20 março 2015

Sometimes I get lost inside my mind (Cool down, sexta).

Eu quero a sorte de um cartoon/Nas manhãs da RTP1. Já não há desenhos animados nas manhãs da RTP1, os putos já não acordam em excitex porque haja alegria, é sábado e há desenhos animados até às 11h... não, agora há uma panóplia de canais que dão desenhos animados 24/24h, ou perto disso e os putos remelam-se em desafios sobre qual dos canais os vais embrutecer nesse dia. És o meu Tom Sawyer/E o meu Huckleberry Finn/E vens de mascarilha e espadachim. Eu via o Tom Sawyer e tu andas sempre descalço Toooom Sawyer. Acho que dava na RTP2. Já estive no Mississippi e não consegui perceber como ele conseguia andar descalço, devia ser da humidade. Eu gostava mais do Huckleberry porque achava que tinha um sorriso malandro, do alto dos meus 8 ou 9 anos, achava já piada aos sorrisos malandros, são uma capa tão melhor que a vermelha do Super Homem. Lá em cima, há planetas sem fim. E pensar como tudo muda, como tudo é e depois deixa de ser, pensa, porque Plutão era um planeta e agora aprende-se que afinal, afinal não, fora dos planetas. Pensa como tudo muda. Tu és o meu super-herói, sem tirar o chapéu de Cowboy. Com o teu galeão e uma garrafa de rum/Eu era tua e de mais nenhum/Um por todos e todos por um/Nos desenhos animados/Eu já conheço o fim/O bem abre caminho/A golpe de espadachim/E o príncipe encantado/Volta sempre para mim. Eu sou a Jane e tu Tarzan/A Julieta do meu Dartagnan. E a agora "culta" RTP2 que me dava o Dartagnan e toda uma emoção, hoje dá-me sono. Ah, o Dartagnan, onde sempre achei que um dos 3 mosqueteiros era uma mulher e pensava que um dia quando crescesse ia ter assim uma farta cabeleira e ao mesmo tempo andar de florete em mão a meter os maus no sitio. Depois fiz esgrima e achei uma seca tremenda e abandonei a ideia da coisa mas continuo cá para mim a  achar que um deles era afinal uma mulher poderosa. Também me dedicava bastante ao Dartacão, vá-se lá perceber porquê, cãezinhos e cenas fófinhas, assim como aqueles que eu adorava colar nos cadernos, as coisas que uma pessoa faz quando é catraia, e os pobres dos bichos que ficavam todos meios a muito enrugados por causa do papel de plastificar ou lá como se chama e tudo que era Labrador, Yorkie ou o diabo a 4 acabava raçado de Shar Pei E depois, pensa, pensa como tudo muda e afinal, olha afinal agora é in e de chique-bem querer ser uma espécie de Jane e de Tarzan e viver no meio do mato, a saltar de liana em liana e quando eu era miúda via que in era ter uma boa casa, conforto nessa casa, quente, tudo muda, em menos de nada, nem que sejam as mentalidades, umas mais depressa que outras, mas muda. Se o teu cavalo falasse/Tinha tanto para contar/Ao fantasma debaixo dos meus lençóis/Dos tesouros que escondemos dos espanhóis. Mas não fala e por isso posso contar-lhe todos os meus segredos, todos, um por um. E escondo-me e escondo-os debaixo de capas, camadas de mim, defendo-os a espadachim, com a mascarilha de tantos sorrisos meus. Sem preço, todos sem preço. Escondidos além fronteira dentro de mim, uma barreira invisível, e agora lembrei-me do Rui Reininho e que a barragem de fogo é uma fronteira lá lá lá. Nos desenhos animados/Eu já conheço o fim/O bem abre caminho/A golpe de espadachim/E o príncipe encantado/Volta sempre para mim/Quando chegar o final/Já podemos mudar de canal/Nos desenhos animados/É raro chover/E nunca, quase nunca acaba mal. O problema é que eu gosto de dias de chuva, do cheiro da chuva, do cinzento do céu em dias de chuva, de a ver bater no vidro e os caminhos todos únicos que cada gota faz. O problema é que nos desenhos animados nunca chove. E eu gosto de chuva. 
*mas adoro de morte esta música para lá do fófinho mimimimi, fazer o quê?  

1 comentário:

Ana Rita Gil disse...

O Aramis é uma mulher, não estás sozinha!