06 outubro 2016

Libertem as crianças!

Não há muita coisa mais deprimente que ratos de sofá, colados no Disney, Cartoon Network ou outra coisa qualquer. Sou completamente a favor de momentos de leitura, sossegados num canto. Acho mesmo que passar um livro para as mãos das criancinhas é um acto de amor. Mas também sou por crianças que se sujam, saltam, arranham joelhos e cotovelos, chegam ao final do dia com aquele cheiro a humanidade-borrifada-a-eau-de-talho. 
  
Por crianças felizes! Que a sujidade vai com água e detergente, mas os bons momentos e as memórias ficam a vida toda! 

04 outubro 2016

Olá, Outono.



 * heranças de família, dadas pelo meu primo mais velho. O vício de Queen, que há uns tempos decidi eternizar na minha pele, em mais uma tatuagem. E sim, tenho algumas, todas em locais que só ficam visíveis se assim me der na real gana e não, não sou uma desajustada da sociedade, para quem gosta de assim rotular... 

21 setembro 2016

Francisca, a F1...

Foi o primeiro dia para o Colégio novo na passada 6a feira. Correu tudo bem. Acho que vai ser muito feliz ali e ao final do dia vinha encantada, pela mão da nova Educadora. E vinha também a chocar a bela da gastroenterite virica, que eclodiu no sábado de madrugada, em todo o seu esplendor de desarranjo gastrointestinal. E que ainda dura e dura e dura. Maneiras que, para já, ainda só esteve um dia na escola nova e esta Mãe já leva prejuízo. A minha filha é muito dotada, quanto mais não seja, na caça às bichezas, é uma espécie de carro de Fórmula 1. (pqp as maleitas infantis) 

13 setembro 2016

Um minuto de silêncio...

... por cada pseudo-intelectual que se decide a fazer grandes considerações sobre tudo em forma de "post" no facebook, mas que não sabe usar pontuação ou a diferença entre "à" e "há". Continuem, serão sempre levados muito a sério. (#sqn). 

09 setembro 2016

Wake me up when september ends

"E se der medo, vai com medo mesmo"
Posso não saber pintar, desenhar, cantar afinadinho, coser, cozinhar gourmet, ser boa de pessoas ou de deixar emoções virem à flor da pele. Mas tenho um talento especial para me reinventar. Para recomeçar. Para voltar a meter coisas em malas, engolir o medo ou simplesmente entala-lo na garganta e ir. Neste caso, nem é ir. É regressar(mos) a Casa. 

(ausente pelo blog, mais pelo instagram) 

24 agosto 2016

Escolher ser (mais) feliz.

A vida é feita de escolhas. Desde o que vestimos de manhã ao decidir que está na hora de novos desafios e de mudar. No entanto, não acredito que se acorde um dia a pensar que se vai escolher, que se vai decidir mudar, seja de vida, seja de emprego, seja de cidade (em boa verdade, eu não penso quando acordo, sou incapaz de formular uma frase, quanto mais pensamentos profundos). Acredito sim que uma decisão dessas (destas) é algo que vai crescendo cá dentro, em silêncio. Um dia, a meio da noite, a insónia acorda-nos e um monte de "e se..." enfileiram-se na mente. Volta-se a dormir, sobre o assunto e os ses. A ideia, essa fica latente, como uma infeção que vai tomando conta da nossa mente. A ideia de mudar... Vai-se sentindo o sabor, os contornos do que a mudança poderá implicar, habituando o corpo a esta nova adrenalina, aprendendo a gerir o stress que qualquer mudança implica, treinado a mente para gerir a imprevisibilidade, na medida do possível.  
Não foi uma decisão tomada de ânimo leve, não foi fácil. Tenho a certeza de que não vai ser fácil mas só o tempo vai dizer se valeu ou não a pena. Passaram-se 4 anos desde que me desterrei no Alentejo, numa cidade na qual nunca me adaptei a viver, onde não consigo gostar de viver, onde estou longe de tudo e de tantos. Numa cidade (ermo) que me repele e que eu rejeito. Acho que já dei tempo suficiente ao tempo para todas as adaptações possíveis. E depois, há todas as outras questões, como a falta que os Avós fazem à Francisca e a falta que me fazem os Avós para ajudar (sim, é preciso uma aldeia). Há a vontade de não querer deixar morrer aquele impulso de querer sempre a "extra mile"e de me sentir desafiada mentalmente, catalisada pelo medo de estar a ficar uma abóbora.  A "fuga" constante para Norte sempre que possível foi uma constante ao longo das semanas, que viraram meses, que se somaram em anos. Chegou a altura de voltar aonde pertencemos. Aonde as raízes nos darão suporte para crescer, em tantas direcções diferentes, em tantas medidas diferentes. Caindo no cliché, digo muitas vezes "vai e se der medo, vai com medo mesmo". Porque as escolhas que fazemos também passam por tentar ser (mais) feliz. 

22 agosto 2016

Dúvidas existenciais de quem sofre dos nervos.

Depois das fotos dos pés na areia/água/whatvs, surgiu agora uma nova "moda". 
Esta consiste em tirar fotos às pernas, apanhando propositadamente o pipi tendo como cenário de fundo uma praia/piscina/qualquer outro cenário onde seja aceitável, ou minimamente aceitável, usar biquini, e pretende:  
a) mostrar que a pessoa fez a depilação na zona do pipi; 
b) mostrar que a pessoa tem as pernas morenas e fez a depilação na zona do pipi; 
c) mostrar que a pessoa tem um pipi e o levou de férias;
d) todas as anteriores.
Não ponho a hipótese de ser apenas para mostrar que se está de férias num qualquer sitio a apanhar banhos de sol, porque não sei muito bem onde a parte de focagem no pipi e paisagem em fundo se enquadra. Mas isso sou eu, que sou limitada e sofro dos nervos.  

Bom dia, bom dia...






(...)
Birds don't just fly, they fall down and get up
Nobody learns without getting it wrong

I won't give up, no I won't give in
'Til I reach the end and then I'll start again
No I won't leave, I wanna try everything
I wanna try even though I could fail
I won't give up, no I won't give in
'Til I reach the end and then I'll start again
No, I won't leave, I wanna try everything
I wanna try even though I could fail

[e repetir, como um lema de vida: nunca penses que já fizeste tudo.]

08 agosto 2016

Lugares comuns

Há dias que sinto que sou um todo de lugares comuns. Vazia. Oca. Repito mantras, mais para manter a cabeça ocupada, do que por outra coisa qualquer. "Vai e se der medo, vai com medo mesmo". Lugares comuns. Bengalas dos medos que carrego e que tento guardar para mim. Os sonhos agitados. O desligar do aqui e agora, em tantos momentos, para me fechar em mim, perdida em pensamentos vagos e desconectado de um todo. "Vai e se der medo, vai com medo mesmo". E se não sou boa o suficiente? E se não consigo? E se o medo se torna maior que eu e me dilacerar por dentro? "Vai e se der medo, vai com medo mesmo". Lugares comuns. Mas vou. t-minus... Com medo ou sem medo, vou. E quando o digo assim, o enrolar do "r" de regressar, as ondas revoltas, meu doce nevoeiro, repito: "Vai e se der medo, vai com medo mesmo".

06 agosto 2016

Eu sofro dos nervos.

Ah, a seita da "amamentação é um ato tão natural como a sua sede". 
(Prólogo: querem amamentar? Fixe para vocês. Não querem amamentar? É lá convosco! Tenho uma criança criada a leite artificial e não saiu burra, socialmente inadaptada ou enfezadinha. São escolhas, forçadas ou não, e só dizem respeito a quem as toma.) 
Agora... querem amamentar para quem quiser ver a Mãe Natureza em todo o seu esplendor? Eh pá... Tenham lá calma... Eu sei que as mamas são vossas, que todas as mulheres têm um par delas e mimimi. Acontece que eu não tenho de as ver. Eu não as quero ver, ponto final. E eu também estou no meu direito de estar sentada a tomar um café sem ter de levar com um mamaçal à minha frente.  Se querem que seja respeitada a vossa vontade de amamentar, então respeitem a dos outros quererem estar num restaurante sem terem de estar a ver a vossa criança a tomar a sua refeição diretamente da "fonte". Há muitas outras coisas que são atos da natureza ou tangas diversas, debaixo de nomes socialmente correctos, que são feitas com alguma privacidade. Ponham um avental de amamentação, uma fraldinha, qualquer coisa p'lo amor da santa! Não precisam de se fechar numa sala, num quarto escuro ou pensar em cenários semelhantes para alimentarem a vossa cria, da maneira mais natural possível. Até podem (e devem, se assim o desejarem) continuar a ter a vossa refeição/conversa/whatever... Só não precisam é de sacar a mama para fora e, enquanto eu como o meu bife, estar a assistir à natureza fazer o seu trabalho. É que por essa ordem de ideias, então eu, do outro lado da mesa, também podia começar a comer de boca aberta, mostrando o quão eficiente o meu sistema digestivo é em transformar um bife de meio kilo em algo digerível, porque afinal, é algo natural... Não querem ver o interior da minha boca enquanto mastigo, pois não? Então, eu também não quero ver a vossa mama enquanto alimentam. Simples.

05 agosto 2016

Um minuto de reflexão profunda...

... por todos aqueles que, quando reparam na tatuagem que tenho nas costas, duas patinhas, fazem a piada clássica do " ai menina, andou um bicho ai nas suas costas...".  E ainda esperam que eu me ria. 

04 agosto 2016

E então, tens irmãos?

(Tocam à porta de casa dos Avós. Francisca, cusca q.b, benzádeus, corre também para a porta, não vá perder pitada do que não lhe diz respeito) 
- Olá  Como te chamas? 
- Fráaancisca! 
- E quantos anos tens? 
- 4 mas vou fazer 5 no 30!
- E tens irmãos? 
- Olha  não tenho nem irmãos, nem irmãs. Mas sabes, tenho a Mofli, a Chica, o Nicky, a gatinha nova que se chama Khaleesi...
- Ah, está bem Francisca...  
- ... os outros dois gatinhos bebés, que se chamam Carlota Josefina e Peppa Capacete ... 
-  Pois, estou a ver, tanta gente... 
- ...  duas avós, dois avôs, uma Bió (=bisavó), a prima Clarinha, o primo Pedrinho, o primo GuimGuim 
-  Já percebi tanta gente que tens, que bom!...  
- ... a prima Carolina, o primo Rafael... 
-  Se calhar agora eu falava aqui com o Avô está bem?
- Está bem, eu agora "até" tenho de ir embora. Adeus!

Bicho mais bom desta Mãe, tão bem ensinadinha que está para responder à questão  que as 'ssoas insistem em fazer, sobre irmãos e irmãs. Talvez lhe ensine também a responder que "a minha Mãe diz que já deu para o peditório da Natalidade, obrigada!". 

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03 agosto 2016

Dos avessos e direitos

Não gosto de aplausos, de festas e palmadinhas nas costas. Gosto que me sorriam, tanto me faz que seja um sorriso aberto ou mais envergonhado. Gosto das mãos pequeninas da minha Filha, tão parecidas com as minhas, e de quando seguram na minha cara entre elas. Não gosto que me toquem incessantemente, enquanto falam comigo (não sou touchscreen). Gosto de noites e madrugadas mas gosto ainda mais de dormir.  Gosto de nevoeiro. Gosto da sensação de ser capaz de me controlar, inspira, expira e não pira. Não gosto de falar dos meus sonhos e planos e projetos... tenho medo de o fazer, muito pela sensação de que se não se concretizarem, seria uma desilusão para quem me ouviu. Não gosto de acordar atordoada. Não gosto de exposição pública ou desnecessária. Não gosto de rótulos. Não gosto de brejeirice mas foge-me pela boca fora o meu Porto, em expressões e, se estiver mesmo ou à vontade ou chateada, num belo palavrão, que dado na hora e altura certa, faz milagres. Gosto do cheiro do gel de banho da vasenol, o "normal". Não gosto de gente extremista. Gosto de quem é capaz de ficar perto de mim nos momentos maus ou quando sou a pior pessoa à face da terra no meu desânimo, lágrimas e aquele peso a afundar-me em camadas de tristeza inexplicável. Gosto da sensação que me provoca a roupa estendida ao vento, de forma tosca, na Afurada. Gosto que a Francisca chame à Igreja da Serra do Pilar "a igreja dela". Gosto de comer tapas e era capaz de o fazer mais vezes do que o aceitável. Gosto de gomas, de presunto, de pão, de queijo e de vinho tinto e de todo um monte e mundo de gordices. Não gosto do meu nariz. Não gosto de lutar todos os dias contra a minha cabeça mas gosto da minha resiliência em viver o melhor possível com ela... e gosto de tudo de bom que a minha cabeça já me permitiu fazer, a mesma que me levou para sítios muito escuros e estranhos, nos avessos da natureza humana. Não gosto da minha barriga, mas gosto de saber que fui capaz de gerar a minha Filha, pedaço de mim. Gosto dos olhos da minha Filha, aqueles olhos que guardam tudo, de uma doçura imensa no profundo castanho dos seus olhos. Não gosto que a Francisca seja tão sensível, temo pelas dores que  a vida lhe vai infligir mas gosto de sentir que aquela miúda tem bom coração. Gosto do meu querido mês de agosto, da luz que trouxe aos meus dias e ao sentido das escolhas. Não gosto de calor , nem do verão, nem de sol e prefiro mantas, chá e livros ou filmes, enfiada num pijama polar com zero glamour ou tentativa de sexyness possível. Não gosto de fotos de pés nas redes sociais, seja na areia ou na água, fazem-me confusão. Não gosto que me julguem mas gosto que quando opinam o consigam fazer de forma fundamentada. 
Existem muitos dias em que tenho de aprender, uma vez mais, a gostar de mim e a aceitar-me com todas as voltas e reviravoltas de mim, nos meus avessos e direitos, na impressão digital do meu ser. Em aceitar o tudo que gosto, o tudo que não gosto, aceitar tudo o que quero, tudo o que dói e tudo o que vai passar. A respirar fundo, uma e outra vez, com a certeza e a convicção de de que por muito que tudo me pareça impossível, difícil, doloroso, tenho de confiar nas voltas que o mundo dá. 

29 julho 2016

Sometimes I get lost inside my mind...

Será que se anestesia a capacidade de sentir? 
Será a vida, nos seus embates de frente com a realidade, a lidocaína dos sonhos? Como a vertigem da anestesia (vai contar até 10, está bem?), o frio (está tudo bem, vai só dormir um bocadinho), o queimar dos fármacos na veia. Aquela mão desconhecida que nos faz festas na face mas que, apesar de não saber nada sobre mim, segura a minha vida pelo fio invisível da combinação perfeita das drogas (bons sonhos...)... E depois, o vazio que se segue, os minutos perdidos que se transformam em horas esquecidas.  Adormecer nesse torpor, com a certeza de que haverá sempre epinefrina capaz de fazer retomar a consciência, mesmo que não saibamos onde estamos ou quem somos. Há oxigénio nos pulmões e o coração bate, tudo o que importa. E é nessa fração de segundos, que encerra em si o que de mais primitivo se tem, que me apercebo que podemos viver sem a consciência do sentir. Apenas agarrados ao instinto de sobrevivência. 
E que vivemos tantos dias assim, cirurgicamente removendo e suturando essa coisa a que alguns chamam de sentimentos. 

21 julho 2016

Embirranços diversos



Sou uma espécie de devora livros, tenho muita pena de não conseguir esticar mais o tempo para poder ler mais. E também a carteira porque, para dinossauros como eu, que só gostam de ler em papel, dobrar lombadas e cantinho de folhas, a coisa não sai barata. Leio de quase tudo.*, mas sobretudo livros sobre gente quinada da cabeça e policiais. Leio um ou outro romance mas têm de ser mesmo meeeesmoooo bons para me convencerem a comprar, estórias de faca e alguidar e suspiros de amor não são, de todo, a minha cena. O meu pai, quando eu era miúda, zangava-se imensas vezes comigo por causa da velocidade a que lia os livros que me dava. Tive a sorte e a felicidade de crescer com a possibilidade de ter criado uma biblioteca jeitosa, tendo os meus Pais alimentado sempre o meu gosto pela leitura.
Há uma regra em relação a idas ao supermercado com a Francisca: não há brinquedos, esses ficam para os Avós darem (já desisti da cena do "só em datas especiais" e mimimimimimi), guloseimas etc e tal mas, se pedir um livro, tem. Não consigo dizer que não a livros. Gosto de lhe por livros nas mãos, é das coisas que mais gozo me dá. A Francisca não tem tablet e no que depender de mim, vai passar muito tempo sem ter um. Na escola, tem o seu tempo dedicado à coisa, que também não quero que pareça que a muda vive numa gruta e não saiba o que é e como funciona, estamos no século XXI. Mas fora isso, debaixo da minha alçada (na Lalaland a estória é outra mas eu já assobio para o lado, admito) não há cá tablet, pokemon go e vai e chega ou o baralho, jogos manhosos e corpo curvado sobre um pequeno ecrã. Há livros e jogos de tabuleiro (em que é uma batoteira do pior). E é se quer. 
Se lessem mais, tenho em crer que não havia tanto Dr. e Dra. que não sabe escrever sem erros ortográficos. Pronto, ler a Dica ou a Máxima é melhor que nada, mas tentem, de vez em quando, pegar num livro. Não dói, de verdade! Poderiam poupar umas verdadeiras naifadas na gramática... (E não, não foi o auto corretor, porque ou se sabe ou não se sabe quando é "há", "à" ; "cosa" e "coza", etc e tal. )


* excepto a porra de livros de auto-ajuda. Dão-me vontade de espetar garfos nos olhos " ame-se a si e o mundo tomará as cores que quiser", "confie na sua força interior", "você é capaz porque tem em si a capacidade de mudar e lálálá"., " encontre o seu pónei interior e faça dele um unicórnio"... Oh vai-me à loja! E livros de dietas!!! São hilariantes, vale sempre a pena folhear um para ver as "Dicas e Truques" das nutricionistas, com ingredientes que só se encontram na fase da lua cheia,  nas montanhas atrás do sol posto e onde pastam cabras albinas. Ah e Pedro Chagas Freitas, credo em cruz! Vai-se a ver, e até sou uma bocado nojinhas em relação ao que leio. 




18 julho 2016

O problema não é o verão, o problema são as pessoas de verão!

Não é segredo que eu detesto o verão. Acho a silly season deprimente, para lá de todos os escitaloprans e prozacs desta vida. Poderia dizer que eu tenho um problema (mas era mentirinha que até tenho vários mas isso agora não interessa nada) com o calor, que m'abafo, que apanho escaldões brutais com SPF 50 e mimimimimimi. Mas não, o problema não são esses "pormenores". O problema do verão são as pessoas de verão. Aquelas que saem da toca, após a hibernação em que se lamentaram todo o santo dia porque chovia, estava frio, fazia vento e o camandro e que, ao primeiro raio de sol, 'simbora, bunda e pança de fora, pé sem pedicure (completamente assassinado, um crime aos meus olhos sensíveis) na areia e bumba, fotos numa qualquer rede social de todos e mais ângulos possíveis (ao menos lavem a carinha de manhã, remelas não é sexy, ok?). Ou quem decide fazer elogios gastronómicos ao que comeu, com localização exacta de GPS, latitude e longitude e tudo e tudo in real time (ladrões, you're welcome!) ou muito próximo disso, como se nunca comessem fora o resto do ano. Se calhar até que nem comem mas isso também não me interessa minimamente. Assim como também não me interessa se comeram e beberam bem, quantas bolas de berlim enfardaram, se estão a torrar a bunda ou o dedo mindinho, se o biquini custou ojolhos da cara ou foram à Primark. Eu gosto das redes sociais*, não se passem. Mas acho que as pessoas perderam a noção. Poderia dizer que são os jovens, que é toda uma geração perdida. Mas não, são as pessoas da minha idade ou mais velhas que se prestam a tal. 
Podem perguntar-me, legitimamente e cheios de razão: se não gosto porque vejo? 
Simples. Por 3 motivos: primeiro porque ainda há quem perceba o conceito da rede social e o use inteligentemente; depois porque como me ajuda a manter o contacto com pessoas que me estão a muitos kms de distância, tenho de fazer scroll e não sou ceguinha; terceiro: porque fui operada e passo os meus dias esticada a ver se me cai um bocado de céu velho! Eu preciso de entretenimento gente e já se sabe, este género de coisas é como um acidente de comboio: ninguém quer olhar mas não dá para desviar os olhos da desgraça!  Maneiras que cá por mim, se acham que estão bem, força nisso! A gerência do aborrecimento agradece! 
* quem me segue no Instagram sabe bem que sim. 

15 julho 2016

Interregno

Passou meio ano.  
Desiludi-me (muito). Aprendi (muito). Chorei (ainda mais), mas mesmo assim menos vezes do que aquelas que precisava para afogar algumas dores. Dei colo e pedi colo. Fui forte mas fraquejei. Ajudei mas soube pedir e aceitar ajuda. Ri-me (ainda mais). Bebi muito tinto e celebrei a vida a cada brinde. Abracei e beijei quem bem me quer e me quer bem. Viajei o que a carteira permitiu. Tomei decisões que me custaram, mas que espero que o tempo dite como certas. E se não o forem, peço a humildade de saber reconhecer para voltar atrás. Aprendi a resguardar-me (ainda mais). Aprendi que há pessoas que gostam da exposição ao ridículo por meia dúzia de likes, mas ensinei-me a não dar importância. Curei maleitas e fui curada. Tenho cumprido as promessas que fiz quando soube da doença do meu Pai. Continuarei a cumprir com o prometido no que resta do ano e a tentar superar-me, a minha forma de agradecer o meu Pai estar livre de cancro. 
Tento deixar o bicho anti-social em casa e conviver mais com os Amigos de sempre.   Eles sabem quem são. Continuo péssima de pessoas e de sentires mas gosto das minhas Pessoas sem mas.  Tento dizer o quanto gosto delas mais vezes, mas ainda assim digo-o muito menos vezes do que as que penso. Acredito piamente que os meus sabem-me e por isso não se espantam para longe. Luto todos os dias contra a minha cabeça e com a sensação, verdadeira ou falsa mas sempre esmagadora, de que nunca serei boa o suficiente. Aprendi que se o disser em voz alta para ninguém ouvir, fica mais leve este "fardo mental".
Passou meio ano. Diz-se que as tempestades fazem as árvores criar raízes mais fortes. Também se diz que se não gostas de onde estás, muda-te, não és uma árvore. Não percebo nada de árvores e sou incapaz de manter uma planta viva, mas sei que as certezas que consolidei levam raízes no coração e mudanças para o futuro. Hoje, com a esperança de que será para todos os dias e mais alguns.