Francisca voltou e no seu melhor ao estilo "se-eu-não-durmo-acompanhada-ninguém- dorme-nesta-casa!-(mais ou menos, vá, o que eu gostava de ter um y em vez de outro x)-nem-cão-nem-gato-nem-periquito-se-o-houvesse". Acho que tem assim uma queda para o regime ditatorial, a catraia. Está enganada, que isto aqui é uma democracia e quem manda, sou eu! É ouvi-la do seu quarto, quando faz shift gears no sono, porque até meio da noite ressona que é uma categoria, "Mánheee, anda cáaaa!" (já vou, quando forem horas de ir, dorme criatura), "Mánhe, senta na cadeira" (sento na cadeira o catano, que sento na cadeira), "Mánhe, quer fazer xixi e cocó" (o que tu queres sei eu minha Menina, que na Escola onde tu andaste já eu fui Professora (ditado Transmontano adaptado para não chocar ninguém), "Mánhe, olha a mosca" (deixa-a estar, tem proteína, é nutritivo), "Mánhe, dói a barriga" (yayayayaya), "Mánhe, dói as maminhas" (espera pela puberdade para isso, criatura). E mais um rol infindável de tentativas de persuasão a ver se alguém cai na ideia de lhe entrar quarto dentro e se sentar na cadeira a adorá-la. Vai-se ouvindo... da sala, do corredor, da cama, da sala outra vez, da varanda e vai-se ao vício, da cozinha e tenho de pedir à Oksana que limpe os azulejos, córrore, do corredor, da cama. Nisto, as horas vão passando e eu a vê-las e a ouvir o meio metro e mais uns cms de criatura ululante, que oscila entre a argumentação lógica e os gritos de birra. Até que às seis da manhã de hoje, estava o filme "não dei más noites em bebé, come com elas agora" a passar desde as quatro da manhã, comecei a ouvir a voz da piquena mais perto do quarto. Pensei para comigo que tinha ficado chalupa de vez e agora é que vai for. Cada vez mais perto aquele "Mánhe, anda cá! Óh, Mánhe, anda cá!". Pronto, pifei, o fusível queimou e o ratinho enforcou-se na roda. Mas não. Pela porta do quarto espreitava uma cabecinha de cabelo encaracolado, com os seus olhinhos de azeitona, meio a medo. Francisca ainda dorme na cama de grades, toda ela gradeada. Francisca não caiu porque se o tivesse feito eu tinha ouvido o tombo. Francisca tem dormido com a cabeceira ligeiramente elevada devido a uma tosse. Francisca deve ter aproveitado isso para alçar a perna e deslizar para o lado de fora da cama, abrir a porta do quarto e deixa cá ver onde esta marmanja se enfiou que isto assim não está com nada. Pois ali estava ela, com cara de quem sabe que fez asneira e fofinha e a sorrir e a pestanejar-me e olha, porra, eram seis da manhã, eu tinha sono, tinha frio, hoje estou a trabalhar e ela com aqueles olhinhos a olhar para mim, zumba, anda cá, whatever. Aninhou-se no meu peito e dormiu a fazer-me festinhas na cara. Se me soube bem? Até podia dizer que não, mas soube. Cedi, fui mole e não pode ser. Hoje, a Nazi do Colo e agora Nazi da cama volta a baixar em mim. E vai-se baixar também a cabeceira da cama, que ela nunca viu o Macgyver, por isso que não se ponha a inventar. Era só o que me faltava. Em dois anos, dormiu a primeira vez comigo. E a Nazi da cama diz que foi a última. Para ditadora de meio palmo e mais uns trocos, Nazi de salto alto. É a vida. Habemus pena.
19 outubro 2013
Esta deve achar que é o Macgyver...
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4 comentários:
Isto no fundo não tem graça nenhuma, mas já me fartei de rir com a descrição da coisa!
Isso é uma arte, conseguir sair sorrateiramente daquela coisa não é para qualquer um!
Olha que isso é muito de mulher, resolver o problema sem ajuda e sem estardalhaço, se fosse miúdo atirava-se de cabeça com os nervos!
Princesa,
estou agarrada à barriga.
A F é um riso! O que ela inventa para chamar a atenção...
Um doce!
Passa-a para a cama dos grandes!
Lol!!!:-) eles já a sabem toda, é o que é!!
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