Como quase todos da minha geração, li Sophia na Escola. Não foi "A Fada Oriana" que me marcou a memória e muito menos "O Cavaleiro da Dinamarca". Foi um poema e um conto de um livro. Até hoje, "História da Gata Borralheira", do livro "Histórias da Terra e do Mar", vive na minha memória. Marcou-me, profundamente, toda a estória e o destino final trágico de Lúcia. Assim como este poema, inolvidável para mim:
"Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento"
Ambos ocorrem-me quando ouço o seu nome. Assim como a imagem da sua casa na Granja, tão bonita, tão perto do meu Mar, que tantas vezes vislumbrei em manhãs de Verão. Sophia teve, felizmente em vida, todo o reconhecimento do seu trabalho e obra. Sophia, após a morte, continua a ser eterna.
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