11 julho 2013

Dos dias que me (es)correm...

Uma Tese é uma espécie de filho. Durante anos, alimenta-se. Cuida-se. Dá alegrias e dores de cabeça. Dá-se tempo sem medidas em unidades porque as horas ao longo dos anos gastaram muitos dias e fizeram muitas noites longas. Dá cansaço porque uma Tese é díficil de parir e as epidurais da coisa são café e red bull. Anos que se me foram mais rápido do que o tempo que eu senti passar em mim. No final, pede-se que em 30 minutos se expliquem 5 anos, sem margem a erros, a falhas. Sem explicar que aquele gráfico foi o resultado de ano e meio a testar, optimizar, a pedir baixinho que desse certo. O resultado de finais de dia em que a noite entrava já longa, em que se ia para casa com vontade de desistir de tudo, porque o sono pesava nos ossos, mas não o suficiente para não voltar na manhã seguinte. Mas isso não interessa a ninguém. No final, pedem-te que em 30 minutos expliques porque valeu a pena investirem em ti. Porque mereces o título que vais ali reclamar e defender nas horas que se seguem, em que poderás ter a sorte de os arguentes serem de faca menos afiada ou o azar de ter de fazer das facas da arguência pedaços de metal rombos. E no final, dou por mim sentada a pensar onde raio estava com a cabeça quando me meti nisto. Mas tal como um filho, espero daqui a umas semanas dizer que me deu alegria. Que valeu a pena cada bocadinho de sanidade mental que se me foi. Que valeu a pena todos os fins de semana que foram dias úteis. Que valeu a pena a minha ausência intermitente durante semanas a fio como Mãe enquanto a passava para o papel, entre um "bom dia Filha" e a hora a que regressava momentaneamente a casa para a embalar, para em seguida me perder noite dentro em anos de trabalho. Quando tudo assentar, quando o medo passar, quando os nervos se desvanecerem, quando souber que fui capaz, então, acredito que sim, que tudo valeu a pena. Quando o ciclo se fechar. 

3 comentários:

  1. Compreendo como te estás a sentir!! A minha maior amiga, madrinha da C., defendeu a tese em Dezembro passado. Foram meses de loucura! Ela não conseguia, mesmo que tentásse, párar. Quanto terminou, e correu tudo bem, sentiu um vazio. Não sabia o que fazer com o tempo livre... Não sabia gerir uma rotina com tanto tempo para o lazer e para ser mãe também! Acompanhei muito de perto o antes e o depois, não é fácil, mas o resultado é maravilhoso!
    E também vai será para ti!! Muita força!
    Um grande beijinho*

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  2. Percebo-te bem (mas em escala reduzida)... Não fiz um doutoramento mas fiz um mestrado! Foram 2 anos e não 5! Como diz um ex-professor meu que encontrei há umas semanas por acaso, eu estudei o pão, tu estudaste a migalha!
    No fim também tive que contar 2 anos em poucos minutos e continuo sem perceber como é que isso se faz... Passei muitos dias com nervos pelo momento que se avizinhava e outros tantos com pesadelos pelo que devia ter dito e não fui capaz... Mas no fim está feito! No fim trazes o titulo e sentes que não foi tempo em vão!
    Que tudo corra megamegamegabem e eu vou estar a torcer por ti (e para que não venhas embora como eu com coisas por dizer)!
    Um beijinho gigante

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  3. Boa sorte minha querida!
    Que tudo corra muito bem!

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