23 janeiro 2015

'Simbora. Sempre.

[Às vezes, lembro-me dos tempos em que a dor era tão forte, tão avassaladora, tão maior que eu, que tudo o que eu conseguia fazer era sentar-me, continuar a respirar e enrolar-me sobre mim mesma. Aprendi que há muitas maneiras de se morrer mas aprendi também que não ia morrer de tristeza. Um dia, levantei-me. E decidi nunca mais enfrentar a vida curvada sobre mim mesma. Há dias em que sou colocada perante o que fui, o que sou, o que gostaria de ser e tudo o que não serei. Abrem-se feridas nesses dias, pequenas chagas dolorosas, em sítios invisíveis aos demais. Escolho sempre, invariavelmente, suturá-las o mais rápido que sei, com o que conseguir. Não me importa que a cicatriz seja perfeita ou bonita, não me importa que a ferida vá deixar uma marca feia em mim. Importa-me sim, que não me incomode a ponto de eu não conseguir continuar, seguir, em frente. Sem me curvar perante a vida. ]
Estou para aqui a pensar em voltar a ser loura. Ou morena. Mas se calhar assim uma coisa meio caramelo. Estou agoniada com o meu cabelo. Com a vida em geral também, mas com o meu cabelo em particular. 

1 comentário:

Ana Rita Gil disse...

Been there dilema 1. Mas nunca, nunca, consegui descrever como de forma tão tocante escreves. Era mesmo isso.
Estou permanente com o teu dilema 2. Mas voltei a cabelo castanho e depois não me consegui olhar no espelho. Foi o drama. O DRAMA! Semanas a chorar. Sim, consigo ser isso. Por isso, não me consigo livrar do louro. Posso fazer louro mais escuro porque também sofro com o louro palha. Oh mulher sofreeeeee. Nunca, nunca estou satisfeita com a cor do cabelo