09 março 2013

Dos filhos que se têm, dos filhos do coração e não os filhos dos outros...

Esta semana, em conversa ao almoço, foi-me contada uma estória. A estória de um casal que queria muito ter filhos e não conseguia. Infelizmente, muito comum. A estória do sofrimento daquela Mulher, bombardeada de hormonas. O mesmo desânimo, penoso, a cada ciclo. Duas alegrias, duas perdas. O sentimento de incapacidade. Desistiram. Desistiram porque o corpo já não aguentava, porque a mente pedia paz, porque também, o factor económico não permitia mais que se insistisse no que a Natureza escolheu negar. Desistiram de ter um filho de sangue, decidiram ter um filho de coração. Escolheram a adopção. Sem restrições de cor, sexo. Pediram apenas que lhes fosse entregue uma criança até aos 3 anos. Mais nada. E agora, esperam. Há muitos meses que se transformaram em anos, pelo filho que será deles... Há uns tempos, a minha querida Magui tocou nesta questão, na dos filhos do coração. Se se amaria menos um filho porque nos foi depositado nos braços e não tirado do ventre. Aqui, lembro-me de outra estória que conheço de perto. Um filho nascido três semanas antes do divórcio dar entrada. Um filho que não é do sangue daquele Pai mas que em tudo se parece a ele. Gestos, expressões... Criou o filho de outro como dele. Quer aquele menino como se dele fosse. E depois, será que não é mesmo dele? Eu acho que sim, que é. Porque eu senti a minha filha ser arrancada de mim. Mas se me tivessem depositado qualquer outra criança nos braços, iria amá-la. Porque o amor de um Pai ou de uma Mãe não vem na carga genética de 23 cromossomas que se juntam a uns outros 23, células que se multiplicam e dividem e se instalam nun útero, confortavelmente. Em todo aquele DNA não vai amor. Esse, o que se nutre pelos filhos do ventre, vem do coração. Tal como o amor por um filho de coração... 

5 comentários:

Magui disse...

Clap clap! Nem mais! Eu amo o meu filho não porque o vi sair de mim, mas porque aprendo a amá-lo a cada dia! Tenho a certeza de que amaria qualquer um, os filhos são todos do coração! Adorei o texto! Beijinho enorme

MissLilly disse...

eu talvez seja mto radical e nao ligo mto aos lacos de sangue. O amor nao vem no dna de todo, talvez por saber que foi concebido por nos o sentimento seja diferente, mas acima de tudo importante o amor que damos e q recebemos em troca, com ou sem lacos de sangue.

raquel disse...

Nem mais!
Concordo a 100%!
Eu também senti o meu filho a ser arrancado de mim, mas também sei que o amo mais a cada dia. Muito mais a cada dia...

Valsita disse...

Exactamente!!!

Ana disse...

Penso exactamente assim, sem qualquer dúvida. Desde há muitos anos que desejo ter um filho não biológico, um que precise de mim como mãe e que me dê o amor de um filho, mas nesta questão o meu marido não partilha da mesma opinião. Parece-me até, mas posso estar a ser injusta, que a questão do sangue tem uma carga maior para os homens, tem maior importância. E penso muitas vezes que se eu soubesse agora que eu tinha sido adoptada, nada mudaria na minha relação como filha. O sangue dos meus pais corre-me, não porque tem a mesma carga genética, mas porque foram eles que me fizeram assim.