30 setembro 2013

O drama da borbulha...

Tenho uma borbulha gigante na cara. Tenho outras mas maneiras que é a vida das mamíferas. Mas esta, ah esta... Tenho uma borbulha gigante, mesmo em cima do osso do maxilar, que me comeu a cabeça o dia todo. Tentei espreme-la de manhã, mas ainda não tinha tomado café e foi pior a emenda que o soneto. E ainda fiquei mais obcecada com a porra da borbulha gigante. Enchi-me de nervos (mais ou menos vá, o sono era tanto que nervos exige energia e eu não estava para aí virada, mas dá aqui um ar trágico ao drama)  e vá de a encher de tapa olheiras. Isto foi muito esperto da minha parte porque, em vez de gastar o meu tempo a mascarar as covas negras de uma noite mal dormida (não, desta vez a Francisca não é o bode expiatório, que benzá'Deus, roncou a noite toda), gastei o pouco tempo que tinha de manhã com a porra da borbulha, que parecia repelir a coisa. Se calhar, estava a gozar comigo. Estou obcecada com a coisa e de tanto lá passar a mão, acho que está maior. Se calhar, acha que lhe estou a fazer festinhas. Estúpida borbulha. Fui-me ao site da Zara. Continuo com a borbulha. Tenho a carteira mais leve. Mas ao menos se é para ter borbulha, que seja com qualquer coisinha nova. Se isto faz sentido algum? Não sei! Perguntem à borbulha que me está a tirar do sério hoje. Isto de vez em quando dá-me para cada drama que não lembra ao Menino Jesus. Mas pronto, a culpa de mais uns trapos, desta vez, é da borbulha. Fofinha porque serve de bode expiatório para as compras. Estúpida como o raio que a parta porque me está a tirar do sério. São dramas senhores, são dramas... 

29 setembro 2013

Sometimes I get lost inside my mind...

Ontem ao jantar, numa girls night, falou-se (entre outras coisas, claro) de talentos, de hobbies. Pintar. Cantar. Dançar. Saber fazer coisas bonitas com as mãos. Costurar. Coisas assim. Dancei em miúda mas as minhas sabrinas ficarão para sempre onde as deixei, juntamente com fitas e saias de tule. Canto mal que dói. Toquei piano mas escolhi que o branco e preto do teclado não mais sentiria o dedilhar das minhas mãos, pelas memórias que me traz. Sou destrambelhada e desajeitada nas artes manuais, profundamente incapaz. Devia ter uns oito ou novo anos quando uma Tia minha que andava com a panca do ponto de cruz mo tentou ensinar. Ainda fiz um quadro com uma-pseuda ratinha de vestido azul, mas percebia tanto da coisa que me esqueci que a bicha teria de ter braços. Além do mais, aborrecia-me. Não sei costurar. Não gosto de cozinhar. Não sei jardinar ou manter plantas vivas. Não tenho jeito para declamar poesia ou contar anedotas. And then I wondered... afinal, qual é o meu talento, se algum tiver? 

27 setembro 2013

E o que é que o rímel tem a ver com dentes?

O meu rímel chama-se "mimimi Doll eyes". Só agora é que me pus a pensar nisso. Lembrei-me daquelas bonecas de porcelana que me dão um medo de morte. Acho-as sinistras e que a meio da noite ganham vida e se tornam psicopatas com picadores de gelo ou qualquer coisa nessa linha. Lembrei-me disso agora porque estou à espera no consultório do dentista. E isso sim, dá-me medos variados e vontadinha de fugir depressinha daqui, mas começou a chover torrencialmente e estou de saltos. Mas gosto do rímel. Doll eyes à parte. Vir ao dentista dá-me cabo dos circuitos neuronais e ocorrem-me disparates diversos, está bom de ver. 

26 setembro 2013

Eu gosto é de lavar o carro de manhã!

É mais uma manhã como as outras: o sol brilha (ou não, ainda não percebi), eu acordo em sobressalto com a barulheira do meu vizinho de baixo ao estouro a fechar as portas dos armários (um dia ensino-lhe a fechar as portas, it's not rocket science), vou para o duche, escorrego e vou quase de cara ao chuveiro, Francisca a roncar de pé descalço (não gosta de dormir de meias, pronto, fazer o quê?). Francisca acorda, Mánhe para cá, KikoNico para lá, papa, veste, coiso e tudo na mesma, como a lesma. Tudo pronto, escadas abaixo e "Mánhe o sol ainda 'tá a bilhar" (ou não, que ainda não percebi), cadeirinha, vrum-vrum. Páro à porta da Escola de minha cria mai' linda. Agora ela já está na sala dos "grandes", que é no segundo andar e ela insiste que "A Paquica xobe as escadas xoxinha" (devagar, devagarinho, mas a bacia da Mãe agradece). Por esse motivo,  encosto o carro o máximo que consigo à parede, para quem vier e quiser passar, o conseguir fazer, que se a mim me deixa tola a malta que vai tomar chá e deixa o carro no meio da rua, não lhe vou dar nesse kit. Até aqui, tudo normal. Mas, tinha de haver um mas, estão a pintar a casa ao lado da Escola. À pressão. Quando volto ao carro, tenho o carro completamente melado, cheio de bocados de tinta branca, ao ponto de não ver um chavelho pelos vidros. Olho com cara de poucos amigos para as personagens que estavam a pintar, que vai-se lá perceber porquê, toca de pousar os tarecos e depressinha para dentro da tal casa. Tudo bem, estão a trabalhar. O carro tinha os 4 piscas ligados a indicar que não ia demorar. Se sabiam da jabardice que a tinta ia fazer, mais valia porem um pino ou coisa que o valha a indicar que seria mais inteligente não estacionar ali. Ou dizer-me. Mas não. Carro to-do melado. Não que ele estivesse lavado antes, nem pouco mais ou menos, mas bocados de tinta melosa é coisa que depois dava uma trabalheira a tirar e eu sou dada a preguiças. Entro no carro, acometida pelas Tourettes que de vez em quando baixam em mim e que já podia soltar (yay!!!),  que o lugar de sua Alteza estava desocupado (a última vez que disse "Caramba" ela repetiu a coisa até à exaustão, pimenta na língua para mim....) e atrasada por atrasada, fui às bombas lavar o carro. Pronto, 5 euros depois, saiu a tinta. Maneiras que é assim, acho que a coisa mais produtiva desta manhã terá sido lavar o carro. E ainda não percebi se o sol está a brilhar ou não, mas acho que vai chover porque me doem as cicatrizes. Não é mito, muda o tempo, as ditas apitam. Se tudo falhar, dedico-me à Metereologia das Mamíferas. Ah, bom dia!, era o que eu queria dizer. Uns com Mokambo, eu nas bombas a lavar o carro, a ouvir a M80 e a Adriana a dizer "Vambora" e eu a pensar já vou filha, deixa só a tinta sair! 

24 setembro 2013

A opinião de Francisca sobre o cardápio...

- Francisca, vamos jantar!
- Sinhe, Mánhe! "Xalxixas"!
- Não, Francisca! Sopinha, primeiro, peixinho, depois.
- Sinhe, Mánhe! "Xupinha", sinhe! E "xalxixas, 'poix"!
- Não, Francisca! Hoje é peixinho!
- Sinhe, Mánhe! "Xalxixas?". 
Ela tem uma alimentação diversificada! De verdade! A sério! Ela não come só "xalxixas". Mas filha de brega, brega sai. Eu dou-he no atum e ela nas "xalxixas". E é isto!


23 setembro 2013

Ainda de parques (infantis)...

Quando era mais nova (e a falar assim, pareço uma velha, mas eu sou uma jovem aí para as curvas) existiam uma séria de coisas que me faziam confusão (ainda guardo bastantes delas). Uma delas era porque raio os casais levavam os filhos aos restaurantes? Ou ao café? Uma pessoa a querer arrastar as horas em paz e lá estavam as crianças dos outros, barulhentas e eu, do alto da minha sensibilidade pé-de-cabra, pensava "mas porquê, porquê?!?". Depois nasceu-me a Francisca e cresci. E percebi que aqueles casais que eu via passar, com a Mãe de cabelos em ponta, olheiras, nódoas de gelado, toalhita em riste e anda limpar o ranho, hoje (também) sou eu. Isto tudo porque, enquanto almoçava no Zoomarine, me dediquei a olhar à minha volta (enquanto a Francisca lambia uma tigela de gelatina e eu assobiava para o lado que não era nada comigo, estava calada e quieta, vá, mais ou menos). As "crianças dos outros" a gritar, a correr, a fazer birras, a deixar os Pais em desespero e muito provavelmente, a pensarem porque tinham saído de casa, pago um bilhete para levarem as crianças e as fazerem felizes e tudo descambar naquele espectáculo de gritaria e "se não vens já aqui levas uma palmada" e "Óh João, eu não te volto a avisar, estás a ouvir? Estáaaaas a ouvir?".  Pois, hoje em dia percebo. Porque a vida depois de uma criança muda e ensina a conviver muito bem com o facto de os levar a restaurantes, cafés e parques. Nem todos os sítios são baby friendly e esforço-me por ter isso em mente.  Educo a Francisca para que ela se comporte decentemente, mas não posso pedir que coma de faca e garfo e saiba usar os talheres da salada a uma criança de dois anos. Comporta-se de acordo com a idade dela, sem ser uma selvagem ou pequena déspota. Sem grandes birras. Mas com muita cantilena e muito grito de "Mánheeee". Mas naqueles 5 minutos , absorta da minha realidade e a ver a realidade dos outros, deixei a miúda de sensibilidade pé-de-cabra vir ao de cima e apreciar a cena. Nós, Pais, fazemos umas figuras bastante estranhas a quem vê de fora. E ainda bem que eu não me posso ver a mim mesma (dava-me uma coisa má, aposto), mas ao menos, sou capaz de me rir das figuras tristes que faço, de toalhita em riste, nódoas de gelado na camisola e sopa no cabelo.  E a miúda de sensibilidade pé-de-cabra descobriu a resposta ao "mas porquê, porquê?!? Por um sorriso de felicidade. Simples. 

22 setembro 2013

De golfinhos e coisas simples...

Talvez seja um pouco tétrico, mas eu tenho uma "Bucket List", uma série de coisas que quero fazer antes de bater a cassoleta. Não que esteja com os pés para a cova, mas um dia, depois de ver o filme "The Bucket List" (que é extraordinário), decidi-me a fazer uma.  Em boa verdade, ninguém sabe quando se acaba a data de validade para cá andar. Ontem, fui riscar mais uma dessas coisas da minha lista: nadar com os golfinhos. É uma experiência fantástica, estar perto de um animal tão fascinante como o golfinho. São ternurentos de ver, ternurentos de tocar, têm uma pele tão macia (e têm um hálito terrível)... Foi uma experiência única e por muito que tente explicar em palavras, estas faltam-me. O tempo com eles passou a voar, bem no seguimento do adágio que diz que o tempo voa quando nos estamos a divertir. Deixou-me de coração cheio. A Francisca ainda é pequena demais para usufruir dessa experiência, mas quando crescer, gostava muito de lhe dar essa oportunidade. Desta vez, ficou só a ver a Mãe nadar com os golfinhos (e a gritar o tempo todo "Máaaaanhe, Máaaaaaanheeeee"). Mas viu o espectáculo dos golfinhos (golpinhos), das focas (pocas) (temos um piqueno problema com os "f"), dos leões-marinhos (saminhos), bateu palminhas, dançou, saltou, comeu dois gelados (um deles que apanhou discretamente numa distracção, mas dias não são dias, siga para a sugar rush), foi à piscina e saiu de lá a fugir, que a água estava fria para sua Alteza. Andou de roda gigante e de carrossel (três vezes seguidas e mais que viessem). Deu muitos beijinhos e xis e "Mánhe quida da bida!". Ao fim do dia, quando lhe perguntei o que tinha feito, disse-me que tinha andado de "carrossel com a Mánhe num cavalinho de pinxesa". E eu fiquei a pensar em como é simples fazê-la feliz. Como apesar de tudo o resto, de coisas novas e que nunca tinha visto ou feito, o que ela guardou e me quis dizer foi isso: andar de carrossel comigo. E apesar de não estar escrito na minha Bucket List, vou fazendo o meu melhor para que o meu maior desejo seja realidade: vê-la crescer feliz, sempre com um sorriso. Todos os dias. Quando a mimo. Quando lhe ralho e me zango com ela, porque acredito que educar é também uma forma de amor e de a preparar para a Vida. Quando lhe preparo a roupa para o dia seguinte. Quando lhe digo bom dia e lhe desejo boa noite. Quando lhe sorrio. Quando lhe faço cara amarrada. Quando lhe digo "sim, pode ser!". Quando lhe digo um "não" bem seco e firme. Quando me preocupo com o haver sopa ou não. Quando lhe canto a música mais estúpida alguma vez inventada por mim que versa sobre o dedinho e o dedão. Quando sou Mãe. E sou-o todos os dias. E serei-o até ao meu último. E nesse último, espero ter a minha Bucket List cheia de "vistos". Daqui a muito tempo. 

19 setembro 2013

Na realidade, o fundo pode ser sempre mais abaixo...

Ah... o serão. Ah... o desfralde da minha Cria mai' boa (que está a correr lindamente desde há uns tempos para cá! E eu toda contentinha, que é o que se quer! ). Que tem uma coisa a ver com a outra? Simples: no meu programa de serão, há a parte de sentar no chão da casa de banho, esperar li-te-ral-men-te que saia, gritar vivas, bater palminhas e... "Mánheeeee,olhó cocó e o xixi!!! Ólhaaaaa! Máaaaaanhe, diz adeus ao cócó". E diz-se. E é isto. Uau, a escatalogia da Maternidade é qualquer coisa muito semelhante a um distúrbio mental qualquer. 

Workaholic?

Uma vez, em conversa, e digamos que a conversa já estava bem regada, houve quem me rotulasse como workaholic. Na altura e porque a conversa já estava etilizada, passou-me ao lado. Passado uns dias, aquela expressão voltou-me à cabeça. Workaholic. Eu gosto do que faço. Tenho dias em que me apetece mandar tudo às urtigas, como toda a gente creio e dedicar-me ao estudo da menopausa das focas, mas são poucos e muitas vezes fruto de cansaço e do facto de estar num País onde o que faço não tem grande relevo (o que compreendo e aceito, fiquei por escolha). Workaholic. Não acho que o Mundo vá implodir se não fizer tudo o que tinha programado para fazer. Sim, levo (quase) sempre trabalho para casa, aquele passível de fazer no meu computador. Sim, a Francisca costuma ser das últimas a vir para casa ao final do dia, mas não a deixo propriamente entregue aos lobos. Sim, quando tenho oportunidade, vou buscá-la mais cedo e vamos fazer qualquer coisa. Sim, raras são as vezes em que não dizemos juntas "até amanhã senhor sol" e até amanhã a todos os amiguinhos que lhe velam o sono, antes de pormos o ursinho a fazer ó-ó. Sim, muitas vezes tenho de me disciplinar e organizar para que o prato da balança da Mulher que sou se mantenha em equilíbrio. Sim, principalmente, muitas vezes, tenho medo de me estar a tornar na minha própria Mãe. Em especial nos dias em que chego a casa tão cansada que sonho com a hora de ir dormir, depois de a deitar e fazer o que tinha programado. Ou nos dias em que chego mais tarde que o normal e tem de ser tudo feito em modo fast forward. Nunca ninguém me explicou como se equilibram estes pratos da balança, porque a verdade é que a vida nestas merdas é bem mais dura com as Mulheres (ai córrore, ficaste a trabalhar até às 22h?!? E a tua Filha?!?). Não acho que haja uma fórmula matemática que me possa ajudar. Por isso e até ver, a coisa corre. Uns dias melhor, outros pior. O resultado é um sorriso fácil de arrancar. Dela. E meu. 

17 setembro 2013

Sabes que bateste no fundo...

... quando, após a sessão habitual de "Mãe, Mãe, Mãe, Mánhe, Mánhe, Mááánhe, a Manheeeee? Aaaaa Máaaaanhe?!?! Mánhe! Mánheeeee (as in Stewie Griffin) começas a cantar "Mãaaaaeeee querida, Mãeeeee queridaaaaa, o melhoooor que a gente teeeeem, "num" há outro amor na "biiiida", iguaaaal ao amoooor de Mãaaaae". E a tua cria repete, dançando feliz "Mánhe quiiiiidaaaa na biiida". É só um daqueles pontos em que a minha sanidade mental foi ali. Mas ainda não veio. 

A fútil que há em mim ou de vez em quando desocupo-me e dá nisto.

Acho que já por aqui dissertei em como sou crente no que toca a pipisadas cosméticas, cremes, besuntices, pinturas e demais. Sou crente mas é a dar ao idiota, é o que é, que entram-se-me as publicidades pelos olhos e pronto, até ter a coisa, ando que nem posso e agora é que vai for. A última foi com um rímel novo, que fazia pestanas asas de borboleta  (agora que penso nisso, não faz grande sentido pestanas e asas de borboleta) ou asas de canário ou eu sei lá o quê. Lá fui eu, a achar que agora sim, rímel melhor não havia, asas e pestanas a bater e coisas demais. A coisa até pode funcionar, eu não digo que não. Mas a mim, aquilo empasta-me as pestanas e fico com ar de que, em vez de ter pestanas, tenho qualquer coisa assemelhada a três varas pretas espetadas onde deveriam estar as ditas. É que se eu mal tenho tempo para fazer de conta que ponho rímel de manhã, quanto mais para me por a pentear as pestanas uma por uma para as separar. Asas de borboleta? Só se for uma borboleta muito mal amanhada, digo eu. Só por causa disso e para curar o desgosto (sim, eu sou dada a desgostos cosméticos e se não era passo a ser provisoriamente) vou comprar um par de sapatos. Cor de rosa. Cheguei à conclusão que não tenho nenhum par de sapatos cor de rosa. E não pode ser. 

16 setembro 2013

A evolução do bad hair day...

Em tempos, um bad hair day era ter o cabelo todo no ar, assim à laia de levei-um-choque- eléctrico-de-manhã-e-ninguém-me-avisou. Ou então, não ter tempo de o lavar de manhã e tentar que a coisa parecesse muito compostinha e tal. Isso, eram outros tempos. Agora, um bad hair day consiste em reparar no espelho do carro, entre atrasos e "Mánheee, as bolas, quê as booooolas" (sei lá eu o que são as bolas... ah espera é de um panfleto que a criança adora que tem um cão e bolas, esquece as bolas, não chego ao papel...) que tenho bocados de Nestum colados na guedelha! Encantador, não é? Há quem diga bom dia com Mokambo... eu digo bom dia com Nestum no cabelo!  

14 setembro 2013

Vida. Em Technicolor.

Os primeiros filmes eram a preto e branco. Mudos também, mas cor só a preto e branco. Depois, surgiu a cor na tela. Mas, até ao Technicolor, será que os filmes eram sem cor? Branco e preto não serão também cores? E na Vida? Será que vidas a preto e branco não serão também em Technicolor? Assim como fotos a preto e branco... Será que por lhe retirarmos os verdes vibrantes, os vermelhos quentes, os amarelos de sol e os azuis profundos, um retrato a branco e preto é menos em Technicolor, na sua riqueza? Ou será que fica apenas um cinza indistinto? Afinal, cinzas, pretos e brancos fazem parte do Technicolor. Na tela. Nas fotos. Na Vida. E talvez seja por isso que os amarelos, azuis, verdes e vermelhos sejam tão vibrantes. Pelo contraste com os cinzas indefinidos, entre brancos e pretos. 

11 setembro 2013

Porque hoje é dia 11 de Setembro.

 
"Those who cannot remember the past are condemned to repeat it." 
(George Santayana).  

Porque hoje é dia 11 de Setembro. Porque ainda hoje me lembro perfeitamente do que estava a fazer nesse dia, quando vi as primeiras imagens. Karl Marx dizia que "History repeats itself, first as tragedy, second as farce"Porque não se pode esquecer. Nem fechar os olhos ao que vai acontecendo Mundo fora, em História que se repete, em moldes diferentes, em cenários diferentes, com tragédias humanas semelhantes. Hoje é dia 11 de Setembro. E não se deve esquecer, não se pode esquecer. Nem deixar que as farsas persistam, no que se sucede às tragédias. 

10 setembro 2013

Ao Menino e ao Borracho...

... Deus põe a mão por baixo, sempre ouvi dizer. Ontem, descobri que sim, que é bem verdade. Francisca caiu do muda fraldas, de cara ao chão. Cheguei a casa e estava em pranto, testa e nariz vermelhos. Veio para o meu colo e calou-se. Começou a adormecer. Pelo sim, pelo não, Urgências. Está bem, calou-se porque estava no mimo da Mãe e por aí e mais mimimi. Mas e se? E se estivesse a adormecer porque algo pior tinha sucedido na queda? Last time I checked, as Mães são uma espécie de super heróis mas não têm visão raio x  (pelo menos, eu vejo muito mal as coisas normais quanto mais em raio x). Hospital. Espera. Tudo tranquilo. Francisca desperta, activa, bem disposta, a meter conversa com toda a gente, a dizer a uma sala cheia de Médicos que a Mãe se chamava "Pinxéeeesa"(no comments). Francisca está bem. Foi um susto. Passou. Mas a espera nos corredores do hospital deixou-me um nó na garganta. As macas encostadas nos coredores, com pessoas idosas. Muitas semi-conscientes. Ali, num corredor. Frágeis, tão frágeis. Sozinhas. Ou solitárias. O contraste daqueles corpos fracos, cansados, com a energia da minha Filha, com o seu sorriso. O contraste nos olhos curiosos enquanto me perguntava "o que é", com os olhos cansados de quem já viu muita coisa ao longo da Vida. Dei por mim a pensar se um dia serei eu, assim, numa maca qualquer, num qualquer corredor, esquecida de mim própria no peso da idade. Mas, apesar de tudo, de estar num corredor e de me aperceber que estava ali, só, mais nada, porque lhe faltavam cuidados, ainda vi um vislumbre de alegria quando a Francisca se abeirou de uma senhora numa cadeira de rodas e disse "olá". A senhora pediu-lhe um beijinho. Ela deu. E acredito que no meio de tudo, da queda, daquela senhora com idade para ser minha Avó ali "esquecida", algo de bom aconteceu. Acredito que aquele beijinho, o "oláaaa" e o sorriso que a Francisca lhe entregou, fizeram a noite dela bem melhor. A mim, aqueceu-me um bocadinho a alma.  E se um dia for eu assim, esquecida de mim, acredito que um beijinho de uma criança relembre como o Mundo é um lugar bonito. 

09 setembro 2013

É o Pete Pão!

- Francisca, se não comeres tudo não cresces, ficas pequenina! Queres ser como o Peter Pan? 
- Sinhe Mánhe! Como o Pete Pão, Mánhe! Pete Pãaaaao Máaaaanhe!  
Não temos problemas cá com comidas, benzádeus, boquinha santa e até o gajo de verde leva sobrenome de comida! 
E tão pequenina e na sua inocência, já sabe que é tão bom ser criança... 
(...) 
Mais vale nunca
Nunca mais saber
Mais vale nada
Nunca mais querer
Mais vale nunca mais crescer
É tê e vê cérebro em fuga a dominar
Gene preguiçoso e letal
Olha pró que eu faço
Mais vale nunca 
Nunca aprender
Mais vale nada 
Nunca mais querer
Mais vale nunca mais crescer
Ficas a aprender
Mais vale nunca
Nunca mais saber
Mais vale nada 
Nunca mais beber
Mais vale nunca mais crescer
(...) 

Olha, diz que é dia de regresso à Escola!


E lá foi ela, feliz e pindérica, no seu tutu da "Mica" e "mala chica" (a sua nova mochila) a fazer pandant! Bicho bom da Mãe, riqueza mai' linda!  
P.S- É encaminhar para os lados da "Mica" que a gata lá do laço faz urticária severa à Mãe da criança! Só de pensar nisso sinto comichão. Blach! 

07 setembro 2013

Uma questão de boa educação!

Francisca acha que é fina e pede um bocadinho do meu sumo de laranja! Francisca bebe, faz uns barulhinhos de consolada e a seguir arrota como gente grande (benzá Deus que de vez em quando vem-lhe ao de cima um je ne sais quoi de pura labreguice).
- Francisca, quando se arrota diz-se "com licença", está bem? 
- Com licença, "axôto"! 

06 setembro 2013

Queres ser minha amiga?

Lembro-me de, no meu primeiro dia de Escola Primária, me sentar na carteira ao lado de uma miúda franzina, de cabelo negro e olhos cor de azeitona. Chamava-se Juliana e depois de terminar a Primária nunca mais soube o que foi feito dela. Mas lembro-me perfeitamente do momento em que me sentei ao lado dela e, porque afinal de contas não conhecia ninguém e não, lhe ter perguntado "Queres ser minha amiga? Não sei em que idade é que é suposto (ou sequer se é suposto perder-se) a capacidade de querer ser amigo de alguém só porque sim, sem medo ou receio de depositarmos ali esperanças, mesmo que essas esperanças passem apenas por partilhar rebuçados na hora do recreio ou por precisar de um ombro para chorar quando os rebuçados já são apenas guloseimas e não o doce da vida. Talvez não seja isso, talvez seja a capacidade de nos habituarmos, com o passar dos dias que se transformam em anos, a estar rodeados de desconhecidos, sem a necessidade de pedir amizade, porque depositar esperanças se começou a tornar difícil. Não sei. Mas às vezes, bem cá dentro, ouço a minha voz infantil, bem baixinho a dizer "Queres ser minha amiga?". Mas os meus lábios não se movem e a minha voz fica em silêncio. 

05 setembro 2013

De brinquedos e limites...

A Francisca tem muitos brinquedos. A maioria, oferecidos. Há a regra de no Natal e Aniversário receber um brinquedo mas já se sabe que regras são para ser quebradas, sobretudo por aqueles seres fantásticos mas desprovidos de sentido crítico no que toca a netos, os Avós. Muitos bonecos, muitos brinquedos "educacionais", muitos brinquedos que nenhuma de nós percebe para que servem, tirando nos dias em que ando a nanar e servem para eu lhes dar chutos e praguejar. A Francisca é uma privilegiada sem ainda ter essa noção. A noção de que há muitos Meninos que não têm um único brinquedo. Mas, o facto de ela ainda não ter essa noção, não faz com que eu me esqueça disso enquanto Mulher e Mãe. E por isso, tenho zero de problemas em ir prestando atenção aos seus brinquedos favoritos para poder separar aqueles que nunca foram alvo de interesse ou curiosidade por parte dela. Sei que adora os Legos, a (idiota) da boneca baptizada de Fanny (estava espirituosa nesse dia), o seu pipiá (cavalinho) de madeira da Carrossel  (para quem ainda não conhece, espreitem aqui), a sua "mala chica mala" ( eu tenho uma maaaala chique ou como os Avós são uns seres estranhos), o escorrega que vai lindamente (ou não) com a decoração da sala (como é que eu cheguei ao ponto de ter um escorrega no meio da sala?!?), a sua tenda de circo (apelidada por mim de casota) que me fere as vistas, a sua mesa de actividades, o KikoNico e os seus amigos, a sua motinha cor de rosa, a bola, o seu Mickey e a Mica ( já desisti de lhe explicar que é a Minnie, Mica parece-me bem) e mais uns quantos livros. Fora estes, muitos mais se amontoam em cestas, sem ela lhes prestar dois segundos de atenção. E isso, faz-me muita confusão. Ver aqueles brinquedos todos ali, amontoados, a ganharem pó, quando poderiam fazer outras crianças felizes. Não sinto que lhe estou a tirar o que quer que seja. Enquanto Mãe, na minha maneira de ver as coisas, sinto que lhe estou a dar algo, apesar de saber que do alto dos seus dois anos ainda não o compreende. Não sinto que a esteja a privar da magia dos brinquedos, porque há um limite razoável entre ter brinquedos ou uma pequena loja dos mesmos. Por isso, é altura de voltar a encher umas quantas sacas e deixar que aqueles brinquedos vão para outras mãos pequeninas que os acarinhem. Não quero que a Francisca cresça com a ideia de que precisa de uma loja de brinquedos para brincar e ser feliz. Não quero que ela cresça com a ideia de que só tendo cestas e cestas cheias de brinquedos é que a coisa é gira e porreira. Quero que ela estime os que gosta, que os suje, que os use, que aprenda e sobretudo, que se divirta a ser feliz com eles, com os que gosta e dá valor. Porque ela ainda não tem essa noção mas é desde pequenina que tem de começar a conhecer os seus contornos, é hora de usar algum do meu tempo para fazer outras crianças felizes, com o que ela tem para lhes oferecer, sem épocas especiais para o efeito (como me irrita isso no Natal, credo, mas eu detesto a época, não vamos bater no ceguinho). Porque fazer o Mundo melhor não é (só) nas grandes coisas, mas muito nas pequeninas do dia a dia. E o meu (nosso)  Mundo, fica mais bonito por partilhar alegria e sorrisos por quem irá receber uma boneca, um livro, um jogo. 

04 setembro 2013

Jobs ou " ai o meu rico dinheirinho"....

No Desterro, ir ao cinema é coisa na linha do "esquece-lá-isso". Maneiras que quando me apanhei nA Cidade, "Jobs" era um must go see. ( piqueno à parte: o preço dos bilhetes de cinema são coisa de me deixar com os olhos trocados, não acho normal pagar 7 euros para ver um filme, de verdade! Ou isso, ou estou a viver no campo há tempo demasiado. Adiante.). Sou uma consumidora dos "gadjets da maçã" assumida. Tudo que é "i" passa cá por casa e o meu Mac é uma espécie de animal de estimação para mim. Estava mesmo muito curiosa para ver o filme, para conhecer melhor a estória do Homem e a história da Empresa que criou. Se calhar, as minhas expectativas eram muito elevadas, esperava demasiado. Foi uma desilusão, um balde de água geladinha. Senti-me a ver a Wikipédia em versão filme. Tudo muito superficial, desligado, com pouca alma. Salva-se o desempenho do Ashton Kutcher, que achei fenomenal como Steve Jobs (o ser giro não foi levado em conta, ok?). Fora isso, pois que uma das músicas do trailer também me agrada. (...) What it is, what it does, what it is, what it isn’t. Looking for a better way to get up out of bed. Instead of getting on the Internet and checking a new hit(...)Vai na volta, ponho-a de despertador a ver se a coisa me corre melhor e não faço snooze 347 vezes. No final de contas e em jeito de resumo, eu curto à brava a Apple. E é isto. 

03 setembro 2013

Sabes que sofres os efeitos perversos da silly season retardados...

... quando em plena "rántré" descobres pelos teus colegas à hora de almoço que a música sensação do Verão era o " pi-pi-pi-piraaaaaadiiiiinha", voltas do almoço, procuras a coisa, ouves a dita e quase choras de riso. Ou isso, ou então devia ter dormido mais um bocado. Sei lá, whatever... Sai aí com palminhas um " pi-pi-pi-piraaaaadinha". O meu cérebro capotou. 

Setembro

Durante muitos anos, Setembro cheirava a livros novos, às páginas ainda por dobrar e ao querer saber o que iria aprender no ano pelo qual ansiava o começo. Sim, eu era daquelas que se aborreciam ao fim das três primeiras semanas de férias, tudo muito giro, mas agora quero aulas e os meus amigos. As férias cansavam-me a cabeça, pela qual puxava para me entreter a mim própria muitos dias. Cheirava a capas de livros que eu insistia ser capaz de encadernar e que acabavam sempre, sempre,  com bolhas de ar, que depois furava, mas o risco da trapalhice ficava sempre lá, a relembrar-me a minha inaptidão para artes manuais. A cadernos novos, com o nome da disciplina, que em tempos idos decorava com imagens de cães e gatos fófinhos, porque os cadernos todos pretos deixavam-me triste. A canetas novas e a um novo estojo para as guardar, se bem que ao fim da primeira semana já havia baixas. Cheirava a uma nova mochila, um luxo que os meus Pais sempre me permitiram, ter uma nova mochila para cada ano lectivo. Cheirava às manhãs mais frescas e aos dias mais curtos, aos regressos a casa envoltos naquela luz muito especial do final de mais um dia. Cheirava à curiosidade de novos Professores e à ansiedade de rever os antigos. Cheirava a perceber o que as férias tinham feito e o que se tinha feito das férias, em cochichos com os amigos, os velhos e a expectativa de conhecer os novos, os que ainda não estavam integrados. Cheirava a saber o número naquele ano e se ainda pertencia à turma D ou a outra qualquer. Cheirava à expectativa de ser tão boa aluna como no ano anterior, com o meu nome na pauta seguido do que depois, anos mais tarde, aprendi serem apenas números, mas que nesses tempos, me enchiam o peito de orgulho. Setembro cheirava-me e sabia-me bem. Os anos passaram e Setembro ganhou novos contornos, novos cheiros. Mas Setembro contínua a cheirar-me a recomeços. E eu, contínuo a gostar muito de Setembro. E do cheiro das manhãs de Setembro.