11 dezembro 2013

Sometimes I get lost inside my mind...

Depois de enfiar no bucho o quinto café do dia, que durava há já não sei quantas horas,  sendo que tecnicamente o meu dia começou às nove menos um quarto (não há engarrafamentos no "campo",  só engarrafamentos para conseguir sair da cama, pesa-me o rabo partido), peguei no telefone e liguei para a minha Mãe (enquanto acendia um cigarro, coisa que ela faz de conta que não sabe que eu o faço), marcando o relógio dez da manhã. Em boa verdade, não tinha nada para lhe dizer de urgente, nada que justificasse ligar. Mas peguei no telefone porque me deu vontade de a ouvir, de lhe dizer alguma coisa, de lhe contar o tudo do nada dos meus dias, de lhe dizer qualquer coisa como está frio e acordei com o desumidificador a apitar às quatro e meia da manhã, tirou 16l de água em 24 horas, já viste que coisa maravilhosa de humidade naquele quarto? felizmente vamos mudar de casa em breve, para uma menos fria e menos húmida, pode ser que ajude para o desumidificador não tirar tanta água e apitar a meio da noite, porque  depois custou-me a voltar a adormecer. E a tua Neta tossia e tossia e tossia, tanto que estive quase para lhe ir buscar o Frei Luís de Sousa. Depois lembrei-me de um livro que li na Escola, Mãe, o "Felizmente há luar", sabes qual é? Nem sei porque me lembrei desse livro a meio da madrugada, nem sei se estava noite de luar ou não, mas lembrei-me desse livro e que gosto muito dele, da esperança do final e do felizmente há luar com que termina. Mãe está frio e eu estou com cafeína a mais para o teu gosto a correr no sistema mas estou a comer sono, Mãe, tenho frio e tenho sono, achas que ainda tenho idade para fazer birra? Deixas-me fazer um bocadinho de birra?". A minha Mãe atendeu-me com um "O que é que queres?". Respondi que nada, que era só para saber se estava tudo bem e que a Francisca hoje já tinha ido para a Escola, com tosse, mas é a vida. A chamada deve ter durado uns 30 segundos, porque o tempo corre sempre demasiadamente veloz no relógio da minha Mãe... Depois... depois,  dei por mim a pensar que tenho quase 30 anos e tenho idade para ter juízo e não ligar à minha Mãe para lhe falar de sonos interrompidos e livros que me aparecem na memória a meio da noite. E ainda dei ainda por mim a pensar que, apesar de levar  com um "o que é que queres?" é reconfortante saber que, eventualmente, ela atende do outro lado da linha. Mesmo que seja para me mandar na vassoura nos seus dias sem tempo a dissertações literárias e que sim, felizmente há luar... 

2 comentários:

Magui disse...

Quando escreves sobre a tua mãe lembra-me sempre a minha... Nasceram as duas com 2 dons: o de serem boas mães e o de serem delicadas!
E cebola no quarto faz parar de tossir... Fica um cheiro a transportes públicos em dias de calor, mas que ela para de tossir isso para!
Um beijinho enorme

Anónimo disse...

Confesso que fiquei triste com este post...
Às vezes esqueço-me que há mães que não são como a minha, que não estão sempre disponíveis (às vezes até demais), que não querem perder muito tempo com os filhos... e que essas mães podem ter filhos já crescidos que continuam a ficar tristes com as suas atitudes...
Não sabia que a tua mãe era uma dessas mais mais distantes... mas fico contente por ter a certeza que não és uma dessas mães para a tua Francisca!