23 abril 2014

De linhas.

Começou como uma linha fina, que se multiplicou depois em muitas mais e que passaram a sulcos na minha testa. Deve ser de passar muitas horas sem usar os óculos. Trago-os sempre na carteira mas acabo por vincar a testa em frente ao ecrã por diversas razões: ou porque não gosto do que estou a ver ou a ler, ou pelo simples facto de estar em esforço. Faço covinhas quando me rio (ou sorrio) mas, quando estou em desagrado comigo ou com o Mundo, todas as linhas da minha testa se tornam profundamente vincadas. Tenho medo de serem esses os vincos que deixarei na minha pele, no meu rosto, da minha estória. Devia usar mais vezes os óculos, mas esqueço-me para ser depois relembrada pelo espelho que o que foram linhas ténues são agora imagem de desagradados .Felizmente, existem as outras rugas, mais finas, mais discretas, que ficam quando me rio. Nunca percebi porque se lê (supostamente) as linhas da mão para (numa impossibilidade quase gritante) prever o futuro, quando se traz no rosto tudo o que se foi, tudo o que se quer ser. 

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