20 julho 2011

Dos filhos únicos...

Sou filha única. E sempre gostei de o ser... (shame on me...)
A única vez que pedi um irmão aos meus Pais, teria à volta de 5 anos. E a justificação que dei para esse pedido foi a de precisar (sim, uma necessidade vital) de um irmão para poder "andar à porrada" como os meus amiguinhos do infantário faziam com os irmãos. Escusado será dizer que o meu pedido não foi aceite... 
Acho engraçado quando me perguntam, de olhos muito arregalados e ar de descoberta da pólvora: "Gostas de ser filha única, como é possível? Não sabes o que é ter um irmão!" DAAAAAAAAHHH, óbvio que não sei, nunca tive. Não se pode sentir falta de algo que nunca se teve. É quase tão ridículo como perguntar a alguém se sente falta de conduzir o seu Aston Martin DB9 (suspiro...) Se essa alminha nunca sentou o fofo em semelhante jóia, como pode sentir falta de a conduzir? Géeeeeenio... 
Sei de imensos casos onde ser filho único foi quase como que uma maldição (em especial porque os Pais não deixaram os filhos ganhar asas) mas não foi, de todo, o meu caso. Processem-me!!! 
Existem imensos mitos em relação aos filhos únicos (muitos mais dos que seriam desejáveis) que me tiram do sério. 
Não fiquei nenhuma atadinha que não se sabe desenrascar sozinha. Não, antes pelo contrário, sempre tive de crescer a saber desenvencilhar-me pelos meus próprios meios ou então estava bem arranjada (sou filha de uma workaholic e do homem que está na corrida para o titulo Mr. Despassarado). E fui de malas e bagagens mais que uma vez para o outro lado do mundo, sozinha (uma das vezes com a fera). E sabem que mais??? (para surpresa dos advogados da causa os filhos únicos ficam totós...): sobrevivi!! Uaaaaaaaaau!!! Arranjei um apartamento, amigos, cozinhei para mim, tratei da minha roupa...essas coisas todas que supostamente os filhos únicos não sabem fazer porque ficam totós
Não sou uma pessoa egoísta... quem me conhece bem sabe que estou a dizer a verdade. Não me importo de partilhar as minhas coisas, de ajudar quem precisa... Não acho também que o mundo gire à minha volta, nem que a Lua se mantenha em órbita por causa do meu centro de gravidade. Sou a primeira a rir-me de mim própria e a ridicularizar-me (algo que falta a muito boa gente e, adivinhem, não são filhos únicos!!!). Não fui mimada em exagero pelos meus Pais, fui mimada o suficiente. E se fui mimada um pouco mais que a conta foi já de crescidota, na adolescência... porque infelizmente houve uma série de acontecimentos que precipitaram que tal ocorresse. Também nunca me senti sozinha. Entretia-me com as minhas coisas e tinha outros meninos para brincar (assim como acontecerá no caso de a  Francisca ser peça única).  
Há algo também que me faz espécie nessa crença de que os filhos únicos são infelizes ou, se preferirem, não tão felizes...Não é por se ter irmãos que se é mais ou menos feliz. Ou que existe a certeza absoluta que há sempre alguém ali para nós. Não é pelo facto de a minha Mãe ter irmãos que tem quem a ajude, muito pelo contrário... (tenho a certeza que há dias em que ela preferia ser filha única, mas isso são outras histórias da minha disfuncional família ). 
Por isso, quando ouço que TENHO de ter mais que um filho, apetece-me trepar às paredes (apetece-me outras coisas também, mas essas guardo-as para mim).  Já houve a variação "e da próxima vez é bom que seja um menino..." (atentem no é bom, faz toda a diferença).  Desculpem, pára tudo! O quê??? Como??? Temos também a opção do "porque-o x-vai-já-ter-outro"...Parabéns para o feliz casal mas...que é que eu (nós) tenho (temos) a ver com isso? Ah, e para o caso de ainda não terem reparado, a Francisca ainda nem nasceu!!!! Ou ainda  "eu, se pudesse, tinha tido outro. Mas a idade já não o permitiu"  (Mmmmm...situe-me: que é que isso me interessa? Até porque, apesar das rugas na testa (drama, horror), ainda estou um bocadinho longe da menopausa... Pleaaaaaaaaase, se não têm nada de interessante para dizer, just smile and wave, smile and wave). 
Se decidir, em conjunto com o meu Marido, ter mais que um filho, é porque nós assim o achamos melhor. Tanto para nós como para a Francisca...Não será, nunca, por dizerem que TENHO de ter mais um filho porque os filhos únicos são assim ou assado... Eu não tenho escrito na nacionalidade Totólândia, assim como há muitos como eu...Poupem-me! (ou atirem-se aos cães...)

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