31 outubro 2014

Doce ou travessura...

Anos depois, 4 (salvo erro), regressada de Terras de Tio Sam, volto a abrir a porta a Mini-Bruxas, Mini-Zombies, Minis dizendo em coro "doce ou travessura", enquanto fazem festas na Mofli e eu despacho os chupas e bolachas de chocolate  (mais que a conta) que os Avós deixaram para a Francisca. Não quero nem saber se não é uma tradição Portuguesa... McDonalds também não é e não há quem ainda não tenha enfardado o belo do hambúrguer. 4 anos depois (salvo erro) recebo fotos do meu querido Matt, maravilhas da tecnologia (obrigada Apple!!!!!!), mascarado para o Halloween. 4 anos depois, a saudade do outro lado do Atlântico, ao ouvir "doce ou travessura"... 

p.s- sou gaja de para o ano mascarar a piquena, a cadela e a mim mesma para ir pedinchar doces. 

Manhãs.

Fui, como faço quase todas as manhãs, levar a Francisca à Escola. Depois de lhe dar um beijinho, foi a correr pousar a mochila no sítio destinado aos seus tarecos. Ia dar meia volta, já me tinha despedido, já lhe tinha dito o tradicional "porta-te bem, até logo", quando Francisca olha para mim e num quase grito, voz elevada, para ter a certeza que a ouvia à distância de 10 passos nas suas pernas pequenitas, disse: 
- Mánhe, gosto muito de ti Mánhe.  
Baixei-me, abri-lhe os braços, Francisca correu para eles. (Está tão grande, pensei. Mas ainda é tão pequenina a minha Menina…)  Apertei-a contra mim e disse a mesma ladainha, a mesma que lhe digo tantas vezes, tão minha e daquele dez reis de gente, aquela menina meia empertigada, teimosa, aquela menina de mim.  
- Francisca onde está a Mãe?
- No meu coração Mánhe!
- E a Francisca, onde está?
- Aqui! (pondo o seu indicador sobre o meu peito. 
Sorriu-me e foi-se embora, sem dúvidas nem hesitações.  (Está tão grande, pensei. Mas ainda é tão pequenina a minha Menina…)
Posso não ter nascido para ser Mãe (que não, faço o melhor que consigo), posso continuar naquela do tentativa-erro-deixa-cá-ver-o-que-sai-daqui, posso perder a paciência mais vezes dos que as que gostaria, posso perguntar-me muitas vezes se sou rígida de mais, se sou complacente de mais, se estou a traumatizar a criancinha para a vida e passará anos em terapia a dizer que a Mãe era um bocadinho estranha…  mas porra, algures pelo caminho, em algum momento, alguma coisa devo estar a fazer bem. 


30 outubro 2014

Eu sofro dos nervos.

Digo muitos palavrões mas muitas vezes mentalmente, não vá a criança ouvir e desatar a repetir. Digo muitos quando estou sozinha e irritada, pior que um carroceiro. Praguejo em excesso. Faço piadas de humor negro, que me darão entrada directa no Inferno e estou-me a lixar para isso, fazem-me rir. Acordo mal disposta e com umas trombas até ao chão. Reclamo por causa do sol nos olhos e por causa do calor. Não tenho paxorra para responder a mais porquês ao fim do décimo primeiro e saco do "porque sim, porque sou a tua Mãe e eu digo porque sim". Perco-me a ver lojas de trapos online e a fazer listas ,também mentais e virtuais, de todas as coisas que gostava de ter. Não percebo o conceito de minimalismo, nem de revivalismo e reciclagem, bem reciclagem, só mesmo a do Gervásio e muitas vezes tenho de pensar para que é o amarelo, pior que um macaco, que sabia a cena de trás para a frente, nódoa que sou, que não sei reciclar roupa ou kits,  como é de bem ser dito. Também penso em todos os sítios aonde não fui e onde tenho de ir, de todas as viagens que me faltam fazer e às vezes vou ver quanto custam passagens de avião para aqui ou para ali.  Gosto muito de vinho tinto, mesmo muito, especialmente de vinhos do Douro mas a ser, serei bêbada perdida e não alcoólica rica. Gosto muito de tascas e não sou da equipa da folhinha de alface, do cenas gourmet com redução do raio que parta, sou até bastante brega se for a pensar bem no caso. Gosto de estar no meu canto, tipo bicho do manto, 'sogadita, tanto que às vezes tenho vontade de rosnar em vez de falar, ou talvez grunhir, depende de como esteja dos nervos. É que eu cá sofro muitos dos nervos. 

29 outubro 2014

Bom dia, bom dia!


Cada uma na sua cadeira. Ambas desgredenhadas, com cara de sono, mas ambas felizes. E é isto que também dá cor aos dias!   
Bom dia! 

28 outubro 2014

Respirar. Bem fundo. De novo.

Muitas vezes, escrevo coisas como "este tipo de cancro, afecta não-sei-quantos milhões de pessoas e só 10% sobrevivem num prazo de 5 anos. Muitas vezes, leio sobre outros tipos de cancro, que não aquele que a escolha ou o destino(?) puseram no meu percurso profissional, assim como com o "bicharoco y", cuja infecção é uma das causas do cancro x. Nunca penso muito sobre o facto de os x% não serem uma coisa fria, desprovida de sentimento, nunca penso muito que aqueles números são pessoas, vidas, poderia ser a minha até. Nunca penso muito sobre a hipótese de naqueles milhões poder estar alguém que eu tenha conhecido, me tenha cruzado com, ou venha a cruzar-me de futuro. Nunca. Tal como quando vi os filmes absolutamente extraordinarios que o IPATIMUP (ide aqui) fez sobre 5 tipos de cancro, limitei-me a achar que estavam excelentes (como seria de esperar de um instituto de excelência) não parei para pensar que as % ali referidas são vidas, com outras vidas que gravitam em seu torno, entrelaçadas por laços distintos. A palavra "cancro" faz parte do meu dia-a-dia, felizmente, num âmbito de trabalho e de estudo. Não de realidade. Ou pelo menos, nunca o foi de realidade numa realidade tão próxima e palpável até à biópsia a que o meu Pai foi submetido. Foram dias em suspenso. Em que pensava, racionalmente, que se trata, há tantos tratamentos, tanta coisa nova, tantos avanços. Foram dias em que dava por mim, emocionalmente toldada, a contar quantos parentes meus (nossos) tinham falecido de cancro e concluía, de forma triste, que as duas mãos não chegavam para contar todos aqueles que, ao longo dos anos, mais próximos ou afastados, perderam para o cancro. Também há os que sobreviveram, lutaram e conseguiram, casos de sucesso. Foram dias em que não conseguia ver a palavra "cancro" escrita. Não a podia dizer muito alto, alguém podia ouvir, podia dar azar. Foram dias em que pensei e que senti que era pequena de mais para ficar sem o meu Pai, que a Francisca era pequena de mais para ficar sem Avô, que a minha Mãe era nova de mais para muita coisa. Foram dias difíceis, dias em que muitas vezes queria fechar os olhos e dormir até saber o resultado. Dias em que acordava e pensava que tinha sido um pesadelo meu. Foram dias em suspenso. Já passou. Está tudo bem. Volto a dizer a palavra "cancro", a lê-la e a pensar que não sou assim tão inútil para a sociedade, não obstante a invisibilidade e a (in)significância que uma gota de água faz no oceano. Tenho imenso respeito a esse covarde, o cancro, mas medo…? Não lhe tenho medo, isso, não. E assim, a vida vai retomando o seu ritmo, em cinzas quentes e com a certeza de que ainda sou pequena demais, nova demais, menina demais e que ainda e sempre preciso muito do meu Pai. 

[Mesmo que não lho diga, mesmo que tenha dito um "ah pronto, ainda bem, está bem então!" ao telefone. Eu sei que ele sabe que serei sempre a sua menina, por vezes Leãozinho, por vezes Libelinha. E eu sei que ele também sabe que sou má de pessoas e ainda pior de por o coração em alta-voz. ]

27 outubro 2014

É tão isto!

"Porque não há dia em que um jornal, revista ou blogue publique uma lista de tarefas sobre a educação dos meus filhos: alimentação biológica, música clássica, desportos alternativos, filmes que fomentam a tolerância, roupa ecológica, brinquedos sustentáveis, um sem fim de instrucções, porque eu lógicamente sozinha não atino. O mais certo é que acabem qual bestas, analfabetas, perdidas num mundo idílico onde todas as crianças devem falar várias linguas, nadar como campeões olímpicos ou conhecer um vasto leque de autores da literatura nórdica. No mínimo. Sem esquecer as actividades conjuntas, imprescindíveis para criar os tais laços íntimos e profundos com os meus rebentos, como reclicar caixas de sapatos que só me ocupam espaço e criam pó ou a confecção de bolinhos de arroz em bucólicas tardes de domingo. Não sei como é que ainda não me tiraram a custódia. Porque as crianças não podem apanhar secas sozinhas no quarto não vão sentir um tremendo vazio existencial.  Porque os pais temos de ser estupidamente pro-activos, divertidos, tenhamos resaca, sono ou uma hemorroide assassina. Porque isto cada vez mais parece uma puta de uma competição a ver quem é mãe mais original e o filho mais criativo. Depois a malta admira-se que os putos andam stressados. Estão é fartos de nós."
(roubadíssimo à Rititi, no seu Blogue Rosa Cueca, aqui.  )
(Francisca, filha desta Mãe: aqui fica já o meu pedido de perdão (-ão, -ão, -ão. assim tipo eco, estais a ver?) por não fazer bolinhos contigo em tardes de Domingo de chuva e me remelar pelo sofá em pijama e desgredenhada, enquanto tu me mostras que a girafa dos Lego tem pintas castanhas. Perdoa-me por eu não ficar em extâse com a tua capacidade de observar o mundo e sair do sofá em plenos "Ahhh!!!" de cada vez que dizes que 'rotiste (arrotei, Mánhe). Ah e perdoa-me também o ainda não te ter explicado o que é um brinquedo sustentável. Filha, se tudo o mais falhar, já sabes 'mha querida, a culpa é minha, mais a minha inaptidão para os bolinhos e coisas sustentáveis. Mas não te metas na Casa dos Segredos, o teu Avô Zé nunca iria recuperar, ouviste?)

Eu sofro dos nervos.

Eu sou um bicho consumista. Gosto dos meus tarecos, das minhas pirosadas, dos meus sapatos, roupa e afins (e tenho zero problema em admitir isso). Compro quase tudo em lojas físicas, muitas delas ligadas a um determinado grupo, o do Tio Ortega fofinho, que também enriquece às minhas custas e nunca um postalzinho de agradecimento, seu ingrato! Adiante. Irritam-me as lojinhas do facefronhas. Mas irritam-me assim, profundamente e eu sofro dos nervos.  Primeiro porque não põe preços nas coisas, segundo porque uma pessoa sensível a tarecos às vezes até se encanta numa peça e lá se dá à trabalheira de enviar uma mensagem a perguntar qual o preço, mensagem que leva dias a ser respondida, muitas vezes com um seco "não está disponível". Uma pessoa é crente e lá volta a mandar mensagem pelo facecoisa e pergunta se não vai voltar a estar disponível e já agora, o preço. Nunca mais recebe resposta, não obstante a dita "loja" postar na mesma rede social as "NOVIDADES!" (adoro quando escrevem em caps, dá-me epilepsias múltiplas). E uma pessoa encolhe os ombros não gasta dinheiro ali e vai procurar coisas bonitas em sítios onde pegue e veja a etiqueta do preço.  Apesar de  não pedir factura "até de um café" (sou uma selvagem e confesso que não peço a factura do café, preguiça, inconsciência, whatever, não costumo pedir)  põe-se a pensar que olha, estrelinha que as guie, que isto é tudo muito esperto e eu tão burrinha, valha-me Nossa Senhora. Uma pessoa também adora (a-do-ro, em linguagem fina)  ligar o noticiário e ver feirinhas e mercados e afins e por-se a pensar que aquelas alminhas também passar factura deve ser mentira, mas mesmo assim, 'simbora que é notícia. Mas ali o Zé dos Cachorros, se estiver a vender na roulotte, é bem capaz de não só levar com a ASAE em cima, como com os senhores fiscais porque vai-se a ver, e ele não passou factura do cachorro de dois euros e trinta e cinco cêntimos. Adoro toda esta lógica. É muito … atirem-se aos cães, sim?  

25 outubro 2014

Delicada.

[o meu Pai costuma chamar-me libelinha. muitas vezes. especialmente quando adoeço...  libelinha]
trago-a agora ao peito. frágil. delicada. e tão , aos meus olhos, bonita, única.

(sigam o  Instagram cá do barraco, aqui

23 outubro 2014

Das rotinas.

Quando Francisca me cabia no antebraço (e ainda sobrava espaço),na instituição "Eh pá, agora sou Mãe!" surgiram uma série de rotinas. Muitos dias tinha vontade de as atirar às urtigas e fazer o que me fosse mais fácil, mais simples, mais rápido. Tantos dias tive vontade de esquecer as rotinas estabelecidas, o banho, o biberão, arrota, muda fralda, dorme. À distância do tempo, acho que lhe fizeram e fazem bem. Por norma, dorme e deixa dormir, esse elefante cor de rosa que perguntam a todos os Pais: o "dorme bem?", ao que se costuma seguir o "e mama bem?", "alivia-se bem?(pondo as coisas em termos simples). Hoje em dia, pouco resta, se não mesmo nada, das rotinas desses dias. Há outras, diferentes, mas estabelecidas, semi-rigidas que dias não são dias. Rotinas simples, fáceis para um criança de 3 anos perceber (tirando o arrumar-os-brinquedos-quase-a-ferros) e que vão resultando (com a minha criancinha, claro). Também há birras, choros desconsolados do eu-tenho-a-pior-Mãe-do-mundo, amuanços, pés que batem no chão porque-a-minha-vida-é-uma-tristeza-e-eu-sou-a-rainha-do-drama. Sim, também há disso. Mas confesso que acho que o facto de as rotinas estarem tão entranhadas no seu dia-a-dia lhe roubam o tempo para as birras descomunais. Ou faz birra ou vê os "desanimados"... as duas coisas, não vai dar. Francisca chega da Escola, brinca, toma banho, vê dois episódios de Dra. Brinquedos (matem-me com o estetoscópio falante), janta e não há cá não quero sopa, que aqui há o quem manda sou eu, come e cala, sai da mesa (depois de pedir), brinca, lava os dentes e chichi cama. Nunca antes das 21h30, é certo, mas se assim não for, não lhe ponho quase a vista em cima. Se antes havia dias em que me apetecia dizer que o banho ficava para depois ou amanhã, hoje em dia apetecia-me que Francisca não ficasse um bróculo em frente à TV pelo tempo em que lhe é "aberto o sinal" do Disney Junior. Mas foi entrando na rotina, este seu momento de descompressão (life is soooo hard when you're 3!) e penso que mal não lhe fará. Faz parte da sua rotina, não é o dia inteiro. E a prova disso, são as nódoas negras que Francisca colecciona nas pernas. Pode parecer estranho, mas gosto que as tenha: é sinal que brinca, que corre, que cai e sobretudo que se levanta. E no fundo, o que eu quero, é que a rotina da Francisca seja a de ser feliz. Simples. 

22 outubro 2014

It's a States affair.

Quero voltar a NYC. E a Chicago. No Inverno. E no Verão. Não preciso de voltar a Miami ou Atlanta mas definitivamente tenho de conhecer L.A. E San Francisco. Quero muito voltar a Chicago, por dias, semanas até, mas Cape Cod... não posso morrer sem ir a Cape Cod. 

Tão "nóbinha" e já é isto!

-Francisca, gostas dos meninos da tua Escola?
-Sinhe!
-De todos?
-Hmmm, sinhe. Mais ou menos.
-E do Tiago?
-O Tiago é o meu querido!
-... ( r e s p i r a , Mulher!)  está bem.

Tiago... foge enquanto é tempo! Não tenhas medo da Mofli... tem medo da "sogra"!

A sério?

De cada vez que ouço a palavra "Natal", dá-me vontade de chorar. E não, não é (mesmo) de emoção, é mesmo de pura agonia ao pensar que ainda nem em Novembro estamos e já começa o bombardeamento… Começa cedo, este ano, o meu famoso "espírito Natalício"… Shoot me ! 

21 outubro 2014

Para pior, antes à terça!

Há qualquer coisa de muito errado em "agradecer" estar de molho na cama a uma terça e não a uma quinta-feira. É que se hoje fosse quinta, Oksana Maria iria explicar-me, de novo e com muito entusiasmo (?!?!),  que na Terra dela eu levava logo tratamento cavalo- com-pata-partida. Ainda um destes dias, falava com umas Amigas sobre a empregada cozinhar ou não… Pelo sim pelo não, acho melhor manter Oksana afastada dos meus repastos… e ficar impecável até quinta de manhã… !

20 outubro 2014

Embrulhada.

Veste aquele teu sorriso. Esquece os pesadelos. Não digas aquela palavra feia em voz alta. Não há-de ser isso que te preocupa Afasta-a do teu pensamento, deixa-a embrulhada na noite de mau sono. Lê-a nos teus apontamentos, no que fazes mas não, na tua realidade, não. Levanta a cabeça, não deixes (nunca) a tua coroa cair. Veste o teu manto de invisibilidade. Veste aquele teu sorriso. Tapa-olheiras. Base. Blush. It's a brand new day, it's a brand new week. Não há-de ser nada… 

18 outubro 2014

Todos somos carros.

(nunca percebi qual o interesse em saber quantos cavalos um motor era capaz de debitar. interessou-me sempre muito mais o binário, isso sim: a quantas rotações por minuto um motor seria capaz de entregar toda a potência que tivesse, fossem 75 ou 180cv. não serve de muito ter 180 cv se se demorar uma vida para os ter disponíveis, se for preciso atingir rotações altíssimas para os ter acessíveis. Tal como na Vida, o mais importante é ser capaz de entregar/dar quando as rotações da vida o pedirem, o imporem, sem levar a limites, aos extremos. Continuo a achar o binário muito mais fascinante, especialmente em baixas rotações.) 

16 outubro 2014

Sometimes I get lost inside my mind...

tenho, cada vez mais, menos pachorra para gente chata. e para gente preguiçosa. e para gente que se queixa porque chove, porque está vento, ai o bronzeado e que depressão me dá o Inverno. a mim dão-se-me muitas depressões mas a metereologia não me apoquenta verdadeiramente, vá talvez um pouco, assim muito quando está muito calor. tenho cada vez menos pachorra para folhos, laços e lacinhos desta vida, barbies e bonecas, folharecos repenicados e gente perfeita nas horas, minutos e segundos de seja lá onde e do que for. tenho cada vez mais vontade de resmungar quando me apetece, reclamar quando me dá na telha. soltar um palavrão ou uma enxurrada deles, em surdina ou em voz alta, num a mim me dá igual. tenho cada vez menos pachorra e mais paciência. sinais da idade e não do tempo. 

Já passou .

[continuo a fazer das tripas coração, que é como quem diz, da emoção razão de cada vez que Francisca se magoa a sério e chora. a impotência para ficar com as suas dores. o tentar perceber se de facto seria grave ou apenas dor passageira, misturada com susto e mimo. ninguém me avisou que um dia teria de estar numas urgências a ouvir os gritos da minha Filha, com a cara de maior calma do Mundo e "está tudo bem, isto já vai passar, tu és a super-Paquica, então!", mas a tentar não vomitar com a impressão ao ver o braço da minha Filha fora do sítio e a ser torcido e retorcido para colocar onde pertencia o seu cotovelo. se fosse outro braço qualquer, teria prestado atenção ao pormenor, ficaria fascinada com a técnica do médico, que expert detectou logo qual o problema e o porquê de tanto choro de dor, a experiência e dedicação que num ápice fizeram tudo voltar ao sitio, as lágrimas secaram imediatamente, o sorriso de sempre voltou e um "obrigada Dr. por ter cuidado de mim". se fosse outro braço qualquer, teria ficado absolutamente maravilhada. mas foi o braço da Francisca, aquele que eu juntei no meu ventre, célula a célula, o mesmo braço que me procurou e gritava "Mamã". Já passou. O braço está óptimo, Francisca está óptima. mas nunca ninguém me avisou que seria o meu Pai Nosso em cada doença/queda séria, fazer das tripas coração e lutar contra os meus instintos de protecção da minha Cria, os meus instintos mais viscerais. ninguém me avisou que eu sou muito menos racional do que o que pensava ser. há sim uma grande parte puramente visceral em mim, que me nasceu com a Francisca. para sempre, existirá esse meu lado, onde a razão se torna anedótica. mas não contem a ninguém. Shhhh.]

Já passou. Francisca esta óptima, a chagar a cabeça aos Avós. Eu? Levo as coisas com humor que já se sabe que nisto das crianças se não é do cú, é das calças! 

15 outubro 2014

E o vosso serão, que tal?

O meu foi ir ali num "estantinho" com a Cria às urgências, para lhe porem o cotovelo no sítio, dado que hoje mha rica Filha estava numa de "Mánhe, remodelei os ossos!". Um coqueluche de emoção! E o vosso, que tal, hein?

(Diz que é muito comum o dito desaire acontecer em criancinhas. Francisca deitou a pleura fora até tudo voltar aonde pertencia. Valeu-lhe o McDreamy de yellow scrubs...) 

...


(perfeitamente imperfeita. como todos. e mais alguns) 

14 outubro 2014

Eu também acho que a Jessica está gorda...*

... mas assim gorda de mulher linda, poderosa e boa, boa, boa, boa (na linguagem masculina, simples e eficaz). Tratem-se oh gente doente! 

* e se estivesse, até gostava de saber o que essas alminhas tinham que ver com isso!!! 

Eu digo que vai ao otorrino...

... Francisca diz que vai "à médica que tira macacos gigantes". A minha Filha é todo um charme! 

Sugar bomb !

Não engorda. Não faz celulite. Não provoca diabetes nem cáries. Tem uma embalagem para lá de gira e dá um ar saudável ma-ra-vi-lho-so!!! É só benefi(t)cios!!! Completamente apaixonada por esta sugar bomb !  
(fora o preço mas há coisas que não têm preço, assim sei lá, parecer menos morta viva…) 

13 outubro 2014

Inconfessáveis*

Na semana passada, na mochila da Francisca, vinha um saquinho amoroso com algumas gomas. Seriam aí umas 7, no máximo, e tinham toda a pinta de ter sido oferta de uma qualquer festa de aniversário de um colega seu. Perguntei-lhe quem tinha feito anos, mas entre o por o carro a trabalhar e o genérico da Dra. Brinquedos começar no leitor de DVD, a minha resposta ficou a pairar no ar. E as gomas perto da manete, aquelas 5, 6 ou 7 na loucura vá, gomas, ali. Ponderei profundamente a questão do como-não-como, reflecti durante cerca de uns 2.5 km e amadureci-a num sinal vermelho (todo um recorde pessoal.). Depois, como Francisca estava mais entretida com os Crocodilos Devoradores do que com o animal selvagem devora gomas que a Mãe consegue ser, ataquei-as. Escondi a saca (que esburaquei) ainda com o laço meio roxo e convenci-me que Francisca não precisava daquelas gomas, sendo que a incauta criança nem chegou a saber da existência das ditas. Tudo a bem da saúde da criança! Eu, Mãe mártir, comi aquelas 5, 6 ou na loucura, 7 gomas. Sim, sou uma pessoa horrível., comi os doces da minha Filha. Ponham-se na fila para me processar.  
*defensores de açúcar e guloseimas para as crianças, podeis descansar que estou mui certa que os Avós já lhe deram chupas, gomas, gelado derretido no micro ondas que está frio e tudo o mais. 

12 outubro 2014

Sometimes I get lost inside my mind ...


No mais fundo de ti, 
eu sei que traí, mãe 

Tudo porque já não sou 

o retrato adormecido 
no fundo dos teus olhos. 

Tudo porque tu ignoras 

que há leitos onde o frio não se demora 
e noites rumorosas de águas matinais. 

Por isso, às vezes, as palavras que te digo 
são duras, mãe, 
e o nosso amor é infeliz. 

Tudo porque perdi as rosas brancas 
que apertava junto ao coração 
no retrato da moldura. 


Se soubesses como ainda amo as rosas, 
talvez não enchesses as horas de pesadelos. 

Mas tu esqueceste muita coisa; 
esqueceste que as minhas pernas cresceram, 
que todo o meu corpo cresceu, 
e até o meu coração 
ficou enorme, mãe! 

Olha — queres ouvir-me? — 
às vezes ainda sou o menino 
que adormeceu nos teus olhos; 

ainda aperto contra o coração 
rosas tão brancas 
como as que tens na moldura; 

ainda oiço a tua voz: 
          Era uma vez uma princesa 
          no meio de um laranjal...
 

Mas — tu sabes — a noite é enorme, 
e todo o meu corpo cresceu. 
Eu saí da moldura, 
dei às aves os meus olhos a beber, 

Não me esqueci de nada, mãe. 
Guardo a tua voz dentro de mim. 
E deixo-te as rosas. 

Boa noite. Eu vou com as aves. 
A minha Mãe está sentada do outro lado do corredor, em frente ao computador. Trabalha em algo que não lhe pergunto o que é. A minha Filha está sentada numa manta, perto da Avó, a beber desenhos animados. Vejo-as pelos vidros da porta, alheias à minha presença curiosa, enquanto lhes vejo os traços do rosto. Tão leves ainda os da Francisca, tão carregada a testa da minha Mãe, os olhos cansados, a expressão de enfado em frente ao computador. A expressão pura e de pura alegria da Francisca. Estou mais perto de ser a minha Mãe. E, de uma forma visceral, lembro-me de Eugénio de Andrade. 

Não sei se rie, não sei se chore

- Mánhe, quero uma Dra. móvel. Máaaanhe, andaaaa láaaaaa! 
- Francisca já falamos disso! No Natal! 
- Hmmm… e quando é o Natal? 
- Ainda falta (e ainda bem… blach) 
- Hmmm e quando é? 
- Olha é quando um Homem quiser. 
- Hmmm… então Mánhe mas eu sou um Homem! 
- (?!?!?!) Não Francisca, tu és uma Menina! 
- Sinhe Mánhe, pois agora sou uma Menina! Mas, depois, vou crescer e ser um Homem Princesa e ter a Dra. móvel.
- …  ?!?!?!? está bem. 
(em 2017, deve estar a pedir sessões de terapia mas está bem, tudo óptimo) 

11 outubro 2014

10 outubro 2014

[concentrados de uma noite de Outono]*

[tinha um sonho recorrente: um grande bolo de chocolate, uma fatia geometricamente perfeita. o meu bolo favorito nos dias da minha infância, um bolo de chocolate com calda. há mais de 20 anos que não o como. durante muitos anos, foi recorrente sonhar que corria para o alcançar e não conseguia. parar sem fôlego. a sensação de falhar. non sense. era uma fatia de bolo, não deve ser levada tão a sério. as noites mudaram de conteúdo. por vezes, existe um lobo mau que me vai comer, gritado do quarto ao lado, em desespero profundo. as lágrimas grossas, o medo que o lobo mau me coma. os braços maiores do que quando o seu corpo magro era apenas o meu antebraço. mas ainda tão e muito sedentos de crescer, enrolados à volta do meu pescoço. as lágrimas que lhe escorrem, secas no meu peito. shhhh shhhh. silêncio. o relógio da casa de banho faz tic tac doc. a cadência do tempo. nunca consegui encontrar a receita do bolo. era a minha Tia que mo fazia. perdeu a receita. não a sabe de cabeça. o relógio... tic tac doc. a Mofli dorme agitada, suponho que corre também atrás de algo que não alcança, pelo movimento das patas. fica verdadeiramente cómica. os cães também sonham. eu acho que sim. os gatos não sei, mas suponho que terão sonhos mais simples, sonhos de senhores de si e do mundo que gira à sua volta. a Chica não sonha mas costuma rebolar da cama e cair. nunca cai desamparada. os gatos caem sempre de pé. por vezes também me esqueço dos limites da cama e sinto o frio do chão, com toda a força que a gravidade impõe à queda. a Francisca suspira muito quando dorme serena. ainda está escuro lá fora. tic tac doc. talvez nunca volte a comer aquele bolo de chocolate da minha infância. muito menos o alcance em sonhos. mas tenho a certeza que o lobo mau não me vai devorar. shhhh shhh. tic tac doc. ] 
*pensamentos/minuto

08 outubro 2014

Mel ou coisas próximas.

Hoje de manhã, vi a Francisca vir em direcção a mim, de braços abertos. Pensei que vinha abraçar-me, dizer que gostava da Mánhe ou uma melzada dessas. E lá vinha ela, de braços abertos e eu em pulgas, minha rica filha, fófinha, a vir ter comigo para me dar muitos miminhos. Francisca mais perto e eu "ai que emoção!!!". Francisca abeira-se da minha perna, abraça-a e limpa o ranho que lhe pingava do nariz nas minhas calças. Mãe, lenço 3.0.

07 outubro 2014

Cara besta que...

... me raspaste a traseira do carro e te puseste no baralho:

Espero que o teu saboroso jantar te provoque graves desarranjos intestinais, incontroláveis ao público presente e que, quando a tempestade intestinal que te assolar acalmar, que hemorroidas dolorosas povoem os teus dias. 

Saúdinha, sim? 

Sometimes I get lost inside my mind…

Quando regressei encontrei no aeroporto, numa estatística improvável, alguém que fez parte da minha vida há muitos anos. Passado de mim, esse pretérito tão imperfeito. Há muitos anos que não a via. Não senti nada. Nada. Na distância dos anos e na ausência de sentidos e sentir, não consegui sentir nada quando a vi em direcção a mim e me cumprimentou como se ainda ontem tivéssemos estado numa qualquer aula, num estardalhaço tão típico seu e a contar as suas férias. Não me importei minimamente de não sentir, gostei, até, da ausência de fosse o que fosse. Nem alegria, nem zanga, nem riso, nem choro, nem tristeza, muito menos saudade. Nada. Talvez e só, indiferença. 

Exercício. A qualquer coisa.

De vez em quando, abro o site da minha loja de roupa preferida, e vou adicionando coisas ao carrinho virtual. Esta camisola, este vestido, aquelas botas. No final, vejo a soma do que pagaria, hipoteticamente, claro está, e esvazio o carrinho. Tivesse tempo, creio que seria capaz de passar horas neste exercício: ver coisas bonitas, adicionar com um simples clique, ver a conta, praguejar, esvaziar o carrinho virtual, repeat. Até ao dia de hoje, não consigo perceber porque gasto tempo neste exercício, sendo que nem sei, em boa verdade, o que estou a exercitar… mas está bem, tem mal nenhum. 
(às vezes, fica uma pecita lá esquecida no dito e ai ups, carreguei no coisinho que dizia para efectuar o pedido… oohhhh chatice). 

05 outubro 2014

Apresento-vos...

... a baquinha boi!!! Tá-dá!

 ( Francisca, uma criança über moderna...) 

Tardes de Sol doente.

Outubro traz consigo dias mais curtos. Mas, o que sempre associo ao começo do Outono, para além dos tons quentes, são as tardes de sol doente. De um sol mais pálido, mais claro, mais doce. 

03 outubro 2014

Sometimes I get lost inside my mind...

Os jornais são todos muito semelhantes. Dei por mim a ver as manchetes e apercebi-me que, apesar de estarem numa língua estrangeira, as notícias não mudam de conteúdo, só de forma. Diz-me a minha Mãe que a Francisca pergunta muitas vezes, ao adormecer, se há monstros. Costuma perguntar isso, volta e meia. A resposta é sempre a de que os monstros não existem. Ao ver o jornal e apreciar quem comigo se cruza, sei que lhe minto. Existem monstros mas não na forma que o imaginário infantil lhes confere. Lembrei-me, também, do "expecto patronum"... a luz contra os "monstros". Um sorriso, sem varinhas mágicas. 

01 outubro 2014

Coisas que não lembram ao Menino Jesus

Do nada, lembrar-me do meu querido Matt e da sua definição brilhante de sanidade mental, a mim aplicada em Terras do Tio Sam: 
"enquanto não te responder, estás porreira, fala com a cadela à vontade!"