02 abril 2013

Vamos por o sugar coat de parte, sim?( Querida Ana Maldivas...)

Querida Ana Maldivas, 
Isto há dias que não lembra ao Menino Jesus, Ana! Dias em que tudo o que me apetece é ser filha e não Mãe... Que se me esconder debaixo das cobertas ninguém me vê e me encontra e fico a fazer o que quero. Dias que começam com jactos de leite quente na cara. Ou papa. Ou mãos gordurosas no que apetecia mesmo vestir. E o drama de vestir o bibe. O drama de vestir o casaco. Ah, e o drama da cadeirinha, esse objecto de tortura psicológica na versão Toddler prancha? Há dias assim, Ana. Semanas, por vezes. Dias em que gostava de chegar a casa e morrer estúpida no sofá. Fumar um cigarro em paz com a minha música. Comer no sofá a meu bel prazer, sem vir uma mão ligeira e me mandar tudo ao chão. Dias em que só fico a olhar para o rol de asneiras e a pensar como é possível em 5 minutos fazer tanta asneira. Deixa o piaçaba criatura de Deus, ca nojo! Não podes morder a Chica. Nem a Mofli. Muito menos a Mãe. Estás a gritar porquê? Pára de gritar. E agora choras? Mas estás a chorar porquê? Não mexe, é da Mãe. Não mexe, estraga. Não. Não. Nãaaaaaaao. Não salta no sofá! Nãoooooo! Estás a chorar porquê? Não adianta rebolar no chão. Não adianta gritar mais alto. Não cedo. Não é não e quem manda aqui, sou eu! É Ana, dias há em que separar-lhe a roupa para o dia seguinte me parece tarefa difícil de executar. Noites em que me levanto cheia de frio, atordoada. Mas levanto-me... porque a única coisa neste Mundo que a cala é segurar a minha mão. Não precisa de mais, basta a minha mão na dela entre as grades da cama. Depois lembro-me do suspiro que faz quando me sente e tudo melhora. Porque há alguém para ela e esse alguém sou eu. E tudo o resto, limpo da memória. Apago. Porque não tenho outra opção. Porque há alguém para ela. E esse alguém sou eu. Tudo para te dizer, querida Ana Maldivas, que isto há dias que não lembra ao Menino Jesus. E quem não os tem neste papel, força, atirem a primeira pedra. Eu odeio maternity sugar coat. Não vou mudar. Ponto. Tudo isto para te dizer, minha querida Ana, que és capaz e não uma nódoa como Mãe. 
Um beijinho, Ana.

6 comentários:

Ana Rita Gil disse...

Oh minha querida, muito obrigada por este post! É tão tão assim!!!! E conseguiste transmiti-lo tão bem melhor que eu, que só me apeteceu rosnar o dia todo. Um grande beijinho e sim, fora com a maternidade sugar coating

Magda disse...

é verdade! há dias... mas cm dizes nós somos alguém para eles! beijitos

Anónimo disse...

E verdade. Na maternidade nem tudo é doce e ternurento. Embora tentemos esquecer as partes más e focarmo-nos no que é bom.
Há dias assim, dias muito maus que só nos apetece bater com a nossa cabeça na parede. Dias em que ficamos desesperadas e ficamos sem paciência. Que só queríamos chegar a casa e vegetar no sofá.
Mas também há momentos tão bons e tão inesquecíveis que nos fazem esquecer de tudo isso.
Beijinhos

Magui disse...

É tudo tão verdade... Eu tenho poucos dias destes, mas eles existem e são tão difíceis!

raquel disse...

clap, clap.

tão mas tão verdade!
eu tenho alguns dias assim. às vezes parecem-me imensos, outras esuqeço-me!
tenho dias que o NÂO me sai em prantos, já!
tenho dias que me apetece hibernar.
tenho dias que as dúvidas são aos milhares.
tenho dias que o medo de falhar está em cada "Não", em cada "está quieto!", em cada "estás a chorar porquÊ?!", "nãoooooooooo!".

um beijinho para ti Ana, e um enorme para ti Princesa*

Maria disse...

É tão verdade!!
Sou mais uma mãe com dias assim, mas depois vem aquele abracinho e o sorriso meio doce meio maroto, e o coração fica cheio!
Tudo isto faz parte, tudo isto é maternidade :)
bjs