Um dia, ele pergunta-me se tenho 5 minutos para o ouvir. Como não? Claro que tenho 5 minutos, 10, 1 hora. Arranjo sempre tempo para os meus Amigos. Não falamos pessoalmente, há um Oceano entre nós. Há também os fusos horários que fazem difícil o contacto diário. Mas, um dia, ele pergunta-me isso, a horas normais cá e eu desconfio que algo não está bem. Está triste. Está sem saber onde se perdeu. Porque a vida não foi nada do que sonhou. Do que planeou. Que há 10 anos atrás, se imaginava hoje com uma vida tão diferente. Que não a dele. Que não esta em que diz ter caído. Eu ouço. E só lhe digo que a vida nunca é o que se planeia. Nunca. Porque cada dia é único. Porque ninguém sabe o dia de amanhã. Que não conheço alguém cuja vida tenha corrido nos moldes em que a imaginou. Perfeita. Imaculada. Cor-de-rosa. E ele escreve que está triste. E eu só lhe digo que não há vidas perfeitas. Mas que há vidas cheias de imperfeições bonitas. Que a vida é curiosa. Que é para ser estimada e vivida. Independentemente dos solavancos do caminho. Porque a opção contrária, a de se arrastar uma vida sem vida, não é opção. Há que aceitar os solavancos, amortece-los como se consegue e seguir em frente. As lágrimas secam-se. Porque a perfeição imaginada magoa mais que as marcas das imperfeições reais. E por isso lhe digo que a vida se constrói em cada bocadinho. Para não ficar preso ao que imaginou 10 anos atrás. Porque isso não volta. Apenas rouba tempo ao que vem do outro lado do solavanco.
22 abril 2013
5 minutos do meu tempo...
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1 comentário:
A vida nunca é o que imaginámos há 10 anos atrás... E se for é ter cuidado que o tombo pode estar para breve...
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