O meu Pai é único. Tem o cabelo grisalho. Tem rugas marcadas, profundas, na testa. Usa uma capa dura, fria, insensível. Mas tem um coração do tamanho do Mundo, puro, genuinamente bom, incapaz de fazer mal a quem quer que seja. Nunca me dá um beijinho ou um abraço, mas sei que gosta muito de mim. Sei-o em tudo que não me diz, porque o sei. O meu Pai embalou-me em pequena. Levou-me a ver o Mar sempre que lhe pedi. Mostrou-me que tenho força em mim, que venho de gente de fibra, no sangue que me corre nas veias. Deu-me a segurança para ser curiosa e nunca me acomodar ao medíocre. Que mereço mais que isso. Mostrou-me que o Mundo é um sitio cruel se nada fizesse para melhorar o meu Mundo. O que começa e acaba em mim. O meu Pai deu-me Vida. Por duas vezes. Por duas vezes, o meu Pai deu-me a possibilidade de viver. Sei que o matei por dentro, quando me deu uma segunda oportunidade para viver. Quando a Vida quis que não fosse como eu decidi e o colocou ali. Sei que o meu Pai me perdoou. Mas também sei que nunca mais foi o mesmo. Vivo com isso. O coração do meu Pai já o traiu duas vezes e eu senti o meu Mundo desabar sem que nada pudesse fazer. O meu Pai é insubstituível. A pessoa que mais profundamente amo neste Mundo, como amo a minha Filha. O meu Pai tem sempre colo para a Neta, a Menina dos seus olhos. O meu Pai deu-me o meu Mundo. E Vida. E por isso, também por ele, vivo. Porque lhe devo isso. Ao meu Pai. E sei que amanhã é dia dele. Mas sou avessa a dias estipulados. Todos os meus dias são também dias dele.
18 março 2013
Porque sou avessa a dias no calendário...
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3 comentários:
Adorei, mesmo! Um beijinho enorme
Tão bonito...
Adoro, minha amiga.
adoro!
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