[às vezes, tenho muito medo de ter trazido uma criança ao mundo. não sei bem que mundo lhe vou dar ou deixar. tenho medo deste mundo onde se assassina em nome de crenças. em nome de religião. em nome de um deus. em nome de fanatismos de qualquer espécie, seja religioso, politico ou social. às vezes, tenho muito medo de não ser capaz de transmitir a ideia de tolerância, respeito pelo espaço alheio e sobretudo um profundo respeito pela vida. às vezes, pergunto-me em que pensam quando carregam no gatilho. uma e outra vez. o que sentem. será que sentem? o que a imagem de um corpo a esvair-se em sangue lhes dá. será que lhes tira o sono? será que o último olhar trocado os atormenta? será que se explicam perante o espelho e perante o seu deus? perante a família? terão filhos a quem aconchegam a roupa à noite? terão pais a quem telefonam a perguntar como vai a vida? como será viver depois de dar a morte?]
Tenho medo de tudo o que seja próximo de verdades absolutas fixações, gente obcecada e fanática. O que aconteceu hoje na sede de um jornal em Paris não tem explicação. Não pode ter. E não me venham com a estória de gente doente.
1 comentário:
Excelente reflexão, como sempre!
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