22 janeiro 2014

Se mal de burro...

… pior de arado. Isto de mudar de casa tem o seu quê. Não se muda só de casa, muda-se de pessoas. Nunca me tinha apercebido. A maior parte da minha vida, morei numa moradia onde os vizinhos estavam do lado de lá da cerca e quando muito, só os da moradia abaixo me irritavam, adeptos fanáticos do Benfica (blach). Adorava ver o desânimo deles quando a equipa perdia, mas isso é porque eu sou má. No meu prédio antigo, nunca tive problemas com barulho. Nunca. Tinha um vizinho estranho e vá, o meu vizinho de baixo volta e meia bebia de mais em dias de festa e havia festival nas escadas. Mas era pontual e eu ria-me. também porque simpatizava com a pessoa em questão. Pelo menos, o mínimo para me rir das bebedeiras. Os meus vizinhos, mesmo o estranho, eram pessoas "silenciosas". Não faziam barulho, não chateavam ninguém, tudo na paz. Dois dos três vizinhos eram Amigos. Os meus antigos vizinhos do lado eram meus Amigos e ainda hoje me custa terem ido embora. Tinham um bebé que pouco se ouvia, eram prestáveis, ajudaram-me muitas vezes quando me vi em apertos diversos. Tenho-lhes muitas saudades. Mudei para um casa melhor, mais confortável. Mas mudei também para outras pessoas. Nunca tinha pensado nessa questão. E até ver, não gosto. Já falei dos meus vizinhos de cima, que gritam tipo cabras do monte, martelam no chão, não têm chinelos para calçar e por aí. Mas ontem descobri que se mal de burro, pior de arado. À uma e meia da manhã, os meus vizinhos do lado acharam por bem ir correr na sua passadeira. Gente adepta do desporto, sim senhor, dá saúde. Correr na passadeira, uau, upa upa. Ora, mas e a passadeira onde está? Na arrecadação por baixo do meu apartamento. Uma e meia da manhã. Vão ser fanáticos de desporto para o raio que vos parta (para não dizer pior) de madrugada. Quero dormir. A Francisca quer dormir. Eu preciso de dormir. Tum-tum-tum. Música aos berros "weeeeee fooooound love in a helpleeeeeeesssssss place". Desejei que tropeçassem na porra da passadeira de uma vez por todas, mas isso é porque eu sou má. Tum-tum-tum-tum. Pensei em levantar-me, por a mão na anca e dar o meu ar de mulher do Norte cheia de sono, do alto do meu robe de vaca. Mas, por questões que aqui não são chamadas, não o posso fazer. Uma e meia da manhã. Tum-tum-tum-tum. "Weeeeeee foooooooound love in a helpless plaaaaaaaceeeeee". E usar phones, será que não conhecem o conceito? Camafeus do… . A minha casa nova é muito mais confortável, tem mais luz, mais sol, parece-me mais minha do que a antiga. Mas as pessoas que me rodeiam dão-me vontade de voltar a empacotar tudo e dizer que afinal, esquece lá vidros duplos e ares condicionados, quero o meu sossego de volta. 

3 comentários:

Magui disse...

Como eu te compreendo, já tive uma vizinha velha que gemia todo o dia e toda a noite que parecia uma vaca... A primeira vez que ouvi achei que tinham metido uma vaca por cima da minha cama... Foram meses de terror e sei como isso nos pode por com vontade de empacotar tudo de novo!
Espero que melhore depressa

raquel disse...

MEDO!
E agora a velha máxima (que o teu vizinho estranho pode dizer) "atrás de mim virá quem de mim bom fará!".
E assim é!
Que melhore muuuuuuito rápido!

Chainho disse...

O que eu sofro com a família q mora na casa por cima da minha. Um desrespeito total, gritam (berram com o filho e entre eles, casal), andam calçados em casa, batem com as portas, largam os estores com força, ouvem Celine Dion no máximo, tomam banho a horas incríveis, põem máquinas a lavar de madrugada, enfim! Daqui a um mês vou emigrar, aleluia!!!!