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02 abril 2014

Nunca te distraias da vida.

Estava a fazer zapping numa noite qualquer, há já algum tempo, quando passei pelo TVI24. Um homem completamente careca, com uns olhos azuis lindos e um sorriso caloroso, cheio de vida. Uma entrevista. Uma pergunta. E uma resposta que teve tanto de humano como de desconcertante, num misto de herói: "nunca me perguntei porquê a mim. antes a mim do que aos meus filhos." Foi a primeira vez que ouvi o Manuel Forjaz falar. Este fim de semana, deu num dos 4 canais umas entrevista mais pessoal. Não me recordo do nome do programa, não é o importante. Não chorei porque estava à mesa, a almoçar em casa dos meus Pais e tive vergonha de começar a chorar. Não gosto de choros assistidos, mas é impossível ficar indiferente. Li o livro. Dormi mal na noite em que o acabei de ler. Não é um livro de auto-ajuda. Pelo menos, não o vi assim. Mas é um livro maravilhoso, de um herói, tal como todos os doentes oncológicos o são. Mesmo aqueles que perdem as batalhas, na guerra desigual contra o cancro. Espero que o Manuel continue a travar as suas batalhas sem nunca perder o optimismo contagiante que se sente, também, neste livro. 

11 dezembro 2013

Sometimes I get lost inside my mind...

Depois de enfiar no bucho o quinto café do dia, que durava há já não sei quantas horas,  sendo que tecnicamente o meu dia começou às nove menos um quarto (não há engarrafamentos no "campo",  só engarrafamentos para conseguir sair da cama, pesa-me o rabo partido), peguei no telefone e liguei para a minha Mãe (enquanto acendia um cigarro, coisa que ela faz de conta que não sabe que eu o faço), marcando o relógio dez da manhã. Em boa verdade, não tinha nada para lhe dizer de urgente, nada que justificasse ligar. Mas peguei no telefone porque me deu vontade de a ouvir, de lhe dizer alguma coisa, de lhe contar o tudo do nada dos meus dias, de lhe dizer qualquer coisa como está frio e acordei com o desumidificador a apitar às quatro e meia da manhã, tirou 16l de água em 24 horas, já viste que coisa maravilhosa de humidade naquele quarto? felizmente vamos mudar de casa em breve, para uma menos fria e menos húmida, pode ser que ajude para o desumidificador não tirar tanta água e apitar a meio da noite, porque  depois custou-me a voltar a adormecer. E a tua Neta tossia e tossia e tossia, tanto que estive quase para lhe ir buscar o Frei Luís de Sousa. Depois lembrei-me de um livro que li na Escola, Mãe, o "Felizmente há luar", sabes qual é? Nem sei porque me lembrei desse livro a meio da madrugada, nem sei se estava noite de luar ou não, mas lembrei-me desse livro e que gosto muito dele, da esperança do final e do felizmente há luar com que termina. Mãe está frio e eu estou com cafeína a mais para o teu gosto a correr no sistema mas estou a comer sono, Mãe, tenho frio e tenho sono, achas que ainda tenho idade para fazer birra? Deixas-me fazer um bocadinho de birra?". A minha Mãe atendeu-me com um "O que é que queres?". Respondi que nada, que era só para saber se estava tudo bem e que a Francisca hoje já tinha ido para a Escola, com tosse, mas é a vida. A chamada deve ter durado uns 30 segundos, porque o tempo corre sempre demasiadamente veloz no relógio da minha Mãe... Depois... depois,  dei por mim a pensar que tenho quase 30 anos e tenho idade para ter juízo e não ligar à minha Mãe para lhe falar de sonos interrompidos e livros que me aparecem na memória a meio da noite. E ainda dei ainda por mim a pensar que, apesar de levar  com um "o que é que queres?" é reconfortante saber que, eventualmente, ela atende do outro lado da linha. Mesmo que seja para me mandar na vassoura nos seus dias sem tempo a dissertações literárias e que sim, felizmente há luar... 

11 outubro 2013

O segredo da boa disposição...

... por falar em MEC...Deixaram-nos aqui. É mesmo assim. É a vida. Tem graça, não tem? A vida tem graça. Nós temos graça. É engraçado estarmos todos aqui. A incerteza geral da existência, aliada à certeza particular do facto de termos nascido e de irmos um dia esticar o pernil, é de morrer a rir. Entre outras coisas. Já que nos puseram aqui, indispostos, mal distribuídos, condenados à confusão e à companhia dos outros, o mínimo que podemos fazer é pormo-nos o mais bem dispostos que pudermos. O segredo da minha boa disposição é pensar o mais possível nos outros – nos outros que amo e que me têm de aturar, nos outros de quem só conheço o sofrimento e me fazem sentir a sorte que tenho em sofrer tão poucochinho – e o menos possível em mim. Quanto mais eu me desprezo e desconheço, quanto mais eu entristeço de me entender, mais preciso que haja quem goste de mim. Ou pelo menos da minha companhia. Sempre bem disposta, claro!  
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

28 novembro 2012

Amor, curiosidade...

Estar fechada em casa faz-me mal. Não sei quando isso aconteceu, mas sinto que uma certa loucura insana se apodera de mim nos dias em que somente divago de divisão em divisão. As mesmas paredes, os mesmos quadros. Piquena corre atrás dos gatos,  piquena procura a Mofli para disputarem o Leãozinho, piquena explora os veios da madeira, piquena vive (agora) os seus dias sôfrega de beber o Mundo que o meu regaço (já) não alcança, mas ao qual voltará sempre, uma e outra vez, em busca de conforto quando o mundo lhe parecer ao contrário. 
Descansei os olhos nas estantes de uma dessas divisões por onde desperdiço (o meu) tempo enquanto a Francisca ainda dormia. Descobri-o num cantinho, escondido por entre livros pesados de encadernações apelativas, de letras douradas, de porte imponente. Há muitos anos atrás, encontrei-o numa qualquer livraria e o título pedia que o trouxesse para casa. Devorei-o. Ao revê-lo, lembrei-me do porquê de tanto me ter marcado. Em mim, há também um bocadinho de cada uma daquelas irmãs, talvez mais de uma que das restantes duas. Todas mulheres de vidas incompletas, mas sobretudo, Mulheres de paixões... 

04 setembro 2012

A volta à cama em milhentas noites...

 
Desde que começou a gatinhar, o assunto dormir tornou-se num caso sério para Sô Dona Maria Francisca. Se antes, após meses de auto disciplina para não a embalar e deixá-la adormecer nos meus braços (tendo eu sido apelidada de cabra-mãe), bastando deitar na caminha, dar o KikoNico e "Boa noite Francisca", luz apagada e poneisice da Chicco a tocar para minha rica filha resvalar para o sono sem escândalo. Hoje em dia a minha cria decide fazer exercício. Deitar e levantar, correr a cama de uma ponta à outra, guinchar, gritar em desespero "ai jasus que a cama tem picos, socorro". Coincidentemente, ou não, para além do gatinhar, este começo da nova fase de calamity Francisca começou por alturas de escrita intensa de bixa horribillis, em que muitos dias via a minha piquena um par de horas por dia (com imenso sentimento de culpa associado, mas c'est la vie...). On top of that, muitas (demais) horas a ser mimada pelos Avós, em que a menina-é-pequenina-e-pode-fazer-o-que-quer-e-bem-lhe-apetece-e-se-não-quer-dormir-não-dorme. 
Maneiras que ao invés de uma fase passageira associada ao começar a gatinhar, a coisa tomou proporções dantescas, culminado nesta tourada deita-levanta-grita-esperneia a altas horas da madrugada. Dias a mais, semanas demais. Munida de bom senso, teimosia e estoicismo, característica que senhor marido associa à Tribo dos Meninos Perdidos (está-me nos genes), fui aguentando e resisti (e resisto, nem sei como) ao bed sharing, que o meu leito partilho com Mêhóme, mesmo que isso implique passar horas em passeios de um quarto para o outro. Claro que já me passei, já rosnei, já me apeteceu dar com a cabeça na parede, já soltei palavrões a meio da noite capazes de fazer corar um carroceiro, já chorei de sono e desespero, já me apeteceu atirar a cria pela janela (no sentido figurativo gente) que Mãe não é de ferro (Marido ajuda claro) e ainda por cima eu adoro dormir. Mas ela continua no seu quarto, na sua cama. Que quem manda no galinheiro (ainda) sou eu!
Comecei a ler o Secrets of the Baby Whisperer for Toddlers mas se a versão bebé me ajudou muito (obrigada Tracy!), senti que este livro era mais cheio de palpites do que de soluções. Coisas práticas a que me pudesse agarrar. Vai daí, e depois de visitar um dos blogs de que muito gosto e descobrir este livro que a Sara me deu a conhecer, decidi comprá-lo. Li-o num ápice e a-d-o-r-e-i. Muito terra a terra, sem panos quentes ou frosquices. Não descobri a solução milagrosa e sei que a coisa leva tempo a (voltar a) encarreirar mas e até ver, a minha criança já se volta a deitar sozinha (sem ser preciso forçá-la) e adormece de novo. Sem colo, sem drama. Claro que o facto de me sentar mais alguns minutos ao lado da sua cama, assegurando-lhe que a Mamã está ali ao invés de me escapar do quarto dela como se estivesse a fugir de Alcatraz, ajuda. Fico cansada na mesma, mas ao menos a tourada dura menos, muito menos. E um dia há-de cessar. Um dia, ela há-de voltar a dormir bem como em todos estes meses (ou deveria dizer um ano?Aiiii), a noite inteira sem semi-acordar aos gritos "ai jasus que a cama não tem palha". Um dia, há-de suspirar por passar mais horas na cama, quente, fofinha, enrolada e a dormir. Até esse dia, cá estamos nós, para (voltar) a ensinar a dormir. Faz parte, segundo dizem... 
'simbora and keep the goal in mind... " 
P.S- trouxe ainda o Grande Livro dos Medos e Birras. Mais vale prevenir... 

08 março 2012

E depois...#3


... há aquelas situações laborais que, a quem assiste de fora, relembram o final do "Cem anos de solidão"... 
Não tão incestuosa, mas fica tudo em família (ou deverei dizer, The Family???). 
Não são devorados pelas formigas, mas devoram-se uns aos outros ao pequeno-almoço... 
Triste de se conviver... 
Não ficam condenados a cem anos de solidão, porque mais sós do que o que já estão, é difícil...  
E pelo meio das gotas de chuva, abre-se caminho que o objectivo é só um... 
Keep your mind on the task...