Perguntei se me chamava. Se estava feliz. O que tinha feito. Ouvi-a lá atrás, no telefonema, às risadas e em correrias com o Primo. Ouvi a gargalhada do meu Pai. Soube e senti que estava tudo bem. Soube que a minha Filha não é minha, mas de mim. É cada vez mais do Mundo. Perguntei se me chamava na hora de adormecer, na hora de fazer os "chiquis" de nariz. Disseram-me que não. Francisca está feliz. Na terra que, além de minha, é também a sua e onde tem as raízes mais profundas que algum dia lhe poderei dar. Respirei fundo, em paz, num sentimento de quem percebe que não é indispensável, mas sim insubstituível, porque me dizem que há cantilenas, manhas, expressões que a eles lhes são indecifráveis, mas que eu, ah eu que tão bem as sei, tal como a curva do seu pescoço, o desenho do seu sinal na perna, o cheiro do seu cabelo, as curvas do seu sorriso. Francisca está feliz. E existe algo na sua capacidade de lidar com a ausência do meu regaço que me tranquiliza e me assusta, que me dá paz e desassossego. Acredito que estou a criar uma Menina que se virá a tornar uma Mulher de coração bom. A minha Filha não é minha, mas será sempre de mim. E cada vez mais, quero que seja do Mundo e que ajude a fazer dele um lugar melhor. Porque no meu pequenino Mundo, aquele que começa e acaba no meu umbigo, Francisca é o todo.
23 julho 2014
Sometimes I get lost inside my mind…
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1 comentário:
Que texto lindo... Vê se os começas a guardar num livro porque ela um dia vai gostar de te ler!
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