Podia falar da alegria da Francisca a abrir as prendas e de como um "crash cart" oferecido pela Dona Fátima foi a prenda de que mais gostou, fazendo agora com que pergunte à Mómó se "podo oubire o teu coração, podo?" de estetoscópio em riste. Ou como lhe examina " osóbidos" e a boca. Mas o que verdadeiramente me ocorreu ao ver as ruas desertas foi que há muita gente, Pais, filhos, netos que não passam o Natal a assistir a estes pequenos episódios que tornam a vida doce. Médicos, Enfermeiros, Bombeiros, Policias e muitos outros que trabalham nesse dia. Para que todos os outros se sintam seguros. Para que todos os outros, rodeados da família, tenham um conforto que nem se lembram que lhes está a ser dado. Lembrei-me também de quem não pode sequer vir a casa por estar doente. Por estar longe e não ter possibilidade de ranhosar com a família que lhe calhou na rifa. E ao juntar todas estas peças e apesar de não gostar do Natal e este ano a coisa se ter mantido no mesmo registo, pude ver a minha Filha abrir os presentes. Pude perguntar-me como sobrevivi à e na desorganização da Tribo tantos anos. Pude fazer os quase 500 km que me separam de Casa para beber vinho e ver a cara da minha Tia em choque ao ver a velocidade com que desciam, o meu Pai tocar piano e viola para a Neta, a minha Mãe a cravar-me para lhe embrulhar os 5378 presentes que todos os anos arranja. Pude tomar ao pequeno almoço as filhoses amassadas e feitas pelas mãos da minha querida Avó, que se enternece com cada gracinha da bisneta. Por tudo isso, senti-me muito grata. Talvez seja isso o Natal, talvez no dia em que conseguir fazer com que a Francisca perceba o que eu entendo por Natal, então, talvez nesse dia, volte a gostar dele pelos olhos da Francisca, enquanto ela escuta o meu coração com um estetoscópio de brincar. O coração que bate por ela. O meu coração de Mãe.
25 dezembro 2013
Coisas que me ocorrem no dia de Natal...
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1 comentário:
Um coração grande, bom. Beijinhos nossos!
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