O que eu gosto mesmo nas revistas da cusquice é toda a envolvência da coisa. Eu explico: não, não são as estórias sórdidas, a lavagem de roupa suja na via pública, as estéticas novas oh-my-eyes, quem vai parir de novo ou quem vai assinar os papéis desta vez. Não, não é isso. Claro que também gosto de ver as roupinhas e sapatinhos e muitas vezes até que se me enche o ego, porque penso cá com os meus botões que eu, com 1/10 do orçamento daquelas alminhas, ando mais apresentável que alguma gente "jeite seben". Mas pronto, isso são coisas cá minhas, que quando preciso de uma injecção de auto-estima, me dedico a pensar que "não se vistam às escuras "milheres", coisas más acontecem!" Mas também não é isso que eu gosto mesmo, mesmo. O que eu gosto mesmo mesmo é de ir ao Pingo Doce (eu gosto muito do Pingo Doce, apesar de não saber ao que isso agora interessa), me encostar perto das caixas de revistinha na mão e ver o ar das velhinhas que por mim passam. "desavergonhada, até se encosta a ler a revista". Ou " se tem algum jeito, aposto que não vai comprar a revista". Também há a versão "mas que grande lata". E depois há as que olham de alto abaixo e abanam a cabeça, com aquele ar de "francamente". Pois que eu estou-me a borrifar. De verdade. Adoro ler as últimas estorietas da chamada imprensa do coração de borla (eu tenho acesso à internet mas não é a mesma coisa, não me contrariem) enquanto apoquento umas quantas almas. Sim, eu sei, quando morrer vou para o Inferno. Mas, para atenuar um bocadinho a minha condição de "devias era ter vergonha", confesso que, muito de vez em quando, lá trago uma comigo. A revistinha do coração não é só um excelente boost de afinal-não-estás-assim-tão-mal como é, pasmem-se, excelente leitura de casa de banho.
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AhAhAh!
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