28 fevereiro 2014

O melhor do meu dia.

 
Escrever um Livro. Plantar uma Árvore. Ter um Filho.
Não escrevi um livro… mas escrevi uma tese de Doutoramento numa língua que não a materna e mais uns quantos artigos ditos científicos. Conta? Talvez não. Whatever… 
Plantar uma árvore… Pois… Até hoje, acho que a palmeira (nem sei se é uma palmeira a "coisa") que sobrevive habita numa das varandas, herdada da antiga vizinha de baixo, do antigo prédio, dois casais atrás, ainda não se faleceu graças à mão da Oksana. 
Tive uma Filha. O melhor do meu Mundo, o melhor de mim. A minha Filha. E não existe ou existirá árvore alguma que fosse capaz de me oxigenar mais. Ou livro que mais me inspirasse ou mais capaz fosse de me ensinar sobre o Mundo e sobre mim. E no fundo, perceber isto, foi o melhor do meu dia.  

A sério?!?!

A sério?!?! É uma nova modalidade na ida aos cabeleireiros?!?! 

Bom dia, bom dia e ai que estou cheia de comichões.

Hoje de manhã, a correr, atrasadíssima desta vida ( e o que há de novo no mundo, hein?), liguei o carro e o rádio, ou o rádio e o carro, não interessa a ordem cronológica, sim?. No Burgo onde habito, costumo trazer sintonizada a Comercial, pelo simples facto de que é das poucas estações decentes que apanho. Também apanho umas espanholas do melhor, que gostam muito de passar aquela épica moda "Burbujas de amor", que até se me abafo de agonia. O rádio é que apanha estas coisas quer dizer, não eu, só para esclarecer a coisa. Quando a Norte, costumo ouvir a Smooth, gosto muito. Mas estava a dizer que estava a ouvir a Rádio Comercial e calhou de estar a dar o "Homem que mordeu o cão" (é assim que se chama, certo?). Na minha modesta opinião, acho que já teve mais piada. Não sei, às vezes parece que aquilo sai a modos que um bocado a ferros e ahahah sou tão engraçado e tudo o que digo é hilariante (not!). Mas lá vinha eu a ouvir aquilo, selfies e coiso quando de repente começam a falar de piolhos. Qualquer coisa sobre o facto de existirem muito mais piolhos agora com a moda das selfies. E pelo meio, entre um "Francisca não dês chutos nisso que abres o vidro" e "sim a Mãe tem cuidado" (tão zelosa da minha condução a cachopa), para além de piolhos ouço qualquer coisa como ah e tal eu até tive um bem grande de estimação e isso era mas é uma carraça e não sei quê. Não sou o cúmulo da normalidade, mas caramba, logo de manhã piolhos e carraças, senti-me num Zoo ou coisa que o valha. Nada contra Zoos, mas já agora que veio ao de cima, também não aprecio. Leões são para andar na selva, não a rebolar numa jaula. Adiante e resumindo: com tanta conversa de piolhos e carraças deram-se-me umas comichões no couro cabeludo, abafos e estou até agora a coçar-me. É que dissertações sobre essas coisas fazem-me chocapics na cabeça e fico em modo toda comichosa. 

27 fevereiro 2014

Adoro os dias de Oksana!

Um dos hobbies da Oksana é chagar-me a cabeça com a quantidade de roupa no meu armário e com o seu muito expedito: "ai se me servisse". Eu ouvia isto e panicava a modos que um poucochinho, punha-me logo a imaginar que eu virava costas de manhã e ela se entretia com os meus sapatos e vestidos, a desfilar casa fora. Sorte a minha azar o dela, a verdade é que usamos números muito diferentes (por acaso, agora que penso nisso, de sapatos não tenho a certeza… pâ-ni-co!!!). Na altura da mudança de casa, encontrei umas peças de roupa novas que a minha Mãe me tinha oferecido. Nunca as usei não por não gostar ou as achar horribillis, mas porque a minha Mãe tem uma qualquer patologia que se traduz em que quando compra roupa para os outros, acha que usam o XXL e toalhas de mesa, enquanto ela usa o S (e uma etiqueta a dizer vivam os refegos). Também não podia trocar que guardar talões é cena que não assiste na Tribo dos Meninos Perdidos. Adiante, que já me estou a perder na coisa. Oksana chegou, gloriosa, radiante, esta manhã. Entra-me casa adentro (após quase ter derrubado a porta de entrada, porque ainda não atina com a fechadura) toda contentinha e diz, no seu sotaque ucraniano: 
"P. olha para mim, com o vestido que você me deu! Devia estar muito gorda quando você comprou isso (detesto o você metido assim, como você, dá-me medos), fica-me mesmo muito bem, vê, vê." 
Apeteceu-me começar a correr corredor fora e fugir, mas estava de pijama vaquedo e já traumatizei o carteiro, achei melhor não traumatizar, para já, a vizinhança. E agora pensais, mas querias fugir porquê mesmo, Princesa sem Reino? 
Porque aquilo não é um vestido. 
É uma túnica.
E daquelas que não dá para usar como vestido, se me faço entender. 
... 
Uma túnica, não um vestido. 

Bom dia, bom dia...

As minhas "flores de gelo", que me aquecem ...

26 fevereiro 2014

O melhor do meu dia.

O cheiro do café acabado de fazer logo de manhã, enquanto o sono acordava de  mim, devagarinho. Hoje, sem dúvida, o melhor do meu dia. 

25 fevereiro 2014

Por o dedo na ferida.

Considero-me vaidosa e gosto muito de me arranjar, dos meus tarecos, dos meus sapatos, dos meus vestidos e trapos, mas nem sempre tenho tempo suficiente (ou faço por não ter) para me ver ao espelho com olhos de ver. Hoje, vi-me ao espelho. Sim, eu sei o que a balança diz. Sim, eu ouço o que me dizem e comentam, umas vezes na minha cara (e que eu agradeço profundamente) outras pelas minhas costas, em surdina. Sim, eu ouvi vários médicos chamarem-me repetidamente a atenção para o meu peso, que começava a roçar os limites do que era aceitável e as implicações que isso tinha em vários níveis. Sim, a minha Família e os meus queridos Amigos chamaram-me a atenção. Encolhia os ombros e assobiava para o lado, estavam todos errados, ómessa, nada disso, tudo normal e controlado. Hoje tive (parei) 5 minutos para me ver ao espelho. Vi as minhas olheiras sem estarem disfarçadas, negras, fundas. Vi a minha cara, magra, abatida, pálida. Vi os ossos da minha anca a perfurar a pele, as costelas salientes. Quem me conhece por detrás deste teclado e me sabe de verdade, sabe do meu passado com a anorexia nervosa e o que de mim levou. A questão é que eu não voltei a retomar contacto com essa "amiga".  Nem quero tão pouco que volte a entrar na esfera do meu Mundo. Deu-me muito trabalho  empacotá-la e mandá-la embora. Mas hoje uma Amiga voltou ao trabalho após a licença de Maternidade e a expressão dela não escondeu o espanto ao me ver na direcção dela. Por isso, para que nunca mais me volte a esquecer, fica aqui escrito: tenho de cuidar de mim. Se uns falam em perder peso porque precisam, eu falo em voltar a ter um aspecto saudável. E sim, hoje ganhei coragem para por o dedo na ferida e em vez de encolher os ombros ao que a balança mostra e me convencer de que é normal, escolhi aceitar que estou a roçar os limites do saudável. O corpo não tem raízes na Terra e o que eu mais quero nesta Vida tão bonita, é viver… muito! 

Diálogos soltos.

- Onde vais, Francisca?( enquanto empurra o seu carrinho sala para a frente, sala para trás)
- Vou às compras, Mánhe!
- O que vais comprar, Filha?
- Mananas (= doces) para ti, Mánhe!
(estou toda derretida) 

Refresh.

 
Aos bocadinhos, um dia de cada vez, um refresh. Neste cantinho, também, tão parte de mim. Keep it simple! 

20 fevereiro 2014

Hoje, sou Ucraniana.

A Oksana é Ucraniana. Por vezes, fala-me do seu País. Aquele onde deixou a Mãe a cuidar do Filho agora adolescente e uma Filha agora adulta, já Mãe. Aquele País lá longe e frio que deixou para vir para Portugal, para lhes dar um futuro melhor. Não viu nascer o neto. Não esteve presente no dia em que o neto soprou a primeira vela do seu primeiro bolo de aniversário. Não viu o Pai morrer e voltou para o enterrar, destroçada de dor. Por vezes, a Oksana fala-me do seu País. Hoje, falou-me do País que deixou para procurar uma vida melhor, com os olhos rasos de lágrimas. Com o medo na voz pela incerteza do que irá acontecer ao Filho, à Mãe, à Filha, ao Neto. Não pude assobiar para o lado. Não posso assobiar para o lado. Ninguém deveria continuar a assobiar para o lado, fazendo de conta que isto é um revival da Guerra Fria e que, eventualmente, tudo voltará ao seu lugar. 

Chuva

Gosto de dias de chuva. Dos meus dias de chuva. Mesmo que o sol me entre pela janela. Gosto dos cinzas. Do cheiro da terra molhada. Da paz dos dias de tempestade. Mesmo que o sol me entre pela janela. 

19 fevereiro 2014

O melhor do meu dia.

" Proof only". 
Deu muito trabalho. Levou-me muitas horas, durante muitos meses. Se vale(u) a pena? Sim. Não quero desistir de acreditar que sim, que vale (muito) o esforço e a dedicação. 

Crescer.

Francisca: 
Crescer. Crescer é uma armadilha, Francisca. Desde que o Mundo conhece o som do teu choro (ou o de qualquer outra criança), que se (te) pede que cresça(s). Em altura ou em peso, nas curvas dos percentis, logo tudo tão tabelado, tão delimitado e limitador. Pede-se que sejam adquiridas capacidades, reconhecer a voz da Mãe, responder a estímulos, sentar, andar, saltar, correr. Pede-se (exige-se) que se adquira a capacidade de respeitar e de seguir ordens, seguir os padrões da sociedade, tão tabelados, tão delimitados e tão limitadores. Todos pequenos (grandes) burrinhos, com umas belas palas ou óculos de Penafiel. Porque se interiorizou tudo o que nos foi pedido, exigido, tudo quase como o peso e a altura seguem as curvas dos percentis. E tu dizes que sim, que já és uma Menina grande e dizes que a Francisca calça porque já é crescida, a Francisca despe porque já é grande, a Francisca faz, a Francisca consegue sozinha. O tempo irá ensinar-te que muito provavelmente, sim, conseguirás fazer quase tudo por ti mesma. Pelo menos, espero que essa capacidade te corra nas veias. Acho-a muito útil para a vida dos crescidos. Francisca, o que tu agora dizes querer ser, grande, com menos de 3 anos, o tempo irá de certeza ensinar-te aquilo que se te dissesse hoje, não conseguirias perceber: crescer é uma armadilha, Francisca. Que começa na e desde a primeira golfada de ar. 

18 fevereiro 2014

Francisca conta o Livro da Selva.

Francisca conta o Livro da Selva: 
"lá lá lá, a Pantera e o Menino a dormir a sesta e vem o urso e aqui está a Mánhe." 
Estaria tudo bem no Mundo na versão do Livro da Selva da minha Filha, não fosse ela apontar para um elefante e dizer que era... a Mánhe.
...
...
...
Eu. O elefante. Eu. Toda eu graciosidade e graciosa. Eu. O elefante. 
... 

O frigorífico é que era!

Tenho alturas na minha vidinha em que meto na cabeça que hei-de ser uma pessoa organizada. Daquelas que até gosto de ver desfilar, com a agenda pónei (que já para aqui debitei sobre). Que de cada vez que acaba alguma coisa em casa, põe numa listinha, no telefone ou na tal da agenda ou caderninho, que levanta dinheiro para ir às compras, quase certo, porque já fez uma estimativa de quanto lhe custaria a lista elaborada e que não sabe o que é o ainda-ontem-fui-às-compras-mas-já-não-há-polpa-de-tomate-iogurtes-e-porra-papel-de-cozinha-ou-rolo-não-importa-também-não-há. De vez em quando, também meto na cabeça que vou ter um daqueles frigoríficos cheios de legumes e frutas e cenas e coisas coloridas e saudáveis, dignos de fotos instagramadas rede fora. Também gostava de ter um frgorifico daqueles que tiram sumo e pedras de gelo, o que me leva a pensar que os meus sonhos andam um bocado pela rua da amargura, que se lixe mas é o frigorifico mais o sumo com gelo. Mas pronto, de vez em quando gosto de pensar que poderia ter um frigorifico colorido e saudável, uma lista de compras decente para que nada se acabe no para ontem, dinheiro na carteira para não usar o cartão e assim evitar capotamentos cerebrais quando me decido a ver quanto tostão ainda tenho no bocado de plástico. Depois, dá-se-me uma coisa má, enfardo meio kilo de gomas, um café, dois copos de água e passam-me estes devaneios. 

17 fevereiro 2014

Ah, como é bom despertar…

Pior do que acordar com portas a bater, botas a bater nas orelhas (figurativamente falando) e gritarias diversas (que já por aqui me lamuriei delas), só mesmo acordar com violino. E agora pensais que bem, Princesa sem Reino, agora acordas com violino? Isso é para lá de chiquitérrimo. Até poderia ser. Mas não, não é. Deu-se-lhe uma coisinha qualquer muito má à catraia que habita no andar de cima e vá de praticar a coisa às sete, se-te. 7 da manhã. Pior ainda, porque acordei um bocadito assustada (e trombuda, upa upa) porque achei que estava um gato ou um qualquer animal uivador em sofrimento e agonia profunda. Após largos minutos de apreciação, percebi que afinal não, era "só" a cachopa a assasinar o violino. Ponderei ir bater à porta e explicar-lhe que mal por mal, minha querida, dedica-te a berrar todas as manhãs que o fazes com primor, bem melhor do que atacares assim o violino. Mas depois anda me acusavam de traumatizar a criancinha e tinha de pagar as contas da terapia. Maneiras que me fiquei a rosnar-lhe impropérios e a desejar que um destes dias o violino sofra um acidente e se faleça. 

16 fevereiro 2014

O zapping e o Domingo: Adeus, sanidade.

Fazer zapping. Num Domingo à noite. Primeiro no servico público (?!?). Depois, parar na Sic. Depois na TVI, onde crianças são sensuais a dançar kizomba. WTF?!? São crianças. Crianças!!! Vou beber mais um copo de vinho. E comer mais chocolate. E mesmo assim, vou padecer de pesadelos durante vários dias. 

14 fevereiro 2014

O Porto é...

(imagem daqui
Chuva e vento, muitos dias dos 365 (ou 366) do ano e um nevoeiro sublime, inexplicável. Francesinhas, no Aviz, no Piolho ou no Fase. É o sabor das Bifanas do Conga.  O rio Douro. A Foz. A Ribeira. Da Ribeira até à Foz e aquele azul de mar, tão meu. O Porto é o arco da Ponte da Arrábida. Ou a ponte Dom Luís, onde passa o Metro de brincar da minha Cidade. Ou qualquer uma das outras pontes de atravessam o (meu) rio de Ouro. É a Rua de Santa Catarina. A Rua das Flores. A Avenida Brasil. A Rua de Cedofeita. A Rua Álvares Cabral, onde se me avariou o carro pela primeira vez, em dia de São João. O Porto é o São João, a festa mais democrática que conheço, a rua é de todos e para todos. É os Aliados, que ainda me recordo de terem árvores frondosas e lagos (charcos) no meio, onde corria atrás das pombas. O Porto são também os autocarros da STCP, apinhados em dias de chuva e a cheirar a ressoado e aquela velhinha que todas as manhãs levava flores no 79 (há muitos anos), para deixar na campa da Filha, todos os dias, flores frescas, sem excepção "porque sabe Menina, era a minha flor que se foi e só assim a consigo ter perto de mim". O Porto é gente de "pelo na benta", que usa palavrões como quem mete vírgulas no discurso, mas sem malícia, não é defeito, é feitio. É a 31 de Janeiro, onde já me espalhei ao comprido, rua abaixo, do alto dos saltos. É a rotunda da Boavista e o atentado visual que para mim é a Casa da Música. Não gosto, pedregulho, meteorito espacial caído naquela zona. O Porto são os croissants da Doce Mar e os rissóis da Império. E as flores no Mercado do Bolhão, onde há sempre um sorriso e um pregão para levar e ouvir. O Porto é também o meu Dragão que já foram as minhas Antas, não tenho como dissociar. O Porto é o Vigorosa, nos pliés e demi-pliés que lá fiz. No gesso das pontas e nas fitas bem apertadas, por vezes não muito. O Porto é a VCI onde gastei muitas horas, onde tenho saudades de me irritar, onde já cantei e buzinei um pouco (só um bocadinho…). É a lembrança de ter subido aos Clérigos com o meu primeiro namorado, que coisa mais melosa e adolescente, mas ficou-me na memória. São as re-inventadas Galerias Paris e as caipirinhas. São os Biscoitos da Ribeiro, o cheesecake da Ribeiro, tudo da Ribeiro. Na dos Pinhais da Foz ou na dos Leões, mas esta última em competição com os éclairs da Leitaria da Quinta do Paço. O Porto é o vinho, mas que não se faz nem fica no Porto, mas é assim, é vinho do Porto. É o Teatro Carlos Alberto e as noites em que lá dancei, tutu de tule. É o Fantasporto. É fantasma da Mariana e da Teresa, tão presentes na Cadeia da Relação e que velam o Porto, do lado de lá do rio, na Serra do Pilar, num Amor de Perdição. Foi a Cidade que me viu nascer e crescer e viu nascer a minha Filha. É terra onde se chama alguém de morcão mas povo pouco dado a morconices, de gente de coração na boca, de finos e não de imperiais. É as saudades do meu dia-a-dia, extraviada a Sul. O Porto é de quem lhe quer bem e dele gosta tal e qual como é, naquele cinza pardacento ou num azul curvilíneo, nos seus morros e becos, na sua pronúncia, tão nossa, tão minha. O Porto é mais, muito mais, muito para além de e das palavras. O Porto, vive-se. Não se explica. Não se traduz. Não se ensina. 

Momentos que quero guardar (e talvez venha a ser o melhor do meu dia) .

Os caracóis da minha Filha. Gosto de lhe passar os dedos entre os caracóis enquanto lhe digo bom dia. De voz ensonada. Os caracóis da minha Filha que gosto de adornar com laços. Enquanto é a minha Menina. E gosta de correr para o espelho, depois de lho colocar e gritar (talvez não grite, mas de manhã o barulho é-me demais sempre) "Mánhe, olha a Paquica tão bonita!". Os caracóis tão bonitos da minha Filha. Gostava de poder eternizar pequenos momentos, como o revolver dos dedos nos seus caracóis, pelas manhãs. 
(A girl without a bow, is not a girl! E os laços da Lemon Hair Lovers, são para lá de amorosos! )

12 fevereiro 2014

De manhãs.

Durante alguns anos, todas as manhãs levava a minha Mãe para o seu trabalho. A minha Mãe tem carta mas não conduz, algo que nunca consegui perceber. Não implicava sair mais cedo, a minha Mãe trabalhava (e trabalha) a 5 minutos a pé da Faculdade onde estudei. Todas as manhãs, passávamos por um Infantário. Sempre por volta da mesma hora. Cedo. Todas as manhãs, a minha Mãe dizia que sentia uma pena enorme ao ver aqueles meninos pequeninos, aninhados no colo dos Pais, que os transportavam, tentando abrigá-los da chuva e do vento nas manhãs de Inverno. Todas as manhãs, dizia-lhe que a vida é assim, os Pais tinham de ir trabalhar, assim como ela e o meu Pai o tinham de fazer e tinham feito quando eu era pequena. Todos os dias, a minha Mãe me respondia que eu tinha tido a sorte de ter ficado em casa até aos 3 anos, fazendo (hoje vejo isso muito melhor) uma ginástica temporal incrível, para trocar turnos, sair a horas. Não guardo memórias desses dias. Em que a VCI talvez se chamasse outra coisa e onde os carros eram menos de um terço dos que hoje passam na Ponte da Arrábida todas as manhãs e todas as noites. Não guardo memória de andar no Fiat 127 e gritar "Mar, Pai… Maaaaaaar!!!", enquanto o meu Pai lutava contra os minutos para ir buscar a minha Mãe e a deixar num outro sítio, para um novo turno. Contam-me que sim, que delirava a cada travessia do Rio  Douro por ver o Mar à minha esquerda. Ou à minha direita. Nessa altura, também não sabia para que lado era a esquerda ou a direita e não me fazia diferença, sabia que ali era o Mar. Sabia que gostava do Mar, que me encantava. Hoje vi uma Mãe de manhã, já não tão cedo como eu via com a minha outras a deixarem as suas crianças para irem trabalhar. Porque como lhe dizia, é a vida. Lembrei-me dessas manhãs. Lembrei-me da Ponte da Arrábida. Lembrei-me do Engenheiro que quando a construiu, meio mundo achou que a ponte cairia, tal o arco que a sustentava. Lembrei-me da estória que conta que Edgar Cardoso se sentou debaixo da ponte e disse que se caísse, cairia com ele ali. Não sei se é verdade ou não, mas acho-lhe piada. Hoje, ao ver aquela Mãe com uma criança mais pequenina que a minha Francisca, lembrei-me de todas essas manhãs. Todas elas passado. Todas com o Porto como factor comum. O meu Porto. Nas saudades do meu presente. 

11 fevereiro 2014

Que... de-gre-do.

Há qualquer coisa de muito degradante em enfiar gomas nos bolsos, meta-las na boca muito disfarçadamente, mastigar sem mexer quase os maxilares e tudo para quê? Para que a minha Cria não queira também "mananas". Não é um acto de egoísmo, é uma questão da saúde da Piquena. 

10 fevereiro 2014

Serão as bichas os novos dentes?

Francisca queixa-se que lhe dói a barriga. Há dias que ouvia a ladaínha do "Mánhe, dói a barriga". Volta e meia, comida fora. Febre intermitente. Eu não percebo nada de maleitas infantis. Tempos houve em que quando não sabia o que era, apostava na máxima "são dentes, senhor". A única coisa que me ocorre agora é que são bichas. Bichas, sim. Sei lá, as crianças têm bichas, não? Insiste que lhe dói a barriga. E volta e meia, comida semi-digerida para a roupa e o mais que estiver no caminho de sucos gástricos. A-do-ro. De-li-ro. Pronto, estamos em casa. Francisca agarrada à barriga, amarela, olheirenta e encolhida a ver os "desanimados". Desanimada estou eu, pá. Eu sei que as crianças ficam doentes. Faz parte, têm de construir o sistema imunitário e eu secretamente desejo que o dela sejam bem melhor que o meu, que é uma nódoa de resistências. Talvez sejam bichas, sei lá eu. Também não vou em pressas para a urgência infantil porque honestamente a coisa (ainda) não se justifica a uma nova incursão no mundo maravilhoso das urgências pediátricas. Mas caramba, podia construir o sistema imunitário de sexta a domingo. Vai na volta e o sistema imunitário in construction dela tem um sentido de humor retorcido e acha que é giro ficar choné aos domingos e capotar a semana toda da Mánhe. Bem, vai na volta e agora em vez de dizer "sei lá o que é, são dentes" passo a dizer "não faço ideia do que seja, devem ser bichas". A coisa sobe de glamour com a idade, querem ver? 

09 fevereiro 2014

A culpa foi da amostra.

Depois de experimentar a amostra que me ofereceram deste fófinho, rendi-me. Já me rendi há algum tempo aos produtos da Caudalíe, uma vez que não são estupidamente caros, não fazem testes em animais e a minha pele gosta deles. E este, está à minha frente, neste dia de chuva e vento, à distância de um clique. Sim, porque achei que aos 30 deveria poderia começar a usar um creme de noite. E este é divinal. Click? Eis a questão ou como alguém que eu conheço diz: "first world problems…". 

08 fevereiro 2014

O cúmulo do fino.

A minha vizinha de cima. Quanto mais não seja, aspira a casa de saltos altos. É finesse a mais para mim. 

07 fevereiro 2014

As agendas são o meu "wannabe"

Encanto-me com agendas. Daquelas hiper-personalizadas. Com capas forradas de tecidos e folhas de papel pautado. Se calhar não são bem agendas, serão assim mais uma espécie de cadernos A5. Não, espera, são agendas, porque têm os dias e o mês num dos cantos da folha. Mas não têm aquelas divisões por horas que me dão pavores e pânicos. Não gosto nada daquela coisa das linhas a separarem os dias em horas, milimétricos e a dar a ideia de que a vida acaba às 18h ou às 19h. Mas gosto imenso daquelas agendas que dizem apenas o dia do mês e da semana. E poupem-me às que metem as luas. Não tenho pachorra para essas coisas de luas e cortar o cabelo na lua assim faz crescer mais e na lua não sei quantos faz pipocas. Agora lembro-me daquele "mito"das luas e dos partos. Uma vez perguntei à minha Mãe se notava alguma coisa quando a lua mudava, se punha mais bebés neste mundo. A minha Mãe respondeu que não era astrónoma e sabia lá que lua estava quando tinha mais grávidas do que a conta. E nisto, já me perdi. Se calhar, precisava mesmo de um desses caderninhos ou agendas ou aquelas coisas mega-fófinhas de capas de tecidos super hiper giros. Era capaz de ser uma pessoa mais orientada das ideias. Bem, pelo menos podia fingir com estilo que sou extremamente organizada e orientada da vida. 

06 fevereiro 2014

As revistas da cusquice e eu.

O que eu gosto mesmo nas revistas da cusquice é toda a envolvência da coisa. Eu explico: não, não são as estórias sórdidas, a lavagem de roupa suja na via pública, as estéticas novas oh-my-eyes, quem vai parir de novo ou quem vai assinar os papéis desta vez. Não, não é isso. Claro que também gosto de ver as roupinhas e sapatinhos e muitas vezes até que se me enche o ego, porque penso cá com os meus botões que eu, com 1/10 do orçamento  daquelas alminhas, ando mais apresentável que alguma gente "jeite seben". Mas pronto, isso são coisas cá minhas, que quando preciso de uma injecção de auto-estima, me dedico a pensar que "não se vistam às escuras "milheres", coisas más acontecem!" Mas também não é isso que eu gosto mesmo, mesmo. O que eu gosto mesmo mesmo é de ir ao Pingo Doce (eu gosto muito do Pingo Doce, apesar de não saber ao que isso agora interessa), me encostar perto das caixas de revistinha na mão e ver o ar das velhinhas que por mim passam. "desavergonhada, até se encosta a ler a revista". Ou " se tem algum jeito, aposto que não vai comprar a revista". Também há a versão "mas que grande lata". E depois há as que olham de alto abaixo e abanam a cabeça, com aquele ar de "francamente". Pois que eu estou-me a borrifar. De verdade. Adoro ler as últimas estorietas da chamada imprensa do coração de borla (eu tenho acesso à internet mas não é a mesma coisa, não me contrariem) enquanto apoquento umas quantas almas. Sim, eu sei, quando morrer vou para o Inferno. Mas, para atenuar um bocadinho a minha condição de "devias era ter vergonha", confesso que, muito de vez em quando, lá trago uma comigo. A revistinha do coração não é só um excelente boost de afinal-não-estás-assim-tão-mal como é, pasmem-se, excelente leitura de casa de banho. 

É todos os anos a mesma coisa.

Sempre os mesmos emails com promoções "fantásticas" para o dia de São Valentim, tipo umas cuecas vermelhas e uma caixa de chocolates em forma de coração, com o brinde de azia diversa. Sempre a mesma coisa all over the internet e corações vermelhos e merdas tipo "Lov u". Ainda para mais, fazem os corações todos perfeitinhos e simétricos e coiso, o que não corresponde, de todo, à realidade. O coração é um órgão assimétrico, imperfeito diria eu, e não, não é todo cutchi cutchi rosinha pónei. Não tenho pachorra. Nunca tive. Cada vez tenho menos. Hoje de manhã dei de trombas com uma coisas qualquer que dizia que Fevereiro era o mês dos amores ou do amor ou do raio que parta. Eu cá acho que Fevereiro é um mês mais curto e que me dura mais o ordenado. Não há paxorra. De todo. 

04 fevereiro 2014

Bimby, a vaca. Literalmente.

(Tenho panca com vacas malhadas. Só com as malhadas, as castanhinhas não me puxam minimamente, nada, zero, bóia. Eu tenho uma Bimby, cujo copo foi usado para fazer sopa. So-pa. Ahahah achavam que ia dizer que tinha feito um manjar pónei mas eu fiz mesmo foi sopa e por isso o copo não aparece nesta mui erudita imagem ruminante. A minha Bimby tem agora um suporte, a.k.a "coiso", que me deixa por a vaca da Bimby em cima da placa de indução e debaixo do exaustor, o que se veio a demonstrar ser coisa de muita utilidade, que os vapores da sopa, o prato mais confeccionado na vaca,  a subirem armário acima davam-me urticária severa. Tudo numa grande vacaria, manchas de vacas all over, assim muito à coisa de Rorschach. A minha Bimby é uma vaca. Literalmente. E a minha cozinha ficou (mais) kitsch. Tenho panca com vacas malhadas. Podia ser pior.)

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Posso dizer palavrões enquanto gargalho?

A maneira subtil como a minha sogra me explica que o meu lugar em casa é, tchanan: na cozinha! Por email, envia-me as novas promoções do "Lideler", assinalando o que acha que como boa dona de casa deveria ter e se me está em falta. Está certo. 


Sou velha de músicas...

Em casa da Tribo na minha meninice (eh pá, não foi assim há tantos anos, ok?), dia de Festival da Canção era dia de parar para ver. Em boa verdade, devia ser dos poucos eventos (está na moda a palavra evento. Há eventos para tudo, deu ma'libre) em que a minha Mãe se sentava no sofá a ver alguma coisa.  Cresci com algumas dessas músicas, das do Festival da Canção. Mais as dos tempos dos meus Pais do que propriamente as do tempo da Dina e trincas metidas em cestas de piqueninques. Depois, o Festival da Canção passou a ser qualquer coisa que já não passava lá em casa. Ficaram as velhas músicas. Agora re-inventadas. Tão antigas, tão de hoje. 
(…)
Na minha vida fui sempre um outro qualquer 
Era tão fácil, bastava apenas escolher 
Escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade 
Mas já passou, não sou melhor mas sou verdade 
Não ando cá para sofrer mas para viver 
E o meu futuro há-de ser o que eu quiser 
()

03 fevereiro 2014

Querida Mãe, Querido Pai...

então que tal? Nós andamos do jeito que Deus quer.  A toque de caixa, a toque de medicamentos. A vossa Neta voltou à Escola, feliz da vida. Sabem, a Francisca é uma criança fácil de deixar feliz. Eu cá acho que isso é bom. Não quero nunca que ela se contente com menos, ou pelo medíocre, mas se conseguir levar vida fora a capacidade de ser feliz em coisas simples, vai ser capaz de sorrir abertamente mais vezes ao dia no que o futuro lhe guarda. Hoje quando acordou a primeira coisa que me perguntou foi se a Escola hoje estava aberta e se podia voltar para lá. Devorou o pequeno-almoço num ápice com a promessa de que sim, hoje voltava à Escola. E que sim, podia levar a Nenuca que vocês lhe deram. Não se preocupem, a miúda é rija. Tudo lhe pega mas ela pega nas bichezas (bem mais depressa do que eu) e as manda borda fora. Entre os dias que passam menos mal, lá vem um que nos dá mais que fazer. Tenho pena que ainda não tenham toda a disponibilidade de tempo para serem Avós. Que o Pai faça todos os meses contas em quanto perderia se se reformasse antecipadamente.  E todos os meses, chega à conclusão que não se reformará tão cedo. Tenho pena que chegues a casa sempre tão tarde, Mãe e acabe a falar contigo 3 minutos numa chamada Skype que roça o surreal, enquanto me preparo para deitar a Francisca e vocês se preparam para jantar. Tenho pena que ainda não possam ser Avós a tempo inteiro. Ou Avós apenas quando o meu tempo se consome em minutos que perco não sei muito bem onde, entre uma gripe e outra coisa qualquer. Porque nos dias que passam menos mal, querida Mãe, querido Pai, não me lembro tanto da distância e do tempo que vos foge como Avós. Mas nos dias em que há algo mais que fazer, volta-me à ideia o que sempre repeti (e que vocês me incutiram): desenrasca-te. Afinal, a vida é toda ela uma sucessão de desenrasques, não é? Uma pessoa desenrasca-se para sair de casa de manhã, desenrasca-se para chegar (minimamente) a horas, desenrasca-se para que nada falte em casa, desenrasca-se para ser Mãe e a melhor que consegue, desenrasca-se de enrascanços variados… só nunca se vai é conseguir desenrascar do enrascanço final, mas isso são outros quinhentos. Querida Mãe, querido Pai, então que tal? Nós andamos do jeito que Deus quer. Mas um dia, querida Mãe, querido Pai, não andaremos mais do jeito que Deus quer. Andaremos ao nosso ritmo, nos nossos dias, do jeito que se quiser. Mesmo nos dias que trazem na algibeira algo mais que fazer. 

O mal é a roupa suja.

O que eu queria agora era uma botija de água quente. E que alguém me enfiasse na cama, me desse um cházinho quente com uma bolachinha ou um croissant com fiambre e dissesse para estar descansada, não me preocupar com nada e dormir. Em vez disso, arrastei-me da cama para fora, dei de comer ao cão e ao gato, vesti-me, vesti a piquena, dei-lhe o pequeno almoço, preparei-lhe a mochila para levar para a escola, mediquei-a, mediquei-me, deixei-a na escola e agora estou a tentar fazer algo de útil. Mas as letras dançam-me numa valsa estonteante, pesa-me a cabeça, não sei que vou fazer de jantar para alimentar a criança e esqueci-me de por a máquina da roupa a lavar, grande merda, é o meu drama de hoje, a máquina carregada e eu não carreguei no botão. O que eu queria agora era mesmo qualquer coisa que não o que tenho. Lamento, mas isto hoje não sai nada de inspiracional, bonitinho ou fófinho. Estou farta de doenças, achaques diversos, panelas e roupa para lavar. Sim, o pior é mesmo a roupa para lavar. Ou não.