31 dezembro 2013

De 2013...

De começar e recomeçar uma e outra vez. De terminar o que não começou. De ciclos que se fecharam com esquinas para limar. De novas pontes para atravessar na incerteza da frágil gravidade que sustenta os sonhos. De cacos estilhaçados que foram sonhos e de sonhos que passaram a ser uma realidade melhor que a imaginada. De inícios e de fins, de dias de sol e dias cinzentos. De dias tempestuosos e sem norte. De dias que passaram, de dias que partiram e deixaram a marca do doce ou do amargo das horas. De lágrimas e de choro compulsivo e de risos até à dor de barriga e de sorrisos iluminados por estrelas cadentes. De doce no doce dos dias. De tudo o que compõe a vida, esse dom tão imperfeito e único. Assim foi 2013. Que 2014, que começa dentro de algumas horas, assim seja, de vida. Com tudo o que ela quiser trazer para colorir os dias ainda em branco. Mas, sobretudo, "que seja doce". Feliz Ano Novo! 

Cenas de mudar de casa #8

Eu tinha uma placa de indução. Eu queria continuar a ter a placa de indução no novo pardieiro. Papá faz a vontade da Menina. A Menina arranjou um tampo de madeira para colocar a dita e retirar a horrorosa de gás que cá estava. Papá apanhou-me fora de casa em torturas de supermercados com a Mamã. Papá achou boa ideia cortar a pedra. Papá anda de rebarbadora no que já foi uma cozinha e agora é uma nuvem de pó. A Tribo chegou. 

30 dezembro 2013

Cenas de mudar de casa # 7

A sogra decide esfregar as pinturas rupestres que a neta fez nas cadeiras. Com um pano molhado. Moral da estória: janta-se com o pandeiro em cadeiras ensopadas. Só para abrir a pestana. 

Cenas de mudar de casa (junto com festividades) #6

Vais à varanda. O teu sogro está sentado numa das cadeiras de robe para o povo que passa na rua apreciar. A tua sogra dobra cuidadosamente as tuas cuecas, sob o olhar atento do elemento masculino da Laland. A vizinha do lado estende roupa e diz bom dia. A tua sogra responde ao cumprimento. O teu sogro pergunta em alto e bom som "quem é?", ao que a tua sogra responde ainda mais alto "sei lá, uma moça da casa ao lado". Saltar da varanda não é opção. Shit. 

Cenas de mudar de casa #5

A chegada da censura undercover com o ah-e-tal-vamos-ajudar-mas-que-maravilha-tudo-pronto-e-arrumado-e-estás-com-má-cara-estás-doente? ( não, "só" passei 4 dias nos jogos olímpicos das limpezas e arrumações).
Parte I: Lalaland arrives. Laland gostar e dizer muito alto para todos os novos vizinhos ouvirem. Mas Lalaland diz que fazia assim. Ou assado ou amarelo às riscas e azul às cores. Laland fala muito alto porque uma das personagens é meia mouca. Modo cave woman on e deixem-me estar 'sogadita no meu canto antes que pegue na vassoura,  o update da moca! Ahhhhhhh não mexe na máquina do café, xô, não a minha máquina do café nãaaaao!
To be continued... 

29 dezembro 2013

Cenas de mudar de casa #4

A Mofli foi ao "cabeleireiro". Tomou banho, aparou as guedelhas e as gânfias. Tudo para se estrear no nouvelle pardieiro. E eu? Eu preciso de ir arranjar as mãos. Tipo, para ontem. Assim, coisa de urgência! M'nhas ricas mãozinhas. Como diz a minha Avó, até para ser cão é preciso ter sorte. 

28 dezembro 2013

Cenas de mudar de casa #3

Aprendes que meter alguns peluches da tua cria na máquina de secar resultam em operações estéticas mal sucedidas em pelúcias... 

27 dezembro 2013

Coisas de mudar de casa #2

Apercebes-te, no meio do agora-vou-limpar-tudo-e-nada-escapa, que a tua Filha não gosta só do seu Cavalinho de madeira ( lindo, verde-menta, da Carrossel e se ainda não conhecem é uma pena) por ser giríssimo e über querido. Gosta também muito dele como sítio de eleição para colar macacos. Ai a minha vida....

Cenas de mudar de casa #1

Não saber onde ficam os interruptores. Limpar as mãos cheias de pó na parede branquinha imaculada à procura de o apalpar. Depois de não dar com a coisa e ter sujado a parede toda, optar por ir às escuras com esperança de não chutar nenhuma caixa, excepto a dos "copos da quermesse", assim baptizados pela Magui. 

25 dezembro 2013

Coisas que me ocorrem no dia de Natal...

Podia falar da alegria da Francisca a abrir as prendas e de como um "crash cart" oferecido pela Dona Fátima foi a prenda de que mais gostou, fazendo agora com que pergunte à Mómó se "podo oubire o teu coração, podo?" de estetoscópio em riste. Ou como lhe examina " osóbidos" e a boca. Mas o que verdadeiramente me ocorreu ao ver as ruas desertas foi que há muita gente, Pais, filhos, netos que não passam o Natal a assistir a estes pequenos episódios que tornam a vida doce. Médicos, Enfermeiros, Bombeiros, Policias e muitos outros que trabalham nesse dia. Para que todos os outros se sintam seguros. Para que todos os outros, rodeados da família, tenham um conforto que nem se lembram que lhes está a ser dado. Lembrei-me também de quem não pode sequer vir a casa por estar doente. Por estar longe e não ter possibilidade de ranhosar com a família que lhe calhou na rifa. E ao juntar todas estas peças e apesar de não gostar do Natal e este ano a coisa se ter mantido no mesmo registo, pude ver a minha Filha abrir os presentes. Pude perguntar-me como sobrevivi à e na desorganização da Tribo tantos anos. Pude fazer os quase 500 km que me separam de Casa para beber vinho e ver a cara da minha Tia em choque ao ver a velocidade com que desciam, o meu Pai tocar piano e viola para a Neta, a minha Mãe a cravar-me para lhe embrulhar os 5378 presentes que todos os anos arranja. Pude tomar ao pequeno almoço as filhoses amassadas e feitas pelas mãos da minha querida Avó, que se enternece com cada gracinha da bisneta. Por tudo isso, senti-me muito grata. Talvez seja isso o Natal, talvez no dia em que conseguir fazer com que a Francisca perceba o que eu entendo por Natal, então,  talvez nesse dia, volte a gostar dele pelos olhos da Francisca, enquanto ela escuta o meu coração com um estetoscópio de brincar. O coração que bate por ela. O meu coração de Mãe. 

24 dezembro 2013

Princesa sem Reino, que tendes a dizer neste Natal?

Isto:
mais isto:
e isto:
You can't always get what you want
You can't always get what you want
You can't always get what you want
But if you try sometimes well you might find
You get what you need! 
Bom Natal! 

A sério que não fui eu!

O Grinch pode não ter roubado o Natal...mas o temporal no meu Porto deixou a Tribo dos Meninos Perdidos sem luz! Ah, as maravilhas metereológicas! 

23 dezembro 2013

Sou a prima do lobo mau.

De vez em quando, entretenho-me a pintar os lábios de vermelho. Eu tenho a modos que aquilo a que se chamam lábios carnudos. De vez em quando, assim numa de ai-que-eu-sou-tão-fashionista-ou-melhor-tem-dias-poucos-vá, dá-me uma coisa e decido dar uso a um baton em que investi( pelo preço daquilo acho que já se considera investimento). Francisca mirou-me. Francisca disse em espanto " Mamã tens uma boca muito grande". Deveria ter respondido que era para a comer melhor, não é? Mas vai na volta e "quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...?". 

21 dezembro 2013

Solstício de aniversário

No dia mais curto do ano nasceu o meu Pai. No solstício de Inverno, nasceu o "Zézico", como alguns ainda o tratam, em Terras Transmontanas. É Homem de poucas palavras e de poucas demonstrações de afecto, mas de coração grande e ternurento, coração esse que já o atraiçoou. É o Avô da Francisca, o melhor Avô do (meu/dela) mundo. Hoje, faz anos. Está sentado no sofá com a Neta ao colo, com todo o tempo e disponibilidade que ela lhe exige. Por muito que me esforce e puxe pela cabeça, acho que, talvez, sejam momentos assim a melhor prenda de aniversário possível. No dia mais curto do ano nasceu aquele que viria a ser o meu Pai. Hoje, cantam-se parabéns. E que se cantem por muitos mais solstícios de Inverno. 

20 dezembro 2013

Todas acima?

Se eu deixar os Avós serem Avós e assobiar para o lado enquanto a minha cria é mimada ad nauseum, isso faz de mim uma Mãe:
a) burra todos os dias, porque quando as festividades terminarem vou ficar com uma criancinha impossível de aturar para meter na ordem;
b) esperta, porque aproveita para fazer sestas à mínima oportunidade, ir arranjar o cabelo e tomar café na paz;
c) idiota, porque acha que no pós-festividades bastam uns dois dias e uns quantos arregalanços de olhos para a meter em sentido;
d) sensata, porque já percebeu que não vale a pena discutir e bater pé com os Avós. Avós serão sempre Avós, não vale a pena ganhar (mais) rugas a bater no ceguinho;
e) todas acima mencionadas;
f) nenhuma das opções acima descritas. A coisa deve ser pior do que a que estou a pintar;

17 dezembro 2013

Brilhante!

in P3
Porque me fez lembrar uma conversa muito boa com alguém que me começou a ser muito querido! 

Um dia vou ser...

… uma daquelas Mães que quando tiram os filhos da cadeirinha, à porta da Escola, os tiram ainda impecavelmente limpos, ainda com o laço do cabelo (no caso das meninas) no sítio certo, todos au point. Sim, um dia vou ser capaz de não ter de limpar o ranho que foi arrastado para as bochechas no trajecto de 2 minutos casa-Escola ou restos de pasta dos dentes no canto da boca que me passaram ao lado nas pressas. Sim, um dia não vou ter de sacar da toalhita, quando existente, ou de um bocadinho de saliva, assim muito disfarçadamente, para limpar coisas infantis. Ou não. Muito provavelmente, fico mesmo pelo ou não, que manhã minha que se preze é desengonçada. Quem nasceu para lagartixa…

16 dezembro 2013

Abóboras que não viram carruagens e vai tudo à minha frente.

Se eu fosse uma pessoa prendada, não andava até hoje a ruminar a vaca da abóbora. Chamo-lhe vaca porque sou uma menina bem comportada e não me apetece a estas horas da manhã abrir a boca às tourettes. Pensando melhor, eu adoro vacas por isso chamar vaca à abóbora não combina. O importante a reter (não retenham, não vale a pena), é que eu sou um desastre na porra da cozinha. Maneiras que vos vou contar, após dias a digerir o último(s) desastre(s) na cozinha, o que sucedeu com a porra da abóbora. Sim, acho que já estou preparada para o fazer. (respira fundo) 
Aqui vai: 
1) havia abóbora congelada; 
2) havia muita abóbora congelada e estava a apoquentar-me; 
3) está a chegar a cena coise de Natal; 
4) por causa de 3, o ano passado fiz uns biscoitos terríveis; 
5) juntando 2, 3 e 4, achei que este ano eu estava uma super chef, depois de ver tanto master chef (a devorar gomas e meias de leite), que decidi fazer "compota de abóbora com nozes" para ofertar (atentai na palavra, ofertar é muito bom); 
6) fui comprar uns potes de vidro todos giros para enfiar o que resultaria de 5; 
7) o facto de ser na Bimby Maria que iria proceder à elaboração da coisa, indicava que 5 iria correr bem; 
8) porém, todavia, contudo, por causa de 1 e 2 a coisa saiu uma valente merda. Supostamente não se pode fazer compotas com cenas congeladas. No livro da Bimby Maria não dizia e eu não adivinho, está bem? Eu é que sabia que não podia ser congelada a porcaria da abóbora, pfff… Saiu uma cena meia pega monstros líquida com as nozes que me custaram 5 euros lá no meio. Os frascos que enchi na esperança de que a coisa solidificasse um poucochinho foram na vassoura as well;  
9) derivado de 8, mandei tudo para o lixo, enervadíssima da vida e a pensar que a porcaria da abóbora não me ia levar a melhor; 
10) derivado de 9, fui furiosamente comprar mais abóbora, desta vez fresca, e mais as tais nozes que me custaram 5 euros. Ainda tinha frascos póneis; 
11) voltei a acreditar no pressuposto nº7 e fui-me à receita cheia de fé; 
12) saiu tudo uma valente bosta, again, assim um pega monstros viscoso liquidíficado e as nozes, ai as nozes que me custaram 5 euros, lá pelo meio; 
13) Repeti 9, mas desta vez rendi-me à minha inaptidão culinária, fazendo questão de atirar com força os frascos para o saco do lixo, para que percebessem a frustração que a coisa  me causou. Óh que dor, eu não ter aptidões sopeiras (not).
Resumindo: arranjei mais uma maneira de me enervar com o Natal. Não sei fazer compotas, quero que as compotas vão para o raio que as parta. Acho que este ano vou dizer que a tradição ainda é o que era e ofertar (atentai de novo, que erudita sou, ofertar!) : um pack de 3 meias de desporto (daquelas com a raquete, estais a ver quais são?) para os senhores, uma saca de pout pourri a cheirar a remédio dos ratos para as senhoras. Ah, não é a época mais maravilhosa do ano? Hein?

14 dezembro 2013

Francisca, o que pensas sobre mudar de casa?

Deixa-me masé esconder debaixo da caixa antes que me ponham também a arrumar e a alombar coisas! 

13 dezembro 2013

Sonho de uma noite de mudanças...

... pegar no sabre de luz, dizer "may the force be with me"  e desatar a partir os copos de cristal horrorosos que me calharam na rifa. 

"Tens qualquer coisa partida dentro de ti"...

Há uns dias atrás, alguém trauteava uma música de Natal no estaminé. Perguntei, sorrindo, se estavam com vontade de morrer, assim, sei lá, à laia de me dar um ataque psicótico com os "queristemas-cároles" com que sou bombardeada nas poucas lojas onde entro, que só são poucas porque neste Terra do Inferno não há muitos e de onde saio depressinha, saía de qualquer das formas porque são horrorosas, mas com "queristemas-cároles" ainda sou mais lestinha das pernas. Maneiras que já me perdi. Bem, o que eu queria dizer era que há uns dias, após a minha saída Grinch, alguém me disse "tens qualquer coisa partida aí dentro, temos de te reabilitar". Não sei se foram estas as palavras ao certo, mas foram muito próximas disto. "Tens qualquer coisa partida dentro de ti". Quando a Francisca nasceu, disseram-me que eu ia voltar a gostar do Natal, que a (suposta) magia iria regressar. Tinha ainda a Francisca meses, eu recuperava de uma depressão pós-parto e decidi esforçar-me nesse ano. Fiz uma Árvore de Natal, daquelas até ao tecto, decorada a meu gosto, simples. Mas não senti magia nenhuma, não senti o que quer que fosse. Senti que tinha tido imenso trabalho a montar aquilo e que por mim ia directa como estava para a arrecadação quando chegasse o dia de Reis. Não senti o que me haviam prometido que haveria de voltar a sentir. No ano seguinte, ou seja, no ano passado, recusei-me a fazer Árvore de Natal, porque pura e simplesmente não o passo neste lado do País. Convenci-me de que a Francisca já tinha coisas natalícias q.b. na Escola e que teria em casa dos Avós a tal Árvore de Natal. Nesse mesmo ano, no ano passado, voltei a não sentir o que me haviam prometido regressar quando fosse Mãe. Não senti nenhuma magia. Não senti nenhum espírito mais aberto, mais sensível ou o que quer que fosse. O quente que senti foi dos copos de vinho que fui bebendo. Não senti que a alegria da minha Filha ao ver os presentes na mesa e as prendas embrulhadas de forma a serem mais apetecíveis, fosse diferente da que expressa quando lhe dou uma goma ou a levo a comer doces. Senti que estava alegre e feliz , tudo bem, mas a Francisca é alegre e feliz (quase) todos os dias, especialmente no mimo dos Avós. Este ano voltei a não fazer Árvore de Natal. Vou mudar de casa e para quem se choca comigo e com a minha inaptidão natalícia, uso esse motivo como desculpa para não me moerem o juízo, porque sinto que não sou obrigada a gostar do Natal e muito menos a ter de me justificar. Ninguém é obrigado a gostar do que quer que seja. Respeito imenso o lado religioso da época, apesar de me ter desligado um pouco ao longo dos anos. Mas não gosto do Natal. "Tens qualquer coisa partida dentro de ti". Talvez. Talvez algo se tenha mesmo partido dentro de mim há muitos anos atrás e nunca mais volte a sarar. E quando a Francisca crescer e começar a perguntar porque é que não tem Árvore de Natal em casa como os outros Meninos? O que irei responder? Como lhe vou explicar que a Mãe não gosta do Natal? Como irei explicar a uma criança que talvez a Mãe tenha mesmo algo partido dentro dela e que nenhum beijinho mágico cura dói-dóis sabe tratar? Não sei. Este ano não há Árvore e ainda não existem as perguntas incómodas. "Tens qualquer coisa partida dentro de ti". Talvez...

My only sunshine...

Esta noite tive um pesadelo. Ou um sonho estúpido, whatever, tanto faz. Sonhei com (um)a Francisca crescida, quase adulta, que questionava sobre a Mãe. Como era a Mãe? O que fazia a Mãe? Sou parecida com ela? Como era a voz dela, não me consigo recordar? Não me lembro do cheiro da Mãe... Acordei ainda era noite escura lá fora, meia atordoada. Francisca ressonava como gente grande no seu quarto de Menina (ainda) pequenina. Lembro-me de um dia ter lido ou ouvido algures que um recém-nascido nunca esquece a voz da Mãe. Não sei se é verdade ou não, mas também não importa no que eu acredito. Mas só por causa das coisas e de maneira a afastar ideias menos felizes da minha mente, Francisca hoje teve sessão matinal de discos pedidos. A Mãe cantou-lhe as pantominas todas que foram sendo pedidas. Com a minha voz tenebrosa mas que é a minha, a voz da Mãe dela. E porque eu não quero que Ela esqueça o quão mal a Mãe canta, cantei para afastar ideias menos felizes. E isso, fê-la rir e sorrir. E afastou todas as nuvens da minha cabeça, porque Ela é o Sunshine of my life, that's why I'll always be around... 
(claro que Francisca não pediu Stevie Wonder, foi assim mais coisas que metiam  comboios e giroflés giroflás, mas pronto... há-de chegar o dia em que talvez goste de saber   que a Mãe gostava desta música...)

11 dezembro 2013

Das "heranças" de outros Natais e chutos em calhaus...

Vinha eu no alto do meu salto (sim, tenho dores, mas já que as tenho de ter, prefiro tê-las de salto alto que de sabrina rasa), quando mandei um valente chuto num calhau do passeio. Apeteceu-me praguejar em voz alta mas, por estas bandas, as "virgulas" do Porto são motivo de boca aberta, por isso, esquece lá o praguejanço. Sem mais nem porquê, lembrei-me daquele filme que passa, ou passava, sei lá, não importa ao caso, todo o santo ano na televisão. Eu me confesso (açoitem-me) que o via e que cheguei a ter uma valente panca com o Capitão von Trapp, até descobrir que o senhor tinha idade para ser meu Avô (btw, o Christopher Plummer continua um senhor muito charmoso). Vá, não me lembrei do filme em si, lembrei-me de uma música (sim, açoitem-me com vontadinha, que eu vi tantas vezes o filme quando era miúda que anda hoje sei as letras de cor). Lembrei-me da my favourite things, numa versão da Jewel, de um álbum muito giro chamado "Once upon a lullaby", sendo que outras constantes do mesmo são lullabies d(n)a minha vida...
Raindrops on roses and whiskers on kittens
Bright copper kettles and warm woolen mittens
Brown paper packages tied up with strings
These are a few of my favorite things
Cream colored ponies and crisp apple streudels
Doorbells and sleigh bells and schnitzel with noodles
Wild geese that fly with the moon on their wings
These are a few of my favorite things
Girls in white dresses with blue satin sashes
Snowflakes that stay on my nose and eyelashes
Silver white winters that melt into springs
These are a few of my favorite things
When the dog bites
When the bee stings
When I'm feeling sad
I simply remember my favorite things
And then I don't feel so bad
E depois de me lembrar da música, pensei nas minhas coisas favoritas: o cheiro da minha Filha, o sorriso e o riso da minha Filha, as mãos pequeninas da minha Filha, a maneira chantagista como me chama de "Mamã, Mamã", gomas, lareiras crepitantes, vinho tinto, sangria, sapatos de salto alto novos em folha, o cheiro da terra molhada, o cheiro do meu perfume de sempre, o som da chuva a cair na janela, a Mofli... these are a few of my favourite things. E depois, já nem me apeteceu praguejar. Coisas idiotas de que me lembro mas que fazem dos meus dias dias meus.   
P.S- entretanto, cresci e descobri que eu de Maria tinha muito pouco, para não dizer, zero. Olha eu no meio do monte a cantar e com uma ranchada de filhos. Definitivamente, nada de Maria. Quando muito, dava mais numa de Baronesa...

Sometimes I get lost inside my mind...

Depois de enfiar no bucho o quinto café do dia, que durava há já não sei quantas horas,  sendo que tecnicamente o meu dia começou às nove menos um quarto (não há engarrafamentos no "campo",  só engarrafamentos para conseguir sair da cama, pesa-me o rabo partido), peguei no telefone e liguei para a minha Mãe (enquanto acendia um cigarro, coisa que ela faz de conta que não sabe que eu o faço), marcando o relógio dez da manhã. Em boa verdade, não tinha nada para lhe dizer de urgente, nada que justificasse ligar. Mas peguei no telefone porque me deu vontade de a ouvir, de lhe dizer alguma coisa, de lhe contar o tudo do nada dos meus dias, de lhe dizer qualquer coisa como está frio e acordei com o desumidificador a apitar às quatro e meia da manhã, tirou 16l de água em 24 horas, já viste que coisa maravilhosa de humidade naquele quarto? felizmente vamos mudar de casa em breve, para uma menos fria e menos húmida, pode ser que ajude para o desumidificador não tirar tanta água e apitar a meio da noite, porque  depois custou-me a voltar a adormecer. E a tua Neta tossia e tossia e tossia, tanto que estive quase para lhe ir buscar o Frei Luís de Sousa. Depois lembrei-me de um livro que li na Escola, Mãe, o "Felizmente há luar", sabes qual é? Nem sei porque me lembrei desse livro a meio da madrugada, nem sei se estava noite de luar ou não, mas lembrei-me desse livro e que gosto muito dele, da esperança do final e do felizmente há luar com que termina. Mãe está frio e eu estou com cafeína a mais para o teu gosto a correr no sistema mas estou a comer sono, Mãe, tenho frio e tenho sono, achas que ainda tenho idade para fazer birra? Deixas-me fazer um bocadinho de birra?". A minha Mãe atendeu-me com um "O que é que queres?". Respondi que nada, que era só para saber se estava tudo bem e que a Francisca hoje já tinha ido para a Escola, com tosse, mas é a vida. A chamada deve ter durado uns 30 segundos, porque o tempo corre sempre demasiadamente veloz no relógio da minha Mãe... Depois... depois,  dei por mim a pensar que tenho quase 30 anos e tenho idade para ter juízo e não ligar à minha Mãe para lhe falar de sonos interrompidos e livros que me aparecem na memória a meio da noite. E ainda dei ainda por mim a pensar que, apesar de levar  com um "o que é que queres?" é reconfortante saber que, eventualmente, ela atende do outro lado da linha. Mesmo que seja para me mandar na vassoura nos seus dias sem tempo a dissertações literárias e que sim, felizmente há luar... 

10 dezembro 2013

Ela cresceu...

E por isso, a foto do perfil deste estaminé, mudou! 
(espreitem aqui a e-motions phototgraphy!)

Uma questão de erres.

Francisca acha que se é para pedir, que seja em grande. Mas Francisca (ainda) não diz os erres, troca o "r" pelo "g". Francisca achou por bem pedir um Rei. Mas Francisca (ainda) não diz os erres, o que fez com que o seu pedido de realeza se transformasse num morde-bochecha-não-te-desmanches-a-rir. 

Coisas assim, coisas dos dias e de dias...

Edward Lewis: It's just that, uh, very few people surprise me. 
Vivian: Yeah, well, you're lucky. Most of 'em shock the hell outta me. 
(Pretty Woman, 1990) 
Há pessoas para tudo. Há pessoas boas, há pessoas más. Há pessoas puras e pessoas puramente horríveis. Há pessoas que exigem colo, há pessoas que pedem colo. Há pessoas que choram sem pudores, há pessoas que se trancam para chorar a solidão sozinhas. Há pessoas que sorriem sempre, há pessoas que levam a vida com a burra amarrada. Há pessoas coloridas, há pessoas cinzentas. Há pessoas alegres na tristeza e pessoas que da dor tiram alegria. Há pessoas para tudo e pessoas para todos. Há pessoas que são as minhas Pessoas, porque me são algo. Umas porque sempre o foram, outras porque começaram a ser, outras porque ainda espero que venham a ser. Há pessoas que me conseguem surpreender. Essas são as minhas Pessoas. 

08 dezembro 2013

Oksana opina sobre leggings.

Há já uns dias que andava atrás de umas leggings pretas que tenho, daquela marca, que diz que fazem aquilo. Não interessa ao caso. O caso é que as ditas estavam M.I.A , ponderando eu já o caso de as dar como desaparecidas no triângulo das bermudas que existe na Tribo dos Meninos Perdidos. Verdade seja dita que eu também não prezo pela organização, mas queria vestir as ditas leggings, e olha, biste-las. Hoje deu-me o aborrecimento enquanto Francisca roncava os seus 30 minutos de sesta de beleza e fui-me à gaveta dos pijamas. Andava a irritar-me porque não a conseguia abrir em termos. Puxão daqui, puxão dali, tira tudo fora, oh fuck eu tenho um pijama da Minnie?!?! e um pijama com um cão de olhos faz-me-festinhas?!?!? WTF?!?! Seriously??! Passado o choque inicial com os trapos que habitavam na gaveta empenada, vi-as. Dobradinhas. Viradas ao contrário e tudo por causa dos pelos que s'agarram às ditas. Oksana considera que leggings, independentemente de pusharem up o que quer que seja, é material para dormir, não para envergar rua fora. Mai' nada. 

05 dezembro 2013

Não, não gosto... Mas...

... a publicidade deste ano da Optimus respectiva à época de "coise" faz-me relembrar o que era o Natal quando eu ainda gostava dele. Há muito, muito, muito tempo atrás, em terras bem longíquas daquelas onde hoje me encontro (à laia de a long, long, time ago, in a galaxy far far away...). Faz-me lembrar o pão no forno feito pelas mãos da minha Avó, da noite gelada, da fogueira no centro da Aldeia e do céu, o céu estrelado que quando assim calhava de estar, era tão bonito, tão calmo, tão em paz. Porque sim, em tempos eu tive um Natal em que se ia à fogueira, não havia gajos de barbas a descerem por chaminés alheias, nem bolachas para a engorda (tanto que o Senhor meu Pai dizia para esquecer as bolachas e se eu queria mesmo deixar o que quer que fosse, antes uns copinhos de Tinto). Sim, em tempos houve o que eu, na minha modesta opinião, acho que deveria ser o Natal. Não o que aconteceu depois. Não o que é agora. E esta publicidade, leva-me de volta ao tempo da Menina dos cachos e cabelo pelas costas. Simples. Bonita. Pacífica. 

04 dezembro 2013

Caro gajo das barbas:

Eu cá não sei se tu és ou não dado a vingançazinhas pessoais, mas quer-me cheirar que sim. Não, não fui nem sou uma Menina boa, essas vão para o céu e eu gosto de andar a dar água sem caneco. Tenho uma wish list de coisas variadas que eu sei há anos e anos que não vais ser tu a botar no meu belo sapatinho de salto alto, mas sim o cartãozinho de plástico mágico. A Francisca não sabe, mas sei eu. Está descansado, que até ela crescer eu não lhe conto toda a verdade, deixa-a de fora do teu esquema, estás a ouvir? Estás a ouvir, gajo da barba branquinha? Agora lembrei-me: deves ficar com as barbas um nojo quando comes as bolachas e o leite que as criancinhas deixam cheias de felicidade. 'Ca nojo, só de pensar em leite azedo na barba, blach blach blach. Também podias comer menos bolachas, come granola ou assim, já tens uma pança de meter medo ao susto. Ah, e os teus óculos estão démodé, passa para lentes ou usa uma coisa mais feshione. E já agora, que raio de cinto é esse que usas, hein?!? É para quê, mesmo? Mas eu tenho em crer que és gajo de vingançazinhas, tenho tenho. É que até ver, desde que começou a dita most wonderful time of the year (shoot me), fui presenteado com o seguinte: parti o rabo, roubaram-me uma escova do limpa pára-brisas do carro e até que foram fófinhos, deixaram a que limpa a do lugar do morto, dá um jeito desgraçado; fiz alergia à cera da depilação (eu gosto pouco de ser macaca) e fiquei com as pernas em modo de sou-um-bicho-fujam. Agora, estou quase afónica e tu, só porque eu detesto o Natal, castigaste-me e puseste-me com o nariz versão Rudolfo. Deve ser porque de cada vez que a Francisca se põe com "o Pai Natal lai lai lai" eu tenho de me morder para não dizer coisas como "o Pai Natal cheira mal lai lai lai." A ver se a gente se entende: mim ser prima do Grinch, a Grincha que guincha. Se tens problemas com isso, põe na beirinha do prato. Ou escreve e processa-me, por não ter feito nem ir fazer Árvore de coiso em minha casa. É que sabes, não passo lá o dito e eu tenho mais que fazer do que controlar dois gatos, uma cadela e uma criança em ataques furiosos à dita. Aceita que eu não gosto do que o Natal se transformou em mim e segue em frente. Agora presentear-me com uma atrás da outra não está com nada pá!  Por isso, na remota hipótese de esperares que eu te mande uma lista de coisinhas que gostava de ter, da mesma apenas constaria isto: já chega de maleitas! Não há cú que aguente. E o meu já está partido!

02 dezembro 2013

De despedidas.

Hoje, o meu dia começou com despedidas. Despedidas de a quem me afeiçoei. Mais uma. Vão (re)começar a Vida num novo sítio. Vi o carro carregado com as últimas coisas. Vi as chaves na mão prestes a serem devolvidas. Não chorei. Atabalhoei-me com a verdade de que estava muito atrasada para não me desfazer no meio da rua. Dei abraços e beijinhos e o meu atraso segurou-me de choros públicos. Não expliquei à Francisca que o bebé Gonçalo já não ia mais estar na porta ao lado da nossa e que aquela mesma porta já não mais será a da Ticha, como ela sempre dizia quando saía ou entrava em casa. Disse-lhe para acenar e mandar muitos beijinhos. Não chorei. Hoje, está sol. Espero que a nova vida, a continuação da que hoje levam, seja assim, cheia de sol, cheia de "Blue Skies...". De despedidas e saudades se fazem, também, os meus dias. 

01 dezembro 2013

De pequenina...

Francisca ainda não percebe o que significa dar uma latinha de atum, pela sua própria mão, a um dos muitos voluntários que este fim de semana ajudam a alimentar o Banco Alimentar contra a Fome. Ainda não percebe que uma lata de atum fará toda a diferença a quem dela precisa. Também não percebe o que significa tudo o resto que está na saca entregue. Mas de pequenino(a) se torce o pepino e por isso, na esperança de que a coisa vá entrando, ficando, Francisca entrega a latinha de atum pela sua mão. Para ajudar a que haja menos barrigas cheias de fome. 

Coisas que antes me faziam confusão ...

... e que hoje aprendi a gostar, a apreciar e a ver quase como um sinal de estima, carinho ou coisa que o valha: ser tratada pelo diminutivo do meu nome. Aprendi a gostar. Hoje, começo a achar piada a ser tratada com o -inha no fim. Sinal dos tempos e do tempo que vai passando em mim e por mim. 

30 novembro 2013

Alimentem esta ideia!

Minha gente boa: 
este fim de semana ajudem a alimentar quem precisa. Porque barriga vazia não dá alegria. Para quem não tem sequer para por na mesa, por pouco que seja o que possam dar, esse pouco será certamente muito a quem verdadeiramente sabe o que é ter fome. Este fim de semana, alimentem o Banco Alimentar contra a Fome! O b r i g a d a !!!

29 novembro 2013

Está aberta a época da tortura.

Ela fala. Ela canta. Este ano Francisca já fala tudo e canta variadissimas modas. A última mete Pai Natal e sacos de prendinhas. Está oficialmente aberta a época de tortura: que comecem as festividades. 

26 novembro 2013

Diga bom dia com o carteiro...

Maneiras que hoje, atrassadíssima, atrasadérrima da vida, chegada tardiamente de mais uma viagem pelos caminhos de Portugal e oh pá já são horas de acordar, snooze para cá, snooze para lá, arruma mochila, arruma lanche, ressona aí mais um bocadinho Filha, que a tua rica Mãezinha está atrasada até à quinta casa, tocam-me freneticamente à porta. Assim como se um ataque de zombies estivesse iminente e eu pudesse salvar o planeta Terra. O meu apartamento não dá para abrir cá de cima nem perguntar o costumeiro "quem é?" (também, quando se pergunta, costuma ser o "eu", como dizia o Bruno Nogueira). Toca de descer os dois andares em pijama, porque achei (duh) que deveria ser alguém (bem) conhecido, tal o toque de "há fogo, fujam". Era o carteiro. Ora, eu em trajes pijamescos, com uma vaca ao peito a dizer "Moooooody in the morning" e o homem, esbaforido do frio, a perguntar se eu era a Senhora Mimimi enquanto me empurrava para dentro do prédio "entre, entre que está frio". Eu colada de sono, vaca ao peito e malhada nas pernas, meia estúpida a olhar para o homem que me estendia um papel e pregava qualquer coisa sobre letra legível. Cartinha registada dos senhores da ANSR a comunicar-me que sim senhor, pagou a coima voluntariamente (uma "multazinha" de "excessozinho" de velocidade, quem anda à chuva, molha-se, mea culpa, mea culpa) e vá, leva a sanção acessória com pena suspensa, isto dito no último parágrafo de 4 folhas em que li qualquer coisa como não respeitou, agiu de forma consciente, negligente e por aí fora. Está bem fófinhos, mea culpa, mea culpa. Podiam poupar no papel, digo eu. Mas a modos que eu estava mais colada no me ter aparecido o carteiro do que propriamente com a carta que sabia que haveria de chegar. Quero acreditar piamente que o homem se ria para fazer face ao frio e não pelo figurinha que fiz, do alto do meu pijaminha polar, de vaca ao peito a dizer "Mooody in the morning" e pelas minhas pernas de vaca malhada. Eu cá gosto de vacas, está bem? Das malhadas. Pelo menos, aqui não há essa publicidade, porque se fosse nos estates o homem ainda me tinha perguntado "Got milk?". Isto há manhãs dos demos, senhores! 

22 novembro 2013

Se se querem torturar, experimentem isto.

Partam o rabo ( cóxis). Continuem com a vossa vidinha porque é a vida das Mamíferas. Marquem consulta no dentista porque tem m e s m o de ser por causa da infecção prévia a rabo partido. Vão ao dentista. Aguentem hora e meia sem dizer " em vez de me anestesiar a boca, importa-se de me anestesiar o rabo?". 

20 novembro 2013

Porque hoje é Dia Nacional do Pijama.

Não voltarei a engravidar. Não terei mais bebés recém-nascidos nos meus braços, saídos do meu ventre, onde durante 9 meses lhes senti o movimento e ouvi batimentos cardíacos através de uma sonda colocada no meu ventre, a fazer ecoar aquele tum-tum-tum de Vida em mim e também ainda minha, até ao corte do cordão umbilical e à dor mais profunda que se diz poder sentir, a primeira golfada de ar. Porque não quero, por motivos meus e que só a mim e aos que privam comigo de muito perto dizem respeito. E estou no meu perfeito direito de assim o decidir. Tenho uma "Maria Paquica" maravilhosa, saudável, linda, perfeita. Mas por vezes, muito de vez em quando, penso que talvez, tal-vez, um dia, se sentir que sim, se assim o quiser, se a Vida a isso me conduzir, a Francisca venha a ter um irmão. Ou uma irmã. Sim, por vezes penso na adopção ou em ser Família de acolhimento. Eu sei que é um processo complicadíssimo, que nem sempre corre bem, que para alguns membros da minha Família seria muito difícil de aceitar, que para alguns encaixar esta ideia nem à marretada, mas por vezes, penso nisso. Hoje é Dia Nacional do Pijama. Infelizmente e para grande pena minha, a Escola da Francisca não aderiu à iniciativa. Hoje por ser Dia Nacional do Pijama e por também acreditar que "uma criança tem o direito a crescer numa família", dei comigo a vaguear neste caminhos da encruzilhada que consegue ser a minha mente. Não sei para onde a Vida me leva. Mas sei que há muitas crianças a precisarem de um colo, de um beijinho de boa noite e de um beijinho cura dói-dóis. Por isso, à parte a minha decisão pessoal no respeitante ao meu ventre, talvez, um dia, se a Vida por aí me levar, eu seja o porto de abrigo de uma dessas crianças. Porque o sangue que corre nas veias de todos não é o que determina os afectos e cria laços fortes e inquebráveis. Talvez. Talvez um dia. Ninguém sabe o dia de amanhã. E sim, sometimes I get lost inside my mind... 

19 novembro 2013

Pardon my french.

Resumindo a coisa: parti o rabo, ou seja, o cóxis. Ontem lá fui às urgências porque estava com bastantes dores e já eram tantas as alminhas a pedir-me para ir, que desta vez fui mesmo. Raio-X feito e pronto, tenho o rabo partido. Não há nada a fazer a não ser esperar que cicatrize por si, tomar uns drunfes e aguentar. Pareço o robocop a andar ou até poderia dizer que tenho um andar novo, mas isso poderia dar azo a outras especulações que não se coadunam com a situação actual. Tenho umas dores quando me sento que me fazem querer soltar imensos palavrões. Dor de rabo é uma grande merda, o que dito assim, não deixa de ser irónico. Se isto fosse com outra pessoa qualquer, eu ria-me, mas como é comigo, dá-me é vontade de ganir. Mandaram-me fazer repouso e eu vim trabalhar. É a vida. Além disso, tenho uma criança de dois anos e da última vez que reparei, repouso é coisa que, quando saio do que dizem ser a minha profissão e entro na minha profissão a 24 horas /365 dias por ano (não me venham com a treta de Mãe a tempo inteiro que eu, como todas as Mães que trabalham fora de casa, são-o), repouso é luxo gente! E eu não tenho nem tempo para luxos, nem tempo para me por a pensar nas dores que tenho.  Por isso, vou arrumar os meus tarecos, buscar a minha piquena criatura, cerrar os dentes e não chorar. Porque como a Francisca diz "a Mãe é muito "porte", a Mãe não chora". E sim, vou-me atirar à app do meu covil favorito  e comprar uma coisa qualquer, que é como quem eu diz, eu já sei bem o que de lá quero desta vez. Já que tenho de ter dores no rabo, ao menos tenho de arranjar alguma coisa para que me sirvam, nem que seja para fazer "order" numa coisa qualquer sob a capa do "é uma espécie de remédinho". Dói-me o rabo. E estou meia fodida da vida porque caramba, há merdas que parece que só me acontecem a mim. Pardon my french, sim? 

18 novembro 2013

Shit happens.

Tem dias que não percebo. De verdade. Devo ter um íman poderoso para desastres, que é como quem diz, quedas diversas, patologias variadas e azares que não lembram ao menino Jesus. Primeiro, apanhei uma infecção num dente e fiquei com a cara em obras. Depois, fiquei com uma gripe e com uma otite, passei uns dias muito zombie e em modo "não me apanham nas urgências a não ser que esteja com os pés na cova". Coisas da vida. Ontem já estava bem melhor, maravilha, de volta à "normalidade", oba oba, palminhas para a Miss Train Wreck. Depois, bem, depois foi a risada até às lágrimas, as lágrimas nos meus olhos que não deixei cair entre uns "ais" e uns palavrões que abafei para a piquena não ouvir e a criatura a correr casa fora a gritar " a Mánhe tem dói-dói no rabo". Basicamente, mandei uma valente cuzada, uma valente pandeirada com o pandeiro. Coisas que tem dias que acho que só me acontecem a mim, não percebo. Bem, lá gani o que tinha para ganir e fui-me sentar quietinha e com uns anti-inflamatórios no bucho. Passei uma noite de merda, com as dores. Hoje, levantei-me e com dores no rabo. Isto dito assim, parece muito labrego, por isso vou antes dizer que me levantei e constatei que continuava cheia de dores no cóxis (parece melhor, não?). Sentei-me para conduzir e ia vomitando com a dor, mas lá me arranjei e siga, vamos embora que isto não é vida. Mas porque é que estas coisas só me acontecem a mim? E a Francisca no banco de trás a dizer que "a Mánhe tem dói dói no rabo e na mão. Nas duas mãos". Pronto, trilhei um dedo há uns tempos e agora está todo negro e ainda estou a cicatrizar uma ferida que fiz há umas semanas, quando me deixei cair de tanto sono, devido a sua Alteza me passar a noite aos gritos. Voltando ao meu rabo, ou melhor, ao meu cóxis, para não ser estrebeira. Há muitos anos atrás, a andar de patins em linha, estalei o dito.  Lembro-me de ir às urgências arrastada pela minha Mãe e de me sentir bastante desconfortável com todo o aparato em volta do meu rabo. Passei um mês a sentar-me numa daquelas almofadas tipo donuts, muito à senhora idosa.  Nunca mais me armei em patinadora artística a descer a rampa só numa perna. Agora, aqui, não há Mãe nem as colegas da Mãe para me virem prestar auxílio. Estou a pensar, enquanto enfio no bucho mais uns anti-inflamatórios, se vou às urgências ou não. E chego lá e digo o quê? "Olhe, desculpe, era para as urgências de ortopedia, dói-me o rabo?" O cóxis desculpem. Ou digo, "olhe, caí e dói-me para burro o rabo a ponto de quase não me conseguir sentar? e me apetecer gregar com a dor?" Também posso dizer, "olhe fui de rabo ao chão e estou que nem posso". Parecem-me todas coisas muito giras de dizer à entrada da urgência.  Imagino a risota à minha volta e sei lá, a senhora da recepção a gritar para a triagem, "está aqui uma com dores no rabo, óh Maria". Maneiras que continuo aqui meia sentada, à espera que passe. Não me apetece ter gente à volta do meu rabo, perdoem-me, cóxis. Nem de me por de rabo para o ar para fazer raio-x ao dito. Para verem o hematoma (palavra fina, atentem) já eu o vi de manhã ao espelho e está uma categoria, fiz uma bela merda no rabo (lá se foi a finesse). O mais giro é que se isto não se tivesse passado comigo, não estivesse eu cheia de dores, também me ria como uma tolinha da situação. Sim, sou uma pessoa terrível. Mas sabeis que mais? Pimenta no cú dos outros é refresco. Literalmente. 

16 novembro 2013

E nem tirei ticket...

Maneiras que desta vez fui a ficar de molho com uma gripe e a bela da otite. Pelo menos desta vez, foi à vez com a piquena. Descobri que o algodão que enfiei no ouvido que gane é muito útil. Não só para não me doer tanto e proteger, como também serve para, em chamadas Skype across the country to the Lalaland land,  usar o escudo do "ai desculpe, não ouvi, é do ouvido, 'tá a ver?". Sim, sou uma pessoa terrível. Deve ser por isso que tudo me pega. 

11 novembro 2013

Outras coisas que descubro sobre mim no Facecoisa.

Cheguei também à conclusão, depois de abrir o Facebook após dias sem lhe por as vistas em cima, que sou uma pessoa do mais démodé possível, independentemente de me entreter a ver o que há de novo no meu covil preferido. Assim, passo a expor a situação: 
- não tenho uma horta ou mini horta biológica em casa. Eu nem uma planta consigo manter viva quanto mais hortas e alfazemas e mangericão para depois cozinhar. Talvez batatas fosse capaz, mas não estou muito para aí virada;
- também não me dediquei a ser "chef" na cozinha com as cenas biológicas que supostamente é in ter na varanda ou no parapeito da janela. Cozinho porque tenho de dar de comer à piquena, que eu sou pessoa de me manter a meias de leite, tostas e torradas. Se houver gomas, também dão sustento. O lema da minha "vasta" experiência culinária é "fast, cheap and easy" o que não se coaduna com alfazema biológica. E sim, eu até há uns tempos achava que alfazema se punha na roupa para cheirar bem e não na comida. Sou labrega, habemus pena;
- também não lhe dou na arte de empratar, tirar fotos bonitinhas do que confecionei e postar na tal rede, depois de as tratar com um programa específico para a coisa. Até porque o meu conceito de empratar passa por "chega aí o prato e diz quando está bom". Muitas vezes, vai tacho para a mesa e tudo, que isto de sujar muita louça, implica muita louça para lavar e a vida está cara; 
- descobri que tenho uma série de pedidos para fazer "likes" em diversas páginas de pessoas que conheço que se lançaram nos seus próprios negócios, fruto do que as suas mãos de fada sabem e conseguem fazer (às quais desejo o maior sucesso!). Ele é bolos, cupcakes, organização de eventos, roupas, adornos e coisas diversas. Já acima referi que cozinhar é cena que faço por necessidade. Tenho capacidade para organizar o meu dia, sendo que o alinhamento vai variando várias vezes ao dia, o que se fosse transposto para organizar um evento dava, a ser optimista, uma valente porcaria. Mas tenho o meu armário dos sapatos organizado, só para que conste. Quanto às outras artes manuais, tenho a dizer que tenho tanto jeito para as ditas, que o botão que caiu do bibe da minha rica filha e eu preguei, com afinco e dedicação (tradução de afinco e dedicação: a linha combinava), demorou 2 dias a cair de novo. Acho que este último facto diz tudo sobre o meu talento de agulha e linha.  
Estou ultrapassada. Out of style. Démodé. Mas tenho o meu armário dos sapatos organizado, está bem? E com sorte, tem alfazema por lá, para perfumar o ambiente. 

O Grinch chegou em Novembro.

Armei-me em pamonha e abri o Facebook (mas quando é que eu ganho coragem e acabo de vez com aquela porcaria que só serve para me vasculharem a vida?). Descobri umas quantas aves raras que hoje, aos 11 de No-vem-bro, Novembro!, já colapsaram na loucura do Natal e fazer a árvore e as luzes, ai as luzes nas ruas, vamos toooodos ver os enfeites nas ruas, ai espera ainda não ligaram as luzes, vamos todos para a Baixa ver como vai ficar lindo quando acenderem, também é giro ver assim apagado, obriga a puxar pela imaginação e depois lá voltaremos, quando ligarem o interruptor das ditas, a levar com frio no toutiço, que coisa tão linda, as luzes (shoot me). Fechei o Facebook (acho que estou cada vez mais perto de fechar a conta daquela merda, tanto que pelo meu perfil parece que morri e me esqueci de avisar, que sim pessoa decente no facebook até isso deve postar). Vou continuar a não fazer porra de árvore de Natal nenhuma em minha casa, que nem lá passo o dito. O facto de na Lalaland se apregoar que estão a fazer uma prenda "liiiiiindaaaa" e "enooooorme" para a minha cria faz-me temer pelo que aí vem. Mais pelo meu fígado do que pelas "tourettes" que se me irão acometer em surdina enquanto mordo a língua e me escondo na garagem com uma garrafa surrupiada ao meu Pai. Hoje são 11 de Novembro e eu já vomito o Natal. Ena, por uma vez na vida estou antecipada. Nem que seja a entrar no Grinch mode e p'lo amor da Santa pá estamos em Novembro, atirem-se aos cães!  E levem a Popota e a Leopoldina e o raio que as parta, sim? Agradecida. 

08 novembro 2013

Ai, que bem, que estou quase uma pessoa saudável e sopeira!

Eu gosto de rissóis. Gosto de rissóis de quase tudo menos de camarão, porque lhes faço alergias daquelas que se me falta o ar e me dão abafos. Mas gosto muito de rissóis. Só não gosto de ter de os fritar, que o cheiro a fritos entranha-se na pele e demora dias a sair, não importa a quantidade de vezes que se esfregue o cabelo e os azulejos. Um destes dias, comentava que tinha lá para casa uns rissóis tão caseirinhos e de bom aspecto e que desciam mesmo bem, mas que só de pensar em fritá-los, me passava a coisa. Ao que me disseram  que os podia fazer no forno, só tinha de os pincelar com azeite. Fiquei toda contentinha e a babar pelos ditos. Vai dái, ontem à noite armei-me em cozinheira e zumba com o pincel azeiteiro neles. Acho que exagerei nas pinceladas que lhes dei, mas isso agora não interessa nada. Ficaram comestíveis e foram todos com um belo de um arroz. Vá, o aspecto era assim molarengo e mau às vistinhas, mas sabiam bem, há que chutar para canto a parte dos olhos também comerem. Maneiras que é isto, estou quase uma verdadeira sopeira de mão cheia e a ser uma pessoa com uma alimentação saudável. De sobremesa, enfardei um café com sete ou oito bolachas de doce húngaro e uns drunfes para a dor de dentes. So much para a parte de saudável. E quanto a sopeirices, bem... o pirex dos famosos rissóis à lá forno ainda está na banca. Aquela visão de gordura, fez-me coisas cerebrais, calcei as minhas luvas cor de rosa pónei, muni-me do spray para a dita e borrifeio-o como se não houvesse amanhã. Mas de longe. Há coisas que não mudam. 

07 novembro 2013

O colo chegou pelo correio.

O colo da minha Mãe chegou hoje de manhã, numa grande caixa de cartão. Chegou enquanto eu me tentava calçar, ao mesmo tempo que tentava vestir o bibe à Francisca, que por sua vez chamava (gritava) pelo KikoNico (como se ele viesse ter com ela e dissesse"'bora pá Escola"), ouvir o que a Oksana estava a tentar dizer-me (qualquer coisa relacionado com uma notícia macabra lá do país dela, abanei a cabeça, funciona sempre) e raios parta a dor de dentes, desampara-me a loja.  O colo da minha Mãe chegou na forma de doce húngaro e croissants de que gosto, como eu gosto, como aqui não encontro. O colo da minha Mãe chegou com prendas para a Neta dentro da caixa de cartão, que chegou no meio da correria das minhas manhãs. O colo da minha Mãe chegou porque como ela diz, no seu ar frio e implacável de I told you so: "elas não matam, mas moem". Porque se calhar a minha Mãe percebeu que esta Mãe precisava de colo. E foi a maneira como conseguiu que chegasse até mim, nas doçuras das coisas de que também tenho saudades. 

06 novembro 2013

Coisas que devem ter uma explicação lógica mas eu não faço a mínima:

- porque é que os ataques de tosse infantis escolhem sempre, sempre, sempre o pós-meia noite para lhe dar com força?
- porque é que tenho uma dor de dentes estúpida ( eu sei a resposta a esta parte: fosses ao dentista quando devias, ursa medricas mariquinhas!) que, à noite, decide atormentar-me ainda mais do que durante o dia?
- porque é que aguardente diz que ajuda à dor de dentes se o propósito é bochechar e não beber? Se fosse beber até que percebia, bochechar só me dá cheiro de bêbeda sem o proveito. 
Maneiras que me doem os dentes e Francisca tosse. Mas só depois da meia noite a tosse dá o ar de sua (des)graça... é quando a pista abre. Mas a minha dor de dentes abana o capacete que é uma ma-ra-vi-lha! 

De realidades.

Quando era pequena, queria ser piloto de F1. Também passei por uma fase em que o eu queria mesmo ser, era Miss, daquelas que dizem que querem paz no Mundo, borboletas e acenam com a mão graciosamente. Seguiu-se uma fase em que o meu maior sonho era entrar nos "Jogos sem Fronteiras". Depois, voltei à parte de ser piloto de F1, até ao dia em que o meu Pai me acabou com o delírio, sem dó nem piedade, dizendo que não me poderia oferecer um F1, porque o carro era muito baixinho para andar ainda mais (aprendi anos mais tarde ser uma questão de aerodinâmica) e como no Porto havia muitos buracos na rua e ruas de calçada, o carter partia-se e estragava-se o carro. Foi inteligente da parte dele não referir a pipa de massa que a coisa custaria, uma vez que eu com 20 escudos me sentia a dona da minha rua e mais um par de botas. Fui crescendo sem saber ao certo o que havia de fazer de mim, sabendo apenas para o que tinha jeito e o que nunca conseguiria ou quereria ser. Aliás, há uma série de profissões para as quais eu seria dada como inapta ao fim do primeiro dia. Ou acabaria na cadeia. Um dia destes, do nada, a Francisca olhou para mim e disse, com todas as letras: "A Mamã é muito bonita. Gosto muito da Mamã". Não cheguei a ser piloto de F1. Não cheguei a entrar nos "Jogos sem Fronteiras" e ainda bem que a ideia de Miss me passou rapidamente do alto dos meus 5 anos. Não fui e fiz muito do que aos 5, aos 10 e aos 20 sonhei. Por muito que não se queira e se tente evitar, há sempre qualquer coisa que vai ficando para trás à medida que se cresce e os sonhos não chegam a tornar-se realidade. Mas há realidades que não se sonharam ou imaginaram que são melhores. Como ouvir dizer "A Mamã é muito bonita. Gosto muito da Mamã". Por incrível que pareça, dá mais adrenalina do que conduzir a alta velocidade.

04 novembro 2013

Eu, a nódoa do lápis de cera.

"Mánhe, faz uma Menina! Mánhe, faz uma cara!". Eu não sei desenhar. Não sei. Nunca soube. Não gosto. Não quero. O gato diz que não interessa e burro velho não aprende línguas. Mas mesmo assim, a criatura não desiste. "Mánhe, faz uma filori". Acho que ela ainda não percebeu que a Mãe tem uma grave falta de jeito para Giottos. Ou isso ou gosta de arte abstracta. Ou então, sendo que esta deve ser a mais provável, quer garantir que a comida lhe continua a aparecer à frente, tal o contentamento com os rabiscos que faço. Deve ser graxa. Só pode! 

Dos dias de saudades...

Novembro traz castanhas. Eu não gosto de castanhas. Não sei porquê nem porque não, mas não gosto. Nunca gostei. O magusto nos tempos de Escola nada de interessante me trazia a não ser o como esconder as 6 castanhas que me passavam para a mão embrulhas numa página das páginas amarelas sem me moerem muito o juízo. Nos tempos de Faculdade, bebia a jeropiga e alguém que comesse as castanhas, não era esse o propósito da coisa. Mas, gosto do cheiro de castanhas assadas no ar. Faz-me lembrar Santa Catarina  nos dias já frios de Novembro. Às seis em ponto aquele relógio, que quem conhece Santa Catarina sabe onde fica, tocava. Será que ainda toca? Sou má das minhas saudades de Casa. Santa Catarina faz parte de Casa. Tenho saudades de Santa Catarina em Novembro. Tenho saudades do "meu" Porto pardacento todos os dias, na luminosidade dos seus dias cinzas frios. 

01 novembro 2013

Princesa sem Reino, qual foi o teu primeiro acto...

... no pós-quarentena infantil (assim o espero)? Fui arranjar as mãos. E pintei as unhas de preto. E o mais estranho? Gostei. Guess black is the new... qualquer coisa. 

Porque o cerne é no in time.

Acho que devia lembrar-me mais vezes de que "and in time, this too shall pass". Francisca já aceita a comida muito melhor. Voltou a dormir decentemente, longe do perfeito mas está bom assim. para já. E o sorriso dela, voltou! Assim como a energia e ai que hoje já me tentou alimentar a mai 'belha com doce húngaro, que foi roubar da mesa. Porque no fundo, a questão está no "in time...", que por vezes faz de dias semanas. 

31 outubro 2013

Inconfessável...

Já não consigo ver baby TV. Eu estou em agonia. Eu agonio quando a Francisca pede para ver "os animados". Apetece-me pegar num bastão e ir-me à TV. Não tenho um bastão mas tenho o sabre de luz azul do Luke Skywalker o que faria do meu acto de desespero uma coisa muito geek. Mas depois não tinha dinheiro para outra e quando não há animados há coisas para mim. Nem que seja trash TV. Mas estou em agonia com a porra do baby TV. Definitivamente, estar fechada em casa atrofia-me os circuitos neuronais. 
P.S- A Francisca hoje está melhor :)

29 outubro 2013

Seringas, a minha Avó e Epás de fruta.

Até às quatro da tarde, a Francisca tinha comido 3 ou 4 colheres de cerelac. Ofereci de tudo e mais alguma coisa e nada. Chorava, cerrava a boca e nada na pançola da piquena. Nem gelado, nem leite com chocolate. Mas abria a boca para eu lhe enfiar ben-u-ron goela abaixo. A miúda curte à brava tomar xaropes, o que é um bocado sinistro mas isso agora não interessa nada. Lembrei-me da minha Avó. Quando o meu Avô teve o AVC e se recusava a comer, a minha Avó pegava num prato de Nestun, numa seringa e alimentava-o assim, não deixando que definhasse. Acho que foi isso que manteve o meu Avô vivo durante 4 anos após o AVC, a incapacidade de desistir da minha Avó. Mas quanto à pneumonia que acabou por o levar, não conseguiu lutar. Pus-me a pensar nela. Juntei tudo na cabeça. "Francisca, abre a boca. Olha o remedinho". E foi assim que lhe despejei, literalmente, um epá misturado com fruta de boião. Eu quero é que ela se mantenha alimentada. E se tiver de ser à seringa, à seringa vai. E sim, epá derretido com fruta pode não ser o mais saudável. Mas alimenta. E já tem mais qualquer coisa que 3 ou 4 colheres de cerelac na pançola. Graças à lembrança da minha Avó. Se é um método pouco ortodoxo ou sinistro? I don't give a shit. Uma pessoa faz o que tiver de fazer. E eu sou a Mãe dela. Faço tudo o que for preciso. Até alimentar à seringa. 

28 outubro 2013

São aftas, senhores...

Gosto muito de arrastar o meu real pandeiro para as urgências infantis desta Terra do Inferno. Deliro. É que para além do ir lá implicar que tenho a minha Cria mai'linda doente, é toda uma experiência alucinante que me faz querer beber copos de vinho às três da tarde. Seria cocktail hour nalgum ponto do planeta mas ainda não me desgracei a esse ponto. Maneiras que após dias sem comer, um hálito de levantar mortos para os assassinar de volta, muito choro, prostração e febre, vamos lá outra vez. Diz que é estomatite aftosa. Um nome pónei para traduzir a boca, garganta, língua cravejadas de aftas e gengivas em sangue de tão inflamadas. Diz também que é contagioso e Escola por uns dias nem pensar. Mas tem um lado bom, sua Alteza Sostra tem ordem médica para enfardar quantos gelados quiser. Ah, as maleitas infantis são todo um Mundo com coisas novas para descobrir. Acontece que eu gosto de descobrir coisas num laboratório, não propriamente no Mundo infantil.
(só quero que ela melhore que isto é uma  dor d'alma. sim, eu tenho disso)

26 outubro 2013

Coisas hi tech que uma Mãe em desespero descobre.

Descobri que o meu iPad serve para mais que fazer apresentações de defesas de Teses do Inferno, desvairar-me em compras online e ler as ultimas cusquices deste Mundo. Aprendi que serve para distrair criancinhas virosas e vomitantes enquanto lhe despejo pela goela a canja que aprendi a fazer à conta dos vírus infantis. Passadinha que se não vem logo fora, ou seja, uma água amarelada. A viola, o ursinho não sei quê, os dentes e outros. Descobri que o Ruca me dá azia mas deve ser psicológica, que a visão de tanto vómito e a visão de canja já me tira os apetites, quanto mais águas de aspecto duvidoso. Todos ao meu dispor no meu bichinho hi-tech fófinho. Serve também para entreter criancinhas durante um certo período de tempo a ver se a coisa fica dentro da pançola e não no meu cabelo, no chão, nos móveis e outros que tal. Ou não. 

25 outubro 2013

Dramas de canja entre doenças de criancinhas...

Ontem à hora de almoço fui buscar a Francisca à Escola. Vomitou o almoço e tinha febre. A Francisca quando faz febre faz coisa digna do nome, assim 39 que não vamos cá fazer por menos. Vim para casa com ela. Aguentou o lanche. Vomitou o jantar. Febre. O tradicional alternanço de 4 em 4 horas entre os também tradicionais medicamentos. Passou a noite no registo do costume mas com menos pujança. De manhã, febre. 39. Aguentou o pequeno almoço. Dormiu 30 minutos de sesta e almoço fora. Febre. Passeio nas urgências. O tradicional diagnóstico: virose. Maneiras que no meio disto tudo ainda (também) decorre o meu drama sopeiral: já perdi a conta às peças vomitadas que lavei, à quantidade de máquinas de roupa que fiz (agradeçam à minha rica Filha, chupistas da EDP!) e descobri ainda que não sei fazer canja. Nunca fiz tal na minha vida! Santa Bimby, desenrasca-me! Fui à procura de uma receita (um bocadinho a medo de encontrar um "seriously?!?que espécie de Mãe não sabe fazer canja?"). Mas encontrei e ainda descobri que a coisa desfia o frango por mim. Maravilha. Sou tão... domestically disabled que parece anedota. Por isso, rio-me. Porque no meio de tanto vomitado e supositório, aprendi a fazer canja. Ena, que prendada sou. Algo me diz que a canja-da-vergonha-de-naba-sopeira vai, na melhor das hipóteses, acabar no chão. Mas é assim, faz parte. 

22 outubro 2013

E com o tempo...

... this too shall pass. Foi o que repeti depois de a deixar na Escola, quase a fugir escadas abaixo, com as lágrimas a escorrerem-me pela cara abaixo. Eu não choro em público nem para público. Repeti vezes sem conta, and in time, this too shall pass. Afinal, sempre choveu esta madrugada. E hoje de manhã. Por algum motivo, a privação de sono é usada como tortura. Dói-me tudo no corpo, sinto que a pele me dói. Tenho o coração tão pesado que me custa a respirar. É uma fase. And in time, this too shall pass. Paciência. Calma. Aguentar. Não vacilar. And in time, this too shall pass. No alarms and no surprises... Silent... This too shall pass. 

21 outubro 2013

Vai tudo na vassoura.

Quero comer chocolate até me sentir agoniada. E gomas. Quero comer chocolate e gomas  até me sentir agoniada. E juntar tudo com vinho tinto até me sentir agoniada. Quero que chova, que chova muito, mas sapos e rãs dispenso. Quero que ou seja Outono ou Inverno e não este tempo que não é carne nem é peixe. Quero dormir e babar-me a dormir e quero pouco saber se é assim meio ao nojento eu dizer que quando estou a dormir profundamente me babo. Ba-bo. E sabe-me muito bem porque é o melhor sono de todos. Mas eu quero mesmo é dormir, nem preciso de me babar, não me vou por com esquisitices. E comer chocolate e gomas e misturar tudo com um (-ns) copinho(s) de vinho tinto. Até pode ser zurrapa que eu hoje estou pouca dada à finesse. Não que tenha muita mas tiram-me o dormir, aquele em que me babo e fico ainda mais estrebeira e eu quero é que vá tudo rebolar no feno. Isto porque se fosse dizer que queria que fosse tudo para o inferno,  rimava com aquecer neste Inverno e isto nem é carne nem é peixe, é tempo nhónhó, cócó, qualquer coisa assim. Em boa verdade, eu quero mesmo é dormir. E se hoje alguém me diz que vais ver que esta noite dormes como um bebé eu convido-os a passarem a noite em minha casa. Ou atiro-lhes com a coisa que estiver mais à mão à cabeça. Os bebés não sabem dormir, ensinam-se a. E tal como ensinei uma bebé enfezada a dormir, hei-de conseguir ensinar uma criatura nos seus terrible two a dormir calada. Até pode não dormir, mas calada tem de estar. Porque eu gosto muito de dormir. Especialmente se me babar. E eu fico disfuncional sem dormir. Estou embriagada de sono. 

Desabafo de uma Mãe à beira de um ataque de qualquer coisa.

Anda há dias que diz que vai chover. Choveu um pouco um destes dias, mas não o prometido pelo meu telemóvel. Também só sei que dia é hoje porque está escrito no verso da estúpida da pílula que ando a tomar. Hoje, ninguém dormiu. De novo. Mais uma vez. Francisca passou o seu dia de Domingo a pintar a manta. Fez asneira atrás de asneira, berrou, gritou, esperneou o tempo todo da sesta, atirou-se da cama, onde foi de novo colocado o dossel, que a fez cair e não sair sorrateiramente como na noite anterior. Hoje a grade sai, para evitar acidentes. Fez 30 por uma linha, bateu na Mofli, mexeu em tudo que não devia. Ficou de castigo sentada numa cadeira 2 minutos, até ter ordem para levantar. Não sei onde fui buscar esta, mas sossegou um pouco. Dei-lhe banho. Fiz-lhe o jantar. Vomitou parte do jantar porque puxou o vómito de propósito. Fui deitá-la, com a nossa lengalenga de sempre. Deu luta mas adormeceu. Dormiu 2 horas, tranquila. Depois, recomeçou tudo, de novo. Francisca quer que alguém se sente na cadeira e ali durma, em adoração da sua existência. Francisca grita, chora, berra. Birra, birra, birra. Francisca puxa de novo o vómito porque sabe que se o fizer alguém aparece. Troco a cama, lavo o vomitado da colcha à mão e apetece-me chorar. Mas não choro porque, pelo amor da santa, alguém com dois dedos de testa não se vai por a chorar porque está a lavar vomitado de madrugada e tem frio e sono. Francisca, está tudo bem. Fazer ó-ó com o KikoNico, com o Ursinho, com sei lá mais qual boneco. Luz de presença ligada. Luz do corredor acesa. Tanto faz, é indiferente. Eu sentada no chão à porta do quarto. Francisca, está tudo bem, a Mãe está aqui. As horas a passarem. Francisca só se cala quando alguém se senta na cadeira. Aí, deita-se em regozijo com a sua vitória e adormece num sono leve, que é interrompido pelo som do levantar da mesma. Não pode ser. Não há cadeira. Cadeira para o corredor. Fazer ó-ó, está tudo bem. Frio, tenho tanto frio. Francisca berra noite fora, madrugada dentro. Oscila entre gritos, berros, choro e conversa melada. Às sete e e meia, não quer dormir, não dorme. Enfio-lhe a papa pela boca abaixo, visto-a em modo automático e mando-a para a Escola com o Pai, que sai sempre muito antes de ela acordar. Nem sei se lhe lavei os dentes. Pede-me para lhe cantar uma canção qualquer das que costumo, mas digo-lhe "não". Dou-lhe um beijinho, digo porta-te bem na Escola e enfio-me no banho. Ah, a culpa. Será que a água me lava a alma da culpa? Não pode ser, não pode ser, não pode ser. Não é vida dormir numa cadeira, não é vida não dormir. Eu preciso desesperadamente de dormir, de descansar. Tenho frio. Hoje, tenho frio. A culpa, ah a puta da culpa. No sítio do meu coração hoje está uma uva passa, mirrada, pesada. Não, não, não. Não vem dormir para outra cama que não a dela. Não dorme ninguém na cadeira. Ainda a consigo ouvir nos seus gritos de birra, como se estivesse gravado na minha mente. Em repeat. Ligo para a minha Mãe em busca de um colo, de mimo, de carinho, de compreensão e apoio. Levo um atestado de incompetência enquanto Mãe, "que estou a fazer tudo mal, a traumatizar, a ser um bicho, que não sei fazer seja o que for bem, que sou casmurra e teimosa e "qual é o mal de a meteres a dormir contigo?!?" Oi?!?!?!?. Apetece-me chorar mas não choro. Não choro. Desligo a chamada e depois falamos, beijinhos. Recuso-me a chorar porque a minha Mãe não o soube ser e foi Avó.  Recuso-me a chorar porque tenho sono e frio. Recuso-me a chorar porque me sinto uma merda, um farrapo, uma péssima Mãe mas que só quer o melhor para a Filha. E o melhor não é ela dormir comigo ou de uma cadeira ser feita cama. Não, não, não. Hoje não me apetece ser Mãe. Hoje, apetece-me ser Filha e ter colo e carinho e que alguém me passe a mão no cabelo e me diga que vai ficar tudo bem e que eu não sou a reencarnação do Demo versão Maternidade, porque escolho não ceder às birras de uma criança de dois anos. Apetece-me enrolar-me sobre mim mesma, em silêncio. Hoje não me apetece ser Mãe mas isso é delírio. Sou-o todos os dias. Espero que hoje chova. Pelo menos, fica o cheiro bom da terra molhada no ar. 

19 outubro 2013

Esta deve achar que é o Macgyver...

Francisca voltou e no seu melhor ao estilo "se-eu-não-durmo-acompanhada-ninguém- dorme-nesta-casa!-(mais ou menos, vá, o que eu gostava de ter um y em vez de outro x)-nem-cão-nem-gato-nem-periquito-se-o-houvesse". Acho que tem assim uma queda para o  regime ditatorial, a catraia. Está enganada, que isto aqui é uma democracia e quem manda, sou eu!  É ouvi-la do seu quarto, quando faz shift gears no sono, porque até meio da noite ressona que é uma categoria, "Mánheee, anda cáaaa!" (já vou, quando forem horas de ir, dorme criatura), "Mánhe, senta na cadeira" (sento na cadeira o catano, que sento na cadeira), "Mánhe, quer fazer xixi e cocó" (o que tu queres sei eu minha Menina, que na Escola onde tu andaste já eu fui Professora (ditado Transmontano adaptado para não chocar ninguém), "Mánhe, olha a mosca" (deixa-a estar, tem proteína, é nutritivo), "Mánhe, dói a barriga" (yayayayaya), "Mánhe, dói as maminhas" (espera pela puberdade para isso, criatura). E mais um rol infindável de tentativas de persuasão a ver se alguém cai na ideia de lhe entrar quarto dentro e se sentar na cadeira a adorá-la. Vai-se ouvindo... da sala, do corredor, da cama, da sala outra vez, da varanda e vai-se ao vício, da cozinha e tenho de pedir à Oksana que limpe os azulejos, córrore, do corredor, da cama. Nisto, as horas vão passando e eu a vê-las e a ouvir o meio metro e mais uns cms de criatura ululante, que oscila entre a argumentação lógica e os gritos de birra. Até que às seis da manhã de hoje, estava o filme "não dei más noites em bebé, come com elas agora" a passar desde as quatro da manhã, comecei a ouvir a voz da piquena mais perto do quarto. Pensei para comigo que tinha ficado chalupa de vez e agora é que vai for. Cada vez mais perto aquele "Mánhe, anda cá! Óh, Mánhe, anda cá!". Pronto, pifei, o fusível queimou e o ratinho enforcou-se na roda. Mas não. Pela porta do quarto espreitava uma cabecinha de cabelo encaracolado, com os seus olhinhos de azeitona, meio a medo. Francisca ainda dorme na cama de grades, toda ela gradeada. Francisca não caiu porque se o tivesse feito eu tinha ouvido o tombo. Francisca tem dormido com a cabeceira ligeiramente elevada devido a uma tosse. Francisca deve ter aproveitado isso para alçar a perna e deslizar para o lado de fora da cama, abrir a porta do quarto e deixa cá ver onde esta marmanja se enfiou que isto assim não está com nada. Pois ali estava ela, com cara de quem sabe que fez asneira e fofinha e a sorrir e a pestanejar-me e olha, porra, eram seis da manhã, eu tinha sono, tinha frio, hoje estou a trabalhar e ela com aqueles olhinhos a olhar para mim, zumba, anda cá, whatever. Aninhou-se no meu peito e dormiu a fazer-me festinhas na cara. Se me soube bem? Até podia dizer que não, mas soube. Cedi, fui mole e não pode ser. Hoje, a Nazi do Colo e agora Nazi da cama volta a baixar em mim. E vai-se baixar também a cabeceira da cama, que ela nunca viu o Macgyver, por isso que não se ponha a inventar. Era só o que me faltava. Em dois anos, dormiu a primeira vez comigo. E a Nazi da cama diz que foi a última. Para ditadora de meio palmo e mais uns trocos, Nazi de salto alto. É a vida. Habemus pena. 

18 outubro 2013

Piadas secas às bolinhas e querem ver que ela tem queda para politiquices?

Ontem à noite: 
- Mánhe, conta os Dálmatas! 
- Um Dálmata, dois Dálmatas, três Dálmatas, quatro Dálmatas...
...
Hoje de manhã: 
- Vá. anda lá Francisca, a Mãe canta uma música para lavar os dentes... Deixa cá pensar... "Eu perdi o Dó da minha viola, da minha viola eu perdi o Dóooo. Dormir é muito bom, é muito bom, dooooormir é muito bom, é muito bom. É bom camarada, é bom camarada, é bom, é bom, é bom. 
- Mánhe, Máaaaanhe, canta o camarada! Canta o camarada. 
- A viola Franicsca, a viola! 
- Não Mánhe, o camarada!  
A viola Franicsca, a viola! 
- O camarada, Mánhe! 
- A viola! É a viola, Francisca! A viola!
- Nãaaaao! O camarada!
(será que devia ter dito: Avante, Francisca?!?)
E nisto, se virem um buraco, é lá que hoje me encontram. Eu a dar-lhe na viola, ela no camarada e estou a ver que daqui a uns anos ainda me vai para a Quinta da Atalaia. De tanta coisa na música, o que havia de lhe ficar na memória. Aiiiii!!!