02 julho 2013

Não poderia ser um cão.

Acaso acreditasse na reencarnação, nunca poderia ser um cão. Um cão possui-se. Um cão precisa de um dono, está-lhe na genética, um cão não sabe viver sem ter dono. Um cão é sôfrego de ordens, da segurança de pensarem por ele. "Agora senta. Dá a patinha. Rebola. Língua de fora." Um cão não sabe viver sem ser comandado. Fará trinta por uma linha para que lhe atirem a bola. E irá buscar a porcaria da bola todas as vezes que a mesma lhe passar em frente aos olhos para ganhar uma festa no focinho. Ou um doce. Um cão precisa do aplauso do dono para se sentir um bom cão, para sentir que vale alguma coisa, quase como para ter a certeza de que o oxigénio que converte em dióxido de carbono é bem empregue. Precisa da unanimidade das palmas e do reconhecimento do "muito bem, cão, fazes tudo o que eu digo, nem ouses pensar, és um cão excelente porque simplesmente fazes o que eu mando, estúpido ou não". Definitivamente, acaso acreditasse na reencarnação, seria um péssimo cão. Não sei que animal seria, nunca pensei muito nisso. É que por acaso, não acredito na reencarnação. Mas acaso a coisa até seja verdade, nunca um cão. E eu até que gosto imenso de cães, mas só dos quadrúpedes. 

1 comentário:

Magui disse...

Tu e as tuas divagações... ADORO! E definitivamente não acho que tenhas alma de cão!