04 janeiro 2013

O 3 de Janeiro...

O 3 de Janeiro foi ontem, bem sei. O 3 de Janeiro foi marcado a lágrimas no meu calendário há muitos anos atrás. A uma sensação de deriva. A uma sensação de medo e uma dor que nunca tinha sentido antes. A 3 de Janeiro de há muitos anos atrás, ele partiu para o outro lado do Atlântico e eu fiquei. Partiu por muitos meses. Mas voltou para mim., como volta sempre. Lembro-me de vir no carro com os agora meus sogros e tudo eram lágrimas. Era um dia de sol de Janeiro, frio que só ele. E eu nunca me tinha sentido tão fria, tão congelada, tão só. Mesmo tendo na mão o bilhete de avião que me levaria a ele em Abril. Mas Abril era longe e eram muitos dias e muitas noites ainda para sentir saudade do beijo. Do cheiro. Do calor. Do sorriso. Cheguei a casa da Tribo e sentei-me nas escadas. As pernas falharam-me para subir as escadas e meter-me na cama a beber o sal das minhas lágrimas. A minha Mãe amparou-me e confortou-me. Senti que também ela temia por mim e que sentia a minha tristeza como se a dela fosse. Vi-lhe lágrimas nos olhos pelas que me via derramar. Talvez ele não se lembre, mas eu recordo-me nitidamente da noite em que ele me disse que sim, que se confirmava e que por ano e meio a Mérica seria o seu lar. E lembro-me dos seus medos. Do medo que sentiu em que eu poderia sair da vida dele. Tontinho. Do medo de eu não querer "esperar" e de o Oceano nos separar definitivamente. Tontinho. Talvez ele não se lembre, mas uma música tocava de fundo. E ficou sempre guardada em mim. Pode ser lamechas. Pode ser pirosa. Pode até ser parola. Não me importa. Guardo-a com o carinho todo do mundo em mim. Porque a letra fez sentido. Porque a letra me faz sentido ainda hoje. E não foi a distância que nos separou mas nos uniu com a força de um amor que eu não sei explicar, que nasceu em mim sem aviso, com a força de uma paixão que tantos anos volvidos me deixa as pernas a tremer e borboletas na barriga. Ontem ouvi-a imensas vezes. E as saudades que sinto hoje são as mesmas que sempre senti quando estamos longe. Porque me completas. Porque me conheces melhor que eu mesma. Porque me deste a vida maravilhosa com que eu nunca ambicionei. Não fazia parte dos meus planos casar. Ter filhos? Nem pouco mais ou menos. Mas depois, tudo fez sentido. Casei de véu de 5 metros, mas tinha casado contigo na primeira noite que dormimos juntos, muito tempo antes. Deste-me a filha que me ilumina os dias. E sabes que mais? 
Nothing’s gonna change my love for you  
You ought to know by now how much I love you  
The world may change my whole life through 
But nothing’s gonna change my love for you. 

7 comentários:

Ana Rita Gil disse...

:)
Gostei de ler. É tão bom saber de um amor assim como o vosso. e que tiveram a sabedoria de o manter mesmo depois de a Francisca ter nascido.
Bj

Magui disse...

Que texto lindo... E que história linda a vossa! Uma verdadeira história de amor que resiste à vida, à distância e a tudo!

Bi disse...

Uma história de amor mesmo como eu gosto!! :))
Sou uma lamechas!
Um beijinho*

Valsita disse...

Amei o texto... compreendo tão bem a dor que é viver um Amor à distância...
Lindo!

homem sem blogue disse...

Lindo. Que bela declaração de amor. Ele é um sortudo. Diz-lhe isso.

homem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt

raquel disse...

<3
tão bonito, tão verdadeiro.
parabéns pelo vosso amor.

M.P. disse...

Parabéns pelo vosso amor, tão forte e sincero!
Fazem uma bela parelha os dois!:-)