31 outubro 2013

Inconfessável...

Já não consigo ver baby TV. Eu estou em agonia. Eu agonio quando a Francisca pede para ver "os animados". Apetece-me pegar num bastão e ir-me à TV. Não tenho um bastão mas tenho o sabre de luz azul do Luke Skywalker o que faria do meu acto de desespero uma coisa muito geek. Mas depois não tinha dinheiro para outra e quando não há animados há coisas para mim. Nem que seja trash TV. Mas estou em agonia com a porra do baby TV. Definitivamente, estar fechada em casa atrofia-me os circuitos neuronais. 
P.S- A Francisca hoje está melhor :)

29 outubro 2013

Seringas, a minha Avó e Epás de fruta.

Até às quatro da tarde, a Francisca tinha comido 3 ou 4 colheres de cerelac. Ofereci de tudo e mais alguma coisa e nada. Chorava, cerrava a boca e nada na pançola da piquena. Nem gelado, nem leite com chocolate. Mas abria a boca para eu lhe enfiar ben-u-ron goela abaixo. A miúda curte à brava tomar xaropes, o que é um bocado sinistro mas isso agora não interessa nada. Lembrei-me da minha Avó. Quando o meu Avô teve o AVC e se recusava a comer, a minha Avó pegava num prato de Nestun, numa seringa e alimentava-o assim, não deixando que definhasse. Acho que foi isso que manteve o meu Avô vivo durante 4 anos após o AVC, a incapacidade de desistir da minha Avó. Mas quanto à pneumonia que acabou por o levar, não conseguiu lutar. Pus-me a pensar nela. Juntei tudo na cabeça. "Francisca, abre a boca. Olha o remedinho". E foi assim que lhe despejei, literalmente, um epá misturado com fruta de boião. Eu quero é que ela se mantenha alimentada. E se tiver de ser à seringa, à seringa vai. E sim, epá derretido com fruta pode não ser o mais saudável. Mas alimenta. E já tem mais qualquer coisa que 3 ou 4 colheres de cerelac na pançola. Graças à lembrança da minha Avó. Se é um método pouco ortodoxo ou sinistro? I don't give a shit. Uma pessoa faz o que tiver de fazer. E eu sou a Mãe dela. Faço tudo o que for preciso. Até alimentar à seringa. 

28 outubro 2013

São aftas, senhores...

Gosto muito de arrastar o meu real pandeiro para as urgências infantis desta Terra do Inferno. Deliro. É que para além do ir lá implicar que tenho a minha Cria mai'linda doente, é toda uma experiência alucinante que me faz querer beber copos de vinho às três da tarde. Seria cocktail hour nalgum ponto do planeta mas ainda não me desgracei a esse ponto. Maneiras que após dias sem comer, um hálito de levantar mortos para os assassinar de volta, muito choro, prostração e febre, vamos lá outra vez. Diz que é estomatite aftosa. Um nome pónei para traduzir a boca, garganta, língua cravejadas de aftas e gengivas em sangue de tão inflamadas. Diz também que é contagioso e Escola por uns dias nem pensar. Mas tem um lado bom, sua Alteza Sostra tem ordem médica para enfardar quantos gelados quiser. Ah, as maleitas infantis são todo um Mundo com coisas novas para descobrir. Acontece que eu gosto de descobrir coisas num laboratório, não propriamente no Mundo infantil.
(só quero que ela melhore que isto é uma  dor d'alma. sim, eu tenho disso)

26 outubro 2013

Coisas hi tech que uma Mãe em desespero descobre.

Descobri que o meu iPad serve para mais que fazer apresentações de defesas de Teses do Inferno, desvairar-me em compras online e ler as ultimas cusquices deste Mundo. Aprendi que serve para distrair criancinhas virosas e vomitantes enquanto lhe despejo pela goela a canja que aprendi a fazer à conta dos vírus infantis. Passadinha que se não vem logo fora, ou seja, uma água amarelada. A viola, o ursinho não sei quê, os dentes e outros. Descobri que o Ruca me dá azia mas deve ser psicológica, que a visão de tanto vómito e a visão de canja já me tira os apetites, quanto mais águas de aspecto duvidoso. Todos ao meu dispor no meu bichinho hi-tech fófinho. Serve também para entreter criancinhas durante um certo período de tempo a ver se a coisa fica dentro da pançola e não no meu cabelo, no chão, nos móveis e outros que tal. Ou não. 

25 outubro 2013

Dramas de canja entre doenças de criancinhas...

Ontem à hora de almoço fui buscar a Francisca à Escola. Vomitou o almoço e tinha febre. A Francisca quando faz febre faz coisa digna do nome, assim 39 que não vamos cá fazer por menos. Vim para casa com ela. Aguentou o lanche. Vomitou o jantar. Febre. O tradicional alternanço de 4 em 4 horas entre os também tradicionais medicamentos. Passou a noite no registo do costume mas com menos pujança. De manhã, febre. 39. Aguentou o pequeno almoço. Dormiu 30 minutos de sesta e almoço fora. Febre. Passeio nas urgências. O tradicional diagnóstico: virose. Maneiras que no meio disto tudo ainda (também) decorre o meu drama sopeiral: já perdi a conta às peças vomitadas que lavei, à quantidade de máquinas de roupa que fiz (agradeçam à minha rica Filha, chupistas da EDP!) e descobri ainda que não sei fazer canja. Nunca fiz tal na minha vida! Santa Bimby, desenrasca-me! Fui à procura de uma receita (um bocadinho a medo de encontrar um "seriously?!?que espécie de Mãe não sabe fazer canja?"). Mas encontrei e ainda descobri que a coisa desfia o frango por mim. Maravilha. Sou tão... domestically disabled que parece anedota. Por isso, rio-me. Porque no meio de tanto vomitado e supositório, aprendi a fazer canja. Ena, que prendada sou. Algo me diz que a canja-da-vergonha-de-naba-sopeira vai, na melhor das hipóteses, acabar no chão. Mas é assim, faz parte. 

22 outubro 2013

E com o tempo...

... this too shall pass. Foi o que repeti depois de a deixar na Escola, quase a fugir escadas abaixo, com as lágrimas a escorrerem-me pela cara abaixo. Eu não choro em público nem para público. Repeti vezes sem conta, and in time, this too shall pass. Afinal, sempre choveu esta madrugada. E hoje de manhã. Por algum motivo, a privação de sono é usada como tortura. Dói-me tudo no corpo, sinto que a pele me dói. Tenho o coração tão pesado que me custa a respirar. É uma fase. And in time, this too shall pass. Paciência. Calma. Aguentar. Não vacilar. And in time, this too shall pass. No alarms and no surprises... Silent... This too shall pass. 

21 outubro 2013

Vai tudo na vassoura.

Quero comer chocolate até me sentir agoniada. E gomas. Quero comer chocolate e gomas  até me sentir agoniada. E juntar tudo com vinho tinto até me sentir agoniada. Quero que chova, que chova muito, mas sapos e rãs dispenso. Quero que ou seja Outono ou Inverno e não este tempo que não é carne nem é peixe. Quero dormir e babar-me a dormir e quero pouco saber se é assim meio ao nojento eu dizer que quando estou a dormir profundamente me babo. Ba-bo. E sabe-me muito bem porque é o melhor sono de todos. Mas eu quero mesmo é dormir, nem preciso de me babar, não me vou por com esquisitices. E comer chocolate e gomas e misturar tudo com um (-ns) copinho(s) de vinho tinto. Até pode ser zurrapa que eu hoje estou pouca dada à finesse. Não que tenha muita mas tiram-me o dormir, aquele em que me babo e fico ainda mais estrebeira e eu quero é que vá tudo rebolar no feno. Isto porque se fosse dizer que queria que fosse tudo para o inferno,  rimava com aquecer neste Inverno e isto nem é carne nem é peixe, é tempo nhónhó, cócó, qualquer coisa assim. Em boa verdade, eu quero mesmo é dormir. E se hoje alguém me diz que vais ver que esta noite dormes como um bebé eu convido-os a passarem a noite em minha casa. Ou atiro-lhes com a coisa que estiver mais à mão à cabeça. Os bebés não sabem dormir, ensinam-se a. E tal como ensinei uma bebé enfezada a dormir, hei-de conseguir ensinar uma criatura nos seus terrible two a dormir calada. Até pode não dormir, mas calada tem de estar. Porque eu gosto muito de dormir. Especialmente se me babar. E eu fico disfuncional sem dormir. Estou embriagada de sono. 

Desabafo de uma Mãe à beira de um ataque de qualquer coisa.

Anda há dias que diz que vai chover. Choveu um pouco um destes dias, mas não o prometido pelo meu telemóvel. Também só sei que dia é hoje porque está escrito no verso da estúpida da pílula que ando a tomar. Hoje, ninguém dormiu. De novo. Mais uma vez. Francisca passou o seu dia de Domingo a pintar a manta. Fez asneira atrás de asneira, berrou, gritou, esperneou o tempo todo da sesta, atirou-se da cama, onde foi de novo colocado o dossel, que a fez cair e não sair sorrateiramente como na noite anterior. Hoje a grade sai, para evitar acidentes. Fez 30 por uma linha, bateu na Mofli, mexeu em tudo que não devia. Ficou de castigo sentada numa cadeira 2 minutos, até ter ordem para levantar. Não sei onde fui buscar esta, mas sossegou um pouco. Dei-lhe banho. Fiz-lhe o jantar. Vomitou parte do jantar porque puxou o vómito de propósito. Fui deitá-la, com a nossa lengalenga de sempre. Deu luta mas adormeceu. Dormiu 2 horas, tranquila. Depois, recomeçou tudo, de novo. Francisca quer que alguém se sente na cadeira e ali durma, em adoração da sua existência. Francisca grita, chora, berra. Birra, birra, birra. Francisca puxa de novo o vómito porque sabe que se o fizer alguém aparece. Troco a cama, lavo o vomitado da colcha à mão e apetece-me chorar. Mas não choro porque, pelo amor da santa, alguém com dois dedos de testa não se vai por a chorar porque está a lavar vomitado de madrugada e tem frio e sono. Francisca, está tudo bem. Fazer ó-ó com o KikoNico, com o Ursinho, com sei lá mais qual boneco. Luz de presença ligada. Luz do corredor acesa. Tanto faz, é indiferente. Eu sentada no chão à porta do quarto. Francisca, está tudo bem, a Mãe está aqui. As horas a passarem. Francisca só se cala quando alguém se senta na cadeira. Aí, deita-se em regozijo com a sua vitória e adormece num sono leve, que é interrompido pelo som do levantar da mesma. Não pode ser. Não há cadeira. Cadeira para o corredor. Fazer ó-ó, está tudo bem. Frio, tenho tanto frio. Francisca berra noite fora, madrugada dentro. Oscila entre gritos, berros, choro e conversa melada. Às sete e e meia, não quer dormir, não dorme. Enfio-lhe a papa pela boca abaixo, visto-a em modo automático e mando-a para a Escola com o Pai, que sai sempre muito antes de ela acordar. Nem sei se lhe lavei os dentes. Pede-me para lhe cantar uma canção qualquer das que costumo, mas digo-lhe "não". Dou-lhe um beijinho, digo porta-te bem na Escola e enfio-me no banho. Ah, a culpa. Será que a água me lava a alma da culpa? Não pode ser, não pode ser, não pode ser. Não é vida dormir numa cadeira, não é vida não dormir. Eu preciso desesperadamente de dormir, de descansar. Tenho frio. Hoje, tenho frio. A culpa, ah a puta da culpa. No sítio do meu coração hoje está uma uva passa, mirrada, pesada. Não, não, não. Não vem dormir para outra cama que não a dela. Não dorme ninguém na cadeira. Ainda a consigo ouvir nos seus gritos de birra, como se estivesse gravado na minha mente. Em repeat. Ligo para a minha Mãe em busca de um colo, de mimo, de carinho, de compreensão e apoio. Levo um atestado de incompetência enquanto Mãe, "que estou a fazer tudo mal, a traumatizar, a ser um bicho, que não sei fazer seja o que for bem, que sou casmurra e teimosa e "qual é o mal de a meteres a dormir contigo?!?" Oi?!?!?!?. Apetece-me chorar mas não choro. Não choro. Desligo a chamada e depois falamos, beijinhos. Recuso-me a chorar porque a minha Mãe não o soube ser e foi Avó.  Recuso-me a chorar porque tenho sono e frio. Recuso-me a chorar porque me sinto uma merda, um farrapo, uma péssima Mãe mas que só quer o melhor para a Filha. E o melhor não é ela dormir comigo ou de uma cadeira ser feita cama. Não, não, não. Hoje não me apetece ser Mãe. Hoje, apetece-me ser Filha e ter colo e carinho e que alguém me passe a mão no cabelo e me diga que vai ficar tudo bem e que eu não sou a reencarnação do Demo versão Maternidade, porque escolho não ceder às birras de uma criança de dois anos. Apetece-me enrolar-me sobre mim mesma, em silêncio. Hoje não me apetece ser Mãe mas isso é delírio. Sou-o todos os dias. Espero que hoje chova. Pelo menos, fica o cheiro bom da terra molhada no ar. 

19 outubro 2013

Esta deve achar que é o Macgyver...

Francisca voltou e no seu melhor ao estilo "se-eu-não-durmo-acompanhada-ninguém- dorme-nesta-casa!-(mais ou menos, vá, o que eu gostava de ter um y em vez de outro x)-nem-cão-nem-gato-nem-periquito-se-o-houvesse". Acho que tem assim uma queda para o  regime ditatorial, a catraia. Está enganada, que isto aqui é uma democracia e quem manda, sou eu!  É ouvi-la do seu quarto, quando faz shift gears no sono, porque até meio da noite ressona que é uma categoria, "Mánheee, anda cáaaa!" (já vou, quando forem horas de ir, dorme criatura), "Mánhe, senta na cadeira" (sento na cadeira o catano, que sento na cadeira), "Mánhe, quer fazer xixi e cocó" (o que tu queres sei eu minha Menina, que na Escola onde tu andaste já eu fui Professora (ditado Transmontano adaptado para não chocar ninguém), "Mánhe, olha a mosca" (deixa-a estar, tem proteína, é nutritivo), "Mánhe, dói a barriga" (yayayayaya), "Mánhe, dói as maminhas" (espera pela puberdade para isso, criatura). E mais um rol infindável de tentativas de persuasão a ver se alguém cai na ideia de lhe entrar quarto dentro e se sentar na cadeira a adorá-la. Vai-se ouvindo... da sala, do corredor, da cama, da sala outra vez, da varanda e vai-se ao vício, da cozinha e tenho de pedir à Oksana que limpe os azulejos, córrore, do corredor, da cama. Nisto, as horas vão passando e eu a vê-las e a ouvir o meio metro e mais uns cms de criatura ululante, que oscila entre a argumentação lógica e os gritos de birra. Até que às seis da manhã de hoje, estava o filme "não dei más noites em bebé, come com elas agora" a passar desde as quatro da manhã, comecei a ouvir a voz da piquena mais perto do quarto. Pensei para comigo que tinha ficado chalupa de vez e agora é que vai for. Cada vez mais perto aquele "Mánhe, anda cá! Óh, Mánhe, anda cá!". Pronto, pifei, o fusível queimou e o ratinho enforcou-se na roda. Mas não. Pela porta do quarto espreitava uma cabecinha de cabelo encaracolado, com os seus olhinhos de azeitona, meio a medo. Francisca ainda dorme na cama de grades, toda ela gradeada. Francisca não caiu porque se o tivesse feito eu tinha ouvido o tombo. Francisca tem dormido com a cabeceira ligeiramente elevada devido a uma tosse. Francisca deve ter aproveitado isso para alçar a perna e deslizar para o lado de fora da cama, abrir a porta do quarto e deixa cá ver onde esta marmanja se enfiou que isto assim não está com nada. Pois ali estava ela, com cara de quem sabe que fez asneira e fofinha e a sorrir e a pestanejar-me e olha, porra, eram seis da manhã, eu tinha sono, tinha frio, hoje estou a trabalhar e ela com aqueles olhinhos a olhar para mim, zumba, anda cá, whatever. Aninhou-se no meu peito e dormiu a fazer-me festinhas na cara. Se me soube bem? Até podia dizer que não, mas soube. Cedi, fui mole e não pode ser. Hoje, a Nazi do Colo e agora Nazi da cama volta a baixar em mim. E vai-se baixar também a cabeceira da cama, que ela nunca viu o Macgyver, por isso que não se ponha a inventar. Era só o que me faltava. Em dois anos, dormiu a primeira vez comigo. E a Nazi da cama diz que foi a última. Para ditadora de meio palmo e mais uns trocos, Nazi de salto alto. É a vida. Habemus pena. 

18 outubro 2013

Piadas secas às bolinhas e querem ver que ela tem queda para politiquices?

Ontem à noite: 
- Mánhe, conta os Dálmatas! 
- Um Dálmata, dois Dálmatas, três Dálmatas, quatro Dálmatas...
...
Hoje de manhã: 
- Vá. anda lá Francisca, a Mãe canta uma música para lavar os dentes... Deixa cá pensar... "Eu perdi o Dó da minha viola, da minha viola eu perdi o Dóooo. Dormir é muito bom, é muito bom, dooooormir é muito bom, é muito bom. É bom camarada, é bom camarada, é bom, é bom, é bom. 
- Mánhe, Máaaaanhe, canta o camarada! Canta o camarada. 
- A viola Franicsca, a viola! 
- Não Mánhe, o camarada!  
A viola Franicsca, a viola! 
- O camarada, Mánhe! 
- A viola! É a viola, Francisca! A viola!
- Nãaaaao! O camarada!
(será que devia ter dito: Avante, Francisca?!?)
E nisto, se virem um buraco, é lá que hoje me encontram. Eu a dar-lhe na viola, ela no camarada e estou a ver que daqui a uns anos ainda me vai para a Quinta da Atalaia. De tanta coisa na música, o que havia de lhe ficar na memória. Aiiiii!!! 

É bom que melhore...

Francisca deu os seus bons dias hoje à "Mánhe", a minha pessoa, aos gritos do outro lado do corredor e  da seguinte forma: 
- Mánhe, fez um pum! Fezê um pum, Mánhe!  
U a u! É o sonho de qualquer pessoa acordar com informações destas, assim, tão preciosas. Espero que o dia melhore, tendo em conta as primeiras notícias do dia... 

16 outubro 2013

Chá das cinco.

... porque uma imagem vale mil palavras, esta traduz o "Chá das cinco em versão dois anos". Também há migalhas por todo o lado e mãos lambuzadas. E uma gulodice inesgotável. E "olás" a todos os estranhos. E pessoas que desconheço a mimarem a piquena, nas palavras que nos devolvem. Haverá sempre uma espécie de chá das cinco para nós Francisca. Sempre que seja possível. Por fotos destas e outras imagens, que guardo. As mais importantes, no meu coração. 

Se eu podia ser menos pindérica?


(do covil do costume, à distancia de um click e uns dias de espera: Zara) 
Podia. Mas não me apetece. Nem é porque não era a mesma coisa, é mesmo porque não me apetece ser menos pindérica. Maneiras que dois pares de sapatos e ah e tal e um para cada nome próprio não vendeu, que quando me ameaçam de me passarem a chamar pelo meu segundo nome próprio toda eu me estremeço e benzo. É tipo cruz para o Demo. Não gosto particularmente do primeiro mas o segundo, djasus! BenzáDeus meu rico Paizinho que mos escolheu, mas não foi, de todo, um dos seus momentos mais brilhantes. No entanto, porque não gosto cá da coisa que me dar por vencida,  encomendei na mesma um dos pares de sapatos. E um vestidinho pelo meio. Que não sei como foi parar ao carrinho (virtual) de compras, nem dei fé quando carreguei em "ok", coisa estranha, não acham? Vá-se lá perceber. Estão ambos aqui sentadinhos ao meu lado, numa caixinha janota. Os outros sapatos? Lá iremos, num futuro próximo, se ainda me andarem a ruminar na cabeça. Acontece-me frequentemente ficar com os olhos numa coisa, por norma sapatos e ruminar, ruminar, ruminar. Se rumino continuamente, então é porque têm de vir parar ao meu armário. Gosto tanto de sapatos. E de vestidos. Gosto de vestidos no Inverno. De Verão gosto de calças e de Inverno de vestidos. Faz todo o sentido. Se eu podia ser menos pindérica? Podia. Mas não me apetece. Nem pouco mais ou menos. 

15 outubro 2013

Eu não sou um bicho sensível...

... mas quando, de manhã, antes de sair da cama, ela dá um beijinho meiguinho à Missy, ao Pipo, à Turti e a esta mais uma festinha na barriga, em jeito de despedida de mais uma noite (no que agora sem a chucha virou a cama do Zoo) com os seus amiguinhos todos, para depois me estender os braços para o abraço e beijo de bom dia da Mãe, sem largar o KikoNico, viro manteiga ao sol, derretida pela ternura da minha dez reis de gente de cabelo encaracolado. 

14 outubro 2013

Discos pedidos.

O meu carro ao fim do dia parece um daqueles programas de rádio de discos pedidos. 
-" Mánhe, canta o tiroló!"
- "Mánhe, canta a barata!"
- "Mánhe, canta o Ti Manel (abstenho-me de comentar o ela dizer Ti em vez de Tio...)
- "Mánhe, agora o Comboio".
E eu canto. E ela bate palminhas. Até aqui tudo bem. Mas depois dou por mim a sopeirar e a dizer " (...) há patinhos a granel, um quá aqui, um quá ali (...)".
Algures pelo caminho, a minha sanidade mental saiu em andamento. E não voltou. 

Pin pan pum...


(Zara) 
... que só posso comprar uns. Mas, agora de repente, lembrei-me... Eu tenho dois nomes próprios. Se encomendar uns para o primeiro e outros para o segundo nome próprio, já não são assim para a mesma pessoa. É toda uma lógica! Eureka! Será que cola? 

13 outubro 2013

Aborrecimentos sem nexo.

Tem dias em que me aborreço de mim. Não de mim, do eu, mas de mim. Dá-me uma certa vontade de bocejar de mim, mas não do "eu". Tem dias em que penso naquela célebre frase que alguém muito sábio disse ou escreveu, não importa muito ao caso, que versa qualquer coisa sobre "o não ser uma árvore e se estás mal muda-te". Mas não é que eu me aborreça de mim, do eu. Já que eu tenho de viver com o eu todo o santo dia e toda a santa noite, porque o "eu" não me desampara a loja, bem que aprendi a aturar-me e mimar-me a fazer-me festinhas, mas mais em versão sapatos e menos em versão biscoito de canídeo ou festinha no pelo. 365 dias por ano ou 366 se for ano bissexto (que culta, hein), é muito dia para viver com o "eu" e por isso vivo muito bem. Também por isso, não me aborreço do eu, que isso era uma canseira e ainda me arranjavam um "autefite" branco daqueles a apertar nas costas. Não era lá muito "fechione" e eu não estou para aí virada. Tem dias em que me aborreço de mim. Por isso, vou fazer de conta que o resto de chocolate que estava no frigorífico desapareceu como que por magia e não, não vai estar no estômago desta que escreve coisas sem sentido, a fazer companhia ao copo de vinho tinto que lhe vou juntar, até porque esse é só para ajudar à digestão. Faz sentido? Mas alguém disse que tinha de fazer? Além do mais, comer chocolate e beber às escuras e às escondidas na varanda não conta. Só conta como miminhos ao eu. Do qual não estou aborrecida. 

Está aberta a época do ranho a pacotes.

Francisca está ranhosa. De ranho mesmo, de feitio são outros quinhentos. Ora, como convencer uma criancinha que dava numa de miúda do exorcista quando era preciso por-lhe rhinomer no nariz? 
- Francisca, anda por "chiqui" (perfume) no nariz! 
- Sinhe! Biba!
Não só deixa por, como deixa as vezes que forem necessárias! Vaidosa? Naaaa! 

12 outubro 2013

Talentos diversos.

No meio de tanto carrinho de supermercado, consigo sempre, sempre, escolher o que está janado. É uma espécie de talento. 

11 outubro 2013

Em caso de dúvida, vai brega!

Mánhe, óh Máaaaanhe, cánta o comboio, cánta.
Ora, pois que eu não sei se era este o comboio ou se era coisa mais refinada, tipo Alfa Pendular, mas que está a ser um sucesso, está! Encore, Francisca: láaaaaa vai o coooooombooooioooo, láaaaaa vai a apitaaaaar, lá vaaaaaai o combooooioooo, à beira do maaaar ( palminhas!!!), à beira do mar, mesmo à beeeeirinha! Tem dias que espero que ela não fique inspirada e queira ser a próxima Liliane Marise, tal as coisas que me lembro. Mais uma voltinha, mesa posta e... láaaaaa vaaaai o comboiooooo! 'Simbora! 

O segredo da boa disposição...

... por falar em MEC...Deixaram-nos aqui. É mesmo assim. É a vida. Tem graça, não tem? A vida tem graça. Nós temos graça. É engraçado estarmos todos aqui. A incerteza geral da existência, aliada à certeza particular do facto de termos nascido e de irmos um dia esticar o pernil, é de morrer a rir. Entre outras coisas. Já que nos puseram aqui, indispostos, mal distribuídos, condenados à confusão e à companhia dos outros, o mínimo que podemos fazer é pormo-nos o mais bem dispostos que pudermos. O segredo da minha boa disposição é pensar o mais possível nos outros – nos outros que amo e que me têm de aturar, nos outros de quem só conheço o sofrimento e me fazem sentir a sorte que tenho em sofrer tão poucochinho – e o menos possível em mim. Quanto mais eu me desprezo e desconheço, quanto mais eu entristeço de me entender, mais preciso que haja quem goste de mim. Ou pelo menos da minha companhia. Sempre bem disposta, claro!  
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

A noite foi madrugada...

Francisca não usa mais fralda durante o dia. Francisca mente com quantos dentes tem quando lhe pergunto "Quem tirou as meias, Francisca?" e me responde, a rir "Num sei". Duas vezes seguidas. À terceira descai-se e diz "Foi a Paquica!". Não percebo como com dois anos tem esta capacidade de mentir, mas já dizia o meu querido MEC que "Quase todas as mentiras são provocadas. As principais culpadas são as perguntas que se fazem". Quem me manda a mim perguntar quem tirou as meias?  Francisca acorda a meio da noite porque quer fazer chichi. Francisca faz chichi. Francisca, depois da ida à casa de banho, lamuria-se madrugada dentro que quer a Mãe. Só quer a Mãe, a Mãe, a Mánheeeee. A Mãe vagueia entre a sala, o corredor, a varanda e o vício e o sono que a irrita porque não encontra o isqueiro. Vai dizendo que a Mãe está a fazer ó-ó e que a Francisca também tem de fazer, que a Mãe está ali e está tudo bem. As Árvores que se vêem da varanda são sinistras aos olhos do meu sono e da dor de cabeça.  Francisca continua numa morrinha de birra "A Máaaanhe, a Máaaanhe!". A "Mánhe" arrasta-se, vagueia pelas divisões porque é inútil voltar para cama. Francisca apercebe-se ao fim duas horas de birra que não vai levar a melhor e que tem de dormir. A Mãe apercebe-se que são quase seis da manhã, o que é uma valente merda. Volto a adormecer. Acordo. Uma vez. Depois adormeço de novo, em sonhos. Depois acordo, definitivamente. Francisca acorda e tem a lata de me dizer" tanta preguiça que a Paquica tem, Mánhe!". Apetece-me soltar um palavrão porque tenho sono, mas rio-me da lata da míuda. Dá-me um beijo de bom dia de uma doçura profunda que só as Mães percebem. Francisca deixa-me com birras de sono. Mas eu não chamo pela minha Mãe, penso antes num par de sapatos. Francisca é o Amor maior da minha Vida, nesta ternura quase insana e desconcertante que não só sobrevive a noites que são madrugadas, como cresce. Exponencialmente. 

10 outubro 2013

Aquele momento estranho em que...

... estás numa reunião de Pais e tens de morder a língua. Eu sabia que vinha de lá com uma dor de cabeça. Eu quando me irrito e tenho de comer e calar, fico com dores de cabeça. Fiquei no meu canto porque, como sempre, gosto muito pouco de meter conversa. Fico a ver, só. Sou um bicho anti-social, eu sei. Adiante. Duas Mães conversavam entre si sobre o tempo que os Meninos passavam na Escola. Uma até inquiriu a Auxiliar se era normal ainda terem Meninos depois das 17h30 (wtf?!?!). Isto veio no seguimento de às 19h, hora para que estava marcada a reunião, ainda lá estar um Menino. Comentavam entre si que "ai eu no máximo às 16h30 venho buscar o meu". A outra assentia com a cabeça e que "a Mãe (Avó da criança) que a costuma ir buscar também o fazia e que quando ia às 18h era repreendida porque coitadinha são muitas horas". Eu não sei da vida dos outros. Se podem ir cedo, porreiro para elas. Se têm família que apoie, porreiro. Sei da minha vida. Tenho uma profissão que me permite alguma flexibilidade nos horários, o que dá margem de manobra a que a Francisca vá para a Escola quase às dez, dormindo 12 horas e (quase) sempre, acordar por si, bem disposta. Mas tanto posso sair às 17h, como ter de meter os pés pelas mãos para conseguir ir até às 19h. Ou dias em que fico a trabalhar até mais tarde e quase não a vejo. Ou aos fins de semana. Ou noite dentro no computador. A minha Filha não é nenhuma "coitadinha" por ficar na Escola quase até ao fecho. Não lhes reconheço direito nenhum de apelidarem de "coitadinho" o tal Menino. Podia ser a Francisca. Não sou melhor Mãe que elas. Nem pior. Não era comigo a conversa, mas não sou surda, lamento. Comi e calei. Mas honestamente, quem lhes dá o direito de dizerem que tal criança é "coitadinha"?!? Está entregue aos lobos por acaso? São coisas assim que me fazem sentir estranha numa reunião de Pais. E a incapacidade de me por a contar as gracinhas da minha Filha a quem apenas conheço de dizer "bom dia" ou "boa tarde". Talvez seja mesmo estranha. Mas sei a Mãe que sou. E a Francisca não é nenhuma "coitadinha". Quem a conhece, sabe-o bem. Ninguém tem o direito de julgar os outros. Muito menos de rotular de coitadinho uma criança que está bem entregue e a ser cuidada. Dói-me a cabeça. Haja pachorra! 

Hmmm...reunião de Pais... Hmmmm....

Hmmm... Hoje tenho reunião de Pais na Escola de Bicho Bom desta Mãe... Hmmm... Eu nunca fui a uma reunião de Pais. Ena, ena, sou uma crescida, até já vou a reuniões de Pais, u-a-u. A do ano passado estava eu ainda no Porto, maneiras que me baldei e fui depois perguntar como é que a coisa se processava. Claro que quero saber o que Sô Dona Francisca anda a fazer e se pinta a manta (que aposto que sim, que a catraia mal fala mas mente que é uma categoria, raça da miúda...), se há novas regras, indicações e pedidos aos Pais. Gosto de saber das coisas vá, não sou assim tão anarca e desnaturada. Mas a ideia de uma reunião de Pais... Hmmm... Agora lembrei-me que em toda a minha Vida os meus Pais nunca foram a uma reunião minha. Por um lado, porque o meu Pai era Professor na Escola onde andei até ao 9º ano e achava que se os colegas precisassem de falar sobre mim, iriam ter com ele. Mas ele também se esqueceu durante todos esses anos que os meus Professores descobriram que eu era Filha do meu Pai (parece saída de uma novela mexicana esta última frase) estava o 9º ano a acabar. Por outro lado, também não havia nada de muito interessante na minha vida escolar: boas notas, nunca fui apanhada a fazer trinta por uma linha, coisas diversas. Bem, adiante. Hmmm... estou com a imaginação a fervilhar, cada cenário melhor que o outro. Aposto que é uma reunião de Mães. Hmmm.... Os cenários na minha cabeça não são os mais interessantes. Hmmm... Imagino uma série de Mães juntas a falarem sobre os filhos, cujos nomes era suposto eu saber, mas que não sei, salvo umas 4 excepções, bem como o nome das progenitoras, que salvo duas excepções, também desconheço... Hmmm... Será que são todas Mommy style? Que vão perguntar e escrutinar tudo? Será que há alguma do estilo "o-meu-Menino-é-o-mais-bem-educado-do-mundo-onde-foi-buscar-a-ideia-de-que-morde-as-outras-crianças-está-a-pensar-que-é-um-cão-hein?!?!" Hmmmm... Outro cenário envolve trocas de receitas culinárias. Ui, ainda pior, tirem-me esta imagem da cabeça. Hmmmm.... Vai na volta e é tudo tranquilo. Mas enquanto isso, imagino cenários para me rir. Pelo sim pelo não, o lugar mais atrás e escondidinho que arranjar, bem no fundinho da sala, é meu. Move! 

09 outubro 2013

Pépé M.I.A report: dia 2, 2&1/2 ou qualquer coisa assim...

A piquena demora mais um bocadinho a adormecer sem a dita. Falou da coisa umas duas vezes, mas assobiei para o lado, nada comigo e se amanhã não chover vai estar um rico dia, não achas Francisca? Não leva a pépé que o gato maroto levou mas, tinha de haver um mas, agora quer-me levar o Zoo inteiro da Imaginarium para a cama com ela: ele é a gata Missy, ele é o koala Mapi, ele é o tubarão (pêxe) que não sei o nome, ele é o KikoNico e mais uns quantos. E depois fala com eles estilo Brick (quem vê "The Middlle" perceberá). E eu que os ature a todos. E claro, como diz a minha querida Magui, é a miúda em "sofrimento" porque o gato maroto lhe levou a pépé e eu a pensar no Zé. É que no meio de tanto bicho, agora só me lembro de "como o macaco gosta da banana eu gooooosto de tiiiiiiiiii, escondi o cacho debaixo da caaaaama e comi, comi, minha macaca gira e bacana". Eu não regulo. Paciência. Vai na volta e "o teu (como quem diz, meu) focinho, não engana".  Zé à parte, depois de adormecer, dorme que é uma categoria! É o que se quer. 

De cremes anti-rugas e músicas que me fazem divagar...

Em Janeiro, farei 30 anos. Às vezes, dou por mim a pensar que vou fazer 30 anos. Não sei se aparento ter a idade que tenho. Já tive quem me dissesse que parecia mais nova, já tive quem me dissesse que pareço mais velha. Não uso creme anti-rugas mas talvez devesse começar a pensar nisso. A minha testa está cheia de rugas finas. Umas de sorrir e rir, umas de preocupações, umas de choros e tristezas. Mas todas contam a minha estória. Não me assustam, gosto delas. Claro que penso que vai sendo hora de ir comprando um creme anti-rugas, só para não virarem sulcos. Mas se virarem, também não há-de ser isso que me tirará o sono. Não tenho absolutamente nada contra as cirurgias estéticas. Acho que quem as quer fazer, que as faça, se acham que serão mais felizes consigo próprios, tudo bem. Cada um sabe de si. Depois de ter sido Mãe, ponderei fazer uma. Pensei nisso, informei-me, fui a um médico que achou que sim, que poderia ser corrigido o que uma amamentação que virou mastite, marcou. Depois, voltei a pensar, com mais calma, com mais transparência na mente. E decidi que não o faria. Já tenho cicatrizes que bastem e honestamente, depois de já ter passado por várias cirurgias, não me apetecia penar em mais um recuperação. Acho que não me voltará a passar pela cabeça a ideia de cirurgias estéticas e muito menos para apagar as marcas dos anos e da Vida. Apesar de olhar para fotos de há 5 anos atrás e me aperceber que o TIR da idade me passou por cima, acho que a idade me fez bem. Me está a fazer bem. Me continuará a fazer bem. Não quero ser jovem para sempre. Quero envelhecer. Quero envelhecer bem. Talvez devesse mesmo ir comprar o tal creme anti-rugas. Porque sei que vou continuar a ganhar mais umas quantas. Algumas por me rir e sorrir. Outras fruto de preocupações. Outras de choros e tristezas. Todas, do que compõem os dias que se transformam em anos. Por isso, talvez este seja, para já, o meu limite de "how far would you go?" com que esta música deliciosa me fez divagar e perder na minha cabeça: um creme anti-rugas. 

08 outubro 2013

Pépé M.I.A- dia 1 e 1/2

Ontem, na Escola, a sesta da Francisca foi pépé M.I.A (Missing In Action). A sua grande amiguinha chegou de fim de semana a dizer que o gato lhe tinha levado a pépé e, aproveitando o lanço, venderam a mesma treta à piquena. Diz-se que custou a adormecer e "Ai o gato maroto!". Um dia havia de ser dia e ontem foi o dia. Pareceu-me excelente. O gato levou-lhe a pépé e a chucha. "Ai o gato maroto", diz ela quando lhe respondo que o gato as levou e foi a correr muito, muito, muito, para longe. À noite, demorou um pouco a adormecer, a perguntar pela chucha e pela pépé, ouvindo em resposta que o gato a tinha levado. Lá continuou na sua ladainha de "Ai o gato maroto! Pugiu lá longe". Sim, Filha, o gato levou a pépé e a chucha. "Ai o gato maroto". Ao fim de meia hora nisto, apetecia-me acrescentar que a pépé tinha ido com os porcos, mas era capaz de ser bichedo a mais. Lá continuou na sua cantilena de chucha, pépé, gato maroto, fugiu, longe, até que se cansou , virou-se para o outro lado e adormeceu. Sem chucha nem pépé. Às seis da manhã, ouviu-se do outro lado do corredor "Ai o gato maroto!". Meia hora mais tarde, "Ai o gato maroto". Ri-me como uma perdida, com a piquena e o gato maroto que lhe roubou a chucha e lhe vinha ao sono. Mas dormiu. E muito bem até, tendo em conta que era viciada na coisa. Mas um dia havia de ser dia e ontem foi o dia. Siga. Eu cá acho que isto 4 dias e passa-lhe, fica o gato com a culpa e a malta com uns trocos nos bolsos para não serem gastos em aparelhos dentários daqui a uns anos. O gato maroto levou a chucha e a pépé e fugiu para longe, para muito longe. E não volta mais. Maneiras que...

Sim, eu sou uma pessoa terrível que, ao ouvir a míuda na sua ladainha de gatos marotos, se ria em surdina e lhe vinha esta música à cabeça. Logo vejo a que se segue esta noite. Isto é tipo Dragon Ball, não percam o próximo episódio... Bem, mesmo que quisesse, não tinha como perder o episódio desta noite da saga "Pépé M.I.A".  

07 outubro 2013

Óh i óh ai e eu é mais vestidos...


(Zara ou o "covil o costume")
Gosto de vestidos. Keep it simple. Gosto de vestidos. E estes gostam de morar comigo.  E eu com eles! 

Why gamble?

Nos últimos tempos, (já por aqui o disse) ando numa de (re)ver o Sexo e a Cidade. Hoje, quando acordei, lembrei-me de um episódio que vi há uns tempos. Metia casinos, corações partidos, aniversários e por aí. A única vez que me meti num casino rapidamente percebi que é coisa da qual me devo manter afastada. Estourei 70 euros em tempo recorde nas slots, porque achava que me ia sair sempre na jogada seguinte. Um pensamento muito de "agarrada". Até hoje, nunca mais entrei em nenhum. Mas não foi isso que me veio à cabeça quando acordei. A certa altura, a Carrie pergunta "Why gamble?" se sabemos que a casa ganha sempre? Hoje, quando acordei, pensei "Why gamble"? Porque tomamos todos os dias decisões? Porque fazemos a cada novo dia escolhas? Porque apostamos em nós e nos outros? Sabemos que a casa (a Vida) há-de ganhar sempre, na ironia do seu destino e final conhecido, mas sem tempo de validade pré-determinado. So, why gamble? Talvez, porque apesar de sabermos que a casa (a Vida) ganha sempre, escolhemos que, enquanto a casa (a Vida) não ganhar, mais vale apostarmos em fazer de cada dia um dia melhor, um dia mais luminoso, um dia de mais sorrisos e de "peito mais cheio".  Deve ser por isso que insisto em apostar. Nas mais variadas coisas dos dias que me (es)correm. Porque até a casa ganhar, aposto. Coloco na mesa de apostas tudo o que sou. O único trunfo que tenho, é o meu sorriso. É por isso que aposto. Por manter o meu sorriso. A cada dia e enquanto a casa não ganhar, I'll gamble. 

06 outubro 2013

Sabes que da fama não te livras...

(C. ao telefone): 
- O que andas a fazer? 
- Estou a jogar à bola com a Francisca. 
- Eh pá, deixa-te disso e senta-te! Da maneira que tu és ainda partes alguma coisa ou ficas mais desfeita. Senta-te quietinha masé.  
As minhas Amigas, mesmo de longe, sabem do que a casa gasta. 

05 outubro 2013

Bom dia, bom dia...

"Então, que seja doce.
Repito todas as manhãs,
ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias,
bem assim, que seja doce.
Quando há sol,
e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia,
contemplando as partículas de poeira soltas no ar,
feito um pequeno universo;
repito sete vezes para dar sorte:
que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce,
talvez não saiba responder.
Tudo é tão vago como se fosse nada."
Caio Fernando Abreu  

04 outubro 2013

Notas soltas a uma sexta que poderia ser um dia qualquer...

Ontem à noite, apercebi-me que não sou a super-mulher. Por muito que eu me convença que sim e que levo tudo à minha frente, cansada, eu?!? Isso é para os outros ahahah, eu faço tudo e mais alguma coisa. Ontem apercebi-me que não tenho super-poderes e que sou uma comum mortal. Depois de fazer tudo o que não podia assobiar para o lado e fazer de conta que não era comigo, de brincar, de ralhar porque sua alteza não queria arrumar os brinquedos e "óh minha Menina, se os espalhaste, também arrumas, que eu não sou tua empregada, andamento", fui deitar a Francisca. Dissemos boa noite ao Senhor Sol, ao Cão, ao Leão, à Vaca, ao Croqui, à Mapi, à Missy, à Moo, ao Leo, ao Pippo, ao Mickey, ao Pako, ao Pandi, ao KikoNico grande e depois um beijinho no KikoNico pequeno que carrega com ela para todo o lado. E depois um beijo de boa noite, na bochecha mais doce do mundo inteiro, no cheiro da minha Menina. No silêncio da noite, meti-me debaixo de água a escaldar e fiquei por lá um bom bocado. E senti que não sou a super-mulher. Ouvi o corpo a pedir para parar. Ouvi a cabeça em água a pedir para desligar de contas e experiências e se agora fizer assim e se agora fizer assado? Saí do banho e vi-me ao espelho. Vi as olheiras fundas e os olhos mais pequeninos, como a minha Avó costuma dizer quando me vê cansada. Ainda tentei ver qualquer coisa na TV mas a cabeça voltou a ligar e tive vontade de ir trabalhar para o computador. Contrariei-me e não o fiz, disse "não" a mim própria. Mas o corpo doía. Ontem, doía-me o corpo. E não estou com gripe. Bebi um copo de Vale Pradinhos e fumei um cigarro enquanto via as árvores cá fora. Sim, não sou a super-mulher. Fui dormir ainda nem deviam ser 23h, o que é um feito raro para mim. Adormeci e passei a noite a sonhar. Coisas sem nexo, como descer escadas e de repente cair no vazio. Não foi um sono reparador. Nunca percebi porque sonho repetidamente isso. Em tempos idos, sonhava recorrentemente que tinha um acidente de carro, num sítio muito específico e que me ficava a ver do lado de fora do vidro estilhaçado. Por vezes, tenho sonhos que há quem chame de pesadelos, que não lembram a ninguém. Por norma, também não me lembro do que sonho, apenas acordo com uma sensação de bem-estar ou aquele sentimento estranho, sem definição. O despertador tocou à hora de sempre mas deixei-me ficar até ao limite do que achei razoável (atrasada? não, o meu relógio não bate bem, 'tá bom de ver). Levantei-me e vi que hoje, aqui longe de casa, estava nevoeiro. E tive ainda mais saudades de Casa, dos meus cheiros e manhãs de nevoeiro. Levantei-me e tomei banho. Ouvi um "Bom dia Mánhe. Xixi na sanita, Mánhe!!!". E voltei a vestir a capa de super-mulher. I can do it. Porque não tenho outra opção que não sê-lo. Tratei dela, depois de mim, depois das duas ao mesmo tempo. I'm a super woman. Hoje, ainda tenho de levar com uma ida ao dentista e apetece-me mandar alguém no meu lugar, mas acho que ainda não se pode fazer isso. Pena. Amanhã, terei de trabalhar. I'm a super woman. A energia não vem dos interruptores. Vem de e dos sorrisos. O meu cansaço, guardo-o para mim. Ninguém precisa de saber que há dias em que quando deito a cabeça na almofada, a super-mulher vai para outro lado qualquer e fico só eu. Com as minhas fragilidades, cansaços acumulados e sonhos estúpidos. I'm a super woman. E a minha capa ao vento é o sorriso dela. E o meu, num reflexo. 

03 outubro 2013

Spots de rádio e eu hoje não digo nada de jeito!

Há um spot publicitário na rádio que versa sobre a energia e que não sei que acorda às seis da manhã (djasus, tenho a sorte de não ter de o fazer), trabalhar e coiso e chegar a casa e ainda fazer o resto. Sei que mete ginásio também, que é coisa a que sou alérgica. Mas isto tudo para dizer que dizem que a melhor energia é a sua e há sempre. Pois eu trabalhei o dia todo, fui a correr buscar a criança antes que o estaminé fechasse, tratei de banhos, pijamas, roupas, sopa, jantar e mais uns quantos derivados. Se me colar ao interruptor se calhar sinto a energia que apregoam. É que ainda nem é hora de a deitar e eu já não posso com uma gata pelo rabo e ainda vem o pós-cria time. O que me remete para um outro spot publicitário, o da Dona Inércia. Hoje apetec(ia)e-me ser a Dona Inércia. Mas diz que não vai dar. Estou a olhar para o interruptor. Talvez seja má ideia. Estragava-me as unhas. E isso, é que não. 

02 outubro 2013

Paniquei!

Francisca referindo-se ao coleguinha que saiu ao mesmo tempo que ela:
- O "Rapael" abalou, Mánhe! 
Aaaaaiiii! Pára tudo!!! Aaaaaaiiii que a rapariga além de me esperar o dedo e dizer "'cuta" (escuta), agora também já diz abalar. Aaaaaaaaaiiiiiii! Maria Francisca, bicho bom da sua Mãe... O teu cartão de cidadão diz Aldoar pá, Aldoar!!! Aldoar não combina com abalar! Aí que a rapariga me fala alentejano. Aí que me vai dar o abafo. Aaaaaiiiii!!! 

De manhãs, Mofli, Francisca, Nestun voador e a minha Avó.

Por vezes, o primeiro "Bom dia" daquela voz que reconheceria a milhas, não é para mim. Por vezes, enquanto bebo depressinha a "1/10 de leite com 9/10 de café", encostada a um qualquer canto para não cair de sono, a primeira coisa que a Francisca diz quando desperta não me é dirigida. Talvez seja uma questão de prioridades, em que a Mãe fica abaixo de cão, mas honestamente, não me importo. Deixa-me feliz. Sim, por vezes, o primeiro "Bom dia" que ouço do outro lado do corredor é "Bom dia, Mómóooo". E Mofli vai, disparada, ter com o bom dia que a chama. Ficam ali num namoro pegado por entre as grades da cama. "Mómó!!!!Mómó!!!" (seguem-se gargalhadas e gritinhos de felicidade). Mofli dá beijinhos (lambidelas desgovernadas) e Francisca estica a sua mão para lhe fazer festas no pelo. Hoje, aconteceu isso. Veio-me à cabeça um dito que a minha Avó muito diz, que o "cão e o Menino vão para onde lhe dão carinho". Eventualmente, ouço um "Bom dia Mánhe!! Boooom dia Máaaaanhe". Tem dias que desconfio que lá lhe ocorre que se não chamar a gaja da comida, a "Mómó que tem patinhas" de certo que não lhe vai aparecer com um prato de Nestun. Entro no quarto, peço o meu beijo (melado) de bom dia, que me enche de ternura e a coisa prossegue, entre o Nestun pela goela abaixo e um "Mánhe, cááaaanta, cáaaanta a Mánhe 'quida da bida!!!", de boca cheia, o que se traduz em pedaços semi-mastigados da coisa na minha direcção e pronto, ainda não vai ser hoje que vai "das nove às cinco" que ainda tenho de trocar de roupa (e pensar que o Mánhe 'quida da bida começou na brincadeira de desespero do "Francisca-deslarga-me-5-segundos" e pronto, a brega agora adora a coisa e eu ainda me rio que nem perdida por cima. Só nível, há dúvidas?). E entre Mofli, mães queridas, beijos melados, Nestun voador, lembro-me de uma imagem. Um destes dias, aboborei em frente à TV. Não faço ideia do que estava a ver mas lembro-me de uma cena de uma família qualquer, a tomar o pequeno almoço, guardanapos de pano, sumo de laranja acabado de espremer, croissants e sei lá eu mais o quê. Um "Mánhe quida da bida, Mánhe", trouxe-me de volta à minha realidade. Não há sumo acabado de espremer e muito menos guardanapos de pano. Mas há muito, muito mais e muito melhor neste desengonçamento que são as minhas manhãs. Porque "even if it ain't all it seems I got a pocket full of dreams". E não, não sou de Nova York. Mas os sonhos fazem-se em nós, não nos lugares. E durante a manhã, recorrentemente e sem eu fazer a menor ideia do porquê, o dito da minha Avó ecoou na minha cabeça: "o cão e o Menino vão para onde lhe dão carinho".