05 setembro 2013

De brinquedos e limites...

A Francisca tem muitos brinquedos. A maioria, oferecidos. Há a regra de no Natal e Aniversário receber um brinquedo mas já se sabe que regras são para ser quebradas, sobretudo por aqueles seres fantásticos mas desprovidos de sentido crítico no que toca a netos, os Avós. Muitos bonecos, muitos brinquedos "educacionais", muitos brinquedos que nenhuma de nós percebe para que servem, tirando nos dias em que ando a nanar e servem para eu lhes dar chutos e praguejar. A Francisca é uma privilegiada sem ainda ter essa noção. A noção de que há muitos Meninos que não têm um único brinquedo. Mas, o facto de ela ainda não ter essa noção, não faz com que eu me esqueça disso enquanto Mulher e Mãe. E por isso, tenho zero de problemas em ir prestando atenção aos seus brinquedos favoritos para poder separar aqueles que nunca foram alvo de interesse ou curiosidade por parte dela. Sei que adora os Legos, a (idiota) da boneca baptizada de Fanny (estava espirituosa nesse dia), o seu pipiá (cavalinho) de madeira da Carrossel  (para quem ainda não conhece, espreitem aqui), a sua "mala chica mala" ( eu tenho uma maaaala chique ou como os Avós são uns seres estranhos), o escorrega que vai lindamente (ou não) com a decoração da sala (como é que eu cheguei ao ponto de ter um escorrega no meio da sala?!?), a sua tenda de circo (apelidada por mim de casota) que me fere as vistas, a sua mesa de actividades, o KikoNico e os seus amigos, a sua motinha cor de rosa, a bola, o seu Mickey e a Mica ( já desisti de lhe explicar que é a Minnie, Mica parece-me bem) e mais uns quantos livros. Fora estes, muitos mais se amontoam em cestas, sem ela lhes prestar dois segundos de atenção. E isso, faz-me muita confusão. Ver aqueles brinquedos todos ali, amontoados, a ganharem pó, quando poderiam fazer outras crianças felizes. Não sinto que lhe estou a tirar o que quer que seja. Enquanto Mãe, na minha maneira de ver as coisas, sinto que lhe estou a dar algo, apesar de saber que do alto dos seus dois anos ainda não o compreende. Não sinto que a esteja a privar da magia dos brinquedos, porque há um limite razoável entre ter brinquedos ou uma pequena loja dos mesmos. Por isso, é altura de voltar a encher umas quantas sacas e deixar que aqueles brinquedos vão para outras mãos pequeninas que os acarinhem. Não quero que a Francisca cresça com a ideia de que precisa de uma loja de brinquedos para brincar e ser feliz. Não quero que ela cresça com a ideia de que só tendo cestas e cestas cheias de brinquedos é que a coisa é gira e porreira. Quero que ela estime os que gosta, que os suje, que os use, que aprenda e sobretudo, que se divirta a ser feliz com eles, com os que gosta e dá valor. Porque ela ainda não tem essa noção mas é desde pequenina que tem de começar a conhecer os seus contornos, é hora de usar algum do meu tempo para fazer outras crianças felizes, com o que ela tem para lhes oferecer, sem épocas especiais para o efeito (como me irrita isso no Natal, credo, mas eu detesto a época, não vamos bater no ceguinho). Porque fazer o Mundo melhor não é (só) nas grandes coisas, mas muito nas pequeninas do dia a dia. E o meu (nosso)  Mundo, fica mais bonito por partilhar alegria e sorrisos por quem irá receber uma boneca, um livro, um jogo. 

4 comentários:

Magda disse...

Acho muito bem, partilho da tua opinião, e gostava que muitos pais começassem a pensar assim tb, as crianças têm demasiado, não dão valor a nada. Faço isso com MUITA frequência com a roupa, pois ela recebe sempre imensa, demasiada para cada estação, e ando para fazer com os brinquedos há que tempos, mas só de olhar às vezes fico cansada e venho a adiar, mas acho que me deste o impulso para meter mãos à obra.

raquel disse...

Concordo, em pleno, com o que dizes e fazes.
Faço exactamente o mesmo...
E acho que isto é o certo!
Não tenho, em momento algum, dúvida acerca deste assunto.
Muito bem, Princesa!

Bi disse...

Tal e qual!! Volta não volta, faço uma escolha nos brinquedos da Carlota! Há coisas que saem lá de casa ainda na caixa porque se repetem ou assemelham a outros brinquedos. Também tento travar os avós no que toca a este assunto. Natal, aniversários... 1 brinquedo por avó! Não há necessidade! O que começou a dada altura a acontecer à Carlota, era tirar tudo para o chão do quarto e depois via tanta coisa que não brincava com nada...


Um beijinho!

Magui disse...

Ora nem mais... Ainda ontem reparei naquela enormidade de brinquedos (que nem são tantos como o que me habituaram com o meu sobrinho) para os quais ele nem olha... Acho que me deste mais uma tarefa para este fim-de-semana!