14 julho 2011

Das heranças de família...

Esta noite dei por mim a pensar nas heranças de família. Não me refiro a bens materiais como tachos e loiças de marca fina (ou toalhas bordadas de linho e toda uma panóplia de coisas inúteis) que passam de geração em geração, mas sim às outras, as que não se podem escolher...essas mesmo, as genéticas!
Ontem, depois de saber que a Francisca era pequenina e magrinha, e, apesar de ainda ter esperança que seja só um erro daquela médica (com mais frequência do que seria desejável o ser humano mete a pata na poça... ), fui investigar e consultar o Dr. Google. Esse mesmo, o Dr. Google, conhecido pelos seus prognósticos alarmantes e catastróficos, capazes de deixar até o meu Marido (esse poço sem fundo de optimismo, tão sem fundo que me chega a levar ao desespero) a reflectir sobre o assunto durante mais de 10 minutos. Depois de muito pesquisa no consultório virtual do Dr. Google, deparei-me com o facto de que há bebés pequeninos e magrinhos (também referidos por mim como enfezadinhos, espero não ferir susceptibilidades) e há bebés grandes e gordinhos (traduzidos na minha linguagem comum como texugões...Vá, não se choquem comigo, quem me conhece sabe que evoluí muito no que toca a sensibilidade.) Após horas de consulta (ainda bem que este Dr. é um querido e não cobra honorários) concluí que, entre muitos outros factores que contribuem para que tenhamos um bebé digno do Guinness ou não, eis que surge a maravilhosa genética. 
Após profunda reflexão tirei imeeeeeeeeensas conclusões (extremamente válidas como irão atestar em seguida...ou não) a esse respeito e que passo a enumerar (e que não se ficam pelo debate enfezadinhos vs texugões) :
- O meu Pai quando nasceu em Trás-os-Montes há muitos, muitos anos atrás (uaaaau, quase tão poético como "In a Galaxy far far away", daqueles filmes que o meu Marido me quer obrigar a ver e aos quais, até hoje, sempre consegui esquivar-me elegantemente...and let's keep it that way) era um enfezadinho amarelo e doente. Ao 3º dia de vida levou 3 injecções, que nunca ninguém soube dizer para que eram e a Extrema Unção. É sempre bom um começo de vida assim...talvez seja essa a explicação para o facto de ainda hoje em dia o meu Pai ser primo directo do Velho do Restelo. Se estiverem a precisar de optimismo, NÃO falem com ele... Perto do fim da conversa estarão à procura de uma corda ou algo que possa executar a mesma função! (acreditem que o adoro, sou meeeeeeeeesmo menina do Papá)
- Como referi no meu post anterior, eu também fui uma enfezadinha. Não tive direito às mesma exéquias que o meu Pai, mas fui inundada por um quantidade de elogios sumarentos como o "coisa tão ruim" e "não vai dar em nada" (abstenho-me de dizer os comentários da minha Mãe em relação a semelhantes elogios atirados no puerpério...). A minha fase de enfezadinha durou vários anos, onde para desespero dos meus Pais, não comia nada de jeito e fazia frosquices à comida. Graças a isso, passei muitas horas de castigo no refeitório do Infantário...(e também ao facto de trepar as grades com os meus amuiguinhos enquanto brincava ao esquadrão Classe A). A relação bastarda com a comida mantém-se até hoje, mas isso são outros episódios mais deprimentes e que agora não interessam para nada! 
- A minha Mãe acabou a gloriosa gravidez da sua enfezadinha na cama, com uma complicação rara mas de nome chique: Diástase da Sínfise Púbica...digam lá, é fino, não é? Adivinhem meus senhores???? Pois é, há mais de 15 dias que passamos os nossos dias na cama, sem conseguir andar sem ser de maneira no mínimo awkward (e que nas poucas vezes que fui à rua desde então maravilha todos os transientes. No caso de ir acompanhada pelo meu Marido, há também a versão dos olhares inquisidores a ele enviados), sentar ou virar na cama sem direito a um chorrilho de guinchinhos de dor e, por vezes, palavras menos doces. 
- Do lado do meu Pai consegui herdar, para além do nariz de papagaio que me torna inconfundível vista de perfil (let's face it...), um par de rins que não deveriam ter direito sequer a esse nome. Não fazem muito do que era suposto fazer (mas esmeram-se a fazer calhaus com muita classe), assim como também não o fazem pelo meu Pai nem o fizeram pela minha Avó.
Pois é meus senhores, é a genética no seu expoente máximo. Aqui não há pernas Gisele Bundchen para herdar, olhos azuis à la Oceano Pacífico ou ainda capacidade de correr os 100m em menos de 10 segundos enquanto se faz a raiz quadrada de um número de 7 algarismos apenas usando a massa cinzenta... 
Mas temos sempre os tachos e loiças de marca fina (ou toalhas bordadas de linho e toda uma panóplia de coisas inúteis)...

5 comentários:

Magui disse...

Ora aí está uma dose de optimismo! Se já há toda uma saga de enfezados por que raio a Francisca havia de ser diferente e nascer uma texuga? Eu nasci assim mais para o gordinho e o meu marido era o chamado texugão (assim mais grande, gordo e comprido a parecer que tem quase 2 meses) e graças a isso o meu Francisco foi inundado de roupas tamanho 3 meses porque não pode nascer pequeno... eu estou para ver se o miúdo me nasce enfezado o desgosto que não vai ser nestas famílias...
Acima de tudo tens que ter pensamento positivo e já falta pouco para termos os nossos bebés connosco!
Um beijinho enorme e adoro o teu blog e a forma como escreves

Princesa sem Reino disse...

Olá Magui,

Obrigada pelo teu comentério. Vais ver que o Francisco nasce mais do que à altura das expectativas :)

Muitos beijinhos para os dois

Alexandre "Tó espinho" Guerra disse...

Fartei-me de rir com o teu post!!! Depois disso tudo, resta esperar (eu já sei que sim) que a Francisca herde o optimismo do Pai!!! E não, não te escapas de ver o Star Wars (aposta é aposta)!!
Vai correr bem! Estou contigo! *

Alexandre "Tó espinho" Guerra disse...

Além disso, o facto de ela ser enfezadinha como tu foste, só pode querer dizer que vai ser perfeita.... como tu és.. :D

raquel disse...

O que eu me ri com este post.
Amei!
No meu caso, tal como no da Magui, nasci grandinha e gordinha, uma texuga, portanto :)! Com quase 4Kg e com 53cm de comprimento (que nada quer dizer em relação à minha altura em adulta. Míseros 1.60cm!!). O meu namorado também nasceu com 4Kg e 52cm. Outro texugo.
E o meu pequeno?!? Não faço ideia, mas assusta-me a ideia que seja grande e gordo.
Mas toda a gente da família o espera assim: grande e gordo!
Deu motivo para uma discussão com a minha mãe e tudo. A minha mãe só quer que compre roupa grande, "porque o menino vai nascer grande", "porque não vai vestir nenhum zero, e mesmo 1's não sei", e por aí fora... Até que de repente apercebo-me que só tenho roupa de 3 meses :O. Entrei em parafuso e puz um ponto final no grande e gordo. Nada de expectativas!
Temos roupas zero (mais do que devia, cá entre nós!), roupas tamanho 1 (idem aspas) e seja o que a genética quiser :).

Adorei o post. Deu para reparar, não?
Beijinhos*
rar