Considero-me vaidosa e gosto muito de me arranjar, dos meus tarecos, dos meus sapatos, dos meus vestidos e trapos, mas nem sempre tenho tempo suficiente (ou faço por não ter) para me ver ao espelho com olhos de ver. Hoje, vi-me ao espelho. Sim, eu sei o que a balança diz. Sim, eu ouço o que me dizem e comentam, umas vezes na minha cara (e que eu agradeço profundamente) outras pelas minhas costas, em surdina. Sim, eu ouvi vários médicos chamarem-me repetidamente a atenção para o meu peso, que começava a roçar os limites do que era aceitável e as implicações que isso tinha em vários níveis. Sim, a minha Família e os meus queridos Amigos chamaram-me a atenção. Encolhia os ombros e assobiava para o lado, estavam todos errados, ómessa, nada disso, tudo normal e controlado. Hoje tive (parei) 5 minutos para me ver ao espelho. Vi as minhas olheiras sem estarem disfarçadas, negras, fundas. Vi a minha cara, magra, abatida, pálida. Vi os ossos da minha anca a perfurar a pele, as costelas salientes. Quem me conhece por detrás deste teclado e me sabe de verdade, sabe do meu passado com a anorexia nervosa e o que de mim levou. A questão é que eu não voltei a retomar contacto com essa "amiga". Nem quero tão pouco que volte a entrar na esfera do meu Mundo. Deu-me muito trabalho empacotá-la e mandá-la embora. Mas hoje uma Amiga voltou ao trabalho após a licença de Maternidade e a expressão dela não escondeu o espanto ao me ver na direcção dela. Por isso, para que nunca mais me volte a esquecer, fica aqui escrito: tenho de cuidar de mim. Se uns falam em perder peso porque precisam, eu falo em voltar a ter um aspecto saudável. E sim, hoje ganhei coragem para por o dedo na ferida e em vez de encolher os ombros ao que a balança mostra e me convencer de que é normal, escolhi aceitar que estou a roçar os limites do saudável. O corpo não tem raízes na Terra e o que eu mais quero nesta Vida tão bonita, é viver… muito!
25 fevereiro 2014
Por o dedo na ferida.
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