Tenho duas. As suficientes. Um ano, o meu Pai comprou-me um, com um Pai Natal barrigudo, em tons de azul e vermelho, sinistro todos os dias. Comi os chocolates todos nesse dia e fechei, religiosamente, as janelinhas de cada dia que supostamente faltava até ao grande dia. Não me queixei com as cólicas que tanto chocolate mau me deu, sob pena de ser descoberto o meu fraco espírito da época e "tão giro, estou que nem posso para abrir a última janelinha mas como sou muito bem comportada fico a olhar e não dou numa de selvagem". Yeah, right. A outra memória passa por um calendário cujo chocolate era de velha. E pensais: "que é isso, chocolate de velha?". Eu explico: é aquele chocolate que as tias-avós da aldeia têm em casa desde que o Salazar quinou da cadeira, mas que vos é carinhosamente oferecido como tendo sido para vós comprado propositadamente. O problema: está ressequido e eu nem projecto era no 25 de Abril, 5 anos depois da morte do dito. Fui às compras e vi uns calendários de advento. Pensei se deveria trazer um para a minha criança, anos de terapia que a esperam com a prima do Grinch como Mãe. Assim que as minhas memoires associadas aos calendários vieram à tona, passou-me depressinha o "I suck at parenting". Nisto, trouxe mais uma garrafa de Defesa tinto, que estava em promoção. Posso ser a prima do Grinch mas pelo menos tenho vinho tinto bom na garrafeira. E é isto a minha vida.
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Chocolate de velha, como é possível?!?!?! Pensei que só as minhas tias-avós faziam isso! Que mania!
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