08 junho 2013

O agridoce do doce silêncio...

Acordei sobressaltada. Tanto silêncio. Acordei e senti que me faltava algo. Levantei-me e vi a porta aberta. A persiana aberta. A cama branca de grades vazia. Um quarto, onde um dia decidi que haveria existir um céu pintado só para ela, para a minha Menina. Um quarto, hoje, em silêncio. Sentei-me ao lado da cama de grades vazia. Francisca não está em casa, foi a Casa. Eu fiquei. Por dever. Por opção de dever. Fiquei a ver as nuvens no tecto e a aspirar o cheiro da minha Menina, que paira no seu quarto. Depois, levantei-me e deixei para trás as nuvens brancas e de aspecto fofo que me pairavam sobre a cabeça. Lavei a alma enquanto a água quente, quase a queimar, me escorria pelas costas. Vi-lhe o sorriso rasgado por estar sentada ao lado da minha Mãe. Eu estou sentada num laboratório vazio, a olhar pela janela. O relógio da parede faz um tic tac rítmico, apesar de estar atrasado. Chove lá fora, cheira a terra molhada, deduzo que sim. Sei-me de bem com a minha opção, em paz comigo. Mesmo que as saudades da minha Menina, guardadas em surdina, façam um barulho avassalador no meu coração. 

2 comentários:

raquel disse...

Um beijinho, minha querida.
Bom fim de semana*

Magui disse...

É estranho... Eles cansam-nos tanto, mas quando não os temos há uma calma boa misturada com um não querer calma para nada... A verdade é que a vida nunca mais é a mesma, se estamos sem eles, estamos sem eles, não estamos como dantes!