18 março 2014

Isto há dias que não lembram ao Menino Jesus. Nem com faca e manteiga.

Hoje, a Oksana veio cá a casa. A montanha de roupa para passar era tanta que tive medo de me perder lá, tipo o avião que ninguém sabe onde pára. Maneiras que lá lhe liguei e ela contentinha que me leva mais uns trocos ao fim do mês. E eu contentinha, que não me perdi na roupa para passar. Estava eu descansada a sair da casa de banho, carcomida do sono, quando me aparece a Oksana pela frente e diz: "Meu marido está lá fora e vem compor porta". E eu de toalha enroscada, ratinho a 10 rpm, fiquei a olhar. Espera, pára tudo! Mas eu não pedi para arranjar porta nenhuma. Oi? Quê? Porta?!? Quem? Onde?  Oksana repete: "Meu Marido está lá fora, vem arranjar porta".  Tive tempo de apanhar a roupa interior do chão, que se me deu a vespertina quando percebi o que ela queria dizer. Ora, a porta que precisava de um jeito era a porta da casa de banho. Onde eu estava. Com a roupa toda no chão. Lá apanhei o que consegui e ala depressinha a vestir umas calças e uma t-shirt. Entra-me porta adentro um Abiliovski e-nor-me, que se me dava um encontrão, morria só com a corrente de ar. Não sei o nome do senhor, caso achem que é Abiliovski. Mas sei que é marceneiro ou coisa assim. Lá deu um encontrão na porta (que estava romba ou coisa assim, pormenors técnicos, não abria bem, sei lá eu.). Acorda-me a criança, que vem em rompantes à porta do seu quarto, cabelo à frente dos olhos e pergunta determinada: "quem abriu a porta, Mánhe?. E eu, atrasada, desgredenha, a olhar para o Abiliovski, aos chutos na porta, Oksana a passar a ferro, Francisca a olhar para o Abiliovski de olhos arregalados e a perguntar-me "quem é este" e eu a pensar "óh Filha, está masé caladinha e vai tudo correr bem". Abiliovski começa a falar com Oksana em Ucraniano e eu a pensar "é hoje, pronto, é hoje". Eu feita burra a olhar para a cena. Oksana diz "meu Marido precisa de faca e manteiga". E eu ainda mais burra a olhar, com vontade de dizer que eu não devia ser lá muito tenra, mas que se quisesse um pãozinho, eu arranjava. O Abiliovski McGyver lá arranjou a porta empenada com faca e a manteiga. E eu a olhar, lerda todos os dias. Bem, lá saí de casa três quinze dias depois, deixei Cria mai linda do meu coração na Escola de que tanto gosta e fui trabalhar, após conhecer o "Oksano". Tinha tanto sono, que me ia espetando pelas escadas abaixo a descer para o bar, não fosse um colega segurar-me. Parti um salto de um dos meus sapatos favoritos. Mas não caí. Também já tenho o rabo partido, não podia ficar muito pior. Maneiras que isto há dias que não lembram a ninguém. Nem com faca nem com manteiga. Mas é isto, a minha vida. 
P.S- se calhar é melhor repensar os apoquentamentos que as camisas dão à Oksana.

2 comentários:

Magui disse...

Ahahah, só a ti... E agora digo eu com os olhos muito arregalados "Tu tem-me cuidado!"

raquel disse...

Princesa, és culpada de duas gargalhadas muuuuuito sonoras que dei agora!
Priceless!