05 novembro 2015

Lalalalala, whatever.

Todos os dias recebo pedidos /convites para me juntar a um grupo qualquer que quer ajudar: ajudar cães, ajudar gatos, ajudar refugiados, ajudar a angariar dinheiro para isto, ajudar a angariar donativos para aquilo, ajudar alguém que perdeu tudo, ajudar alguém que teve a infelicidade de a vida ser madrasta, ajudar a, b, c. Perdoem-me, mas não, não vai dar. Não. Sou a favor de ajudar, sim, mas dentro dos limites do razoável, dentro do que considero ser viável. Talvez seja umbiguista, egoísta e mais umas quantas coisas, mas admito sem pudor que não tenho  a intenção de mudar o mundo, de curar as dores e maleitas a todos e a mais alguns. Sei que não se pode salvar toda a gente, é a lei da selva, é a lei da vida, é a lei de Darwin, o que quiserem. Ah e sim, todos vamos morrer um dia, fazer tijolo, deal with it. Apredejem-me, whatever, estou de mau humor. E sim, talvez até morda, se for atiçada. Todos temos os nossos desafios, as nossas dificuldades e obstáculos e não me parece justo ser bombardeada to-dos, toooodos os dias com pedidos para isto, para aquilo e mais além. Vou ao supermercado e há sempre alguém, sempre, que pede para uma causa. Não duvido que seja uma causa nobre, tão nobre como causas a que me decido associar e dar o meu tempo e dinheiro, em alguns casos *.  Parte-me o coração, sim, ver o sofrimento, a fome, a miséria, o desespero. Mas em momento algum, devemos condenar quem diz "não": não sabemos se aquela pessoa tem dinheiro para comprar os medicamentos que precisa para o filho, se há uma semana que só come sopa porque o rendimento não chega para outras refeições, se tira da sua boca para por na dos filhos, se conta os cêntimos e os dias que faltam para o final do mês.Não sabemos se vive ou se sobrevive. Voluntários e outros que se dedicam a ajudar: não sejam tão rápidos a julgar quem vos diz um "não, obrigada", dizendo que "mas é uma causa que merece todo o seu apoio, não vai ajudar?", porque não queremos comprar um boneco que custa 5 euros para ajudar a associação Y ou porque não temos uma moeda para deixar. Para muitos, 5 euros, 1 euro, 50 cêntimos,  representam a diferença que faz mexer o prato da balança das contas de casa do pólo positivo para o negativo. (In)felizmente, a vida já me deu uma série de lições, já me fez cínica o suficiente para conseguir dizer sem pudor que tenho zero de intenções de salvar o mundo e de ajudar todos e cada um. Ajudo na medida das minhas possibilidades, quando quero, como quero mas sobretudo, como posso. Lamento, mas não ambiciono o lugar da Madre Teresa de Calcutá. Acredito piamente que não temos de ir a todos os fogos porque, se cada um escolher apenas uma coisa em que invista para ajudar o próximo*, de certeza que o mundo já se tornará um lugar melhor.   
* eu escolhi dedicar-me ao Banco Alimentar contra a Fome, tão válido como qualquer outra, tão sujeito a ouvir nãos como qualquer outra causa. 

 

1 comentário:

Magui disse...

Ajudo quem posso, como posso e quando quero... Esta última a mais importante! Quando estava grávida uma senhora pedia para umas crianças (doentes já não sei ao certo de quê), quando lhe disse "não. obrigada!" respondeu-me qualquer coisa do género "Tomara não venha a precisar para o bebé que tem na barriga". Apeteceu-me bater-lhe e embora ajude muita gente continuo a ignorar aquela "banca" quando a vejo!