23 setembro 2013

Ainda de parques (infantis)...

Quando era mais nova (e a falar assim, pareço uma velha, mas eu sou uma jovem aí para as curvas) existiam uma séria de coisas que me faziam confusão (ainda guardo bastantes delas). Uma delas era porque raio os casais levavam os filhos aos restaurantes? Ou ao café? Uma pessoa a querer arrastar as horas em paz e lá estavam as crianças dos outros, barulhentas e eu, do alto da minha sensibilidade pé-de-cabra, pensava "mas porquê, porquê?!?". Depois nasceu-me a Francisca e cresci. E percebi que aqueles casais que eu via passar, com a Mãe de cabelos em ponta, olheiras, nódoas de gelado, toalhita em riste e anda limpar o ranho, hoje (também) sou eu. Isto tudo porque, enquanto almoçava no Zoomarine, me dediquei a olhar à minha volta (enquanto a Francisca lambia uma tigela de gelatina e eu assobiava para o lado que não era nada comigo, estava calada e quieta, vá, mais ou menos). As "crianças dos outros" a gritar, a correr, a fazer birras, a deixar os Pais em desespero e muito provavelmente, a pensarem porque tinham saído de casa, pago um bilhete para levarem as crianças e as fazerem felizes e tudo descambar naquele espectáculo de gritaria e "se não vens já aqui levas uma palmada" e "Óh João, eu não te volto a avisar, estás a ouvir? Estáaaaas a ouvir?".  Pois, hoje em dia percebo. Porque a vida depois de uma criança muda e ensina a conviver muito bem com o facto de os levar a restaurantes, cafés e parques. Nem todos os sítios são baby friendly e esforço-me por ter isso em mente.  Educo a Francisca para que ela se comporte decentemente, mas não posso pedir que coma de faca e garfo e saiba usar os talheres da salada a uma criança de dois anos. Comporta-se de acordo com a idade dela, sem ser uma selvagem ou pequena déspota. Sem grandes birras. Mas com muita cantilena e muito grito de "Mánheeee". Mas naqueles 5 minutos , absorta da minha realidade e a ver a realidade dos outros, deixei a miúda de sensibilidade pé-de-cabra vir ao de cima e apreciar a cena. Nós, Pais, fazemos umas figuras bastante estranhas a quem vê de fora. E ainda bem que eu não me posso ver a mim mesma (dava-me uma coisa má, aposto), mas ao menos, sou capaz de me rir das figuras tristes que faço, de toalhita em riste, nódoas de gelado na camisola e sopa no cabelo.  E a miúda de sensibilidade pé-de-cabra descobriu a resposta ao "mas porquê, porquê?!? Por um sorriso de felicidade. Simples. 

2 comentários:

homem sem blogue disse...

Rir é o melhor remédio :)

homem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt

Magui disse...

Às vezes também gostava de me ver...