Durante muitos anos, trabalhei em Institutos grandes (e grandes Institutos, já agora). Dizia "bom dia" ou "boa tarde" a quem conhecia. Muitas vezes, apenas um aceno de cabeça, como que a dizer "vi-te, mas não tenho tempo para falar". Não sabia o nome de metade das pessoas que por mim passavam. Não havia cumprimentos. Nos cruzamentos do entra e sai da mesma porta, dizer um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite", era raro. A quem conhecia, sempre. Mas a desconhecidos ou aos só-conheço-de-vista, sinceramente, não me lembro de o fazer. Ou de ser cumprimentada só porque sim. Quando passo pelos corredores do sítio onde agora trabalho, raro é cruzar-me com alguém que não me diga "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite". Alguns acrescentam um "como está?". Não lhes sei o nome. Também não sabem o meu, quase de certeza. Nem tão pouco sei o que fazem, excepto as senhoras da limpeza, que reconheço pelas batas que usam. Mas não me importa saber a posição, o grau, o que fazem, como se chamam. Simplesmente, há qualquer coisa de mais humano neste cuidado de saudar quem comigo se cruza. Talvez advenha de haver mais tempo, menos pressa, mais vagar. Não sei. Mas sei que gosto de cumprimentar e de ser retribuída. Ou de ser cumprimentada e responder um "bom dia". Ou um "boa tarde". Ou um "boa noite". Não tira pedaço. Nem rouba tempo ao meu dia. Dá-lhe sim, uma dimensão mais humana. Mais terra a terra.
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17 março 2014
Dizer "bom dia" por estes corredores…
16 janeiro 2014
Porque é que...
… apesar da precariedade, do cansaço mental, de tentar e tentar e tentar e nem sempre conseguir, gosto do que faço? Porque cientificamente, na incerteza da investigação, acredito de coração que um dia o cancro será uma doença curável. Seja ele qual for. Para que um dia, não sei quando, o cancro não roube mais vidas. A mais nenhuma N. A mais nenhuma família. A mais nenhum Pai, Mãe, Filho ou Filha, Irmão ou Irmã. Porque acredito que nos bastidores, pessoas que fazem o que eu faço, um dia darão o guião para muitas mais estórias de sucesso do que de fracasso. Independentemente de o meu País escolher ou não investir em mim, em nós, aos que ficam nos bastidores. Independentemente de não me encher o bolso, enche-me o coração. Para que o cancro não "vá ao bolso da vida".Era um dia de outono, em 2011. Mais uma entrevista, mais um artigo para fazer. No caso, já não me recordo bem em que contexto, encontrar alguém que tivesse vencido a batalha contra o cancro. A N., cujo nome não será aqui revelado em respeito a si e aos seus, era uma mulher feliz. Ainda não tinha chegado aos 40 e tinha já sulcos cravados numa juventude roubada pela doença. Mesmo assim, era uma vencedora.Uma entrevista sem "glamour" nenhum, num café de bairro no meio de nenhures, escondido para os lados de Sintra. A N. estava ainda abalada pelos tratamentos, mas tinha no olhar o brilho da esperança. “Vou poder viver outra vez, dar aulas aos meus queridos alunos”, dizia-me cheia de alegria.A N. tinha fintado por duas vezes o cancro. Perdoem-me a falha mas a pouca memória que resistiu ao vigor dos dias não me permite saber ao certo o lugar das incidências da maleita. Ainda assim, a N. vencera o cancro. Basta-me saber isso.Graças às maravilhas do século XXI, fui-lhe acompanhando o regresso à normalidade. Ao longe, observava-lhe os comentários internáuticos e confortava-me saber que a N. estava bem e, acima de tudo, viva. Até ao dia. Até àquele dia de há poucas semanas. Homenagens de conhecidos seus inundaram-lhe a página pessoal online. “Descansa em paz”, “foste uma mulher cheia de coragem”, “nunca nos esqueceremos de ti”. O habitual. O triste habitual. A N. perdeu uma guerra apesar de ter passado os últimos meses a vencer as batalhas todas. Que raio de estratégia militar nos leva desta maneira?É estranho ver desaparecer pessoas que conhecemos por um dia. A memória está mesmo aqui à mão de semear, cristalizada no outono de há uns anos. A memória que nos deixa sonhar que aquela pessoa há-de estar mesmo aqui, à distância de um telefonema. E depois, vai-se a ver, e ninguém atende do outro lado. Porque o bastardo do cancro não pede licença para regressar, atreve-se a ir-nos ao bolso da vida e rouba mais um ser dos nossos.Morreremos sempre de alguma coisa, de qualquer coisa. O elixir da vinda ainda não saiu da mitologia e parecer tardar em chegar. De qualquer forma, são pessoas como ela que nos dão lições sobre como enfrentar a ceifeira: a lutar, com cada célula saudável.Que se lixe o cancro. A vontade da vida será sempre capaz de o esmagar. Mais um dia, mais uma vitória. Nos laboratórios, há outros heróis que trabalham a tempo inteiro para nos livrar de vez da maldição. Até lá, mais cairão e outros sobreviverão. Hoje eu, amanhã tu, ou vice-versa ou nada disto. Mas, acima de tudo, lembra-te: se caíres, não te esqueças de cair de pé. É desta forma que sempre serás recordado. Tu e todos aqueles que já perdeste. Tu e todos aqueles que foram roubados pelo estupor do cancro.Estas humildes letras são dedicadas à N., aos que perderam amados para o cancro e àqueles que bravamente o enfrentam dia após dia.
26 agosto 2013
Sabes que a tua chefe é uma gaja porreira...
... quando te intima a tirar férias e p'lo amor da Santa vai descansar, estás com péssimo aspecto, desampara a Loja uns dias, quero nem saber se ainda tens dias ou não, vaaaaaai, xô! Pronto. Eu sou uma moça bem mandada (para o que me convém, não vamos cá criar confusões) e por isso, vou. Mas só porque não se diz que não a uma chefe muito grávida na altura, que entretanto pipocou. Maneiras que sim, tenho uma chefe über fófinha e eu sou uma gaja que obedece à chefe, que isto manda quem pode, obedece quem deve. E é isto.p.s:(esclarecimento básico para dummies): o não ter dias de férias passa por alguém ter de cuidar quando a Cria adoece e a Defesa da Tese não se ter preparado sozinha.
28 junho 2013
21 junho 2013
E no dia mais longo do ano...
A minha Tese de Doutoramento tem para aí umas 200 páginas. Cinco anos da minha vida (o tempo de cama devido a gravidez de alto risco e a licença de maternidade também contam, que não desliguei). Cinco anos de coisas muito boas, de coisas muito más. Cinco anos onde conheci pessoas que me marcaram para a vida, pelo bom e pelo mau que me trouxeram. Sobretudo, pelo bom. Essas pessoas, sabem quem são. No meu jeito muito próprio de lhes dizer, porque sou má de pessoas. E elas sabem-me e sabem-no. Cinco anos que me proprocionaram experiências pessoais únicas. Onde aprendi que me podem mandar para o outro lado do Mundo sozinha, à laia de unshit yourself, que está tudo bem. Onde aprendi o significado de "Ever tried, ever failed. No matter, try again. Fail again, Fail better". Cinco anos de algumas (muitas) noites mal dormidas. Cinco anos onde cresci. Em tic-tac de contra relógio, fui a Casa e soube quando seria o dia do fim do principio de uma nova fase, como dizia Churchill "Now this is not the end. It is not even the beginning of the end. But it is, perhaps, the end of the beginning." Sei-lhe o dia. Sei-lhe os dias que faltam. Sei que será o que tiver de ser. Depois, nem tudo se resume a números. São 200 páginas. Foram cinco anos. Mas não consigo contabilizar tudo o que ganhei durante esses dias nesses 5 anos da minha vida. Também perdi, quanto mais não seja, alguma sanidade mental. Mas ganhei muito, muito mais. Em todos os aspectos. São 200 páginas de papel. Para mim, são 200 páginas de muito de mim. O "Doutora" é só um título que nada me diz. Tudo o resto, também sou eu. Em tic tac de contra relógio, dei por mim a ter a noção de que me fazem falta muitas pessoas, logo a mim, que sou má de pessoas. Que me fazem falta. Muita. Que me acarinham e acarinham a melhor parte de mim e isso, a mim, que sou má de emoções, me toca profundamente, num doce esconder da voz tremida. Em tic tac de contra relógio, voltei a pegar num recém nascido. Já não me lembrava de como são. Pequeninos, indefesos, num Mundo deles. Dormir. Comer. Comer. Dormir. Chorar. Sujar fraldas. Dormir mais. Chorar mais. Já não sabia o peso de um ser tão pequeno nos braços. Mas lembrei-me que de facto, gosto muito mais das fases seguintes. Não senti saudades da minha Filha recém-nascida, admito. Não senti nada cá dentro que me dissesse "que saudades tenho de bebés". Não tenho. Mas gosto daquele pequenote, gosto muito. Segurei-o e pensei que o importante é que cresça feliz, saudável. Que se torne num Homem bom. Desejo àquele pequenote o mesmo que desejo para minha Filha. Desejo que a Vida os molde para serem pessoas profundamente boas. O resto, virá. No dia mais longo do ano e porque a vida não funciona em binários, sorrio ao relembrar o que em três dias de contra relógio fez crescer em mim. Porque os tic tacs são pulsações, rítmicas ou descompassadas. No dia mais longo do ano, de mais luz, por mais tempo, em tic tac de contra relógio, sem outra meta que não viver. Sempre um bocadinho mais, a cada dia.
08 junho 2013
O agridoce do doce silêncio...
Acordei sobressaltada. Tanto silêncio. Acordei e senti que me faltava algo. Levantei-me e vi a porta aberta. A persiana aberta. A cama branca de grades vazia. Um quarto, onde um dia decidi que haveria existir um céu pintado só para ela, para a minha Menina. Um quarto, hoje, em silêncio. Sentei-me ao lado da cama de grades vazia. Francisca não está em casa, foi a Casa. Eu fiquei. Por dever. Por opção de dever. Fiquei a ver as nuvens no tecto e a aspirar o cheiro da minha Menina, que paira no seu quarto. Depois, levantei-me e deixei para trás as nuvens brancas e de aspecto fofo que me pairavam sobre a cabeça. Lavei a alma enquanto a água quente, quase a queimar, me escorria pelas costas. Vi-lhe o sorriso rasgado por estar sentada ao lado da minha Mãe. Eu estou sentada num laboratório vazio, a olhar pela janela. O relógio da parede faz um tic tac rítmico, apesar de estar atrasado. Chove lá fora, cheira a terra molhada, deduzo que sim. Sei-me de bem com a minha opção, em paz comigo. Mesmo que as saudades da minha Menina, guardadas em surdina, façam um barulho avassalador no meu coração.
16 maio 2013
Mas não contem a ninguém...
A minha estagiária hoje armou o circo. A vida não lhe correu como queria, deu tudo para o torto e vá de chorar. Cho-rar. Choooorar. Deu-me vontade de rir. Não dela ( um bocadinho, vá) mas da situação. Tanta coisa que pode valer lágrimas e acreditem que aquela não é uma delas. Not in a milion years. Aliás, acho que há muito pouca coisa na Vida que valha a pena chorar. Não que de vez em quando não estupidifique e me meta num canto escondido a chorar. Choro o que me apetece e siga. Bem, isso agora não interessa nada. A verdade é que não havia motivo nenhum para chorar. Nem eu lhe ralhei tão pouco. Repeti que nem sempre ( quase nunca) a coisa corre bem nestas andanças laborais. Queria desistir. O drama. O horror. Disse-lhe que não era Mãe dela e que ela é que sabia, já é crescida. Que por mim, estava ali para a ajudar. Mandei-a beber água e apanhar ar. Lá voltou. E depois passou-me a vontade de rir. Porque passou o resto do dia a dizer " obrigada, obrigada, é impecável comigo, obrigada". Aliás, ,mandou-me agora um email. Eu não estou habituada a estas manifestações assim. Fico embaraçada. E vim para casa a pensar que espero que ela aprenda em tempo útil que a Vida, laboral ou não, nem sempre corre como planeado. E que aprenda de uma vez a gerir a frustração. É que por fora, mantive a postura de sempre (bitch!)... Mas por dentro, ficou o ver uma miúda que não está preparada para a Vida. A de verdade, não a dos livros...
09 maio 2013
Sem espaço a culpa...
Claro que ontem vinha a pensar naquela mão pequenina e que hoje não me daria um "bom dia, Mánhe". Claro que sentada ao volante ( onde me sinto sempre muito bem) olhei vezes sem conta pelo retrovisor, a querer saber do seu sono e conforto nos kms de volta a Casa. Claro que quando acordei fiquei alerta a ver se a ouvia em vias de acordar ou se podia ficar no quente mais 5 minutos. Claro que quando me meti no carro hoje de manhã paniquei 5 segundos e soltei um " oh pá, mas o que é que fiz à cadeirinha desta vez?!?". Claro que me mói saber que me chamou o dia inteiro " Mãe? Mánhe? Mánhe?". Mas eu fiz a opção de não deixar que mudanças a Sul me roubassem o que fui construindo a Norte, mesmo isso implicando viagens e ausências pequenas. Porque ela tem-me sempre, incondicionalmente, não há espaço a culpas. Ao fim deste dia, tem uma Mãe que se sente realizada. E só por isso, uma Mãe melhor.
08 maio 2013
Pára tudo que a moça errou no Curso!
Tenho uma estagiária. Stop. Que é um postal. Stop. Mas eu mereço? Stop. Não sabe fazer nada. Stop. Sabe calçar as luvas e vestir a bata. Stop. E contar a vida toda dela. Stop. Na qual tenho zero interesse. Stop. Mandou-me a semana de trabalho para o espaço. Stop. Respirei fundo. Stop. Disse-lhe que os erros acontecem. Stop. Com a calma toda deste Mundo e dos arredores. Stop. A moça começou a dizer que lhe apetecia matar-se. Stop. Histérica. Stop. Quase a chorar. Stop. Da próxima tento fazer cara de má e voz de muito zangada. Stop. Pode ser que assim não lhe dê para o drama. Stop. Não há paxorra para drama queens. Stop. Eu pelo menos não a tenho. Stop. Apetece-me ganir. Stop. Nem eu mereço. Stop.
07 maio 2013
Carta aberta à minha Mãe enquanto mato tempo no lab....
Mãe,Tu nunca achaste ponta de piada a estas coisas que me entretenho a fazer em dias úteis, não úteis, horário laboral e horário pós "move-I'm-a-Mom". Em boa verdade, achas um desperdício da minha cabeça e do meu tempo. Em boa verdade, sei que nunca chegarei a rica e estou-me a borrifar. Mas a ti, faz-te profunda confusão. Agora que me cheira tudo a meio de cultura e me sinto nauseada, até que te reconheço uma certa razão. Eu odeio este cheiro. Entranha-se e dá-me dores de cabeça. Também estou consumida da vida pelo facto de ter calçado umas luvas de látex e não umas de nitrilo e estar com comichão e as mãos a arder. Além de que fora cremes-pó-rabinho, tanta luva, tanta hora, tanto lava-desinfecta-esfrega-sai-bicheza, me come o verniz. Estou verdadeiramente desgostosa com a porra do verniz. E tenho as mãos secas, assim tipo lixa exfoliante. Já dizia a outra que uma senhora se reconhece pelas mãos. Estou para aqui em absoluto desgosto com o verniz e essas coisas lady-like que talvez um dia seja, assim uma lady, óh-pra-mim. Estou agoniada com o cheiro do meio de cultura. Mas pronto, fora isso Mãe, está tudo bem. Vou-me continuar a desperdiçar e a nunca ser rica. Vou sendo só feliz neste meu parque de diversões que há quem chame de laboratório. Tapo o nariz e vou à manicure quando puder. Bem depressinha de preferência. É que gosto muito destas coisas , também gosto das minhas mãos. E de verniz inteiro, sem bocados a faltar. E agora vou fazer mais coisas de nariz tapado. E com as luvas certas que finalmente descobri onde estavam. E o verniz.... Óh drama! Tudo isto para te dizer que está tudo bem.P.S-ela nem sabe que este estaminé existe... who cares?!?!
19 abril 2013
Ah, Sexta-feira...
Há qualquer coisa num laboratório vazio que me fascina. O "meu mundo". Todo para mim. Sem phones. A minha música no meu mundo. Encaixam. Enquanto olho para o tic tac. Time point. Tic tac. As horas a escorrerem na ampulheta digital. Apita. Time point. Tic tac. A luz que escorre por entre os estores, fazendo com que a pouco e pouco se formem sombras, recantos. Há qualquer coisa nisto tudo que me dá segurança. Porque posso nunca na vida encaixar em mais alguma coisa, mas sei que este é o meu mundo. E gosto disto. E do silêncio de um laboratório vazio rasgado pelo que ouço, fazendo com que coração e razão se encontrem, se misturem. Na frieza dos tic tac, microlitros e esterilidade, misturam-se palavras cheias de tudo, onde não existe assepsia de sentimento. E começa assim, o meu fim-de-semana.
08 abril 2013
Maus, que não deixam...
E eu a achar que podia lá por "Princesa sem Reino". Muito mais pónei que o que o B.I (sim, eu ainda sou do tempo do B.I amarelo e grande que não cabe na carteira. sim, ainda não sou da era do CU...). Pena.... Princesa sem Reino calhava mesmo bem.
15 março 2013
13 março 2013
As "casas" porque onde se passa e onde se fica...
Quando vim para este novo estaminé trazia uma ideia. Depois escrevi-a. Depois disse que saía só geograficamente, manteria laços com a minha última "casa".Depois a minha "casa" a meio tempo também quis fazer parte. E agora, a primeira "casa" onde aprendi as bases de tudo, junta-se a esta ideia. E eu fico feliz, de saber que no que achava que seria uma despedida, se tornou neste reencontro! Mesmo com todos os ses... gosto muito destas vidas que escolhi!
04 março 2013
Dear Monday...
Hoje, não me vou lamentar pela chuva e vento. Gosto delas. E gosto muito voltar após uma semana de ausência a onde estou. E ter beijinhos. E ouvir "tivemos saudades tuas". E abracinhos bons. E sentir-me querida. O sono que trago? Café com ele! E assim, bom dia, bom dia!!!
06 fevereiro 2013
Finais de tarde, assim...
Tenho papel e papéis e "papeles" para ler e rabiscar até sei lá onde e words e pdfs e páginas online abertas e mais umas quantas coisas ao ponto do computador me querer bater. Tenho migalhas de bolachas de aveia all over the place. Tenho o sol a bater-me na cara. Tenho os meus phones. E tenho esta comigo, neste final de dia... E está-se muito, muito bem! Sempre me dei muito a "keep my hands of the wheel"...
03 fevereiro 2013
Noites longas on Sunday mornings...
Durmo, cada vez mais, menos. Nunca fui de me deitar cedo, sempre fui uma noctívaga por excelência. Desde que me lembro (e me deixavam, claro) que a cama me sentia madrugada dentro já. Hoje em dia, o mesmo acontece. Mas cada vez, durmo menos. Agora, a manhã começa cedo, com um "Mamãaaaa" do outro lado do corredor e uns braços esticados, pedindo o conforto do meu colo e do meu abraço. Poderia dizer que fico a vaguear na net, que vejo filmes, séries, que vegeto no sofá. Mas a verdade, é que depois de a Francisca deslizar para o mundo dos sonhos, o computador é o meu companheiro de longas horas. Trabalho com dedicação. Trabalho porque tenho responsabilidades e nunca, até hoje, falhei nelas. Trabalho porque, apesar de isto não ser um mar de rosas e muitas vezes, me sugar as energias, gosto muito do que escolhi fazer, enfrentando os narizes torcidos e reprovadores da família. Trabalho porque não quero desiludir quem me estende a mão e confia nas minhas capacidades. Nunca nada me caiu no colo. Tudo o que consegui, foi fruto de esforço, de luta, de dedicação. De procurar, de tentar, de falhar cada vez melhor. Nunca usei o trunfo do factor C. Não critico ou aponto dedos a quem o faça, são opções tão válidas como as minhas. Mas nunca, apesar de o ter à distância de um pedido, o usei. Sabe-me bem conquistar as coisas a pulso. Sentir que são o resultado do meu esforço, que me saem da pele. Dias há em que as olheiras ocupam quase todo o meu rosto. Mas não me importo. Um dia, espero, a Francisca olhará para a Mãe e para além de tudo o mais, conseguirá sentir orgulho na Mulher que a Mãe é.
07 janeiro 2013
Eu, o bicho anti-social...
Hoje há almoço de Reis no estaminé. Hoje é dia de conviver com os coleguinhas. E eu preferia mil vezes comer uma sandocha de atum (já disse que adoro atum? E sandes de atum? Ui, sandes de atum é que é) em cima do teclado enquanto me passeio pelos meus powerpoints, pdfs, bichezas e afins, do que ir de rabinho a dar a dar para o dito cujo. É isso, sou um bicho, um bicho anti-social.
12 dezembro 2012
Dos cinzentos pelo meio...
Escreve, apaga, for my eyes only. Papéis e mais papéis e tantos papéis. Pede, explica, contorna e volta tudo ao mesmo. As opções que foram as minhas e que foram diferentes das opções dos outros para mim, são agora as minhas dores de cabeça, os cinzentos nos meus dias, as rugas na minha testa. Escreve, apaga, for my eyes only. Procura, pesquisa acha que encontra e engana-se. Suspirar, encolher os ombros, apanhar os cacos do chão e lembrar que podia ser pior, pode sempre piorar, nada de brincar com Murphy. Papéis, de onde apareceram tantos papéis, tantos papéis senhores, como é possível? Mas ao menos, com a certeza que estes meus cinzentos e estas dores de cabeça, são as que eu escolhi. Mais ninguém...
11 dezembro 2012
Engenheira? Só se for de obras feitas...
Há uma persona que quando liga para o estaminé me trata sempre por Engenheira. A mim ou a quem atender. Mas se há quem o seja, eu não o sou. Perguntou-me o nome da primeira vez e assumiu que à frente deveria entrar o Engenheira chapa quatro. Já lhe tentei explicar imensas vezes, aí umas três mil novecentas e catorze, que não homem, não sou Engenheira. Até que podia ser mas não sou. Chame-me pelo nome, pelo apelido, pelo que quiser. Mas Engenheira, Doutora ou outros que tais, não. Pareço o Álvaro que não queria ser Senhor Ministro, bem sei... Mas títulos, só o nobre da ralé: Princesa sem Reino.
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