Mães solteiras. Seja por opção, seja por acasos da Vida. Têm todo o meu profundo respeito e admiração. Na minha Família, há (houve) um caso. Mãe solteira, há 20 e muitos anos atrás, era a desonra de uma Casa, de um nome. Era muito pequena na altura, teria uns 5 anos, não tenho mais memórias do que um dia, me terem deixado à pressa nos Tios porque tinham de ir rapidamente para Lisboa, porque algo tinha acontecido. O acontecimento tinha sido o nascimento do meu Primo. A minha Tia, de 20 anos, tinha sido Mãe. Sem marido, sem namorado conhecido. A desonra sussurrava-se. Escondeu a gravidez, não me perguntem como, até ao dia em que teve de dizer. Até ao dia em que o meu Primo nasceu. Depois, veio a luta para que o espaço "Pai" não ficasse em branco no papel, ninguém é filho de Pai incógnito. O procurar, o fazer assumir as responsabilidades, mesmo que apenas no papel, nunca passou daí, do dar um apelido. O meu Avô, ferido no orgulho de morte, rejeitou a Filha durante largos anos. Era como se ela, a última dos 7, não existisse. Não lhe falava. Não a queria em sua casa. Não perguntava se estava bem. Se estava viva sequer. Curiosamente, o Neto, foi a sua perdição, a sua paixão. Sim, o meu Avô foi até ao último segundo de vida louco pelo "neto zorro", como diziam na Aldeia. Era o seu Menino. Eram ambos loucos um pelo outro. Com o tempo, a idade amoleceu o coração do meu Avô. Voltou a falar com a filha mais nova. Perdoaram-se o mal que se fizeram. E quando o AVC lhe fulminou todas as capacidades motoras, deixando uma lucidez intacta, foi em casa desta filha que viveu até ao último dia. Foi também cuidado por ela, acarinhado, reconfortado. Tenho-lhe uma grande admiração. Sozinha, com os Pais a voltarem as costas, com a família ferida, principalmente a minha Mãe, por não lhe ter confiado o "segredo". Sim, principalmente os meus Pais. Estudava à data e vivia debaixo do tecto dos meus Pais, porque nA Cidade poderia ir mais longe. Acolheram-na e crescia ali ao meu lado como minha irmã, enquanto ela também crescia. E secretamente, crescia mais uma vida. Nunca vi nada. Os meus Pais juram até hoje que nunca viram nada de nada que denunciasse a gravidez. Eu acho que o pior cego é aquele que não quer ver. Com a família ferida, em choque, em mágoa profunda, teve de juntar as peças todas e começar a aventura da Maternidade. Sozinha. Hoje, à distância dos anos e à força da Vida, admiro-a. Porque não me lixem, que isto aqui não dá só gracinhas e sorrisos e mimimimis. Não. Dá trabalho. Dá cansaço. Dá preocupações. Dá abdicar de muito e reajustar tudo. Dá viver em função de, procurando não se ficar um zero à esquerda na equação Maternidade. É a profissão mais gratificante do Mundo. Mas a mais difícil. A mais exigente. E tudo isto, sozinha, deve ser ainda mais intenso. E a quem se encontra nestes meandros de Mommy sozinha, dou o meu aplauso de pé e um abraço muito forte, verdadeiramente comovido. Porque há mulheres e Mulheres...
06 março 2013
Pessoas que admiro muito...
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3 comentários:
Concordo totalmente.
Aplaudo de pé e em ovaçâo.
Admiro muito as mães solteiras/sozinhas.
Se ser mãe é muito difícil a dois (ou a 3 ou a 4 quando se tem ainda mais ajudas) não imagino o que poderá ser sozinha.
Porque sem dúvida que é maravilhoso ser mae, conhecer e sentir este amor maior. Mas também é muito difícil,cansativo e desgastante...
E mães que são mães e país, que não tem ajuda da restante família, então aí faco-lhes uma venia, além do aplauso em pé.
Porque isso não é para meninas!!!
Nunca tinha pensado nisso até ter um filho. Depois de o ter, nos poucos momentos em que fiquei sozinha, ao ter que o entreter, fazer sopa, estender roupa, e ainda ter disposição para os mimos, pensei várias vezes "como é que uma mãe solteira consegue fazer isto sempre?" É obra!
Eu acho difícil ser mãe (com pai) sem rede de suporte, sermos só nós venha o que vier... Não consigo imaginar o peso desta tarefa completamente sozinha!
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