26 outubro 2015

Dos dizeres.

Dizem que Deus, seja na forma em que O acreditamos, seja pelo nome pelo qual O chamamos, só nos dá aquilo que conseguimos aguentar. A minha Avó acreditou até ao último momento que Deus não a iria abandonar, que não lhe falharia. Tenho muita, muita, muita pena de não ter sido tocada por uma fé profunda. Não serviu de nada à minha Avó, pelo menos nesta dimensão, no Mundo terreno. Tenho pena... Por não ser capaz de me agarrar a algo sem perguntar porquê. De confiar em algo de bom acima de nós. Dizem que Deus só nos dá aquilo que podemos suportar. Mas eu não quero suportar. Eu só gostava de lhe perguntar porquê. Porque escolhe sempre o mesmo cabrão, a mesma sombra negra a pairar, como que uma semente do mal, prestes a despertar e a destruir. Gostava de perguntar porque nos faz suportar a dor da doença, uma e outra vez. Porque me faz ter medo de dizer a palavra que tanto li, que tanto estudei. Porque me faz duvidar da ciência quando tudo o que sei é ciência. Mas, enquanto me perco nos meandros de números e taxas de sobrevivência, dou por mim a pensar que o que mais queria agora, era acreditar em algo acima de mim, de nós, que fará com que o meu Mundo volte a girar no seu eixo. Deus, se existe, tem um sentido de humor muito retorcido. 

1 comentário:

Magui disse...

Sendo eu uma pessoa das ciências (e que andou zangada com Deus alguns anos) acredito nele, acredito que não vai ter nada um humor retorcido e que vai tudo correr bem... Quando a ciência nos dá quase nada de certezas resta-nos Deus e acreditar que no fim acaba tudo em bem!
Um beijinho gigante e acredita, só pode correr bem