15 julho 2016

Interregno

Passou meio ano.  
Desiludi-me (muito). Aprendi (muito). Chorei (ainda mais), mas mesmo assim menos vezes do que aquelas que precisava para afogar algumas dores. Dei colo e pedi colo. Fui forte mas fraquejei. Ajudei mas soube pedir e aceitar ajuda. Ri-me (ainda mais). Bebi muito tinto e celebrei a vida a cada brinde. Abracei e beijei quem bem me quer e me quer bem. Viajei o que a carteira permitiu. Tomei decisões que me custaram, mas que espero que o tempo dite como certas. E se não o forem, peço a humildade de saber reconhecer para voltar atrás. Aprendi a resguardar-me (ainda mais). Aprendi que há pessoas que gostam da exposição ao ridículo por meia dúzia de likes, mas ensinei-me a não dar importância. Curei maleitas e fui curada. Tenho cumprido as promessas que fiz quando soube da doença do meu Pai. Continuarei a cumprir com o prometido no que resta do ano e a tentar superar-me, a minha forma de agradecer o meu Pai estar livre de cancro. 
Tento deixar o bicho anti-social em casa e conviver mais com os Amigos de sempre.   Eles sabem quem são. Continuo péssima de pessoas e de sentires mas gosto das minhas Pessoas sem mas.  Tento dizer o quanto gosto delas mais vezes, mas ainda assim digo-o muito menos vezes do que as que penso. Acredito piamente que os meus sabem-me e por isso não se espantam para longe. Luto todos os dias contra a minha cabeça e com a sensação, verdadeira ou falsa mas sempre esmagadora, de que nunca serei boa o suficiente. Aprendi que se o disser em voz alta para ninguém ouvir, fica mais leve este "fardo mental".
Passou meio ano. Diz-se que as tempestades fazem as árvores criar raízes mais fortes. Também se diz que se não gostas de onde estás, muda-te, não és uma árvore. Não percebo nada de árvores e sou incapaz de manter uma planta viva, mas sei que as certezas que consolidei levam raízes no coração e mudanças para o futuro. Hoje, com a esperança de que será para todos os dias e mais alguns. 

6 comentários:

Di disse...

Seja muito bem-regressada! Já tinha saudades de a ler. E foi muito bom saber que tudo corre bem com o seu pai! :)

Bi disse...

As nossas contradições, medos, fobias, manias... são nossas e nesta idade há que aprender a viver com eles. Tenho a certeza que os teus, os verdadeiros, gostam de ti tal como és.
Eu não te conheço, mas gosto de ti assim. Meio misteriosa! :)

E pelo teu pai, como sabes, por a doença me andar tão perto, fico feliz de coração.

Um beijinho

raquel disse...

Que saudades.
Que saudades de te ler.
Que saudades tuas.
Que saudades vossas.
Um grande, enorme, beijinho*
<3

Magui disse...

Ás vezes faz bem fazer um interregno... Um beijinho gigante e sabes que estou sempre aqui <3

Ana Rita Gil disse...

Welcome back! Tinha saudades. Interregnos são necessários, por vezes... nem sempre pelas melhores razões, sim :( Aqui estarei a seguir, as usual. Bjosss

M.P. disse...

Também andei muito tempo fora daqui.
Hoje lembrei-me de dar uma espreitadela nos blogues e vi que voltaste! Ainda bem. Gosto de te ler. Gosto (gostamos) muito da tua família, são companhia boa. Tenho pena de não estarmos mais perto, mas temos MESMO de combinar uma almoçarada.