Maneiras que hoje, atrassadíssima, atrasadérrima da vida, chegada tardiamente de mais uma viagem pelos caminhos de Portugal e oh pá já são horas de acordar, snooze para cá, snooze para lá, arruma mochila, arruma lanche, ressona aí mais um bocadinho Filha, que a tua rica Mãezinha está atrasada até à quinta casa, tocam-me freneticamente à porta. Assim como se um ataque de zombies estivesse iminente e eu pudesse salvar o planeta Terra. O meu apartamento não dá para abrir cá de cima nem perguntar o costumeiro "quem é?" (também, quando se pergunta, costuma ser o "eu", como dizia o Bruno Nogueira). Toca de descer os dois andares em pijama, porque achei (duh) que deveria ser alguém (bem) conhecido, tal o toque de "há fogo, fujam". Era o carteiro. Ora, eu em trajes pijamescos, com uma vaca ao peito a dizer "Moooooody in the morning" e o homem, esbaforido do frio, a perguntar se eu era a Senhora Mimimi enquanto me empurrava para dentro do prédio "entre, entre que está frio". Eu colada de sono, vaca ao peito e malhada nas pernas, meia estúpida a olhar para o homem que me estendia um papel e pregava qualquer coisa sobre letra legível. Cartinha registada dos senhores da ANSR a comunicar-me que sim senhor, pagou a coima voluntariamente (uma "multazinha" de "excessozinho" de velocidade, quem anda à chuva, molha-se, mea culpa, mea culpa) e vá, leva a sanção acessória com pena suspensa, isto dito no último parágrafo de 4 folhas em que li qualquer coisa como não respeitou, agiu de forma consciente, negligente e por aí fora. Está bem fófinhos, mea culpa, mea culpa. Podiam poupar no papel, digo eu. Mas a modos que eu estava mais colada no me ter aparecido o carteiro do que propriamente com a carta que sabia que haveria de chegar. Quero acreditar piamente que o homem se ria para fazer face ao frio e não pelo figurinha que fiz, do alto do meu pijaminha polar, de vaca ao peito a dizer "Mooody in the morning" e pelas minhas pernas de vaca malhada. Eu cá gosto de vacas, está bem? Das malhadas. Pelo menos, aqui não há essa publicidade, porque se fosse nos estates o homem ainda me tinha perguntado "Got milk?". Isto há manhãs dos demos, senhores!
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26 novembro 2013
Diga bom dia com o carteiro...
21 junho 2013
E no dia mais longo do ano...
A minha Tese de Doutoramento tem para aí umas 200 páginas. Cinco anos da minha vida (o tempo de cama devido a gravidez de alto risco e a licença de maternidade também contam, que não desliguei). Cinco anos de coisas muito boas, de coisas muito más. Cinco anos onde conheci pessoas que me marcaram para a vida, pelo bom e pelo mau que me trouxeram. Sobretudo, pelo bom. Essas pessoas, sabem quem são. No meu jeito muito próprio de lhes dizer, porque sou má de pessoas. E elas sabem-me e sabem-no. Cinco anos que me proprocionaram experiências pessoais únicas. Onde aprendi que me podem mandar para o outro lado do Mundo sozinha, à laia de unshit yourself, que está tudo bem. Onde aprendi o significado de "Ever tried, ever failed. No matter, try again. Fail again, Fail better". Cinco anos de algumas (muitas) noites mal dormidas. Cinco anos onde cresci. Em tic-tac de contra relógio, fui a Casa e soube quando seria o dia do fim do principio de uma nova fase, como dizia Churchill "Now this is not the end. It is not even the beginning of the end. But it is, perhaps, the end of the beginning." Sei-lhe o dia. Sei-lhe os dias que faltam. Sei que será o que tiver de ser. Depois, nem tudo se resume a números. São 200 páginas. Foram cinco anos. Mas não consigo contabilizar tudo o que ganhei durante esses dias nesses 5 anos da minha vida. Também perdi, quanto mais não seja, alguma sanidade mental. Mas ganhei muito, muito mais. Em todos os aspectos. São 200 páginas de papel. Para mim, são 200 páginas de muito de mim. O "Doutora" é só um título que nada me diz. Tudo o resto, também sou eu. Em tic tac de contra relógio, dei por mim a ter a noção de que me fazem falta muitas pessoas, logo a mim, que sou má de pessoas. Que me fazem falta. Muita. Que me acarinham e acarinham a melhor parte de mim e isso, a mim, que sou má de emoções, me toca profundamente, num doce esconder da voz tremida. Em tic tac de contra relógio, voltei a pegar num recém nascido. Já não me lembrava de como são. Pequeninos, indefesos, num Mundo deles. Dormir. Comer. Comer. Dormir. Chorar. Sujar fraldas. Dormir mais. Chorar mais. Já não sabia o peso de um ser tão pequeno nos braços. Mas lembrei-me que de facto, gosto muito mais das fases seguintes. Não senti saudades da minha Filha recém-nascida, admito. Não senti nada cá dentro que me dissesse "que saudades tenho de bebés". Não tenho. Mas gosto daquele pequenote, gosto muito. Segurei-o e pensei que o importante é que cresça feliz, saudável. Que se torne num Homem bom. Desejo àquele pequenote o mesmo que desejo para minha Filha. Desejo que a Vida os molde para serem pessoas profundamente boas. O resto, virá. No dia mais longo do ano e porque a vida não funciona em binários, sorrio ao relembrar o que em três dias de contra relógio fez crescer em mim. Porque os tic tacs são pulsações, rítmicas ou descompassadas. No dia mais longo do ano, de mais luz, por mais tempo, em tic tac de contra relógio, sem outra meta que não viver. Sempre um bocadinho mais, a cada dia.
18 junho 2013
De Sul a Norte...
... ou de Este a Oeste ou o raio que me parta que eu não sei essa cena da rosa dos ventos, só que Norte é para o Porto, siga. Mas sei as estradas de cor e que ali costumam estar os "sinhores" da Brigada que já não se chama Brigada mas a multa é a mesma. E a porra da pepé que lhe voa sempre, seja uma sejam três, acabam em sítios inacessíveis a quem está a conduzir e assim de repente não me parece esperto virar-me para a apanhar. E as migalhas senhores, as migalhas das bolachas voadoras, toma uma bolachinha Filha, apanha, boa!, deve dar-te aí para uns 20 km, depois a Mãe atira outra do banco de chauffer a sua Alteza Real, pode ser? E olha Francisca, tão bom, já só faltam 250 km, que maravilha, consegues ir 250 km sem berrar, que achas da ideia? Olha a Mofli, tão 'sogadita, espera, esquece, esqueeeeece, está nada aqui a Mómó, não, não pode ir à tua beira. E as galinhas, as cabras das galinhas a cantarem e eu a pensar em arroz de cabidela que nem gosto, faz-me confusão aos nervos e eu sou má de nervos, ainda bem que quase nunca me dá para isso, que não sei se já disse, sou má de nervos. Mas depois penso nas Pontes todas e no cheiro de Casa e nas ruas de Casa e no mar de Casa e Casa e pronto sou nada de nervos. E é por isso que gosto de viajar de noite, sempre que posso. Mal por mal, não há galinhas e cabidelas.
28 maio 2013
Olha, diz que é para aguentar...
Meio mundo se espanta quando digo que sim senhor, viajo de noite sozinha com a 'mha cria. "Ai córrore, não tens medo? Ui, ai, ui. "Não tenho medo. Escolho viajar de noite porque me é mais simples: ela dorme, ressona, baba e eu conduzo enquanto penso nas mais variadas coisas, desde o que ela vai vestir amanhã, a concentrações de ácidos, o carro não tem água no esguicho e como diz o outro "como é linda a puta da vida". Mas há um piqueno pormenor. Imaginem que beberam muita água no vosso dia. Coloquem agora a hipótese que vão precisar de ir a uma casa de banho numa área de serviço qualquer. Agora façam dessa hipótese a hipótese nula, porque simplesmente não vai acontecer. Ou seja, not in a million years me passava pela cabeça acordar Sô Dona Sostra e carregá-la comigo, porque depois ia ter choradeira e gritaria e rebéubéu pardais ao ninho. Maneiras que a malta vai vendo os km que faltam, distrai-se com qualquer coisinha e são-só-mais-200km- não-seja-mariquinhas-Princesa e agradece o carro não ter água nos esguichos. E é isto, a minha vida...
24 maio 2013
Ah, Sexta feira...
Como papos secos. E popias. E queijadas. E pães de leite. E migas. Mas contínuo a gostar de regueifa. E de mariaizinhas. E nem tentem que nada bate os biscoitos da Padaria Ribeiro ou os bicos de pato daquela padaria manhosa em Santo Ovidio. Ou as Francesinhas dos tascos mais "refundidos" como se diz em certos dialectos. Mas hoje também gosto de queijadas. E de migas. Deixo este Alentejo ir-me conquistando os sentidos... Mas nada bate os biscoitos da Ribeiro. Ou as Francesinhas das tascas mais improváveis. Ou o azul imenso do meu mar., esse que carrego nas veias. Mas há um azul imenso lindíssimo, azul céu, a perder de vista. Só que não é o meu. Este, não me pertence.
10 maio 2013
Bom dia, bom dia!
Apesar de quase de partida das manhãs frias de nevoeiro. Apesar de a Dona Fátima quase ter caído para o lado quando me viu a pé, vestida e a mendigar café antes das nove da manhã. Apesar de me ter dito que nem mais um café, fora da minha cozinha... Com esta logo de manhã, só pode dar um Bom dia, bom dia muito bem disposto! Bom dia, Mundo! And don't you worry 'bout a thing!
Everybody's got a thing
Accepting the things not worth having butDon't you worry 'bout a thingDon't you worry 'bout a thing, mamaCause I'll be standing on the sideWhen you check it outThey say your style of life's a dragAnd that you must go other placesBut just don't you feel too badWhen you get fooled by smiling faces butDon't you worry 'bout a thingDon't you worry 'bout a thing, mamaCause I'll be standing on the sideWhen you check it out...YeahWhen you get it off...your tripDon't you worry 'bout a thing...YeahDon't you worry 'bout a thing...YeahDon't you worry 'bout a thingDon't you worry 'bout a thing, mamaCause I'll be standing on the sideWhen you check it out...When you get it off...your tripEverybody needs a changeA chance to check out the newBut you're the only one to seeThe changes you take yourself throughDon't you worry 'bout a thingDon't you worry 'bout a thing, pretty mamaCause I'll be standing in the wingsWhen you check it out
09 maio 2013
Sem espaço a culpa...
Claro que ontem vinha a pensar naquela mão pequenina e que hoje não me daria um "bom dia, Mánhe". Claro que sentada ao volante ( onde me sinto sempre muito bem) olhei vezes sem conta pelo retrovisor, a querer saber do seu sono e conforto nos kms de volta a Casa. Claro que quando acordei fiquei alerta a ver se a ouvia em vias de acordar ou se podia ficar no quente mais 5 minutos. Claro que quando me meti no carro hoje de manhã paniquei 5 segundos e soltei um " oh pá, mas o que é que fiz à cadeirinha desta vez?!?". Claro que me mói saber que me chamou o dia inteiro " Mãe? Mánhe? Mánhe?". Mas eu fiz a opção de não deixar que mudanças a Sul me roubassem o que fui construindo a Norte, mesmo isso implicando viagens e ausências pequenas. Porque ela tem-me sempre, incondicionalmente, não há espaço a culpas. Ao fim deste dia, tem uma Mãe que se sente realizada. E só por isso, uma Mãe melhor.
13 abril 2013
De saudades se faz também o caminho dela.
O que custa é secar as lágrimas gordas dela nas despedidas, quando grita e estende os braços ao Bubu. Implorando-lhe o colo e o carinho. O que custa, é ter de as secar com as minhas mãos. Quando mais uma vez, faço da Estrada caminho de saudades.
29 março 2013
Sabes que passaste muitos anos...
... a ser cliente regular CP longo curso, quando olhas para o relógio, vês que marca 21h39 e pensas: ... Intercidades para o Porto a sair do Oriente, o último do dia...
21 março 2013
De tempos idos em tempos que são...
Tenho saudades delas. Tenho saudades de me perder sem o fazer nas ruelas. Tenho saudades da Tavi. Tenho saudades de ver as horas escorrerem-me pelas mãos, entre um café e meia dúzia de barbaridades. Tenho saudades delas. Tenho muitas saudades delas. E queria muito não as rever hoje pelo motivo que me leva a por a chave na ignição. Queria muito não ter o coração mirrado pela dor que nem imagino que a B. esteja a sentir. Porque o cancro é a doença mais covarde. Porque tudo o que eu diga ou faça nunca apaziguará a dor da perda de uma Mãe. Porque a Vida é assim. E só o tempo melhorará tudo. Dar tempo ao tempo. Com o coração pequenino, fiz as malas, a minha e da minha filha. Cerrei os dentes à minha dor física e faço estes 450 km, atrás do volante, com o coração triste, com um nó na garganta. A pedir para o corpo não me trair hoje, para conseguir. Só preciso de umas horas, umas horas de dor suportável. Depois, não me importa, mas não agora, não me falhes agora. Aguenta-te. Porque a Amizade que lhe tenho vale tudo. E só lhe quero dar um beijinho, com todo o meu carinho. Porque os laços de Amizade que se criaram são para sempre.
15 março 2013
Ah, Sexta-feira...
Mudança de planos. Stop. Francisca doente. Stop. 450 km. Stop. Febre alta. Stop. Impraticável e cruel para piquena. Stop. Cancelam-se almoços&jantares. Stop. Ela é A prioridade. Stop. Fica-se no Burgo. Stop. Está tudo bem na mesma. Stop. Continua a ser Sexta-feira... Bom fim-de-semana!
09 março 2013
Estrada...
Conduzir. Sozinha. Música alta. Muito alta. Consumo instantâneo. Gosto de ver o consumo instantâneo. Aborrecem-me as médias. iPod no colo. Muda-se quando não se gosta. Põe-se repeat quando se quer. E a estrada, é minha. E do que eu (mais) quiser...
16 fevereiro 2013
Se podia ter sido pacífico? Podia, mas não era a mesma coisa...
Fui a Casa e levei uma saca de viagem. Voltei a casa e trazia a mala (gigante) do carro cheia. Desconfio que a coisa terá sempre tendência a piorar mas não choro o que trouxe: o melhor húngaro do Porto, pão Transmontano, alheiras e outros mimos que tal, compras de supermercado para uma família de 6 (Mãe, o Burgo é o fim do mundo mas ainda tem supermercados... mas de borla... adiante!). Agora vamos fazer este exercício mental, que consiste em colocar tudo isto: uma mala (bagageira também é muito bom) cheia, juntamente com uma Toddler, uma micro cadela e uma Mãe meia destrambelhada, neste cenário: isto são quê, uma da manhã para aí, está frio e ah esperem, pois... ahahah tão bom, sozinha! Mas, mesmo assim, a coisa poderia ter corrido bem, que já aconteceu muitas e diversas vezes. Mas ontem, tinha de ser diferente, porque sim, é para dar emoção. Francisca acordou e berrou como se não houvesse amanhã. Mofli decidiu fugir. Eu fiquei encostada ao carro, meia parva, a olhar para uma que berrava como se estivesse a ver o fim dos dias em fogo e uma coisa peluda a ficar ainda mais pequenina rua acima. Por momentos, deu-me uma vontade enorme de rir. Depois ri-me mesmo, fazer o quê? Deixei uma na cadeirinha com a pépé, aconchegada e em segurança e fui a correr, do alto do salto, rua acima. Sim, a Mofli é um poço de obediência. Voltei. Peguei na cria e deitei-a. Achou giríssimo berrar assim uns 45 (talvez 75, eu sei lá) minutos seguidos. Mas berrar com vontade, nada de mariquices de chorinhos. Be-rrar. Já não me apetecia tanto rir, estava mais menina de me atirar aos vícios com vontadinha. E nem bebo whisky, senão creio que teria ido junto com o cigarrinho. Lá se calou, eventualmente. E depois, que é só para ninguém achar que a coisa era para meninos, exercício físico. Verdade!!! Ou subir 2 andares 6 vezes seguidas com sacas, saquinhas e afins não conta? (ai de quem diga que não conta!!). Esperem, 7, porque entretanto os bilontras fugiram e eu andei a correr escadas acima, escadas abaixo atrás deles. 7 1/2 vá.
Portanto, é isto a minha vida! E sabem que mais... Bom dia! Bom dia!
15 fevereiro 2013
Ah, Sexta-feira...
Existe qualquer coisa que nos prende: às pessoas, aos sítios, aos cheiros e sabores. Qualquer coisa que não se define, mas é essa qualquer coisa que se entranha na pele, que fica em nós. No fundo, é a prisão mais livre possível... Fisicamente, podemos estar longe, até mesmo do outro lado do mundo, que não importa. Vai em nós essa qualquer coisa, corre célere nas veias, vive no olhar, é capaz de nos deixar em êxtase, mesmo que fisicamente distantes. São as qualquer coisas que nos dão vida e nos definem. Parte das minhas, deixarei aqui, fisicamente, hoje. Mas sei que estão gravadas na minha pele, sempre. E mesmo recebendo o fim-de-semana longe do "meu", nunca ninguém, por mais que queira, o tirará de mim... Bom fim-de-semana!
09 fevereiro 2013
Eu, a chiquitérrima ...
Hoje, decidi ser pónei de chiquitérrima. Apeteceu-me (sort of...). Maneiras que achei que devia fazer 80 km para fora do Burgo para vir tomar café. Isso, tomar café dá bom ar e não preciso de dizer ao que vim. Trouxe, obviamente, a cria. Como chiquitérrima devia dizer que ouço passarinhos. Mas a verdade é que Francisca comeu os dois sapatos pelo caminho, manchados de baba estão agora, passou 567 vezes os braços para fora dos cintos, fazendo 567 a Mãe encosto à berma e fez o favor de fazer cocó. Agora. Ideia de merda querer ser chiquitérrima !
31 janeiro 2013
Bom dia, bom dia...
... assim, com estes senhores que fizeram o favor de me acompanhar de volta ao Burgo, a uma Terra que mesma vista de noite ao longe, emoldurada por um céu indescritível, é feia que dói! Mas mesmo assim, adiante, adiante, nada a fazer. E ao menos assim, com esta na cabeça esta manhã...
(...)
Gravity release me,
And don't ever hold me down,
Now my feet won't touch the ground!
Bom dia!!!
21 janeiro 2013
Abraços, beijinhos e o Matt...
A primeira vez que estive na 'Mérica, caí de pára-quedas numa terreola no meio do Mississippi. A primeira vez que cumprimentei uma nativa da 'Mérica, pespeguei-lhe dois beijos na bochecha e a moça ia morrendo. Lição aprendida: estender a mão. Muito bem. Mas com o tempo, os apertos de mão mais formais, deram lugar aos abraços. Estranhei. Da segunda vez que me enterrei em Terras de Tio Sam por 3 meses (tempo máximo que lá podia ficar sem me chatear com o visto), já levava a lição bem aprendida e começava com apertos de mão. Depois, eles lá decidiam que abraçar é que era bom e eu pronto, tudo bem. A terra onde fores ter, faz como vires fazer. Mas estranhei. Da terceira vez, fiz da mesma forma, que era para não passar por pacóvia ou tolinha beijoqueira. Da quarta vez, aquela em que me mudei de armas e bagagens para a 'Mérica, encontrei uma das melhores pessoas à face da terra: o meu querido Matt. É igualzinho ao Peter Griffin, sem tirar nem por. Só não se ri da mesma forma, mas fisicamente, são gémeos. O Matt, ainda recordado da europeia dos saltos altos perdida nos corredores do laboratório meses antes e sabendo-me de volta a terra onde não conhecia ninguém e onde me entretinha a perder várias vezes ao dia pelo meio da neve, arranjou o meu email com a Boss e vai de me mandar um convite que até hoje relembro, palavra por palavra: "Care to join me for breakfast tomorrow? I'll pick you up at 8.30 am, give me the address". E porque não? O tipo era tão pontual que doía. Chegada ao carro (banheira) vai de dizer olá, olá e toldada pelo sono, pespeguei-lhe duas grande beijocas. O pobre corou até à raiz dos cabelos claros e disse-me, atrapalhadíssimo, que beijos era cena que não lhe assistia, perdido de riso e envergonhado. Eu quis meter-me num buraco qualquer ou levar com uma bola de neve na cabeça para me fazer de inconsciente. Ultrapassado o incidente da beijoquice matinal, o tempo deu lugar a uma grande amizade, onde o ritual do pequeno-almoço se repetia religiosamente todos os Domingos, que depois deu espaço a almoçarmos juntos durante a semana e a jantar quando nos apetecia. Ah, e as idas a bares de desporto, onde falávamos mal da tola da chefe que nos tinha calhado, que futebol americano é que era e que futebol do velho continente era para meninas. Passei a ser grande fã dos Green Bay Packers só porque ele o era, que eu cá gostava era do Tom Brady. Também nunca me conseguiu fazer perceber as regras que aos meus olhos, aquilo "era nossa, que biolência"... Mas juntamente com isto tudo, passaram a vir os abraços. Não eram abracinhos, de braços esticados e estás a consumir o meu oxigénio. Nada disso. O rapaz que corou como se fosse morrer porque lhe espetei dois beijos nas bochechas, passou, diariamente, a prender-me num abraço bem forte e sentido todas as manhãs, quando eu chegava ao lab com a terceira caneca de café na mão, ainda meia a dormir. Está certo... Dois beijinhos é que não, que somos moços de pudores e bons costumes, mas abraçar bem forte, já pode ser. E ainda hoje, quando falamos e lhe mando um beijo, o pobre fica para morrer. E a tola sou eu? Crazy Americans...
20 dezembro 2012
Ladies and Gentlemans, this could be your Captain speaking...
Mas é "apenas" o vosso motorista por hoje. Um carro. Dois adultos. Uma criança. Uma micro cadela. Dois gatos obesos drunfados para irem calmos. Os meus sapatos. Estamos prontos. Rumo a Norte em mais uma viagem surreal para os anais dos (nossos) tesourinhos deprimentes. 'Simbora...
10 dezembro 2012
Coisas que me fazem falta...
Meter-me num avião. Não quero saber do destino. Sentar-me à janela, sempre. Ver aquelas Sky Mall que têm coisas que são tanto de giras como de inúteis. Reparar em quem se senta ao meu lado pelo canto do olho, pelo canto da lente dos óculos de sol claro está. Esperar que não seja ninguém interessado em meter conversa, não me apetece conversar numa viagem nem conhecer gente nova, nem ouvir os dramas das ausências e as dores dos dias. Deslarguem-me, deixem-me ficar ali com os meus pensamentos. Não, não quero conversar nessas horas em que o céu é o limite e onde se cruzam e pisam fronteiras invisíveis. Nem ver filmes, nem séries, nem nada naquele ecrã minúsculo. Gosto de me sentar à janela, sempre na asa, que dizem que é o mais seguro. Não que acredite que faça diferença em caso de, mas sou manienta. Também é mais ruidoso mas não me importo porque a barulheira na minha cabeça desnorteada abafa o som das turbinas. Faz tempo de mais que não ganho sustentação. Faz-me falta. Mesmo que seja com os pés bem assentes em terra...
07 dezembro 2012
Ai que quase me esquecia...
Aos 7 de Dezembro do ano de nosso sinhore número 2010 , a Delta deitou as mãos ao ar e agradeceu com fervor o cromo que lhe apareceu no check in, com malas arraçadas de baús! A hospedeira de terra quase que chorou de emoção quando pesou os malotes e fez as contas do 3 vezes 9 são 27. Calculo que ganhou o prémio de empregada do mês. Eu? Eu só queria voltar a este cantinho à beira mar plantado, mas com todos os sapatos que por lá coleccionei. À distância do Atlântico, Chicago ficou a viver em mim pelo ano que partilhamos... E um dia... we'll meet again, my friend!
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