Esta semana, em conversa ao almoço, foi-me contada uma estória. A estória de um casal que queria muito ter filhos e não conseguia. Infelizmente, muito comum. A estória do sofrimento daquela Mulher, bombardeada de hormonas. O mesmo desânimo, penoso, a cada ciclo. Duas alegrias, duas perdas. O sentimento de incapacidade. Desistiram. Desistiram porque o corpo já não aguentava, porque a mente pedia paz, porque também, o factor económico não permitia mais que se insistisse no que a Natureza escolheu negar. Desistiram de ter um filho de sangue, decidiram ter um filho de coração. Escolheram a adopção. Sem restrições de cor, sexo. Pediram apenas que lhes fosse entregue uma criança até aos 3 anos. Mais nada. E agora, esperam. Há muitos meses que se transformaram em anos, pelo filho que será deles... Há uns tempos, a minha querida Magui tocou nesta questão, na dos filhos do coração. Se se amaria menos um filho porque nos foi depositado nos braços e não tirado do ventre. Aqui, lembro-me de outra estória que conheço de perto. Um filho nascido três semanas antes do divórcio dar entrada. Um filho que não é do sangue daquele Pai mas que em tudo se parece a ele. Gestos, expressões... Criou o filho de outro como dele. Quer aquele menino como se dele fosse. E depois, será que não é mesmo dele? Eu acho que sim, que é. Porque eu senti a minha filha ser arrancada de mim. Mas se me tivessem depositado qualquer outra criança nos braços, iria amá-la. Porque o amor de um Pai ou de uma Mãe não vem na carga genética de 23 cromossomas que se juntam a uns outros 23, células que se multiplicam e dividem e se instalam nun útero, confortavelmente. Em todo aquele DNA não vai amor. Esse, o que se nutre pelos filhos do ventre, vem do coração. Tal como o amor por um filho de coração...
09 março 2013
Dos filhos que se têm, dos filhos do coração e não os filhos dos outros...
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5 comentários:
Clap clap! Nem mais! Eu amo o meu filho não porque o vi sair de mim, mas porque aprendo a amá-lo a cada dia! Tenho a certeza de que amaria qualquer um, os filhos são todos do coração! Adorei o texto! Beijinho enorme
eu talvez seja mto radical e nao ligo mto aos lacos de sangue. O amor nao vem no dna de todo, talvez por saber que foi concebido por nos o sentimento seja diferente, mas acima de tudo importante o amor que damos e q recebemos em troca, com ou sem lacos de sangue.
Nem mais!
Concordo a 100%!
Eu também senti o meu filho a ser arrancado de mim, mas também sei que o amo mais a cada dia. Muito mais a cada dia...
Exactamente!!!
Penso exactamente assim, sem qualquer dúvida. Desde há muitos anos que desejo ter um filho não biológico, um que precise de mim como mãe e que me dê o amor de um filho, mas nesta questão o meu marido não partilha da mesma opinião. Parece-me até, mas posso estar a ser injusta, que a questão do sangue tem uma carga maior para os homens, tem maior importância. E penso muitas vezes que se eu soubesse agora que eu tinha sido adoptada, nada mudaria na minha relação como filha. O sangue dos meus pais corre-me, não porque tem a mesma carga genética, mas porque foram eles que me fizeram assim.
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