24 março 2014

Não há "Lost" na vida real.

Diz que o avião que estava desaparecido, já foi encontrado. No Índico. No meio do azul do Oceano. Que maneira estúpida de morrer. Não é que ache que há maneiras boas de morrer, mas assim... Pelos vistos, não há "Lost" na vida real. Eu ainda acreditava que alguém o tivesse desviado, tráfico de droga, qualquer coisa. Não seria fácil aterrar um avião tão grande e passar despercebido a meio mundo, mas eu ainda acreditava que estava algures. Com vivos e não apenas pedaços de fuselagem com mortos. Que seria daquelas estórias com um final feliz. Ou quase. Mas não. Penso nas pessoas que ficaram. Nas que esperavam ver nos indicadores de um qualquer aeroporto o número daquele voo e um "arrived" à frente. Nos que acordaram naquele dia, com a ansiedade de receber quem seguia naquele avião. Nos que se despediram num "até já". Nos Pais que beijaram os Filhos e lhes prometeram trazer uma prenda no regresso. Na tripulação e que era apenas mais um dia de trabalho, que em breve regressariam a casa. O regresso que nunca vai acontecer. Penso sobretudo nos que esperavam o regresso da ida. Que nunca vai acontecer. Algures no meio do Índico, ficaram muitas vidas. Pela teoria que se fala, não terão sofrido. Mas, algures, por muitos outros lugares, estão os braços abertos e vazios dos abraços de chegadas e partidas. Penso nos braços abertos, apenas cheios de dor e saudade.