Tem dias em que me aborreço de mim. Não de mim, do eu, mas de mim. Dá-me uma certa vontade de bocejar de mim, mas não do "eu". Tem dias em que penso naquela célebre frase que alguém muito sábio disse ou escreveu, não importa muito ao caso, que versa qualquer coisa sobre "o não ser uma árvore e se estás mal muda-te". Mas não é que eu me aborreça de mim, do eu. Já que eu tenho de viver com o eu todo o santo dia e toda a santa noite, porque o "eu" não me desampara a loja, bem que aprendi a aturar-me e mimar-me a fazer-me festinhas, mas mais em versão sapatos e menos em versão biscoito de canídeo ou festinha no pelo. 365 dias por ano ou 366 se for ano bissexto (que culta, hein), é muito dia para viver com o "eu" e por isso vivo muito bem. Também por isso, não me aborreço do eu, que isso era uma canseira e ainda me arranjavam um "autefite" branco daqueles a apertar nas costas. Não era lá muito "fechione" e eu não estou para aí virada. Tem dias em que me aborreço de mim. Por isso, vou fazer de conta que o resto de chocolate que estava no frigorífico desapareceu como que por magia e não, não vai estar no estômago desta que escreve coisas sem sentido, a fazer companhia ao copo de vinho tinto que lhe vou juntar, até porque esse é só para ajudar à digestão. Faz sentido? Mas alguém disse que tinha de fazer? Além do mais, comer chocolate e beber às escuras e às escondidas na varanda não conta. Só conta como miminhos ao eu. Do qual não estou aborrecida.
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Ah ah ah. Que engraçado... Pensava que só eu é que, quando me fartava do meu eu, ia para a varanda, às escuras e às escondidas depois de deitar a cria, beber um copo de vinho tinto...
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