12 março 2015

No fundo, eu tenho é alma de trolha.

Gosto de saltos altos. Creio até ser um bocadinho patologia. Contam-se pelos dedos das mãos as vezes que num ano saio de casa de saltos rasos (o ano em que parti o rabo não conta, ok?). Gosto de milhentas coisas de gaja, pinturas, roupas, carteiras. Gosto muito de ler, devoro livros e diz-se que leio muito rápido e leio de tudo. Ou quase tudo, porque sou snob e recuso-me a ler lixo em versão impressa, especialmente se a tiver de pagar. Mas não digo que não a uma revista da cusquice quando vou poneisar, mãos, pés, cabelo, the works, e divirto-me com aquelas vidas em versão polietileno tereftalato. Gosto de combinar as cores e de combinações improváveis, riscas com bolinhas, bolinhas com flores e mimimimimi. Fora as roupas, acho que há na vida mais e muitos espaços para combinações menos prováveis e que por isso são vencedoras. Gosto de ter coisas bonitas. Gosto de cremes, besuntes e champôs que prometem milagres e gosto do meu perfume, o mesmo há imensos anos, há tantos anos que já somam mais de metade da minha existência e que é associado a mim facilmente por quem me conhece. Gosto de me considerar minimamente inteligente, capaz de fazer muito e de já ter conquistado bastante mas ainda não o suficiente, sou muito nova para me sentar a ver se chove ou se a morte chega. Gosto do que faço e gosto que a minha cabeça mo permita fazer, sem grandes entraves ou dificuldades que estudo e (muita) dedicação não resolvam (e também algum espirito de sacrificio). Mas depois, tenho de morder a língua quando me chateiam ou me pedem coisas patéticas para não sair um "nem que te fodas todo" a toda a velocidade ou um mais educadinho "num bai dar, 'tá?". No fundo, no fundo, eu gostava era de poder desatar em verborreia capaz de fazer corar um carroceiro sempre que me chateiam e eu não estou para aí virada. Ou quando começam com aquelas conversas de merda, de "os meus filhinhos são tão perfeitinhos e não dão flatulências em público nem se sujam a comer no restaurante e o laço do cabelo nunca anda lamber o chão". Bardamerda sim? A minha Filha é uma criança normal, daquelas que corre para a casa de banho e grita de lá "Mánhe dei um pum!", como se tivesse sido capaz de resolver um integral de segunda ordem aos 3 anos mas que, na maior parte das vezes, desata a rir-se e diz que " o pum fugiu-lhe do rabinho" para quem quiser ouvir no meio da rua ou de onde calhar. A minha alma de trolha também vem ao de cima com as conversas das comidas e dos treinos e do glúten e do raio que parta e ao córrore, os hidratos de carbono e o álcool ai jasus! Qual foi o último livro que leram, contem-me! Que vos fascina na vida lá fora, a de todos os dias, o que faz o mundo girar? Quantos talos de aipo conseguem comer sem vomitar, é isso que me querem contar? Estrelinha que vos guie.  Basta que me chateiem muito e é ver a mulher do Norte, mão na anca se for caso para tal e de sorriso fofinho e olhos a flamejaram de irritação e em vez de soltar um "não me parece que vá ser possível executar tal" (dito ser típico do sul) soltar um valente: meu querido, nem que te fodas todo, está bem? 
No fundo, no fundo, eu sou uma pónei com alma de trolha. É o que há. 

4 comentários:

S. disse...

Tão bom, tão bom, TÃO BOM, este post!

Magui disse...

Ahahah muito bom!!!

raquel disse...

És espetacular, Princesa!
<3

Pitú disse...

Só um post destes para animar esta minha segunda feira! Brilhante!