(vale mesmo muito a pena ver.)
aprendi que viver em paz com o corpo é um exercício diário para mim. mas aprendi a viver em paz com ele. com as estrias. as marcas. as cicatrizes. todos os dias faço as pazes com o meu corpo.)
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(vale mesmo muito a pena ver.)
aprendi que viver em paz com o corpo é um exercício diário para mim. mas aprendi a viver em paz com ele. com as estrias. as marcas. as cicatrizes. todos os dias faço as pazes com o meu corpo.)
(Viro-me para o silêncio. Quanto mais barulho existe à minha volta, mais silêncio gero em mim. Não é ser do contra. Não é porque sim. Não é porque sou assim mas sim, porque a vida tratou de me fazer assim. Talvez seja uma espécie de forma estóica* de levar a vida. Sinceramente, não sei. Sei que me falta a vontade de romper o meu silêncio. De contar os meus dias. A vida decorre. Sobressaltada, inconstante, entre internamentos de familiares no hospital e os ram ram das chatices de todos os dias, entre os talões do supermercado e as contas que se somam para subtrair do todo, entre o futuro da minha geração que foge para além fronteiras. Talvez como criança mimada, me apeteça ficar só calada, me enrolar em mim e me guardar, sempre com uma única constante: sorrir. )
Estoicismo:
Doutrina que aconselha a indiferença e o desprezo pelos males físicos e morais e a insensibilidade perante quanto pode apaixonar ou. afectar 2. [Figurado] Firmeza; austeridade; constância no infortúnio. (Priberam)
[Tenho sonhado muito. Coisas disparatadas, principalmente. Coisas que me preocupam muito também mas que no sono solto tomam proporções de cataclismo disforme na minha mente. Acordo sempre com aquela sensação de que não dormi. Dói-me o pescoço hoje e sinto-me um cruzamento de Robocop e Transformer. Não sei bem o que sonhei, mas acordei angustiada, em modo panela de pressão. Acordei com frio nos ossos, aquele frio que não há casaco que tire ou cure, aquele que vem de dentro. Ainda não são 10h da manhã e já tive me chatear com Francisca, tudo por causa da sua mania de me tentar dar a volta com um "é o último e só mais um bocadinho". Da próxima não lhe dou um leite com chocolate ao pequeno-almoço, armada em gaja fófinha e mãe cool. Às vezes, muitas mais do que se calhar a era papás-new-age acha aceitável, falta-me a pachorra para dramas de leite achocolatado e chupa-chupas. Se digo "Não" é não que eu cá acho maravilhoso que aprenda a lidar com a frustração dos nãos desta vida, que vão ser mais do que muitos. É a vidinha. Não é uma questão de ser autoritária e déspota, é uma questão de que eu sou a Mãe, eu decido, de acordo com aquilo que me parece razoável na altura. Agora deu para roubar bananas e comer as mesmas como se o mundo fosse acabar. Só a mim. Acho óptimo que tente levar a sua avante, ao menos não é toninha sem sal e de burrinha tem pouco, mas em dias panela de pressão, é um jogo perigoso de jogar comigo. Vai-se a ver e a catraia gosta de viver na ilusão do perigo, "uhuh sou louca e destemida, deixa cá ver quando esta roda a baiana". Em boa verdade, em dias panela de pressão, não preciso de muito para se ouvir aquele silvo agudo das ditas, na versão chorrilho de palavras. Também posso considerar apitar assim, que tal? Um dia destes adopto esse comportamento e aí pronto, é facto: colei o pistão de vez. Pensando bem, quando ouvia aquilo nos dias em que a minha Mãe se dedicava a fazer pratos xpto e o almoço era às 3 da tarde (agora sei que se chama brunch e olha, afinal lá em casa é que era muito "chiquibem"), punha-me a andar da cozinha bem lestinha das pernas, não fosse sobrar para mim. Tanto pela parte da panela, como pela parte da minha Mãe. Vai-se a ver e "panela de pressão" é um traço genético. ]
Basicamente, o meu mal é sono mas bom dia.
(Agora dei-me conta que me comparo a uma panela de pressão. Pa-ne-la. Parabéns, todo um novo nível de degredo foi atingido. )
(Um vídeo feito pela OMS. Vale a pena ver. )
Há vida depois da depressão. Há vontade de viver. Há o não desistir. Há o reinventar-se porque é idílico pensar que como uma gripe não deixará marcas. Não, não se volta ao que se foi, mas o importante é que há vida depois. O importante é nunca se esquecer disso. Todas as vezes que forem precisas, todos os dias.