13 janeiro 2014

Sei lá, não me apetece ou vou fazer 30 anos este mês #8

Há uns tempos li num blog a expressão "sentar e jantar com a vida" (creio ter sido no "Panados e Arroz de Tomate", de que muito gosto, mas não tenho a certeza absoluta). Não me sentei a jantar com a vida, até porque acho que seria uma refeição que terminaria em indigestão ou para mim ou para a vida. Ou para ambas. Tenho estado adoentada, tenho rins que são muito bons a produzir cristais, mas que, com muita pena minha, não são Swarovski. Ontem telefonei a uma Amiga que fazia anos e quando lhe disse que tinha estado a faltar ao trabalho por estar doente, ouvi do outro lado um "então estás mesmo mal". Também não sei muito bem o que diz isso sobre mim e não me apetece saber, sei lá, que diferença faz? Tenho tido tempo para pensar, entre dores e efeitos secundários de medicamentos, que não me apetece sentar e jantar com a vida. Não me apetece quase nada, verdade seja dita. Vou fazer 30 anos na quarta feira. Também me perguntaram, inocentemente, há umas semanas, o que ia fazer agora aos 30. "Já fizeste tudo antes dos 30… e agora, que vais fazer?". O que é fazer tudo? O que vou fazer? Sei lá, não sei. Suponho que hei-de continuar a rir-me, nem que seja de mim. E a chorar desalmadamente às escondidas quando me apetece, porque sim. Aprendi antes dos 30 também isso, a chorar escondida mas a chorar quando me apetece. Podia chorar à frente de plateias, escrever no facebook que estava a chorar ou coisas variadas. Mas não me apetece. Gosto de chorar, por estúpido que pareça, mas tem de ser em solidão e solitária. Hoje fiquei em casa, toldada por efeitos secundários de medicamentos para dores. Podia dizer que estou a curtir a moca que me dão, mas não, estou bastante nauseada e cansada. Apetece-me dormir e talvez o faça, estou verdadeiramente cansada, mas também não sei bem do quê.  Ouvi a minha Filha sair para a Escola de manhã e o meu coração quase me engoliu a capacidade de ser racional. Chorei. Não faz sentido, mas também não me apetece que faça. Chorei ao lembrar-me que a Francisca ontem me fez festinhas no cabelo e disse que a "Mamã era super valentona". Aos olhos dela, deve ser qualquer coisa como a Mamã é uma espécie de super herói. Aprendi que não posso chorar em frente à minha Filha. Se quando era bebé quando muito poderia sentir-me mais frágil, agora fica muito preocupada quando a Mãe chora ou lhe parece que tem cara de choro. A Francisca cresceu muito nos últimos meses, ou pelo menos, assim me parece. Mas sei que ainda quer a Mãe. Eu vou fazer 30 anos e tem dias em que olho para o telefone e quero a minha Mãe. Se calhar é isso, vou ligar à minha Mãe. Gostava que a minha Mãe estivesse mais perto por vezes. Tenho (muita) pena de não festejar os 30 perto dos meus Pais e das minhas Pessoas. Se calhar, vou mesmo ligar à minha Mãe. Por isso, se me sentasse a jantar com a vida e tentasse descobrir o que vou fazer depois dos 30 que chegam quarta feira, acho que viver seria a opção. O que vou fazer? Sei lá. Nunca soube muito bem. Há vidas planeadas ao pormenor, com guiões meticulosamente estudados. A minha nunca foi assim e não me parece que vá começar a ser agora, depois dos 30 de quarta feira. 

2 comentários:

Sónia disse...

Que treta estares assim doente :(, espero que melhores bem depressa e que possas voltar a sentir-te bem.
quanto ao que vais fazer...bem não vale a pena fazer planos,e a vida não muda assim tanto depois dos 30 como querem fazer crer.
Beijo grande e as melhoras

raquel disse...

Um beijinho, minha querida.
As melhoras.
(és tão especial!)