". olha eu cá não como cenas paleolíticas, nem proteínas em pó, nem coisas de nome estranho. mas uso só azeite hein, nada de óleos do demo. óleo só daqueles cosméticos, nada disso nas comidas. e o azeite cá de casa é de produção biológica e caseira. ena ena, não posso de chique e saudável. gosto destas cenas novas. sempre me entretenho um bocado. com o que não devo  que tenho mais que fazer mas está bem, isso são outros 500s. se calhar, se comesse só coisas cruas era mais calma. não são cruas, diz-se raw que é para o fino. ou isso ou xanax dissolvido no café, a combinação perfeita. eu sofro dos nervos. ) 

Bom dia, bom dia...

[lembro-me da sorte que tenho, da privilegiada que sou muitas vezes nestas manhãs frias, pelo aconchego da roupa, pelo leite quente, pelo tecto a proteger-me. lembro-me também da minha sorte quando uma febre aparece sem aviso prévio e me é dada a possibilidade de ser colo e aconchego, de lhe ser Mãe sem mas. isto também é sorte. isto também é o meu desajeito na hora de agradecer].  
Bom dia, bom dia... 

07 janeiro 2015

[...]

[às vezes, tenho muito medo de ter trazido uma criança ao mundo. não sei bem que mundo lhe vou dar ou deixar. tenho medo deste mundo onde se assassina em nome de crenças. em nome de religião. em nome de um deus. em nome de fanatismos de qualquer espécie, seja religioso, politico ou social. às vezes, tenho muito medo de não ser capaz de transmitir a ideia de tolerância, respeito pelo espaço alheio e sobretudo um profundo respeito pela vida. às vezes, pergunto-me em que pensam quando carregam no gatilho. uma e outra vez. o que sentem. será que sentem? o que a imagem de um corpo a esvair-se em sangue lhes dá. será que lhes tira o sono? será que o último olhar trocado os atormenta? será que se explicam perante o espelho e perante o seu deus? perante a família? terão filhos a quem aconchegam a roupa à noite? terão pais a quem telefonam a perguntar como vai a vida? como será viver depois de dar a morte?] 
Tenho medo de tudo o que seja próximo de verdades absolutas fixações, gente obcecada e fanática. O que aconteceu hoje na sede de um jornal em Paris não tem explicação. Não pode ter. E não me venham com a estória de gente doente. 

Sometimes I get lost inside my mind...

Vejo os planos dos outros. Delineados. Traçados. Com objectivos e metas e propósitos. Tudo de novo num Janeiro de um ano novo feito dos dias velhos. A instabilidade. A crise. O e agora? E o depois? Acabei a licenciatura, já estando a começar o Doutoramento. Acabei o Doutoramento e sem ter grandes certezas, tive a sorte de fazer a minha sorte. Em boa verdade, correu-me bem. Os anos passam e há sempre a instabilidade a que se devota quem escolhe esta vida. Os meses que passam naqueles que sabemos certos, menos um, menos dois. Penso muitas vezes em dedicar-me a outra coisa qualquer. Fico triste. Percebo que não tenho nenhum talento especial. Nada em que possa apostar e decidir que por ali é o caminho. Nada que consiga por numa bela foto em sépia, com letra desenhada, a explicar que sempre esteve dentro de mim a capacidade para tais feitos. Fico ainda mais triste. Percebo que o único talento que tenho é rir-me de mim. Mesmo que não tenha assim tanta piada. E sobreviver contra todas as expectativas. Saí do meu País, voltei, escolhi ficar no País, numa teimosia certa. Não quero sair. Por muitos motivos, meus e que me dizem respeito. Não quero sair do meu País. Os meus Amigos já foram quase todos. Falam-me de vidas melhores. Não as invejo. Gosto da minha. Tem dias, em boa verdade, tem dias que gosto mais que outros mas isso agora não importa. Passam os dias e os meses e sempre a incerteza do futuro. Penso e pergunto-me muitas vezes se seria mais feliz a fazer outra coisa qualquer. Seria? Nunca sei a resposta. Às vezes, quando está tudo baralhado, nem eu acredito muito em mim. Tenho dias assim. Vejo e ouço planos alheios. Tão delineados, tão definidos. A minha Vida sempre foi pautada pelo acaso. Pelas coincidências mais ou menos felizes. Flexível. Penso nos rios. Os rios correm invariavelmente para o mar. Todo o seu leito é definido com o passar do tempo, à força bruta da natureza. Depois, rio-me de mim. O meu único talento. Comparo-me a mim e à minha vida a um rio e acho de tamanha piroseira que me dói. Também me dói a incerteza do futuro mas abstraio-me e penso que tenho roupa para me aquecer e comida para me alimentar. Comida para por na barriga da minha Filha e roupa para lhe tirar o frio. Dinheiro suficiente para todas as necessidades básicas. Vejo que posso não ter grandes planos, ou objectivos e metas e propósitos mas também não faz mal. O futuro será sempre uma incerteza. Mesmo para quem tem planos escritos em agendas bonitinhas. Pergunto-me muitas vezes "E agora?". Quase nunca sei a resposta no imediato, mas sei que quando o agora passar, serei capaz de dizer que afinal, não foi assim tão mau. 

Eu ainda sou do tempo...

... em que os saldos começavam a 7 de Janeiro e terminavam a 28 de Fevereiro. Memórias mais lindas que eu tenho da minha juventude, hein?

05 janeiro 2015

Afinal, ainda há esperança...

Maneiras que aqui há uns dias devia de estar com uma crise existencial qualquer, uma pseudo-menopausa das focas ou coisa que me valha, que fui ao site da Zara, essa coisa do demo, e não comprei nada, nadinha, tendo até dito "que ah e tal não preciso de nada". Rejubilai que me passou! Já fui lá à tabanca dos saldos (a.k.a do separador, que aqui no campo não há luxos de lojas dessas, tudo muito espartano ou o raio que os parta a todos) e comprei não um, mas dois vestidos. Dois vestidos!!! Alegria, alegria que estou normal!  E perguntais vós: mas precisavas mesmo mesmo mesmo de dois vestidos? Não, mas gostei deles. So what? 

Bom dia, bom dia...

04 janeiro 2015