( in jornal "O Metro")
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16 abril 2014
08 abril 2014
De "cáoum" para "canito".
Francisca diz "canito". Francisca diz "canito". Francisca diz "canito". Francisca diz "canito". Francisca diz "canito". Francisca diz "canito". NÃÃÃOOOOO!!! ( tenho de insistir no cáoun. Cá-oum).
17 março 2014
Dizer "bom dia" por estes corredores…
Durante muitos anos, trabalhei em Institutos grandes (e grandes Institutos, já agora). Dizia "bom dia" ou "boa tarde" a quem conhecia. Muitas vezes, apenas um aceno de cabeça, como que a dizer "vi-te, mas não tenho tempo para falar". Não sabia o nome de metade das pessoas que por mim passavam. Não havia cumprimentos. Nos cruzamentos do entra e sai da mesma porta, dizer um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite", era raro. A quem conhecia, sempre. Mas a desconhecidos ou aos só-conheço-de-vista, sinceramente, não me lembro de o fazer. Ou de ser cumprimentada só porque sim. Quando passo pelos corredores do sítio onde agora trabalho, raro é cruzar-me com alguém que não me diga "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite". Alguns acrescentam um "como está?". Não lhes sei o nome. Também não sabem o meu, quase de certeza. Nem tão pouco sei o que fazem, excepto as senhoras da limpeza, que reconheço pelas batas que usam. Mas não me importa saber a posição, o grau, o que fazem, como se chamam. Simplesmente, há qualquer coisa de mais humano neste cuidado de saudar quem comigo se cruza. Talvez advenha de haver mais tempo, menos pressa, mais vagar. Não sei. Mas sei que gosto de cumprimentar e de ser retribuída. Ou de ser cumprimentada e responder um "bom dia". Ou um "boa tarde". Ou um "boa noite". Não tira pedaço. Nem rouba tempo ao meu dia. Dá-lhe sim, uma dimensão mais humana. Mais terra a terra.
14 fevereiro 2014
O Porto é...
(imagem daqui)
Chuva e vento, muitos dias dos 365 (ou 366) do ano e um nevoeiro sublime, inexplicável. Francesinhas, no Aviz, no Piolho ou no Fase. É o sabor das Bifanas do Conga. O rio Douro. A Foz. A Ribeira. Da Ribeira até à Foz e aquele azul de mar, tão meu. O Porto é o arco da Ponte da Arrábida. Ou a ponte Dom Luís, onde passa o Metro de brincar da minha Cidade. Ou qualquer uma das outras pontes de atravessam o (meu) rio de Ouro. É a Rua de Santa Catarina. A Rua das Flores. A Avenida Brasil. A Rua de Cedofeita. A Rua Álvares Cabral, onde se me avariou o carro pela primeira vez, em dia de São João. O Porto é o São João, a festa mais democrática que conheço, a rua é de todos e para todos. É os Aliados, que ainda me recordo de terem árvores frondosas e lagos (charcos) no meio, onde corria atrás das pombas. O Porto são também os autocarros da STCP, apinhados em dias de chuva e a cheirar a ressoado e aquela velhinha que todas as manhãs levava flores no 79 (há muitos anos), para deixar na campa da Filha, todos os dias, flores frescas, sem excepção "porque sabe Menina, era a minha flor que se foi e só assim a consigo ter perto de mim". O Porto é gente de "pelo na benta", que usa palavrões como quem mete vírgulas no discurso, mas sem malícia, não é defeito, é feitio. É a 31 de Janeiro, onde já me espalhei ao comprido, rua abaixo, do alto dos saltos. É a rotunda da Boavista e o atentado visual que para mim é a Casa da Música. Não gosto, pedregulho, meteorito espacial caído naquela zona. O Porto são os croissants da Doce Mar e os rissóis da Império. E as flores no Mercado do Bolhão, onde há sempre um sorriso e um pregão para levar e ouvir. O Porto é também o meu Dragão que já foram as minhas Antas, não tenho como dissociar. O Porto é o Vigorosa, nos pliés e demi-pliés que lá fiz. No gesso das pontas e nas fitas bem apertadas, por vezes não muito. O Porto é a VCI onde gastei muitas horas, onde tenho saudades de me irritar, onde já cantei e buzinei um pouco (só um bocadinho…). É a lembrança de ter subido aos Clérigos com o meu primeiro namorado, que coisa mais melosa e adolescente, mas ficou-me na memória. São as re-inventadas Galerias Paris e as caipirinhas. São os Biscoitos da Ribeiro, o cheesecake da Ribeiro, tudo da Ribeiro. Na dos Pinhais da Foz ou na dos Leões, mas esta última em competição com os éclairs da Leitaria da Quinta do Paço. O Porto é o vinho, mas que não se faz nem fica no Porto, mas é assim, é vinho do Porto. É o Teatro Carlos Alberto e as noites em que lá dancei, tutu de tule. É o Fantasporto. É fantasma da Mariana e da Teresa, tão presentes na Cadeia da Relação e que velam o Porto, do lado de lá do rio, na Serra do Pilar, num Amor de Perdição. Foi a Cidade que me viu nascer e crescer e viu nascer a minha Filha. É terra onde se chama alguém de morcão mas povo pouco dado a morconices, de gente de coração na boca, de finos e não de imperiais. É as saudades do meu dia-a-dia, extraviada a Sul. O Porto é de quem lhe quer bem e dele gosta tal e qual como é, naquele cinza pardacento ou num azul curvilíneo, nos seus morros e becos, na sua pronúncia, tão nossa, tão minha. O Porto é mais, muito mais, muito para além de e das palavras. O Porto, vive-se. Não se explica. Não se traduz. Não se ensina.
13 fevereiro 2014
12 fevereiro 2014
De manhãs.
Durante alguns anos, todas as manhãs levava a minha Mãe para o seu trabalho. A minha Mãe tem carta mas não conduz, algo que nunca consegui perceber. Não implicava sair mais cedo, a minha Mãe trabalhava (e trabalha) a 5 minutos a pé da Faculdade onde estudei. Todas as manhãs, passávamos por um Infantário. Sempre por volta da mesma hora. Cedo. Todas as manhãs, a minha Mãe dizia que sentia uma pena enorme ao ver aqueles meninos pequeninos, aninhados no colo dos Pais, que os transportavam, tentando abrigá-los da chuva e do vento nas manhãs de Inverno. Todas as manhãs, dizia-lhe que a vida é assim, os Pais tinham de ir trabalhar, assim como ela e o meu Pai o tinham de fazer e tinham feito quando eu era pequena. Todos os dias, a minha Mãe me respondia que eu tinha tido a sorte de ter ficado em casa até aos 3 anos, fazendo (hoje vejo isso muito melhor) uma ginástica temporal incrível, para trocar turnos, sair a horas. Não guardo memórias desses dias. Em que a VCI talvez se chamasse outra coisa e onde os carros eram menos de um terço dos que hoje passam na Ponte da Arrábida todas as manhãs e todas as noites. Não guardo memória de andar no Fiat 127 e gritar "Mar, Pai… Maaaaaaar!!!", enquanto o meu Pai lutava contra os minutos para ir buscar a minha Mãe e a deixar num outro sítio, para um novo turno. Contam-me que sim, que delirava a cada travessia do Rio Douro por ver o Mar à minha esquerda. Ou à minha direita. Nessa altura, também não sabia para que lado era a esquerda ou a direita e não me fazia diferença, sabia que ali era o Mar. Sabia que gostava do Mar, que me encantava. Hoje vi uma Mãe de manhã, já não tão cedo como eu via com a minha outras a deixarem as suas crianças para irem trabalhar. Porque como lhe dizia, é a vida. Lembrei-me dessas manhãs. Lembrei-me da Ponte da Arrábida. Lembrei-me do Engenheiro que quando a construiu, meio mundo achou que a ponte cairia, tal o arco que a sustentava. Lembrei-me da estória que conta que Edgar Cardoso se sentou debaixo da ponte e disse que se caísse, cairia com ele ali. Não sei se é verdade ou não, mas acho-lhe piada. Hoje, ao ver aquela Mãe com uma criança mais pequenina que a minha Francisca, lembrei-me de todas essas manhãs. Todas elas passado. Todas com o Porto como factor comum. O meu Porto. Nas saudades do meu presente.
26 janeiro 2014
O melhor dos meus dias ( em modo fim de semana)
O Porto. Nas suas diversas dimensões. Nas suas dimensões que são em parte minhas, o Porto das minhas Pessoas. O Porto num cheesecake da Ribeiro onde me cantaram de novo os parabéns nos e aos 30. No nevoeiro e na chuva, no cinza contínuo e na marginal tão calma, tão presente. O Porto, nas ruelas de luz difusa e de encantos comprometedores. Na Francesinha e no copo (enorme) de vinho do Porto que cravei ao Empregado. No riso incontrolável. O Porto do Dragão, onde levei a minha Avó a comemorar os seus 87 anos, feitos Sábado e festejados com gritos de golo (e muitos palavrões pelo meio). O Porto. Não é só a minha Cidade. Mas é também o meu Mundo.
13 dezembro 2013
"Tens qualquer coisa partida dentro de ti"...
Há uns dias atrás, alguém trauteava uma música de Natal no estaminé. Perguntei, sorrindo, se estavam com vontade de morrer, assim, sei lá, à laia de me dar um ataque psicótico com os "queristemas-cároles" com que sou bombardeada nas poucas lojas onde entro, que só são poucas porque neste Terra do Inferno não há muitos e de onde saio depressinha, saía de qualquer das formas porque são horrorosas, mas com "queristemas-cároles" ainda sou mais lestinha das pernas. Maneiras que já me perdi. Bem, o que eu queria dizer era que há uns dias, após a minha saída Grinch, alguém me disse "tens qualquer coisa partida aí dentro, temos de te reabilitar". Não sei se foram estas as palavras ao certo, mas foram muito próximas disto. "Tens qualquer coisa partida dentro de ti". Quando a Francisca nasceu, disseram-me que eu ia voltar a gostar do Natal, que a (suposta) magia iria regressar. Tinha ainda a Francisca meses, eu recuperava de uma depressão pós-parto e decidi esforçar-me nesse ano. Fiz uma Árvore de Natal, daquelas até ao tecto, decorada a meu gosto, simples. Mas não senti magia nenhuma, não senti o que quer que fosse. Senti que tinha tido imenso trabalho a montar aquilo e que por mim ia directa como estava para a arrecadação quando chegasse o dia de Reis. Não senti o que me haviam prometido que haveria de voltar a sentir. No ano seguinte, ou seja, no ano passado, recusei-me a fazer Árvore de Natal, porque pura e simplesmente não o passo neste lado do País. Convenci-me de que a Francisca já tinha coisas natalícias q.b. na Escola e que teria em casa dos Avós a tal Árvore de Natal. Nesse mesmo ano, no ano passado, voltei a não sentir o que me haviam prometido regressar quando fosse Mãe. Não senti nenhuma magia. Não senti nenhum espírito mais aberto, mais sensível ou o que quer que fosse. O quente que senti foi dos copos de vinho que fui bebendo. Não senti que a alegria da minha Filha ao ver os presentes na mesa e as prendas embrulhadas de forma a serem mais apetecíveis, fosse diferente da que expressa quando lhe dou uma goma ou a levo a comer doces. Senti que estava alegre e feliz , tudo bem, mas a Francisca é alegre e feliz (quase) todos os dias, especialmente no mimo dos Avós. Este ano voltei a não fazer Árvore de Natal. Vou mudar de casa e para quem se choca comigo e com a minha inaptidão natalícia, uso esse motivo como desculpa para não me moerem o juízo, porque sinto que não sou obrigada a gostar do Natal e muito menos a ter de me justificar. Ninguém é obrigado a gostar do que quer que seja. Respeito imenso o lado religioso da época, apesar de me ter desligado um pouco ao longo dos anos. Mas não gosto do Natal. "Tens qualquer coisa partida dentro de ti". Talvez. Talvez algo se tenha mesmo partido dentro de mim há muitos anos atrás e nunca mais volte a sarar. E quando a Francisca crescer e começar a perguntar porque é que não tem Árvore de Natal em casa como os outros Meninos? O que irei responder? Como lhe vou explicar que a Mãe não gosta do Natal? Como irei explicar a uma criança que talvez a Mãe tenha mesmo algo partido dentro dela e que nenhum beijinho mágico cura dói-dóis sabe tratar? Não sei. Este ano não há Árvore e ainda não existem as perguntas incómodas. "Tens qualquer coisa partida dentro de ti". Talvez...
11 dezembro 2013
Das "heranças" de outros Natais e chutos em calhaus...
Vinha eu no alto do meu salto (sim, tenho dores, mas já que as tenho de ter, prefiro tê-las de salto alto que de sabrina rasa), quando mandei um valente chuto num calhau do passeio. Apeteceu-me praguejar em voz alta mas, por estas bandas, as "virgulas" do Porto são motivo de boca aberta, por isso, esquece lá o praguejanço. Sem mais nem porquê, lembrei-me daquele filme que passa, ou passava, sei lá, não importa ao caso, todo o santo ano na televisão. Eu me confesso (açoitem-me) que o via e que cheguei a ter uma valente panca com o Capitão von Trapp, até descobrir que o senhor tinha idade para ser meu Avô (btw, o Christopher Plummer continua um senhor muito charmoso). Vá, não me lembrei do filme em si, lembrei-me de uma música (sim, açoitem-me com vontadinha, que eu vi tantas vezes o filme quando era miúda que anda hoje sei as letras de cor). Lembrei-me da my favourite things, numa versão da Jewel, de um álbum muito giro chamado "Once upon a lullaby", sendo que outras constantes do mesmo são lullabies d(n)a minha vida...
Raindrops on roses and whiskers on kittensBright copper kettles and warm woolen mittens
Brown paper packages tied up with stringsThese are a few of my favorite thingsCream colored ponies and crisp apple streudelsDoorbells and sleigh bells and schnitzel with noodlesWild geese that fly with the moon on their wingsThese are a few of my favorite thingsGirls in white dresses with blue satin sashesSnowflakes that stay on my nose and eyelashesSilver white winters that melt into springsThese are a few of my favorite thingsWhen the dog bitesWhen the bee stingsWhen I'm feeling sadI simply remember my favorite thingsAnd then I don't feel so bad
E depois de me lembrar da música, pensei nas minhas coisas favoritas: o cheiro da minha Filha, o sorriso e o riso da minha Filha, as mãos pequeninas da minha Filha, a maneira chantagista como me chama de "Mamã, Mamã", gomas, lareiras crepitantes, vinho tinto, sangria, sapatos de salto alto novos em folha, o cheiro da terra molhada, o cheiro do meu perfume de sempre, o som da chuva a cair na janela, a Mofli... these are a few of my favourite things. E depois, já nem me apeteceu praguejar. Coisas idiotas de que me lembro mas que fazem dos meus dias dias meus.
P.S- entretanto, cresci e descobri que eu de Maria tinha muito pouco, para não dizer, zero. Olha eu no meio do monte a cantar e com uma ranchada de filhos. Definitivamente, nada de Maria. Quando muito, dava mais numa de Baronesa...
04 novembro 2013
Dos dias de saudades...
Novembro traz castanhas. Eu não gosto de castanhas. Não sei porquê nem porque não, mas não gosto. Nunca gostei. O magusto nos tempos de Escola nada de interessante me trazia a não ser o como esconder as 6 castanhas que me passavam para a mão embrulhas numa página das páginas amarelas sem me moerem muito o juízo. Nos tempos de Faculdade, bebia a jeropiga e alguém que comesse as castanhas, não era esse o propósito da coisa. Mas, gosto do cheiro de castanhas assadas no ar. Faz-me lembrar Santa Catarina nos dias já frios de Novembro. Às seis em ponto aquele relógio, que quem conhece Santa Catarina sabe onde fica, tocava. Será que ainda toca? Sou má das minhas saudades de Casa. Santa Catarina faz parte de Casa. Tenho saudades de Santa Catarina em Novembro. Tenho saudades do "meu" Porto pardacento todos os dias, na luminosidade dos seus dias cinzas frios.
02 outubro 2013
Paniquei!
Francisca referindo-se ao coleguinha que saiu ao mesmo tempo que ela:- O "Rapael" abalou, Mánhe!Aaaaaiiii! Pára tudo!!! Aaaaaaiiii que a rapariga além de me esperar o dedo e dizer "'cuta" (escuta), agora também já diz abalar. Aaaaaaaaaiiiiiii! Maria Francisca, bicho bom da sua Mãe... O teu cartão de cidadão diz Aldoar pá, Aldoar!!! Aldoar não combina com abalar! Aí que a rapariga me fala alentejano. Aí que me vai dar o abafo. Aaaaaiiiii!!!
10 agosto 2013
09 julho 2013
Estou atacadíssima de coiso.
Estou atacadíssima das Tourettes Estrebeiras da bela Cidade que me viu nascer. Apetece-me soltar uns palavrões bonitinhos e fófinhos, bem delicodoces e socialmente inapropriados, sobre a merda com que me deparo na versão 89.0 do que ela, a minha estagiária-fusão-de-Floribella-meets-Ovelha-Choné chama orgulhosamente (shoot me, now!) de relatório. Ah espera, aqui nestas zonas, um "merda" mandado à laia de vírgula não se usa, fica tudo a olhar e só falta começarem a dizer "amêeeee amêeee..." Tipo hoje , que espetei o salto do sapato novo na merda (ai, perdoem-me) da calçada e depois aquilo não queria sair e os sapatos eram novos e eu atacadíssima dos nervos e calores saiu-me baixinho, de verdade, baixinho: "merda". A senhora que passava quase se benzia e me agarrava pelo cabelo até me enfiar na água benta mais próxima. Mas só olhou, vá lá, se bem que com este calor até me tinha sabido bem. Ah espera, mas depois as borratadelas que pus de manhã, é melhor não, é chato e coiso e já me perdi no que estava a dizer. Ah, isso. Pois que apetece-me mandar a estagiária à merda também, mas ela ia começar a chorar e depois a Tourette atacava mais forte. Portanto, basicamente, estou atacadíssima dos nervos, tenho mais que fazer e apetece-me escrever em comentário no ficheiro word "isto está uma merda". E é isso. Estou atacadíssima das Tourettes Estrebeiras. Porque de vez em quando, não há melhor adjectivo ou interjeição que um belo "merda". Mas isso agora não interessa nada, tenho mais que fazer. Merda.
05 julho 2013
I'm on (a highway to) hell...
O Inferno não deve ser muito diferente. Quer-se dizer, mesmo em termos paisagísticos, calculo que sejam ambos semelhantes, assim uma coisa de oh my eyes, my eyes, my eyes. Mas o Inferno não deve ser muito diferente em termos de temperatura. E quem gosta muito do calor, pois que bem, bom proveito. Eu quero ursos polares. Assim, de repente, lembro-me do Pólo Norte. Mas sim, o Inferno não deve ser muito diferente. Até porque penar já peno no calvário do "não caias, não caias, anda lá". Não me mata o calor por me mandar ao chão, talvez me mate a quantidade absolutamente estúpida de açúcar que acabo a ingerir. Já pareço uma agarrada com os pacotes de açúcar. E mesmo assim, o corpo recusa-se a colaborar. A respiração estupidamente lenta. O ouvir tudo um pouco ao longe. Ah e "não caias, não caias, não caias". Não há nada mais vulnerável do que cair no chão, inanimada. E isso, atormenta-me. Não o desligar momentaneamente, been there, done that, got tons of bruises e traumatismos. Mas atormenta-me a possibilidade da vulnerabilidade súbita. Não tenho culpa de o meu corpo reagir assim, de funcionar assim, de ter um coração lento, a seu ritmo. Independentemente disso, recuso-me a ficar prisioneira, fechada, em frente a uma ventoinha ou a um ar condicionado. A vida decorre. Um pouco mais açucarada nos azedos que esta Terra de bafo do Inferno me traz.
03 julho 2013
Maybe tomorrow.
I've been down and, I'm wondering why, These little black clouds, Keep walking around, With me, With me... Há uma rotunda onde saio (quase) sempre na mesma saída. A (supostamente) errada. It wastes time, And I'd rather be high, Think I'll walk me outside, And buy a rainbow smile, But be free, They're all free. A saída é para fora do Desterro. Por vezes, demoro um par de kms a perceber que me enganei. Faço inversão de marcha. Volto à mesma rotunda. So maybe tomorrow, I'll find my way home, So maybe tomorrow, I'll find my way home. Cometo (quase) sempre o mesmo erro. Das vezes que lá passo, saio na placa que diz "Lisboa". Mas Lisboa não é Casa, faz pouco sentido, talvez. I look around at a beautiful life, Been the upperside of down, Been the inside of out, But we breathe, We breathe... É inconsciente e tem dias que a consciência regressa já depois da primeira curva. I wanna breeze and an open mind, I wanna swim in the ocean, Wanna take my time for me, All me... Saio na inconsciência da consciência de (ainda ?) não (me) saber a (em) Casa. Na inconsciência da consciência de saber que (ainda ?) não pertenço a estas ruas e estradas e cheiros e ventos e sabores. Ainda não sei onde é Casa. Talvez me tenha esquecido de onde é Casa. Talvez ainda não tenha descoberto onde é Casa. Talvez nunca tenha verdadeiramente sabido onde é Casa. So maybe tomorrow, I'll find my way home, So maybe tomorrow, I'll find my way home... Cometo (quase) sempre o mesmo erro. Saio na saída que é, supostamente, a errada. Mas sei aonde aquele caminho me leva ou poderá levar. Se eu quiser. So maybe tomorrow, I'll find my way home...
23 junho 2013
Bom São João...
Tenho um manjerico que trouxe comigo quando vim de Casa. Eu que nem sei manter plantas vivas, quis trazê-lo. Cheira (-me) a São João. Hoje, em noite de São João, é tudo o que tenho da Festa de Casa. Hoje, não há salada de pimentos assados. Não há chouriço assado. Não há broa de Avintes. Não há o cheiro das sardinhas assadas (que dispenso). Não há sangria com fartura. Não há martelinhos. Não há a música pimba manhosa e muito mula da cooperativa. Nem bailarico. Não há balões que nunca voam mais que 3 metros antes de se precipitarem no chão. Nem a correria para (ainda) ver o fogo. Esta noite, não há São João para mim. Há só um manjerico, a lembrar-me das saudades de Casa. Para quem o vai (vi)ver... bom São João!
Love it or return it...
(Zara)
Eu sei que tem flores e eu já para aqui dissertei sobre coisas com flores e jarras e coiso. Mas tem pinta de ser fresquinho e só por iso, 10 points, que isto no desterro não s'aguenta. Depois, gosto de maxi dresses. Não exigem pensar muito, é enfiar e está no ir. Além disso, de cada vez (raras) que entrei na loja, ficava a olhar para ele. É daquelas peças que me ficam nos olhos e eu depois fico no vai, não vai. Por norma, se quando me decidir a dar largas ao devaneio a coisa já não estiver disponível, é sinal que de facto era um não vai e eu ressabio menos. Mas hoje, imbuída de calores e de aborrecimento, fui-me à loja online. Há-de chegar numa caixinha às minhas mãos em breve. Se me sentir uma jarra canastrona, posso sempre devolver. Mas acho-lhe piada. Ah e tem pinta de ser fresquinho, que não sei se já disse, isto aqui não s'agueeeeeenta!
22 junho 2013
É isso... ou não...
Isto uma pessoa até que se pode habituar a não ter um shopping para dar azos a devaneios de retail therapy (ou não). Até se pode habituar a não ter uma sala de cinema com mais que um filme de cada vez, estreado nas metrópoles três quinze dias antes (ou não). Até se pode habituar a ter de fazer uns quantos km para ver porra de água, assim sem ser charco miserável (ou não). Até se pode habituar ao calor dos Infernos e achar que estar parecida com uma Mulher menopáusica tem algum encanto (ou não). Mas uma pessoa, neste caso, eu, pessoa, está com sérias dificuldades a habituar-se às rolas, ou pombas ou passarinhos ou o que sejam, que isto a minha ornitologia é abaixo dos mínimos, e aos seus cú-cúrrú cú-cúrrú desde o nascer do sol. Desde o nas-cer do sol. Calem-se. Calem-se, pelo amor da santa. Estou aqui capaz de fazer uma fisga artesanal e me dedicar a procurar receitas de arroz de pombo para a Bimby Maria (esta parte, é mesmo ou não).
04 junho 2013
A porra dos passarinhos...
Há quem tenha como sonho de vida acordar com os passarinhos chilreando na janela. Ah, a paz, que tranquilidade, qualidade de vida. Até há quem ponha como som de despertador passarinhos cantantes. Atrás de casa no desterro, há uma espécie de mata, com algumas árvores. E toda a gente sabe que as árvores são a casa dos passarinhos. Tão lindo, que idílico, só cá faltam as harpas. Eu digo raios partam os passarinhos. Com o calor, tenho cantoria desde as seis da manhã. S e i s da manhã, sabeis a dor que isso é? Não bastasse as noites de merda que cria dá porque está doente, pois claro, e os jogos de lençóis que se me esgotam na gaveta madrugada dentro, ainda tenho de levar com a porra dos passarinhos desde as s e i s, seeeeeis da manhã. Ah, tão fófnha, pensais, a ouvir os passarinhos. Porra lá para os passarinhos todos, é o que eu digo. Tenho sono.
24 maio 2013
Ah, Sexta feira...
Como papos secos. E popias. E queijadas. E pães de leite. E migas. Mas contínuo a gostar de regueifa. E de mariaizinhas. E nem tentem que nada bate os biscoitos da Padaria Ribeiro ou os bicos de pato daquela padaria manhosa em Santo Ovidio. Ou as Francesinhas dos tascos mais "refundidos" como se diz em certos dialectos. Mas hoje também gosto de queijadas. E de migas. Deixo este Alentejo ir-me conquistando os sentidos... Mas nada bate os biscoitos da Ribeiro. Ou as Francesinhas das tascas mais improváveis. Ou o azul imenso do meu mar., esse que carrego nas veias. Mas há um azul imenso lindíssimo, azul céu, a perder de vista. Só que não é o meu. Este, não me pertence.
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