14 dezembro 2012

A Enfermeira e as balas sem sentido que juntam duas estórias...

Tardiamente, sentei-me a pensar no assunto da morte da Enfermeira Jacinta, vítima mortal de uma brincadeira que tinha tudo para ser hilariante, mas que correu mal. Sobretudo, sinto muita pena no rescaldo desta novela. Pena dos animadores de rádio que irão carregar a cruz de terem, muito provavelmente, sido a gota de água que fez o copo transbordar. Pena da Kate e do William por verem este episódio associado à gestação do filho (s?) que esperam, manchando e ensombrando o que deveria ser um momento de paz e felicidade. Pena dos filhos que ficaram sem Mãe, pena do Marido que perdeu a Mulher. Acredito que a prank call foi apenas o acender de um rastilho que por ali andaria. Ninguém põe termo à vida de ânimo leve. Ninguém acorda de manhã e decide que está um rico dia para se morrer só porque sim, porque se foi alvo de chacota devido a uma partida onde não se pesaram as consequências. Só quando a dor de viver se torna maior que a dor de partir se colocam essas opções. E depois, tenho pena que os monstros disfarçados de humanos não tenham a coragem necessária para por termo à sua vida, usando o seu livre arbítrio para por pontos finais na vida dos outros. Pelo menos 26 pessoas partiram num tiroteio sem sentido, sem terem escolhido que o pano podia cair. 26 famílias desfeitas, destroçadas, marcadas pela morte. Tudo porque um covarde achou que poderia resolver os seus problemas descarregando balas nos outros. Em pequenos corpos, inocentes, indefesos. Talvez também ele tivesse um rastilho por ali, que precisasse de ser cuidado. Talvez sofresse de alguma doença mental, que são as piores porque não se "veem", mas doem mais, muito mais  que uma fractura exposta. Talvez fosse "apenas" genuinamente mau. Não faz diferença agora. As balas sem sentido acabaram com o sentido da vida a quem não o pediu, a quem não o escolheu. Duas estórias que poderiam ter tido outro fim, fosse usado o livre arbítrio de maneiras diferentes. 

2 comentários:

teardrop disse...

O modo como escreveste deixou-me a pensar. Não tinha visto as coisas por essa perspectiva e faz bastante sentido... o livre arbítrio anda a ser usado de modo errado.

Cláudia, Vila do Conde disse...

Bem verdade...