Mostrar mensagens com a etiqueta medos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta medos. Mostrar todas as mensagens

28 outubro 2013

São aftas, senhores...

Gosto muito de arrastar o meu real pandeiro para as urgências infantis desta Terra do Inferno. Deliro. É que para além do ir lá implicar que tenho a minha Cria mai'linda doente, é toda uma experiência alucinante que me faz querer beber copos de vinho às três da tarde. Seria cocktail hour nalgum ponto do planeta mas ainda não me desgracei a esse ponto. Maneiras que após dias sem comer, um hálito de levantar mortos para os assassinar de volta, muito choro, prostração e febre, vamos lá outra vez. Diz que é estomatite aftosa. Um nome pónei para traduzir a boca, garganta, língua cravejadas de aftas e gengivas em sangue de tão inflamadas. Diz também que é contagioso e Escola por uns dias nem pensar. Mas tem um lado bom, sua Alteza Sostra tem ordem médica para enfardar quantos gelados quiser. Ah, as maleitas infantis são todo um Mundo com coisas novas para descobrir. Acontece que eu gosto de descobrir coisas num laboratório, não propriamente no Mundo infantil.
(só quero que ela melhore que isto é uma  dor d'alma. sim, eu tenho disso)

22 outubro 2013

E com o tempo...

... this too shall pass. Foi o que repeti depois de a deixar na Escola, quase a fugir escadas abaixo, com as lágrimas a escorrerem-me pela cara abaixo. Eu não choro em público nem para público. Repeti vezes sem conta, and in time, this too shall pass. Afinal, sempre choveu esta madrugada. E hoje de manhã. Por algum motivo, a privação de sono é usada como tortura. Dói-me tudo no corpo, sinto que a pele me dói. Tenho o coração tão pesado que me custa a respirar. É uma fase. And in time, this too shall pass. Paciência. Calma. Aguentar. Não vacilar. And in time, this too shall pass. No alarms and no surprises... Silent... This too shall pass. 

07 junho 2012

...

We spend our whole lives worrying about the future, planning for the future, trying to predict the future, as if figuring it out will cushion the blow. But the future is always changing. The future is the home of our deepest fears and wildest hopes. But one thing is certain when it finally reveals itself. 
The future is never the way we imagined it.
Meredith Grey in  Grey’s Anatomy

05 maio 2012

Do dia da Mãe...

Amanhã é dia da Mãe. Ou dia 8 de Dezembro, como quiserem. Mas convencionou-se, nos últimos anos, que seria o primeiro domingo de Maio. A mim, parece-me bem. Maio cheira a Primavera, cheira a flores, cheira a sol.  
Gosto muito da minha Mãe. Não lho digo tantas vezes como deveria, mas tenho um orgulho imenso nela. Acredito que ela sabe disso, mesmo que não o diga (muitas vezes) por palavras. Por vezes, foi uma Mãe um pouco ausente.Não por opção mas porque assim teve de ser. Por vezes foi e é bruta, ríspida. Mas é sincera e é de boa intenção que se enchem as suas frases mais duras com as quais me brinda. Nem sempre concorda com as minhas decisões e opções e faz questão de mo dizer, mas apoia-me incondicionalmente. Não direi que a minha Mãe é a pessoa a quem conto tudo, mas é o meu porto de abrigo. Não há colo como o de uma Mãe. Não há melhor colo no mundo que o dela.  
Quem tem uma Mãe, tem tudo, diz o povo sábio.  
Dou mais valor à minha desde que eu me tornei Mãe. Correcção, aprendiz de Mãe. Não tenciono ser a Mãe perfeita. Sou humana e um poço de defeitos. Tenho as minhas coisas como todo ser humano. Se há dias que o meu coração transborda paciência e serenidade outros há em que trago um furacão cá dentro. Mas com a chegada da Francisca, aprendi a que o furacão passasse a ser (apenas) uma tempestade tropical. Se é bom ser Mãe? É, muito bom. Olhar para aquela criança e saber que a gerei no meu ventre, que aconteça o que acontecer, ela é minha filha. Nunca deixará de o ser. Mas, perdoem-me os mais sensíveis, não vou vender a ideia que é tudo um mar de rosas. Idealizava a maternidade com harpas e passarinhos a chilrear como som de fundo. Não compreendia os desabafos de Mães cansadas e que soltavam um "apetece-me atirá-lo pela janela por vezes". Hoje compreendo. Aprendi que a maternidade se enche de todas as bandas sonoras possíveis e imaginárias. Aprendi que os momentos idílicos de contemplação do pequeno ser são mais escassos dos que o que pensava serem. Há dias em que admito que são raros. Mas quando os há, são bons. Diria que se enchem de algo sublime, etéreo. Porque aquela pequena criatura é minha filha, saiu das minhas entranhas. Ouviu o bater do meu coração como jamais alguém ouvirá. Porque lhe reconheço os caprichos das birras, porque aquela pequena mão gorducha me procura quando acorda sobressaltada. Não sou o exemplo da Mãe de filmes ou de livros delicodoces, sou uma Mãe de carne e osso. Uma Mãe que tem dias de desespero em que a última coisa que quer neste mundo e outros é estar mais uma hora a ouvir pequeno ser gritante. Dias em que tudo é demais e que a falta de controle sobre a minha vida, sobre os humores da pequena entre outras variantes, se abatem sobre mim e me deixam esgotada. Os 9 meses de gravidez não me preparam para esta aventura. Talvez pela minha credulidade em relatos de Maternidade maravilhosos. Talvez por achar que a minha Mãe me quereria passar uma imagem distorcida. De um momento para o outro, sem formação digna desse nome, traz-se um bebé nos braços para casa. E é suposto faze-lo vingar, faze-lo feliz. Educá-lo para ser uma pessoa boa. Transmitir-lhe valores. Sim, pode ser overwhelming. Assustador. Foi-o e por vezes, nos poucos silêncios da casa, ainda o é. Mas basta um sorriso para regressar à realidade e ganhar forças. Seja para mais uma noite com passeios a cada três horas até à cama da cria, seja para mais meia hora de guinchos. Ou para cantar canções que nunca imaginei trautear. Ou para apenas continuar a aprender a cada dia de que se reveste este admirável mundo novo da maternidade. 
Daqui a uns anos, Francisca também pensará vezes sem conta que a Mãe que lhe calhou no ovo kinder é uma chata como nunca outrora vista. E que as Mães das amigas serão sempre melhores. Mais permissivas, mais companheiras, melhores. Francisca pensará também que a Mãe não percebe nada de nada e que se entretém a dificultar-lhe a vida com regras e com conselhos que não pediu. O tempo dar-lhe-á a sabedoria e experiência para reconhecer, assim espero eu, que não há colo melhor que o regaço onde a embalo e a acalmo. Que uma Mãe, assim como uma filha, é para sempre. Que deste coração jorra amor, na sua forma mais pura. O tempo dar-lhe-á a capacidade de perceber que os seus interesses se sobrepõem aos meus, mesmo que por vezes a Mãe não o declare. O tempo mostrar-lhe-á que, apesar das asas que a ajudarei a ganhar, porque o que a Mãe mais quer é a sua felicidade, gostará de um dia voltar ao ninho. Ou pelo menos, assim o espero. 
Considero-me uma aprendiz de Mãe. Se for metade da Mãe que a minha Mãe o foi, ficarei feliz.  
Para todas as Mães ou aprendizes de Mãe... um feliz dia da Mãe. 
Sim eu sei que só é amanhã, mas amanhã é dia de boicote ao computador. Dia para ser Mãe a tempo inteiro de pequena cria, no dia em que apesar de ela ainda não o saber, diz a sociedade que é a mim (nós) dedicado. 

30 janeiro 2012

Do sentimento de culpa...

Pesa uma tonelada em mim o sentimento de culpa. Corrói-me, destrói-me, desfaz em bocados pequeninos a minha alma. 
"A Francisca esteve em contacto com alguém doente?", foi-me perguntado duas vezes. Nas urgências e hoje pela Pediatra. E a verdade é que sim, esteve. E eu, como Mãe, deveria ter tido a coragem de dizer: NÃO, em alto e bom som. Devia ter tido a força de explicar que, tendo em conta a situação, o melhor seria não privarem com a Francisca durante alguns dias, porque ela ainda é pequenina (provavelmente, a minha Princesa será sempre pequenina aos meus olhos, mas ainda só tem 5 mesinhos, completados hoje). Não o fiz... cedi, fechei os olhos, permiti... 
Pode até não ter sido isso como pode ter sido... Pode ter sido a sorte, pode ter sido o azar... Pode ter sido o acaso... Tanto pode ter sido tudo como pode não ter sido nada... Mas a dor de ver a minha filha assim é insuportável. O estar constantemente a vigiar a respiração. O vê-la vomitar o pouco leite que bebeu por causa de um ataque de tosse. O vê-la ser aspirada com sondas e ter de a segurar enquanto as lágrimas lhe caem pelo rosto... O passar a noite em claro com medo que deixe de respirar ou que sufoque com o vómito... Custa, muito... Não estava preparada para isto. Eu, que sempre primei pelo sangue frio e racionalidade, sinto-me a descarrilar por completo. E mais uma vez, voltamos às culpas que atribuo a mim mesma... 
Uma querida Amiga disse-me um destes dias: "É o preço a pagar por se ser mãe. tens que aceitar que essas culpas fazem parte do processo. Por vezes tens apenas de aceitá-las, por vezes  contradizê-las."
Ainda não as consigo contradizer, nem aceitar...
Imagem retirada daqui... 

5 meses de ti...

Hoje fazes 5 meses pequenina. Uma mão cheia de tudo e mais alguma coisa. 
Trouxeste à minha (nossa) vida mais do que alguma vez pensei que seria possível um filho trazer. Continuas a cara chapada do teu Papá. Desconfio que sais a ele em muito mais coisas que a aparência física e fico grata por isso! És muito calminha e super simpática. Sorris para toda a gente, não estranhas ninguém. Adoras que conversem contigo, respondendo às questões na tua língua, indecifrável para nós. Por vezes, pões até entoação nos teus longos discursos, como se estivesses a proclamar a restauração da República de novo. Dás gargalhadas giríssimas. Gostas que te cante Deolinda para adormeceres. Adoras beber o nhé (biberão) virada para mim e que te dê a mão enquanto bebes o leitinho, olhando-me com esses olhos cheios de ternura. Comes sopa e fruta cozida maravilhosamente bem, desde que percebeste para que serve a colher. Adoras tomar banho mas dá-te os 5 minutos quando tens de vestir as mangas da roupa, é uma panca muito tua.  
5 meses minha doce Francisca. Parece que o tempo demorou a passar e no entanto escorreu-me entre os dedos.  
Hoje deveria ser também o dia em que regressaria ao trabalho. Mas quis o destino (ou lá o que se chama a esta merda que controla tudo e todos e que foge das minhas rédeas) que ao invés de regressar à vida laboral, estivesse aqui, à tua cabeceira, a pedir, a suplicar que fiques boa depressa. A noite foi terrível, passada quase em branco, sobressaltada por essa tosse pavorosa que te encharca. Já chorei, já me culpei, já me perguntei o que fiz de errado para que isto acontecesse. Procuro vezes sem conta na minha mente o que fiz de errado que fizesse com que tu adoecesses. Provavelmente, nada. O teu Papá diz que acontece. Mas na minha cabeça, dou voltas e mais voltas para encontrar uma justificação. Porque tudo tem de ter uma explicação lógica, precisa, concisa... ou talvez não filha, já não sei em que acredito. Sinto-me perdida, impotente. Peço que a tua respiração volte a ser tranquila. Que essa tosse que te sacode toda e que te deixa sem fôlego desapareça. Que o teu sono volte a ser descansado. Que os teus olhos, lindos lindos lindos, voltem a brilhar intensamente. Que voltes a beber o nhé com a mesma sofreguidão de sempre.  
Lamentei-me que iria trabalhar hoje... Mas preferia mil vezes estar a trabalhar desde as sete da manhã do que te ver passar por este sofrimento. Acho que o destino ou o que se chama à coisa, tem uma maneira muito estúpida e cruel de me fazer relativizar as coisas. Já percebi a lição, já tinha percebido muito antes... Já estou faaaaaaaaaaarta de levar com as "tuas" lições. Podes pegar nelas e ir para o raio que te parta. Não sou burra, chego às mesmas conclusões sozinha, sem precisar de chapadas de luva branca... 
A minha menina faz 5 meses hoje. Oferece-me (-nos) todos os dias uma mão cheia de tudo.  E eu hoje sinto que só tenho uma mão cheia de nada para a ajudar...  
Parabéns pelos 5 meses, Maria Francisca Texuguinha... A Mamã adora-te tanto, tanto, tanto...
Imagem retirada daqui... 

26 janeiro 2012

Amanheceu cinzento...

Amanheceu cinzento o dia... Lá fora e em mim... 
Queria que houvesse um botão pause, um botão rewind, qualquer coisa... Qualquer coisa, por favor...Por favor... 
Quero ficar abraçada a ti, com a tua cabeça junto ao meu peito, skin on skin, horas sem fim... Perder-me no tempo contigo, nesses teus olhos tão doces, tão meigos. Não quero sair desta cama, deste quarto. Quero ficar aqui, contigo, num aconchego simples e doce. 
Queria que a vida fosse como eu sonhava que ela seria. Quero que a tua vida seja como tu a quiseres sonhar pequenina... 
Tenho medo, tanto, tanto, tanto medo. Medo que te esqueças de mim, que não saibas quem eu sou, meu Tesouro. Que passes a gostar mais dos Avós. Que prefiras o colo deles ao aconchego do meu peito cheio de amor por ti, pequenina Princesa, meu raio de Sol. 
Tenho receios Filha, muitos... Mais do que palavras possam expressar... 
Loucura, insanidade? Talvez...
Continua cinzento lá fora. Dentro de mim, escuro... 
Imagem retirada daqui 

02 novembro 2011

Do que me espera hoje...

Hoje a Francisca vai fazer uma eco abdominal. "Apenas" para despistar algum problema mais sério que não preguiça de fazer cocó sozinha (descargo de consciência, segundo a Pediatra, que insistiu várias vezes que está tudo bem e é mesmo por precaução = Mãe não ouve nada e panica seriamente).  
Para fazer o dito exame que irá (esperemos) tranquilizar corações desassossegados e Mãe à beira de um colapso nervoso, preciso de aguentar a piquena sem comer durante 6 horas, ou seja, até às três da tarde. 
Portanto, para além de ter o coração pequenino e angustiado, estar um dia de caca, o Marido ter de ir trabalhar, ter o índio do meu afilhado à minha guarda (um puto de 4 anos muito "extrovertido" que adora comunicar em alto e bom som), esperam-me, ainda hoje, berros esfaimados misturados com lágrimas de fome e respiração ofegante de tanto chorar por parte da minha rica filha...
O dia promete...

08 agosto 2011

Da ansiedade...

Sou um caos de ideias. Ter uma linha de pensamento linear e coerente tem-se revelado difícil (tarefa quase impossível para ser honesta) nas últimas semanas... 
Supostamente, estamos a entrar na recta final desta viagem minha pequenina. Não me parece que vá ter grandes saudades de estar grávida (não me parece meeeesmo...e se alguém fica chocado, temos pena...), mas vou ter saudades, imensas saudades, de seres minha, de te sentir nas tuas brincadeiras e de saber que te posso proteger de quase tudo e todos...só minha... 
Todos os dias, e mais do que uma vez por dia, penso em como será a tua carinha, como passas o teu tempo na minha barriguita (quando não estás brincar com a minha bexiga ou a espalmar-me as costelas quando te espreguiças). Como será o teu choro (daqui a umas semanas talvez haja um post a dizer que tens uns belos pulmões de soprano), a cor do teu cabelo... Como será ter-te sobre o meu peito pela primeira vez quando nos separarem e deixares de ser a Francisca na barriga da Mamã e passares a ser tu, só tu... E logo a seguir penso que não sei se serei capaz de cuidar de ti como é suposto, de saber o que precisas, de te acalmar, de te fazer feliz, imensamente feliz bebé... E que ainda falta muuuuuito tempo e que me deveria dedicar a pensar em outras coisas...(sugestões são bem-vindas, não se esqueçam é que estou encostada às boxes e ando muito muito muito chatinha)!
E nesta dualidade de coisas vamos passando os nossos dias...eu a fazer produções cinematográficas à lá Steven Spielberg na minha cabeça e tu a pontapear-me a bexiga...(já agora, podes por favor NÃO fazer isso??? Sinto que vivo na casa de banho Francisca...tem dó!). 

23 julho 2011

Há dias assim...

Não suporto mais ver os Telejornais ou ler notícias online. Não aguento, mesmo...Muito raramente aparece uma notícia que me faça sorrir. Mas isso é mesmo muito, muito, muito raramente...  Levada pela loucura hormonal (God, são só mais umas semanas, mas entretanto a minha aparência de durona anda pelas Ruas da Amargura), chego a chorar copiosamente...E tenho pesadelos com famílias que não conseguem alimentar filhos, que simplesmente não têm pão e leite para dar de manhã aquelas barriguitas vazias antes de irem para a Escola (onde muitas vezes fazem as únicas refeições decentes do dia). Choro com histórias de fugas para a Europa em busca de uma vida melhor que acabam de forma trágica a meio do Mediterrâneo, sem discriminar sexo ou idade. E choro com histórias de jovens mortos porque um louco qualquer se lembrou que era um bom dia para matar inocentes...
E eu tenho tanto, mas tanto medo de não te saber proteger deste mundo que nos rodeia...

13 julho 2011

E o meu coração ficou pequenino...

Hoje fui espreitar o teu T0 Francisca... e vim embora com o meu coração de Mamã tão pequenino meu amor... (está tão angustiado e preocupado...)
A médica disse que estavas bem, que és perfeitinha e saudável...és apenas uma bebé muito pequenina e magrinha. A Mamã também foi assim um bebé um bocadinho enfezadinho (2.600kg às 38 semanas. A tua Bisavó, que já não está entre nós, fez questão de presentear a tua Avó com o seguinte elogio quando me conheceu "Que coisa tão ruim!!!" Vou-me abster de comentar tal... 
Queria tanto que tu estivesses grande e forte , minha pequena Texuguinha...
Sexta vamos fazer outra ecografia no Hospital privado onde irás nascer se não fores prematura (só para te relembrar: se fores apressadinha não tens prenda de anos até aos 18. Acho que temos acordo, sim? ). Secretamente, espero que esta médica se tenha enganado...e que estejas um bocadinho maior...Mas se assim não for, não importa... És apenas uma bebé mais pequenina e magrinha que a maioria. Para nós és perfeita, tal e qual como fores. És, neste momento, 1.320 kg de puro mimo e amor Francisca
Mas o coração da Mamã está tão pequenino e inquieto... 

11 julho 2011

Para ti, Francisca

Depois de meses (mais de um ano, tenho de ser honesta) sem me lembrar que tinha um blog, resolvi voltar em força :) Vou ( tentar ) resumir um bocadinho a minha história para vos situar até ao dia de hoje ...
Daqui a  8 semanas (mais coisa menos coisa) vou conhecer-te Francisca. És uma bebé muito desejada ( e já muito, muito, muito, muito amada e mimada) mas que mesmo assim para mim chegou como uma surpresa de Ano Novo. 
Depois de quase um ano desterrada  de Marido, Família e Amigos nos EUA por causa do Doutoramento (um caminho muito atribulado que discutirei quando falar disso não me der ataques de urticária, o que provavelmente acontecerá quando e se algum dia o terminar ) e tendo como única companhia uma Yorkshire com personalidade de Labrador, eis que regresso, acompanhada do teu Papá em Dezembro de 2010. E voltar a casa tem um travo único, indescritível. Nunca me vou esquecer do dia em que finalmente entrei no avião, pus a transportadora debaixo do banco da frente, olhei para o teu Pai e disse: "Vou para casa, finalmente! Já não fico louca de vez. Obrigada por me vires buscar Querido". ( tenho de referir que sem o teu Pai ter ido buscar a Mamã teria sido muuuuito complicado trazer todos os sapatos e outras coisas compradas no âmbito da "retail therapy")
Há algum tempo que falávamos sobre ter um filho. Sempre quisemos ser pais novos. E nisto veio o " vamos não fazer nada para que não aconteça. Não estamos a tentar, estamos a não evitar".  Na minha cabecinha, iria demorar imeeeeeeeenso tempo até conseguir engravidar. O meu passado não abonava muito a meu favor no ponto fertilidade (achava eu).  Depois de anos às voltas com anorexia nervosa e depressão (sim, faço parte dos números dos que "Vivem livres dentro de uma prisão") e de muito esforço para voltar a ser "normal" (seja lá o que isso for, nunca percebi muito bem o que é ser normal) achava que o ter filhos tinha sido algo que algures pelo caminho de volta a ser Eu se tinha estragado. Não podia estar mais enganada... ( e ainda bem!!!). 
Dia 6 de Janeiro, enquanto fazia uma das muitas viagens de pendular Porto-Lisboa, recebo uma chamada do Papá: "Tive um acidente" disse ele. Fiquei sem reacção, perguntei se estava a brincar. "Não, não estou a brincar. Tive um acidente, não estou ferido, mas o carro está em mau estado. O que faço?'" (e nisto apercebo-me que fui a primeira pessoa a quem ligou, qual GNR, qual 112). E volta-se a ouvir do outro lado " O que é que eu faço?"  Por milagre ou algo do género, não teve um único arranhão, uma nódoa negra ( e todos os dias agradeço por ele continuar aqui, ao meu lado, a segurar-me nos seus braços). Quando finalmente nos encontramos, a única preocupação que existia para ele era que eu fizesse um teste de gravidez (qual carro, qual quê, precisas de fazer um teste, hoje!). Já tinha comentado que estava com um atraso de 3 dias, algo nunca visto em mim. Tivemos de esperar até ao dia seguinte, não encontramos uma única farmácia aberta nas redondezas. Sexta feira, dia 7 de Janeiro, e sobre o olhar atento do Fernando Pessoa na Brasileira, vimos escrito "Grávida" ...e pouco depois a ampulheta parou de piscar e dizia "Grávida 2-3". A minha boca abriu-se qual sapo a caçar moscas... O teu Papá só disse "olha que giro! Até tem acento no a e tudo!!! "homens...Depois de .uns minutos (talvez tenham sido segundos, não sei) ouve-se "Vou ser Paaaaaaaaaaaaii!!! Eu vou ser Paaaaaaaaaiiiiii!!! Um whisky 12 anos por favor." E eu sorria e olhava para aquele mostrador e pensava " e se for um erro? e for um resultado falso?" (e sou eu da área das ciências senhores, casa de ferreiro...).  E foi assim que soubemos que estávamos nesta viagem de ser Papás! ( sim, fiz mais 3 testes de gravidez, só para ter a certeza... tinha de te dizer se não o teu Papá não ia perder a oportunidade de gozar com a Mamã). 
Soubemos cedo que eras tu, Francisca, que estavas a caminho. Às 11 semanas soubemos por um teste novo que era uma menina que vinha para alegrar os nossos dias ( menina do Papá como alguém não se cansa de repetir). Não foi difícil decidir o teu nome, já há muito tempo que estava escolhido (um dia conto a história por detrás do nome :) ). 
E agora faltam 8 semanas, mais coisa menos coisa, para te conhecer... Obrigada pelos pontapés que me vais dando, como que a dizer" sim estou aqui, estou bem e estou quase a chegar!!!" E nisto, apercebo-me que sim, estás quase a chegar. Vou ser Mãe... e tenho muito, muito muito medo de não ser capaz de cuidar de ti como devo, de falhar... Filha, faltam 8 semanas, mais coisa menos coisa, para te conhecer. E tenho medos e receios e dúvidas... E penso em como será a tua carinha, como será o teu choro, as tuas mãos e pés pequeninos.  E se serei capaz de te proteger de tudo o que o Mundo tem de mau...serão os meus braços o suficiente para te envolver? E faltam 8 semanas, mais coisa menos coisa...