31 julho 2011

Do aborrecimento...

Cá em casa, tudo dorme... Tudo dorme e ressona, até a Mofli ressona (ou emite uns barulhos estranhos numa tentativa de se parecer com um cão grande que ressona). E eu, acordada há bastante tempo, olho para o tecto à espera que alguém dê sinais de acordar...Nada... Mega aborrecida...
Pensava que as grávidas tinham sempre muuuito sono...Sou mesmo a excepção que confirma a regra. Mas vi um nascer do Sol maravilhoso...enquanto cá em casa, o recital do ronco continua... 
E continuo à espera que alguém acorde ou, pelo menos, pare de ressonar...  

28 julho 2011

Da torradeira

Hoje o meu Marido chegou a casa e trazia nas mãos um embrulho. Tinha saído para ir buscar o meu mantimento de químicos (sou uma mistura estranha entre grávida e senhora-de-terceira-idade-que-toma-muita-porcaria-mas-já-nem-sabe-muito-bem-para-o-quê) e de besuntices (vá de retro coisa horroroooosa denominada de estrias... aqui ninguém quer converseta convosco) e voltou com um embrulho todo janota nas mãos. 
Olhei para a coisa rectangular com ar de criancinha de 5 anos misturado com puppy "É  para mim???" Mas a better half achou que seria gírissimo torturar-me um bocadinho (hoje não devia estar com o meu ar psico habitual) com a ideia de um suposto convívio familiar e como tal a prenda seria para a cria dos ditos. O pânico instalou-se na minha mente. Tive tempo de o ver montar a tenda, estender o saco-cama e ultimar os preparativos para o jantar de enlatados no campingas (Nota: eu ODEIO acampar!!! Odeio mesmo...Acampar para mim é em hotéis, dando preferência aos de 4 e mais estrelas...)
Passados longos minutos, o engraçadinho deve ter achado que já tenho tortura suficiente no meu dia-a-dia (ou o meu ar psico regressou, também é uma opção): "Toma lá, totó (suspiro longo), é para ti! Não há jantareco nenhum" (e a tenda, puff) . E eu mega, hiper feliz, vá de rasgar com toda a genica o papleuxo da coisa. E de lá de dentro salta a caixa de uma torradeira... Oh maravilha e felicidade plena...Uma torradeira!!! Estou mesmo, mesmo, mesmo a falar a sério (um par de sapatos também é sempre bem-vindo, mas juro que hoje estou a falar a sério quando digo que fiquei feliz!) .
Sabem aquelas pessoas chatas, aborrecidas, sem piada nenhuma que todos os dias comem exactamente a mesma coisa de pequeno-almoço? Guilty (excepto quando a glutona que habita na sala dos fundos da minha mente se lembra de sair da toca e suspira por panquecas com morangos e croissants com fiambre...mas é só uma vez de quando em muito que a deixo arejar e ver a luz do dia). 
E assim, o meu super-Maridão resolveu mais um dos meus dramas rocambolescos e gregos... : a falta da torradeira que andava a atormentar todas as minhas manhãs!!! Boa!!!!  Maridão 10657- Dramas da Princesa 0 !!! ( e eu estou toda feliz a pensar nas torradas de amanhã!!!) 

27 julho 2011

5 anos depois...

E cinco anos depois... apenas posso dizer que me conquistaste com um "Olá!"... E viraste o meu pequeno mundo cor de rosa pónei do avesso... 
Cinco anos se passaram e cada minuto contigo é o bem mais precioso que possuo. Cada amanhecer ensonado, cada "Boa noite" sussurrado por entre os corpos entrelaçados...E cada abraço e cada olhar trocado, tesouros incomparáveis
E hoje amo-te tanto, ou ainda mais, do que há 5 anos atrás... Tanto que por vezes dói de felicidade...Porque me preenches e me completas... porque eu não sou eu mais...somos nós...em cada bocadinho de mim. 
E um "Olá" derreteu o meu coraçãozinho de pedra... 

26 julho 2011

25 julho 2011

Dos famosos desejos de grávida...

No que toca a desejos de grávida, sou uma nódoa. Uma grande e reboluda nódoa neste momento. Em breve prometo um post (parvo pois claro, não esperem muito mais deste lado) em homenagem à bilontra...Sim, já passei a fase de lontra para me encontrar neste momento catalogada no reino animal como bilontra...(momento National Geographic).
Sempre fantasiei com os desejos de grávida. E achava que quando fosse eu, iria ter imeeeeeeensos desejos. E claro, sempre de coisas com nomes estranhos a soarem a trés chic. Não, nada disso. Até hoje, constam da lista (e toda uma reputação é destruída em poucas linhas)
- Sandes de Atum (até aos 4 meses de gravidez era das poucas coisas que aguentava no estômago...);
- 1 "Twix". Este desejo foi para os episódios do "senta-te e espera que passe". Tudo porque segundo o meu Marido: "Querida, (voz muuuuuito docinha e meiguinha) é Meia-noite, está frio e a chover lá fora (Março), estamos na Covilhã e eu não sei onde te posso arranjar o chocolate a esta hora. Senta-te e espere que passe..." Não tive o chocolate mas tive a 10ª Sinfonia em roncos 30 segundos após esta pérola...(e eu lá me sentei e esperei que passasse...); 
- 1 bola de Berlim este fim de semana. Eu nunca como bolas de Berlim, excepto nas praias Algarvias porque lá sabem diferente. Mas este Sábado, tudo cheirava a bolas de Berlim, até o meu Marido (juro-vos). Desta vez não tivemos episódio "senta-te e espera que passe", tivemos um Marido que voltou com um sorriso de missão cumprida e um belo exemplar das ditas para me deliciar (Hooray!!! Viva a Bilontra!!!!);
-1 Cachorro-quente das roulottes... Daqueles que se comiam de madrugada depois de uma noite de copos com os amigos ou na Queima das Fitas... (mega elegante, não acham???);
- 1 smoothie da Haagen-Dazs! O único desejo com nome finório da minha lista miserável... (Biiiiiiiiiilontra, eheheheh). 
Em contrapartida, tenho imeeeeeeeeensos desejos (resmas, toneladas, palettes) de sapatos, carteiras, colares e outros acessórios de marcas de nome elegante e finório... 
Pena que o meu Marido não vá na minha conversa de que estou meeeeeeesmo com desejos destes sapatos que combinam tão bem com esta carteira...Pena mesmo... 

24 julho 2011

Das noites de Domingo...

Odeio as noites de Domingo...
Fico a ver o carro a afastar-se, as luzes cada vez mais pequeninas ao fundo da rua. Depois da curva, escuro no horizonte... E o meu mundo cor-de-rosa-pónei fica cinzento e frio...  
Odeio mesmo os Domingos à noite... Quase tanto como odeio Segundas-feiras de manhã... 

23 julho 2011

Há dias assim...

Não suporto mais ver os Telejornais ou ler notícias online. Não aguento, mesmo...Muito raramente aparece uma notícia que me faça sorrir. Mas isso é mesmo muito, muito, muito raramente...  Levada pela loucura hormonal (God, são só mais umas semanas, mas entretanto a minha aparência de durona anda pelas Ruas da Amargura), chego a chorar copiosamente...E tenho pesadelos com famílias que não conseguem alimentar filhos, que simplesmente não têm pão e leite para dar de manhã aquelas barriguitas vazias antes de irem para a Escola (onde muitas vezes fazem as únicas refeições decentes do dia). Choro com histórias de fugas para a Europa em busca de uma vida melhor que acabam de forma trágica a meio do Mediterrâneo, sem discriminar sexo ou idade. E choro com histórias de jovens mortos porque um louco qualquer se lembrou que era um bom dia para matar inocentes...
E eu tenho tanto, mas tanto medo de não te saber proteger deste mundo que nos rodeia...

22 julho 2011

No me creo en brujas, pero...

Ao fim de todos estes anos em que me questionava sobre o facto de  não ter nascido com o rabo virado para a Lua, eis que a luz para todas as minhas dúvidas se fez hoje de manhã! 
Depois de uma conversa com a empregada dos meus Pais (é uma fofa esta D. Fátima...) percebi porque é que tenho sempre azar em coisas ditas normalíssimas, entre outros acontecimentos na minha vidinha paxorrenta e sem o mínimo interesse que poderiam fazer as delícias dos produtores de X-files (ou Fringe, para não parecer muito velha...)
Segundo a D. Fátima quando a Menina nascer (a Francisca e eu somos as Meninas...o meu Marido é o Sôr Guilherme...Acho que nunca vou sair da categoria da Menina...yay!!!) é indispensável que uma tesoura aberta seja colocada debaixo do berço. Segundo a D. Fátima, serve para proteger do mau olhado, cólicas, dar beleza à criança e mais uma série de coisas (faz quase tantas tarefas diferentes como a minha adorada e preciosa Bimby...).  Quando a Menina vier para casa, deve vir vestida com uma peça de roupa vermelha, que é para dar sorte e afastar a inveja e "os maus-olhados" (oh Meninaaaaa, não se ria, olhe que é mesmo verdade!!!). 
Após esta instrutiva conversa matinal, tudo ficou muito mais claro para mim... Ninguém se lembrou da tesoura... Ou de me vestir uma peça de roupa vermelha quando me trouxeram para casa... Meus senhores, isto explica muitaaaaa coisa... (ou não, whatever...). 
Quem diria que o meu repouso forçado com a Tribo iria contribuir para todo um esclarecimento de dúvidas existenciais??? Ninguém precisa de hipnoses regressivas e coisas afins, é preciso é uma D. Fátima!!! 
No me creo en brujas, pero que las hay, las hay... E pelo sim pelo não, a Francisca já tem o seu outfit de saída da Maternidade todo coordenado...e é vermelho... 

21 julho 2011

Do arraial de soluços...

Hoje a "festa" do dia foi o arraial de soluços (estamos na época dos ditos, até vi uma notícia gírissima de um Padre que não autorizou a festa na aldeia porque o artista convidado para a animação levava... bailarinas!!!).
Depois de umas quantas gomas (não sei quantas foram, também não quero saber quantas foram, obrigada. Ah, e a culpa não foi minha... baby wants candy,'tá ???), começou o dito arraial... 
E eu acho o máximo ver os teus pulinhos ritmados na minha barriga...
Se não fosses tão gulosa, não ficavas assim bebé!!

20 julho 2011

Diva in the making ?

Hoje estive a contemplar babadíssima (o que as hormanas fazem...) as gavetas onde estão religiosamente guardados os trapinhos da Francisca.  
Cheguei à conclusão que a minha filha ainda nem nasceu e tem 10 pares de sapatos... Sim, 10 pares de sapatos... Estarei a criar uma pequena Suri Cruise??? Diva in the making? (meeeeeeeeeeedo...) 

Dos filhos únicos...

Sou filha única. E sempre gostei de o ser... (shame on me...)
A única vez que pedi um irmão aos meus Pais, teria à volta de 5 anos. E a justificação que dei para esse pedido foi a de precisar (sim, uma necessidade vital) de um irmão para poder "andar à porrada" como os meus amiguinhos do infantário faziam com os irmãos. Escusado será dizer que o meu pedido não foi aceite... 
Acho engraçado quando me perguntam, de olhos muito arregalados e ar de descoberta da pólvora: "Gostas de ser filha única, como é possível? Não sabes o que é ter um irmão!" DAAAAAAAAHHH, óbvio que não sei, nunca tive. Não se pode sentir falta de algo que nunca se teve. É quase tão ridículo como perguntar a alguém se sente falta de conduzir o seu Aston Martin DB9 (suspiro...) Se essa alminha nunca sentou o fofo em semelhante jóia, como pode sentir falta de a conduzir? Géeeeeenio... 
Sei de imensos casos onde ser filho único foi quase como que uma maldição (em especial porque os Pais não deixaram os filhos ganhar asas) mas não foi, de todo, o meu caso. Processem-me!!! 
Existem imensos mitos em relação aos filhos únicos (muitos mais dos que seriam desejáveis) que me tiram do sério. 
Não fiquei nenhuma atadinha que não se sabe desenrascar sozinha. Não, antes pelo contrário, sempre tive de crescer a saber desenvencilhar-me pelos meus próprios meios ou então estava bem arranjada (sou filha de uma workaholic e do homem que está na corrida para o titulo Mr. Despassarado). E fui de malas e bagagens mais que uma vez para o outro lado do mundo, sozinha (uma das vezes com a fera). E sabem que mais??? (para surpresa dos advogados da causa os filhos únicos ficam totós...): sobrevivi!! Uaaaaaaaaau!!! Arranjei um apartamento, amigos, cozinhei para mim, tratei da minha roupa...essas coisas todas que supostamente os filhos únicos não sabem fazer porque ficam totós
Não sou uma pessoa egoísta... quem me conhece bem sabe que estou a dizer a verdade. Não me importo de partilhar as minhas coisas, de ajudar quem precisa... Não acho também que o mundo gire à minha volta, nem que a Lua se mantenha em órbita por causa do meu centro de gravidade. Sou a primeira a rir-me de mim própria e a ridicularizar-me (algo que falta a muito boa gente e, adivinhem, não são filhos únicos!!!). Não fui mimada em exagero pelos meus Pais, fui mimada o suficiente. E se fui mimada um pouco mais que a conta foi já de crescidota, na adolescência... porque infelizmente houve uma série de acontecimentos que precipitaram que tal ocorresse. Também nunca me senti sozinha. Entretia-me com as minhas coisas e tinha outros meninos para brincar (assim como acontecerá no caso de a  Francisca ser peça única).  
Há algo também que me faz espécie nessa crença de que os filhos únicos são infelizes ou, se preferirem, não tão felizes...Não é por se ter irmãos que se é mais ou menos feliz. Ou que existe a certeza absoluta que há sempre alguém ali para nós. Não é pelo facto de a minha Mãe ter irmãos que tem quem a ajude, muito pelo contrário... (tenho a certeza que há dias em que ela preferia ser filha única, mas isso são outras histórias da minha disfuncional família ). 
Por isso, quando ouço que TENHO de ter mais que um filho, apetece-me trepar às paredes (apetece-me outras coisas também, mas essas guardo-as para mim).  Já houve a variação "e da próxima vez é bom que seja um menino..." (atentem no é bom, faz toda a diferença).  Desculpem, pára tudo! O quê??? Como??? Temos também a opção do "porque-o x-vai-já-ter-outro"...Parabéns para o feliz casal mas...que é que eu (nós) tenho (temos) a ver com isso? Ah, e para o caso de ainda não terem reparado, a Francisca ainda nem nasceu!!!! Ou ainda  "eu, se pudesse, tinha tido outro. Mas a idade já não o permitiu"  (Mmmmm...situe-me: que é que isso me interessa? Até porque, apesar das rugas na testa (drama, horror), ainda estou um bocadinho longe da menopausa... Pleaaaaaaaaase, se não têm nada de interessante para dizer, just smile and wave, smile and wave). 
Se decidir, em conjunto com o meu Marido, ter mais que um filho, é porque nós assim o achamos melhor. Tanto para nós como para a Francisca...Não será, nunca, por dizerem que TENHO de ter mais um filho porque os filhos únicos são assim ou assado... Eu não tenho escrito na nacionalidade Totólândia, assim como há muitos como eu...Poupem-me! (ou atirem-se aos cães...)

19 julho 2011

Da tribo dos meninos perdidos...

A tribo dos meninos perdidos vive há muitos, muitos, muitos anos em casa dos meus Pais. O membro mais recente é o meu Marido. E muito o aterroriza a ideia de que, mesmo sem se dar conta, é mais um elemento desta chamemos-lhe (des)organização. 
A tribo dos meninos perdidos contagia rapidamente aqueles que com ela entram em contacto. De momento não há tratamento possível para os efeitos que a convivência diária com esta tribo acarreta... Os principais sintomas de que se entrou em contacto com a tribo passam por: 
nunca chegar a tempo e horas onde quer que seja (nunca mesmo...a título de exemplo: a minha Mãe chegou 3, sim leram bem, 3 horas atrasada ao seu próprio casamento. A preocupação do meu Pai não era que a noiva tivesse fugido para Espanha ou para outro lado qualquer, mas sim o facto de a comida estar a ficar fria e já marchar qualquer coisinha) 
- não saber onde estão as chaves do carro. Depois de finalmente ultrapassado este problema segue-se o não saber do paradeiro das chaves de casa para poder abrir o portão e assim poder tirar o carro da garagem (tempo médio: 15 minutos em dias bons...dispenso dizer a média para os dias ditos normais).
- antes de uma viagem já programada (por programação refiro-me a saber que tal deslocação é inevitável no dia anterior. Se estavam a pensar em ver mapas, procurar coordenadas GPS ou escolher restaurantes para paragens para almoço previamente decididas...esqueçam!!! São conceitos que nunca passaram pela tribo) é essencial para pertencer à tribo que o carro não tenha gasolina e obrigue a uma paragem para abastecer (regra geral: são dias maravilhosos para o efeito o Dia de Todos os Santos, o 15 de Agosto, o 24 de Dezembro; local preferido: estações de serviço apinhadas. Acresce ainda que no caso de ser o meu Pai o condutor, a paragem envolve também uma aposta no EuroMilhões e Totoloto, porque se registar ali vai sair de certeza. Até hoje, nada..) Ultimamente a falta de gasolina e necessidade urgente de abastecer afecta também os minutos antecedentes a consultas pré-natais (acresce dizer que este foi o primeiro sintoma que detectei no meu Marido). 
- no pacote de sintomas incluem-se também as idas de última hora a um qualquer hipermercado (duração variável, entre 30 a 70 minutos) com direito a "vai-para-a-caixa-que-eu-já-vou-lá-ter"... Depois de todas as compras passadas, fica-se incontáveis minutos a olhar para a menina da caixa e para a fila de pessoas que (des)esperam pela sua vez...e a procurar um buraco no chão bem fundo para desaparecer... 
- outro sintoma clássico são as refeições fora de horas. E esta foi a derradeira prova de que o meu Marido se tornou membro activo da tribo dos meninos perdidos, quando decidiu ser ele a fazer um almoço de Domingo (odeeeeeeio os almoços familiares de Domingo, deprimem-me.  Mas a girl gotta do what a girl gotta do...) e nos presenteou com o seu manjar pelas 15 horas (em sua defesa, estava delicioso!!!).
Estes são alguns dos sintomas clássicos de que se esteve em contacto com a tribo (em caso de dúvida ou persistência dos sintomas, não lhe adianta de nada consultar o farmacêutico. Trust me...been there, done that, got the t-shirt). Provavelmente outros existirão, mas necessito de mais tempo para aprofundar e reflectir sobre este fenómeno (importantíssimo, como quase tudo sobre o que disserto...) 
Acresce dizer que a tribo dos meninos perdidos alimenta-se de peças de vestuário que, misteriosamente, desaparecem (daí o nome desta tribo). Estas permanecem incógnitas por períodos variáveis de nunca menos que 15 dias até 8 meses. Milagrosamente, re-aparecem qual D. Sebastião no seu cavalo branco numa manhã de nevoeiro... (os regressados mais festejados costumam ser peças de roupa interior). 
O meu Marido foi a mais recente vítima desta tribo. Ao fim de 5 anos teve de admitir que a tribo se apoderou dele... E até hoje acho que não consegue perceber como tal aconteceu... (primeiro estranha-se, depois entranha-se...)

18 julho 2011

Defeito de fabrico

Hoje saí de casa. Não, não fui passear (mas precisava mesmo que a sanidade mental já viu dias melhores). Não, não fui trabalhar nem ao cabeleireiro (mas precisava mesmo, de ambas as coisas). O curto passeio resumiu-se a mais uma ida ao Hospital público onde também somos seguidas (porque mais vale prevenir que remediar, não vá a cachopa ser aprressadota)
E senti-me péssima
Na sala de espera encontravam-se grávidas com um ar glorioso e radiante. Exibiam as suas barriguinhas e tinham a tal luz de que tanto a minha Sogra gosta de falar (nota para o leitor: a minha Sogra acha que gravidez é estado de graça e algo de sobrenatural, onde tudo é maravilhoso, ou parafraseando-a : o máximo. No outro extremo do ringue temos a minha Mãe, obstetra de formação para quem gravidez é pior que o pão-nosso-de-cada-dia. Tirem as vossas conclusões). Para destoar de tão harmonioso conjunto na sala de espera, entro eu. Praticamente sem andar (as permas têm que permanecer juntas, se se afastam uma da outra as dores provocam logo lágrimas nos olhos e eu não choro em público...Pela discrição conseguem imaginar todo o meu andar charmoso e atratente), branca e com umas olheiras negras bem marcadas devido à noite quase em claro pelas dores. Toda um conjunto que grita a plenos pulmões: eu não tenho a tal luz de que toda a gente fala. Não. Tenho um ar doente e cansado (e de quem precisa de urgentemente arranjar o cabelo)
Por isso, gostava de saber a que Entidade devo apresentar a reclamação por defeito de fabrico na tal luz.  Porque claramente a minha não funciona. De todo...  

Do sofá

Nestes últimos dias, a Francisca descobriu (ainda na barriga da Mamã e já tãaaaao esperta) algo novo e que muito gozo lhe dá: o seu novo sofá!!! 
Para sentar o seu rabiosque empinadito, nada melhor que as minhas costelas. Não percebo (após longas horas debruçada sobre este tema) como algo tão duro e com aspecto de ser hiper, mega desconfortável, possa ser tão atraente para sentar. Sofás com aspecto acolhedor e fofo, sim...Puffs e almofadas de penas grandes, sim... Até as cadeiras de madeira todas estilizadas que a minha Mãe acha que combinam na perfeição com a decoração da sua sala-museu (mas onde ninguém aguenta sentado mais de 10 minutos seguidos) me parecem melhor... Agora umas quantas costelas, por favor Francisca!!! Temos ainda como agravante o facto de dar por mim a falar alto e sozinha (já fruto das muitas horas que passo sem companhia) a declamar pérolas como: "Podes tirar daí o rabo, por favor??? (seguem-se olhares estranhos e desconfiados de quem se encontrar por perto...) 
E enquanto eu me contorço com o desconforto que tal nova descoberta causa, a menina Francisca espreguiça-se, pontapeia a minha bexiga e por fim, finca ainda mais o seu pequeno rabito nas minhas costelas... E aposto que enquanto o faz, ainda boceja com o ar mais entediado possível... 

16 julho 2011

Dos Sábados de nevoeiro e cinzentos

Gosto dos Sábados de nevoeiro e cinzentos...
Gosto de acordar e pela persiana entreaberta ver a bruma lá fora. E do cinzento do céu e da luz pálida que bate no teu rosto, tão sereno e tranquilo, adormecido ao meu lado... 
E gosto de me aconchegar no teu peito e sentir o teu calor. E adormecer novamente, enquanto o nevoeiro se adensa lá fora...
Sim, gosto dos Sábados de nevoeiro... 

15 julho 2011

Das saudades dos saltos altos...

É oficial, tenho saudades dos sapatos de salto alto (entre saudades de muitas outras coisas, mas neste momento lembrei-me dos sapatos). Tenho imensas saudades dos meus stillettos de 12 cm e por aí fora (tão sozinhos, abandonados nas caixas. É de partir o coração mais empedrado... um verdadeiro drama)
Os meus (poucos, nunca são de mais, mas o meu Marido não percebe isto) sapatinhos, aguardam ansiosamente nas prateleiras pelo regresso dos seus dias de glória. 
A única coisa que estes pézinhos de Cinderela (um dia debruço-me sobre a história da Cinderela, tenho uma teoria (parva, claro) a seu respeito)  têm visto nas últimas semanas são chinelos (palavra horroroooosa) com vaquinhas (atentem no charme da coisa). Combinam na perfeição com todo o restante conjunto que deambula pela casa quando tal lhe é permitido.  E devo de referir, para que não haja nenhuma ilusão, que é um conjunto muito decrépito (se calhar já tinham percebido, mas era mesmo para ter a certeza que estavam esclarecidos...). 
Vá, fofos, não fiquem tristes!!! Não tarda nada, volto a levá-los a passear pelas ruas empedradas da cidade, está bem? Mas por agora, estou rendida às minhas vaquinhas... 

Do meu momento Pregzilla...

De olheiras bem carregadas e ar psicótico, hoje fui de novo espreitar a Francisca
Confirmei que estava tudo bem, é saudável e perfeitinha. E também confirmei que será mais um elemento da Dinastia dos Enfezadinhos que se arrasta há já várias gerações, como já aqui referi. Não é pequenina mas é magrinha. Paciência...
Enquanto bombardeava a médica com todas as mil e uma questões possíveis e imaginárias (a certa ponto, tenho a certeza que a médica esteve tentada a dar-me com a sonda na cabeça para me por inconsciente e, finalmente, parar de a questionar como a CIA questiona um prisioneiro) apercebi-me, para meu terror, que estava a actuar como uma Pregzilla... Naãaaaaao!!! 
Eu, a Mrs mas-porque-é-que-as-pessoas-ficam-assim-credo!, a actuar como uma Pregzilla... Não, não, nada disso! Naqueles minutos em que a médica suspirava pacientemente e respondia ao inquérito (e nada de respostas sim-não, que isto são tudo perguntas de desenvolvimento, ok?) não era eu que ali estava...Nahhh. Momentaneamente , o meu cérebro foi tomado de assalto por um qualquer grupo terrorista apostado em arruinar toda uma reputação... 
Quem, eu, Pregzilla? Nada disso. Impossível!!! 

14 julho 2011

Das heranças de família...

Esta noite dei por mim a pensar nas heranças de família. Não me refiro a bens materiais como tachos e loiças de marca fina (ou toalhas bordadas de linho e toda uma panóplia de coisas inúteis) que passam de geração em geração, mas sim às outras, as que não se podem escolher...essas mesmo, as genéticas!
Ontem, depois de saber que a Francisca era pequenina e magrinha, e, apesar de ainda ter esperança que seja só um erro daquela médica (com mais frequência do que seria desejável o ser humano mete a pata na poça... ), fui investigar e consultar o Dr. Google. Esse mesmo, o Dr. Google, conhecido pelos seus prognósticos alarmantes e catastróficos, capazes de deixar até o meu Marido (esse poço sem fundo de optimismo, tão sem fundo que me chega a levar ao desespero) a reflectir sobre o assunto durante mais de 10 minutos. Depois de muito pesquisa no consultório virtual do Dr. Google, deparei-me com o facto de que há bebés pequeninos e magrinhos (também referidos por mim como enfezadinhos, espero não ferir susceptibilidades) e há bebés grandes e gordinhos (traduzidos na minha linguagem comum como texugões...Vá, não se choquem comigo, quem me conhece sabe que evoluí muito no que toca a sensibilidade.) Após horas de consulta (ainda bem que este Dr. é um querido e não cobra honorários) concluí que, entre muitos outros factores que contribuem para que tenhamos um bebé digno do Guinness ou não, eis que surge a maravilhosa genética. 
Após profunda reflexão tirei imeeeeeeeeensas conclusões (extremamente válidas como irão atestar em seguida...ou não) a esse respeito e que passo a enumerar (e que não se ficam pelo debate enfezadinhos vs texugões) :
- O meu Pai quando nasceu em Trás-os-Montes há muitos, muitos anos atrás (uaaaau, quase tão poético como "In a Galaxy far far away", daqueles filmes que o meu Marido me quer obrigar a ver e aos quais, até hoje, sempre consegui esquivar-me elegantemente...and let's keep it that way) era um enfezadinho amarelo e doente. Ao 3º dia de vida levou 3 injecções, que nunca ninguém soube dizer para que eram e a Extrema Unção. É sempre bom um começo de vida assim...talvez seja essa a explicação para o facto de ainda hoje em dia o meu Pai ser primo directo do Velho do Restelo. Se estiverem a precisar de optimismo, NÃO falem com ele... Perto do fim da conversa estarão à procura de uma corda ou algo que possa executar a mesma função! (acreditem que o adoro, sou meeeeeeeeesmo menina do Papá)
- Como referi no meu post anterior, eu também fui uma enfezadinha. Não tive direito às mesma exéquias que o meu Pai, mas fui inundada por um quantidade de elogios sumarentos como o "coisa tão ruim" e "não vai dar em nada" (abstenho-me de dizer os comentários da minha Mãe em relação a semelhantes elogios atirados no puerpério...). A minha fase de enfezadinha durou vários anos, onde para desespero dos meus Pais, não comia nada de jeito e fazia frosquices à comida. Graças a isso, passei muitas horas de castigo no refeitório do Infantário...(e também ao facto de trepar as grades com os meus amuiguinhos enquanto brincava ao esquadrão Classe A). A relação bastarda com a comida mantém-se até hoje, mas isso são outros episódios mais deprimentes e que agora não interessam para nada! 
- A minha Mãe acabou a gloriosa gravidez da sua enfezadinha na cama, com uma complicação rara mas de nome chique: Diástase da Sínfise Púbica...digam lá, é fino, não é? Adivinhem meus senhores???? Pois é, há mais de 15 dias que passamos os nossos dias na cama, sem conseguir andar sem ser de maneira no mínimo awkward (e que nas poucas vezes que fui à rua desde então maravilha todos os transientes. No caso de ir acompanhada pelo meu Marido, há também a versão dos olhares inquisidores a ele enviados), sentar ou virar na cama sem direito a um chorrilho de guinchinhos de dor e, por vezes, palavras menos doces. 
- Do lado do meu Pai consegui herdar, para além do nariz de papagaio que me torna inconfundível vista de perfil (let's face it...), um par de rins que não deveriam ter direito sequer a esse nome. Não fazem muito do que era suposto fazer (mas esmeram-se a fazer calhaus com muita classe), assim como também não o fazem pelo meu Pai nem o fizeram pela minha Avó.
Pois é meus senhores, é a genética no seu expoente máximo. Aqui não há pernas Gisele Bundchen para herdar, olhos azuis à la Oceano Pacífico ou ainda capacidade de correr os 100m em menos de 10 segundos enquanto se faz a raiz quadrada de um número de 7 algarismos apenas usando a massa cinzenta... 
Mas temos sempre os tachos e loiças de marca fina (ou toalhas bordadas de linho e toda uma panóplia de coisas inúteis)...

13 julho 2011

E o meu coração ficou pequenino...

Hoje fui espreitar o teu T0 Francisca... e vim embora com o meu coração de Mamã tão pequenino meu amor... (está tão angustiado e preocupado...)
A médica disse que estavas bem, que és perfeitinha e saudável...és apenas uma bebé muito pequenina e magrinha. A Mamã também foi assim um bebé um bocadinho enfezadinho (2.600kg às 38 semanas. A tua Bisavó, que já não está entre nós, fez questão de presentear a tua Avó com o seguinte elogio quando me conheceu "Que coisa tão ruim!!!" Vou-me abster de comentar tal... 
Queria tanto que tu estivesses grande e forte , minha pequena Texuguinha...
Sexta vamos fazer outra ecografia no Hospital privado onde irás nascer se não fores prematura (só para te relembrar: se fores apressadinha não tens prenda de anos até aos 18. Acho que temos acordo, sim? ). Secretamente, espero que esta médica se tenha enganado...e que estejas um bocadinho maior...Mas se assim não for, não importa... És apenas uma bebé mais pequenina e magrinha que a maioria. Para nós és perfeita, tal e qual como fores. És, neste momento, 1.320 kg de puro mimo e amor Francisca
Mas o coração da Mamã está tão pequenino e inquieto... 

Das conversas telefónicas sem nexo

O telemóvel toca (quer dizer, não toca nada que me irrita, vibra só e chega). Trabalho... Atendo (pois claro, tem de ser...). "Olá. Quando vens trabalhar?" "Olá....Não sei, estou de baixa até ao fim do mês, já tinha explicado a situação. Espero que me sinta melhor até lá para tentar regressar ainda antes de nascer a Francisca, também seria bom para mim". "Ah, pensei que viesses amanhã." (silêncio do meu lado, enquanto penso que se me começar a rir o mais certo é passar por demente...). "Pois...mas não, amanhã não vou". "Está bem então".  Fim de chamada.
Fico algum tempo a olhar para o ecrã do telemóvel, alternando entre a vontade de rir e a vontade de chorar...  Fico-me pela constatação que foi apenas mais um tesourinho deprimente para as minhas memórias... 
E assim foi, mais uma das muitas chamadas telefónicas sem nexo que frequentemente assaltam o meu telemóvel... 

12 julho 2011

Fazes-me (nos) falta...

Descobri que há qualquer coisa de "animal" em mim. Sou como os cachorros que ficam à janela sentados, com o olhar triste e perdido, à espera que o dono regresse. 
Também faço algo semelhante. Mas não me sento à janela com os olhos presos no fundo da rua na esperança de te ver chegar (até porque hoje não é Sexta-feira). Fico sentada com os olhos fixos no ecrã do computador, ansiosa pelo momento em que possas finalmente estar aqui...mesmo a km de distância. 
Fazes-me (nos) falta...muita falta. 

Dos Pais de 1ª viagem

 Hoje chegou o Snuza! Após intensa pesquisa na Internet , achamos que faria todo o sentido ter um Snuza (e digo isto como se a restante Humanidade tivesse conhecimento de causa de que raio é um snuza...ou como se fosse algo que remonte ao tempo dos Vikings...).
O Snuza é, nada mais nada menos, do que um  pequeno (e caro)  aparelhómetro que se prende na fralda do nosso pequeno bebé. Se durante mais de 20 segundos a referida engenhoca não detectar nenhum movimento respiratório, aplica um estímulo vibratório à criancinha...e se mesmo assim, não conseguir obter a resposta desejada, começa a apitar para alertar os Pais (isto é tudo na teoria, estou a resumir o que vem escrito na caixa. O Marido será o meu ratinho de laboratório para testar a nova aquisição. Ah e também para ver se não põe a Francisca com os cabelos em pé, como agoura a Avó...)
Antes de engravidar, fartava-me de rir (talvez deva mesmo dizer: rebolar a rir, gozar de maneira quase indecente)  com estas mariquices, que surgiam apenas para levar os Pais de 1ª viagem a gastar dinheiro de forma desnecessária. Não percebia como era possível a razão ficar tão toldada (ou muitas vezes pensava que seria algum tipo de demência passageira). E como achavam os Pais de 1ª viagem, dadas então tamanhas necessidades prementes para o bem estar do bebé, que tinham sido criados? ( o que nos remete de novo para o tempo dos Vickings). Mea culpa... (daqui a uns meses irei culpar, muito provavelmente, as alterações hormonais para tal ter sucedido). Mas por agora, se me traz alguma paz de espírito (e me ajudar a dormir) , não me importo de me ridicularizar um pouco... 
E assim, hoje tornei-me a orgulhosa e feliz proprietária de um Snuza...

11 julho 2011

Mofli, a fera

A Mofli é, como podem constatar pela foto, uma fera. Quando chegou à nossa vida era tão grande que cabia na palma da minha mão. Foi uma prenda surpresa do meu Marido, a melhor de todas, igualada apenas por um balde de Legos que recebi quando tinha 5 anos (quem quer saber de um carro aos 18 anos ao lado destes tesouros? ). A Mofli veio para a nossa pequena família para que, quando chegasse a hora de ir para o Desterro (aka EUA,) não me sentisse (tão) só...
E assim, numa madrugada de Março (para mim o tempo estava ranhoso, por isso não posso acrescentar aquelas frases descritivas poéticas e bonitas) estava no Aeroporto da Portela, armada com duas grandes malas (com excesso de peso), uma mala de mão, uma carteira enorme (o que é preciso é ter estilo)  e uma transportadora com a fera. A Mofli gostou mais da viagem do que eu graças a um comprimido milagroso que o veterinário lhe deu. E assim fomos as duas, eu a chorar e a Mofli pedrada com a língua a descair para fora da boca junto aos meus pés, para o outro lado do Atlântico.  
Foram meses muuuuuito longos, mas sempre animada por esta companhia. É claro que o facto de me ter roído sapatos, roupa interior, peças de vestuário, destruído partes da alcatifa, ter feito buracos nas paredes (sim, buracos ou, se preferirem, decidiu comer parede), me acordar a meio da noite porque lhe apetecia que lhe coçasse a barriguinha, ou acordar com pedaços de frango entre as fronhas (sim, também tem um apetite muitíssimo delicado), por vezes me levaram ao desespero (Mofliiiiiii...NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOO)
Mas sem ela, não teria sido a mesma coisa. Teria sido ainda mais difícil para mim. E por isso, achei que devia partilhar o meu carinho por esta cadelita bastante destrambelhada e sem maneiras nenhumas (eu juro que a tentei educar, mas nem ensinar a sentar consegui). Continua a exigir que lhe cocem a barriga, que brinquem com ela, que lhe prestem atenção. E a cada dia descubro mais uma panca nova (a última: chorar para ter colo de forma a poder ver a rua na varanda...é mesmo verdade, confirmado por variadas pessoas que já assistiram ao decrépito cenário ). E descubro também que ela é única e ocupa um lugar muito importante nas nossas vidas... Mesmo que ache que a minha almofada de amamentação (tão bonita, toda cor de rosa) é, pura e exclusivamente, para ela poder dormir sestas mais confortável...   

Para ti, Francisca

Depois de meses (mais de um ano, tenho de ser honesta) sem me lembrar que tinha um blog, resolvi voltar em força :) Vou ( tentar ) resumir um bocadinho a minha história para vos situar até ao dia de hoje ...
Daqui a  8 semanas (mais coisa menos coisa) vou conhecer-te Francisca. És uma bebé muito desejada ( e já muito, muito, muito, muito amada e mimada) mas que mesmo assim para mim chegou como uma surpresa de Ano Novo. 
Depois de quase um ano desterrada  de Marido, Família e Amigos nos EUA por causa do Doutoramento (um caminho muito atribulado que discutirei quando falar disso não me der ataques de urticária, o que provavelmente acontecerá quando e se algum dia o terminar ) e tendo como única companhia uma Yorkshire com personalidade de Labrador, eis que regresso, acompanhada do teu Papá em Dezembro de 2010. E voltar a casa tem um travo único, indescritível. Nunca me vou esquecer do dia em que finalmente entrei no avião, pus a transportadora debaixo do banco da frente, olhei para o teu Pai e disse: "Vou para casa, finalmente! Já não fico louca de vez. Obrigada por me vires buscar Querido". ( tenho de referir que sem o teu Pai ter ido buscar a Mamã teria sido muuuuito complicado trazer todos os sapatos e outras coisas compradas no âmbito da "retail therapy")
Há algum tempo que falávamos sobre ter um filho. Sempre quisemos ser pais novos. E nisto veio o " vamos não fazer nada para que não aconteça. Não estamos a tentar, estamos a não evitar".  Na minha cabecinha, iria demorar imeeeeeeeenso tempo até conseguir engravidar. O meu passado não abonava muito a meu favor no ponto fertilidade (achava eu).  Depois de anos às voltas com anorexia nervosa e depressão (sim, faço parte dos números dos que "Vivem livres dentro de uma prisão") e de muito esforço para voltar a ser "normal" (seja lá o que isso for, nunca percebi muito bem o que é ser normal) achava que o ter filhos tinha sido algo que algures pelo caminho de volta a ser Eu se tinha estragado. Não podia estar mais enganada... ( e ainda bem!!!). 
Dia 6 de Janeiro, enquanto fazia uma das muitas viagens de pendular Porto-Lisboa, recebo uma chamada do Papá: "Tive um acidente" disse ele. Fiquei sem reacção, perguntei se estava a brincar. "Não, não estou a brincar. Tive um acidente, não estou ferido, mas o carro está em mau estado. O que faço?'" (e nisto apercebo-me que fui a primeira pessoa a quem ligou, qual GNR, qual 112). E volta-se a ouvir do outro lado " O que é que eu faço?"  Por milagre ou algo do género, não teve um único arranhão, uma nódoa negra ( e todos os dias agradeço por ele continuar aqui, ao meu lado, a segurar-me nos seus braços). Quando finalmente nos encontramos, a única preocupação que existia para ele era que eu fizesse um teste de gravidez (qual carro, qual quê, precisas de fazer um teste, hoje!). Já tinha comentado que estava com um atraso de 3 dias, algo nunca visto em mim. Tivemos de esperar até ao dia seguinte, não encontramos uma única farmácia aberta nas redondezas. Sexta feira, dia 7 de Janeiro, e sobre o olhar atento do Fernando Pessoa na Brasileira, vimos escrito "Grávida" ...e pouco depois a ampulheta parou de piscar e dizia "Grávida 2-3". A minha boca abriu-se qual sapo a caçar moscas... O teu Papá só disse "olha que giro! Até tem acento no a e tudo!!! "homens...Depois de .uns minutos (talvez tenham sido segundos, não sei) ouve-se "Vou ser Paaaaaaaaaaaaii!!! Eu vou ser Paaaaaaaaaiiiiii!!! Um whisky 12 anos por favor." E eu sorria e olhava para aquele mostrador e pensava " e se for um erro? e for um resultado falso?" (e sou eu da área das ciências senhores, casa de ferreiro...).  E foi assim que soubemos que estávamos nesta viagem de ser Papás! ( sim, fiz mais 3 testes de gravidez, só para ter a certeza... tinha de te dizer se não o teu Papá não ia perder a oportunidade de gozar com a Mamã). 
Soubemos cedo que eras tu, Francisca, que estavas a caminho. Às 11 semanas soubemos por um teste novo que era uma menina que vinha para alegrar os nossos dias ( menina do Papá como alguém não se cansa de repetir). Não foi difícil decidir o teu nome, já há muito tempo que estava escolhido (um dia conto a história por detrás do nome :) ). 
E agora faltam 8 semanas, mais coisa menos coisa, para te conhecer... Obrigada pelos pontapés que me vais dando, como que a dizer" sim estou aqui, estou bem e estou quase a chegar!!!" E nisto, apercebo-me que sim, estás quase a chegar. Vou ser Mãe... e tenho muito, muito muito medo de não ser capaz de cuidar de ti como devo, de falhar... Filha, faltam 8 semanas, mais coisa menos coisa, para te conhecer. E tenho medos e receios e dúvidas... E penso em como será a tua carinha, como será o teu choro, as tuas mãos e pés pequeninos.  E se serei capaz de te proteger de tudo o que o Mundo tem de mau...serão os meus braços o suficiente para te envolver? E faltam 8 semanas, mais coisa menos coisa...